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Curso de pós-produção

Quero Ser Editor de Cinema

*Por Katia Kreutz e equipe da Academia Internacional de Cinema – Crédito foto: Alessandra Haro

A edição é a essência da arte cinematográfica. É como uma alquimia, uma combinação das cenas e dos momentos de maior intensidade emocional do filme, “colados” um ao outro de maneira a fazer sentido, para contar uma história e gerar determinadas reações no público.

Nos tempos do cinema analógico, em que os filmes eram gravados em película, a edição era um trabalho manual, muito relacionado à colagem, à “costura” de fotogramas. Por isso, a montagem é uma das poucas áreas do fazer cinematográfico em que as mulheres se destacaram na indústria desde o início, já que essa não era considerada tanto uma função artística como algo artesanal e, por assim dizer, braçal.

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Um filme é construído, de fato, na sala de edição. A filmagem, em si, é quase o equivalente a colocar em uma mesa todos os ingredientes para uma receita. Será preciso misturá-los na ordem correta, no tempo certo, para que aquilo dê certo. Assim, a gravação de cada tomada é como estar em um mercado comprando esses ingredientes: é preciso garantir que não vai faltar nada depois.

Contudo, por mais que se tome cuidado na gravação, sempre se descobre muito na pós-produção. É na ilha de edição que o filme nasce, de fato. Afinal, o editor ou montador é a pessoa que vai colocar em ordem todas as peças do quebra-cabeça, tentando contar uma narrativa coesa, que tenha ritmo e consiga passar a essência daquilo que foi filmado.

Neste artigo, vamos responder às principais dúvidas sobre a carreira de um editor:

Veja também nossos outros artigos da série Profissões do Cinema:

O que faz um editor / montador?

Basicamente, a edição cinematográfica é a técnica de montar diferentes cenas em sequências coerentes de imagens. O trabalho do editor, no entanto, não se resume a simplesmente juntar esses planos de forma mecânica. É ele quem dá ritmo ao filme, contribuindo de maneira significativa para a narrativa.

O montador precisa ser também a pessoa que assiste ao material bruto sem o turbilhão de emoções a que o diretor (assim como os demais membros da equipe) foi submetido durante o processo de filmagem. Portanto, cabe a esse profissional, na pós-produção, ter a sensibilidade de captar a real atmosfera do filme, por assim dizer, sempre indo de encontro à visão do diretor.

Dificuldades e Desafios

Nesse importante trabalho de seleção que fica a cargo do editor, é preciso que o profissional desenvolva certa frieza e distanciamento com relação ao material bruto, para manter o frescor de seu olhar e poder decidir se uma cena está funcionando ou não dentro da história (independentemente do quanto ela tenha custado para ser gravada). Essa postura de não envolvimento é saudável e positiva, pois evita que o filme seja prejudicado por planos ruins, simplesmente porque a dificuldade de gravá-los fez a equipe se “apegar” a eles de alguma forma. Então, o montador precisa ser totalmente desapegado.

Outro desafio é alinhar o trabalho do editor com a visão do diretor. É essencial que, durante a pós-produção ou mesmo antes disso, o editor converse com o diretor do filme para definir o conceito e linguagem narrativa. Isso deve acontecer para que exista uma coerência entre o roteiro e a montagem, e para que o montador tenha referências para realizar seu trabalho de maneira consciente, de acordo com o filme que o resto da equipe tinha em mente durante a produção. É somente a prática constante que vai fazer com que você tenha domínio desses programas e, principalmente, sensibilidade para assimilar técnicas mais refinadas de montagem.

A boa notícia é que, hoje em dia, computadores e softwares estão cada vez mais baratos e acessíveis – muito mais do que câmeras, por exemplo. Alguns sistemas operacionais, inclusive, oferecem assinaturas mensais de pacotes com diversos programas, para que o usuário não seja obrigado a desembolsar uma quantia muito alta na compra do software original.

Quais as responsabilidades de um Editor?

A princípio, o editor é responsável por organizar o que foi gravado, ou seja, todo o material que veio do set de filmagem. Na ilha de edição, ele precisa montar essas imagens, assim como os diálogos para contar a história da melhor maneira possível, jogando fora o que não é bom e deixando apenas aquilo que for necessário para narrativa. Sua grande responsabilidade, ao final dessa longa cadeia que é a criação de um longa-metragem, é dar sentido ao filme.

Na maioria dos projetos, em se tratando de longas de ficção, geralmente o editor/montador está presente apenas depois das filmagens, ou seja, na fase de pós-produção. No entanto, é possível que ele participe também de alguns momentos da pré-produção (leitura do roteiro e diálogos conceituais com o diretor) e da finalização (observando ou dando sugestões durante o processo de edição e mixagem de som).

Como é o dia a dia de um editor

Esse é um profissional cujos dias de trabalho são longos e intensos, de muita concentração e foco. O editor também precisa ser uma pessoa extremamente organizada e detalhista, que não se distraia facilmente e que saiba lidar bem com um dia a dia solitário, em uma sala escura, sem interferências externas. Por essa e por outras, o ideal é que ele trabalhe em um ambiente que seja o mais tranquilo e silencioso possível.

O conceituado editor norte-americano Walter Murch tinha o hábito de montar seus filmes em pé, para ter uma postura de domínio sobre o material bruto e se manter ativo durante todo o tempo. Mesmo para quem trabalha sentado, a rotina de edição é cansativa, porque é preciso assistir a todo o material bruto e dominá-lo, de forma a saber onde estão as tomadas de que se precisa em cada momento. O trabalho também requer que se faça muitos testes, tentando montar as cenas de diferentes formas, para ver o que funciona melhor. É um tal de montar, remontar, guardar para depois, voltar para trás…

Em meio a tudo isso, as pausas são tão importantes quanto a montagem em si: tomar um café, descansar a mão e burilar uma ideia, para depois retomar com a mente fresca, são ações que só fazem bem a qualquer projeto. Assim, o trabalho acaba sendo um misto de concentração e distensão, e o ritmo do filme certamente é influenciado por isso.

Cada relação entre editor e diretor tem as suas peculiaridades, mas muitos gostam que o montador faça um primeiro corte do filme, por conta própria. Ele apresenta esse corte ao diretor, que a partir disso conversa e sugere mudanças. Em geral, o segundo corte já conta um pouco mais com o “dedo do diretor”, mas sua presença na ilha de edição varia de acordo com o método de trabalho de cada um.

O que sempre acontece é que a edição, em seus diversos cortes, vai fazendo com que o material seja lapidado até o ponto em que todos estejam satisfeitos com o resultado. Em algum momento, tem que se dar o filme por terminado e parar de mexer, não é mesmo? Ainda assim, vê-se muito por aí versões de filmes que são chamadas de “director’s cut” (ou seja, “corte do diretor”), geralmente um pouco diferentes daquela que foi lançada nas salas de cinema.

De todo modo, o editor não tem o papel de definir o corte final de um longa-metragem (que, nos filmes autorais, fica a cargo do diretor, e nos filmes de estúdio do produtor). Por isso, a humildade do profissional de edição deve ser enorme, fazendo seu trabalho com dedicação para chegar a um bom resultado, que justifique suas escolhas, mas ao mesmo tempo abandonando o ego, porque o cinema é uma arte coletiva, na qual o mais importante é a troca de ideias.

Quanto tempo demora cada projeto?

Não existe uma resposta definitiva para essa questão; especialmente no Brasil, onde a produção e a pós-produção estão muito atreladas às limitações financeiras de projetos independentes.

Uma variável importante nessa conta é, sem dúvida, a quantidade de horas do material bruto. No entanto, orçamento e cronograma também são aspectos práticos que, pelo bem ou pelo mal, influenciam na duração da montagem.

Em média, a edição de um filme de longa-metragem comercial demora cerca de oito semanas, mas há longas que levam até seis meses para serem montados. Já a montagem de um documentário, com muitas horas de material gravado e cujo roteiro acaba sendo construído na ilha de edição, pode levar mais de um ano para ser concluída.

Quanto ganha um editor?

Depende muito do projeto. Existe um piso para a função de editor/montador, determinado pelo Sindcine (2500 reais por semana), porém essa tabela não é muito observada no mercado de trabalho e muitas vezes o valor está abaixo do que se paga aos profissionais de edição.

Em um longa-metragem com um bom orçamento, pode-se ganhar até 30 mil reais para o projeto inteiro. Em curtas, o cachê normalmente fica em torno de 5 mil reais. A média de salário, para quem já trabalha na área de maneira constante, é de aproximadamente 10 mil reais por mês. Mas, no fim das contas, tudo depende da experiência do profissional, da negociação com o contratante e do tamanho do projeto no qual ele irá trabalhar.

A vantagem de ingressar nessa função é o fato de que dificilmente editores ficam sem trabalho. Como são poucas as pessoas que têm real conhecimento de software e domínio das técnicas de montagem, é relativamente fácil encontrar serviço – tanto em longas quanto em curtas, documentários, programas de televisão, webséries, etc. Até mesmo os YouTubers, hoje em dia, têm contratado profissionais da área, para tornarem seus vídeos menos amadores e mais “cinematográficos”.

Como se tornar um editor?

O primeiro passo é gostar de ver filmes. O segundo, é não ter preguiça de praticar. Outra questão importante a observar, para quem quer ingressar na área, é se fazer a seguinte pergunta: você quer fazer filmes, mas não tem vontade de estar no set de filmagem? Se a resposta for sim, é bem possível que seu caminho seja a montagem.

Boas formas de começar são fazendo cursos (principalmente para adquirir o domínio de softwares profissionais de edição) e buscar estágios em produtoras. Muitas empresas contratam profissionais iniciantes para trabalhar de madrugada, por exemplo, ou para fazer assistência de edição.

Ser assistente de um montador experiente é uma das melhores formas de aprender. Sem um mestre para ensinar o “caminho das pedras”, é bem provável que esse caminho seja mais tortuoso. O processo de montagem, por si só, muitas vezes é frustrante e envolve um esforço enorme para se chegar à forma desejada. Com alguém ao seu lado, mostrando como se faz, tudo se torna um pouco mais simples.

Trabalhar em documentários também é algo muito interessante para quem deseja seguir na área de edição. Esse tipo de filme normalmente obriga o montador a lidar com uma quantidade gigantesca de material bruto, uma prática extremamente válida para quem está precisando ganhar experiência.

Outra forma de se destacar no mercado é conhecer outros programas que possam ser úteis, como softwares de After Effects. Pequenas produções costumam valorizar bastante profissionais versáteis, que possuam conhecimentos que vão além do básico. No caso do montador, embora isso não seja um requisito, saber mexer em outros tipos de programas pode contar alguns pontos na hora de ser contratado.

Referências e conselhos

Se você busca referências, o documentário “The Cutting Edge: The Magic of Movie Editing”, dirigido por Wendy Apple, aborda as particularidades da arte da edição. O filme apresenta uma série de trechos de longas com estilos inovadores de montagem, que podem servir de inspiração para quem gosta da área.

O clássico “Um Homem com uma Câmera/Man with a Movie Camera”, de Dziga Vertov, é um verdadeiro marco da história do cinema. O filme é uma observação semi-documental do cotidiano na Rússia dos anos 1920, com uma variedade de cortes extremamente complexos e ousados para a época. Por seu apuro técnico e ritmo dinâmico, o filme consegue se manter envolvente até os dias de hoje.

Outro filme interessante e muito divertido, extremamente recomendado para quem quer se embrenhar pelos caminhos da pós-produção, é “Onde Jaz o Teu Sorriso?”, do cineasta português Pedro Costa. O diretor se fecha em uma sala de edição, documentando todo o processo, em uma verdadeira lição da arte da montagem e do fazer cinematográfico.

Já o curta-metragem “Glauces – Estudo de um Rosto”, de Joel Pizzini, é um filme que talvez desperte em você a vontade de ser editor. Mais do que um documentário, quase um ensaio poético-cinematográfico, o filme consegue mostrar o enorme poder da imagem, sem ser literal.

Finalmente, uma indicação de livro (que é quase a “Bíblia” dos editores) é “Num Piscar de Olhos – A Edição de Filmes Sob a Ótica de um Mestre”, de Walter Murch. No livro, o montador compartilha um pouco de seus mais de 30 anos na área, partindo de uma pergunta aparentemente elementar: O que faz um corte funcionar? Nesse contexto, ele analisa o paralelo entre filmes e sonhos, entre o estado de espírito dos espectadores e a frequência com que piscam os olhos.

Como estamos falando de dicas úteis, nada como bons conselhos de quem já atua na área para quem pretende ingressar agora… e o principal deles é, simplesmente: Veja filmes! Veja com paixão e interesse, com vontade de entender e de aprender, ou mesmo por simples prazer.

Atualmente, há uma facilidade enorme para conseguir material em vídeo para praticar, além de ser possível publicar o que você edita e receber feedback de outras pessoas a respeito. Não tem desculpa para quem quer começar: basta adquirir um software (ou mesmo baixar algum programa gratuito), buscar tutoriais e colocar a mão na massa. Se aparecer um trabalho profissional e você já tiver treinado bastante, vai estar afiado para encarar o desafio com confiança e tranquilidade.

Novamente, vale lembrar que, para aprender todos os tipos de softwares de edição de vídeo, existem os mais variados e específicos cursos ou workshops. Estudar não é apenas importante para adquirir o melhor conhecimento, da forma mais didática possível, mas também para fazer contatos e estabelecer network para futuros trabalhos – o que é essencial para quem pretende sobreviver de edição.

Uma coisa, nessa profissão, é certa: existe um poder enorme em decidir o que fica e o que será cortado do filme. É a possibilidade de, mesmo com todo o processo de pré-produção e filmagem, reescrever o roteiro de alguma forma e construir a versão final da história, aquela que vai para as telas. Dar sentido para um punhado de imagens é algo verdadeiramente mágico, e que só existe dessa maneira no cinema.

O cineasta mexicano Alejandro González Iñarritú certa vez disse que um filme se torna arte apenas depois da edição Ao invés de meramente reproduzir a realidade, o cinema dá um novo sentido a ela, justapondo imagens e expressando outros significados, outras perspectivas. Ou, como diria o cineasta Stanley Kubrick: “A escrita vem da literatura, a atuação vem do teatro, a cinematografia vem da fotografia. Mas a edição é particular do cinema. Você pode ver coisas de diferentes pontos de vista, quase simultaneamente, e isso cria uma nova experiência.”

Leu tudo e se identificou? Confira estes cursos de edição para iniciar ou se aprofundar na área.

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* Fontes consultadas para esse artigo, professores da Academia Internacional de Cinema: Livia Arbex e Samir Cheida

 

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Filmes da Mostra de Curtas de São Paulo na AIC

28 festival de curtas de são pauloNa próxima sexta-feira (1/9) tem exibição – aberta ao público e gratuita – de filmes do Festival de Curtas de São Paulo na Academia Internacional de Cinema (AIC) de São Paulo. A Programação em Curso, atividade extra promovida pelo festival, é constituída por sessões de até 80 minutos seguidas de debate com diretores e diretoras convidados e conta com curadoria feita por alunos de escolas de cinema.

Na AIC os alunos do FILMWORKS (o curso técnico de Direção Cinematográfica da escola), Alix Breda, Julia Rantigueri, Luis Borgia e Paulo Ernesto Brito Borges, são os curadores responsáveis por esta edição e assistiram 45 filmes para selecionaram os seis que serão exibidos no dia primeiro.

“O enfoque da seleção de curtas escolhidos para a atividade Programação em Curso dentro da AIC, será divido em dois momentos que dialogam entre si. O primeiro, voltado para o cinema que faz uma reflexão sobre a relação do espaço e do indivíduo que habita o mesmo. Os filmes selecionados tendem a assumir um caráter documental e trazem múltiplas perspectivas que exploram um equilíbrio entre utopia e realidade, e como esses diferentes pontos de vista observam o mundo. Trabalhos muito singulares, mas que ao mesmo tempo gritam liberdade e provocam uma celebração catártica, como “Há Terra! ” (2016) da diretora Ana Vaz. A concepção de mundos dos povos Guarani que, no documentário “Em Busca da Terra Sem Males” (2017) da diretora Anna Azevedo, mostra um grupo indígena que ergueu uma aldeia nos arredores do Rio de Janeiro e vive com o medo de serem obrigados a saírem de suas terras. “Casca de Baobá” (2017) da diretora Mariana Luiza, que segue a troca de mensagens entre mãe e filha; uma, que ainda vive em um quilombo no interior do Rio e a outra, que se mudou para a capital para estudar. Uma coletânea de poesias visuais, produzida por mulheres, sobre narrativas que trazem as representações culturais do espaço e a singularidade mundana do cotidiano de seus indivíduos. No segundo momento da mostra, três histórias que contam um pouco da realidade da mulher brasileira. Continuando por uma linguagem documental, as escolhas refletem diversos desafios vividos por elas diariamente, seja lutando contra um padrão constante imposto pela sociedade, mudando a sua comunidade ou tentando apenas ter seus direitos garantidos. A primeira escolha faz um apanhado do papel da mídia nacional na objetificação feminina em diversos níveis em “Autopsia” (2016) da diretora Mariana Barreiros. O segundo filme “Real Conquista” (2017) de Fabiana Assis, mostra o cotidiano de uma líder comunitária que desafia as burocracias do sistema e da política, em busca de atender as demandas de uma região marcada por um episódio de violência. O terceiro, retrata a história de uma mulher transexual que foi brutalmente assassinada em Portugal em “A Gis” (2016), de Thiago Carvalhães”, escrevem os alunos sobre a seleção e curadoria.

Após a exibição, os diretores Thiago Carvalhães de “A Gis” e a diretora Fabiana Assis de “Real Conquista” participarão de um debate com os alunos e convidados.

Noite de Kino

Além da Programação em Curso, os alunos Lorenzo Scavone, Maynard Farrell, Olavo Ribeiro e Sofia Wickerhauser também participaram da Noite de Kino, onde participam de uma gincana para produzir um filme em 48 horas. O curta O Maravilhoso Mundo das Cores e Pinturas, tem 3 minutos, contou com a orientação do professor Pedro Jorge e será exibido hoje (28), às 20h, na Cinemateca.

Serviço

Programação em Curso – Exibição dos curtas na AIC:
1. HÁ TERRA!  – Direção Ana Vaz
2. EM BUSCA DA TERRA SEM MALES – Direção Anna Azevedo
3. CASCA DE BAOBÁ – Direção Mariana Luiza
4. AUTOPSIA – Direção Mariana Barreiros
5. REAL CONQUISTA – Direção Fabiana Assis
6. A GIS – Direção Thiago Carvalhães
Dia 01/09/2017 – sexta-feira

Das 19h às 22h – Na Academia Internacional de Cinema (AIC) São Paulo
Rua Dr. Gabriel dos Santos, 142 – Higienópolis. (Próximo metrô Marechal Deodoro)
Evento gratuito e aberto ao público (mediante lotação do espaço)

*Foto em destaque do filme Em Busca da Terra sem Males, de Anna Azevedo

 

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Filmes de professores e alunos da AIC no Festival de Curtas de São Paulo

28 festival de curtas de são pauloComeçou ontem – e vai até o dia 09/09 – o 28º Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo. O evento, que já faz parte do calendário cultural paulistano e ocupa diversos cinemas da cidade, este ano traz um retrato urgente do momento, abusando do humor. Ao todo são 350 filmes de mais de 40 países. Professores e alunos da Academia Internacional de Cinema (AIC) participam com seus curtas em diversas mostras. Confira e prestigie:

Em Busca da Terra Sem Males

Professora Anna Azevedo, que dá aulas no curso de Documentário e no Filmworks, está na Mostra Brasil com seu documentário “Em Busca da Terra Sem Males”. O curta estreou no Festival de Berlin e já passou por outros importantes festivais como, Toulouse e Festival Internacional de Cinema de Hamburgo e, depois do Festival de São Paulo, segue para Belo Horizonte e Vitória.

Anna assina como diretora e roteirista. O filme apresenta o universo de uma aldeia indígena que se formou recentemente nos arredores do Rio, através do cotidiano das crianças da tribo: as brincadeiras, o trabalho e a caça, a conversa com os mais velhos, o convívio com os animais, a liberdade de viver em contato com a natureza, a absorção da cultura pop e da tecnologia. A cidade grande está logo ali e o som da metrópole acende no grupo o medo de serem expulsos, como já foram outras vezes, e novamente terem que sair em busca da terra sem males. Confira aqui os horários e dias de exibição.

Mãe do Ouromae do ouro

A diretora de arte Monica Palazzo, professora do Curso de Arte, assina seu terceiro filme como diretora. “Mãe do Ouro”, que tem como roteirista a também professora Maya Guizzo, é um filme feito em família, com a participação dos pais da Monica, o irmão Bruno Palazzo na trilha e som e a amiga Julia Zakia, na Direção de Fotografia.

O curta, que integra o Panorama Paulista, tem como inspiração a fazenda onde Monica passou boa parte da infância e conta a história de M., uma garota que volta para sua fazenda natal, depois de muito tempo longe e de alguma forma, a cidade, a natureza, os habitantes da região e uma lenda local passam a confundir seus sentidos. Confira aqui os horários e dias de exibição. Confira aqui os horários e dias de exibição.

Catarina Delfino

O documentário “Catarina Delfino” dirigido pela ex-aluna Jéssica Queiroz e por Renata Martins, conta sobre a liderança indígena do território Piaçaguera e relata os passos e trajetória de Catarina Delfino em sua luta para garantir os direitos e preservação da memória Tupi-Guarani.  O curta é um dos episódios que integra a Web Série independente Empoderadas, criada por Renata Martins com o objetivo de ampliar a representação e representatividade de mulheres negras, tanto diante, quanto por trás das câmeras e em todas as etapas de produção audiovisual. A web série terá uma mostra exclusiva dentro do Festival. Confira aqui os horários e dias de exibição.

Vale lembrar a participação de Jéssica recentemente no Painel Mulheres no Cinema, debatendo a presença feminina no cinema brasileiro.

Tempos de Cão
Tempos de Cão
Cena de “Tempos de Cão”, vencedor do prêmio de Melhor Filme – filme sobre a falta de água.

O curta dos alunos Ronaldo Dimer e Victor Amaro, grande vencedor da última edição do Filmworks Film Festival de São Paulo, traz à tona questões da crise hídrica paulista e não-atores que vagam por uma São Paulo inabitada (um cenário “futurista-mad-max”) e tentam resistir a extinção eminente e a falta de água. Confira aqui os horários e dias de exibição.

Demônia

“Demônia”, curta de Cainan Baladez e Fernanda Chicolet, leva a assinatura dos professores Roney Freitas na Produção Executiva, Dicezar Leandro na Direção de Arte e André Luiz de Luiz na Direção de Fotografia. O filme recebeu sete prêmios no 40º Guarnicê Festival de Cinema e já passou por outros festivais importantes. A história é sobre uma mulher que é traída pelos seus próximos, mas que dá a volta por cima. Confira aqui os horários e dias de exibição.

O Monstro
DEMONIA
Cena de Demônia, que integra a Mostra Brasil

O curta do coordenador de cursos do Rio de Janeiro, Eduardo Valente, conta a história de um acidente de trem que mata mais de cem pessoas e questiona “quem seria o monstro responsável por essa tragédia? ”.

O filme competiu pela Palma de Ouro de curtas em Cannes em 2006 e será exibido na mostra que seleciona filmes brasileiros que competiram em Cannes ao longo da história do Festival. Confira aqui os horários e dias de exibição.

*Foto destaque divulgação do filme Mãe do Ouro

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Quero ser Diretor de Arte

*Por Katia Kreutz e equipe da Academia Internacional de Cinema – Crédito foto: Alessandra Haro

Já pensou em trabalhar como diretor de arte? Caso sim, você vai ter que se preparar para uma vida de muita criatividade e imprevistos a todo momento. Afinal, é bem possível que, num dia, esteja no papel de um pesquisador, descobrindo tudo sobre os costumes de uma época, e no outro tenha que fazer chover em uma movimentada avenida.

O termo production designer (ou “designer de produção”) basicamente define o que costumamos chamar de diretor de arte – já que, nos Estados Unidos, art director significa cenógrafo. Em produções hollywoodianas, o marco da direção de arte foi o filme “E O Vento Levou/Gone With The Wind” (1939). Aqui no Brasil, o primeiro longa em que um profissional assinou essa função foi “O Beijo da Mulher Aranha” (1985).

A história da direção de arte se confunde com a própria história do cinema. Tudo começou com os filmes dos irmãos Lumière, que eram basicamente documentários e não tinham preocupações com o chamado “desenho de produção”. Chegamos então às narrativas mais elaboradas de Georges Méliès, um mágico que usava recursos cênicos e plásticos para ambientar suas histórias – o verdadeiro precursor da direção de arte no cinema.

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As grandes produções norte-americanas dos anos 1920 e 1930 fizeram com que a sofisticação fosse aumentando no que diz respeito a cenários e figurinos. Posteriormente, as propostas estéticas e temáticas do cinema europeu dos anos 1950 e 1960 trouxeram ainda mais complexidade à direção de arte – com a sutileza dos filmes da nouvelle vague, por exemplo.

Hoje em dia, é inegável a diferença que um bom diretor de arte faz na criação da atmosfera de um filme, ajudando a desenvolver visualmente a realidade da história. Seja em produções de época, em que se exige reconstituição histórica, seja em obras de ficção científica, em que é preciso criar universos nunca antes vistos, ou mesmo em filmes que se passam na atualidade e em ambientes e situações corriqueiras, nos quais é necessário criar a atmosfera correta sem que os elementos desviem o foco da narrativa, o profissional da direção de arte se tornou simplesmente indispensável em um set de filmagem.

Neste artigo, vamos responder às principais dúvidas sobre a carreira de um diretor de arte:

Veja também nossos outros artigos da série Profissões do Cinema:

O que faz um diretor de arte?

Diretor de Arte é o responsável por criar o conceito visual do filme e orientar sua equipe para a execução desse projeto. É como se ajudasse a dar tridimensionalidade ao roteiro, tirando as ideias do papel e transformando-as em coisas palpáveis: cenários, objetos, figurinos. Basicamente, o diretor de arte cria a realidade na qual os personagens, de fato, existem.

Na hierarquia do “desenho de produção”, em filmes de longa-metragem, as funções mais comuns são: coordenador de arte (uma espécie de produtor executivo da arte, que lida mais com a parte financeira e de execução), production designer (que é o diretor de arte propriamente dito, aquele que cria o conceito visual), cenógrafo (que desenvolve o trabalho criativo no desenvolvimento dos cenários), produtor de arte (que também tem uma função mais executiva, trazendo soluções para o conceito planejado), produtor de objetos (um profissional extremamente importante, responsável por todos os objetos que estarão visíveis na cena) e assistente de arte (cujas tarefas e responsabilidades variam, de acordo com o tamanho e as necessidades de cada produção). Em projetos menores, o acúmulo de funções é comum, o que pode prejudicar um pouco a execução do conceito.

O trabalho prático de um production designer, especificamente, é criar o projeto completo de direção de arte, que envolve pesquisas e definições sobre clima/atmosfera, defesa conceitual, escolha de paleta de cores, além de acompanhar a construção do cenário, produção de objetos, figurino e maquiagem, estando presente na filmagem e, finalmente, na “desprodução” do set. A direção de arte abrange toda a parte estética do filme, desenvolvendo uma unidade visual para a narrativa e atuando em estreita parceria com a equipe de direção de fotografia. Afinal, tudo o que está no enquadramento é arte.

Quais as responsabilidades de um Diretor de Arte

O diretor de arte lida com um espectro muito vasto em seu trabalho, já que precisa construir (conceitualmente e na prática) tudo o que depois será captado pelo fotógrafo. Isso significa que o profissional está envolvido nos mais variados processos, desde levantar uma cidade fictícia até se preocupar com o detalhe de um cinzeiro que será importante em determinada cena.

É a atmosfera visual criada pela direção de arte que transporta as palavras e as intenções do roteiro para a tela. Assim, o profissional dessa área atua como uma espécie de “tradutor”, que

precisa transformar em algo concreto o que foi apenas imaginado. Para isso, ele conta com ferramentas como a cenografia, o figurino, o visagismo e os efeitos visuais.

Isso quer dizer que a maior responsabilidade de um diretor de arte é pensar o roteiro em imagens, entendendo a narrativa e realmente alinhando suas ideias com o que o diretor quer ou precisa. Por ser uma função extremamente criativa, a direção de arte tem uma relação muito próxima com as artes plásticas, já que trabalha o tempo inteiro para criar um produto visual, de modo que o conceito atravesse o filme e chegue ao espectador de maneira orgânica, quase instintiva.

A definição do conceito visual é determinante nesse processo, porque as produções cinematográficas estão sujeitas ao orçamento disponível. Nesse contexto, a direção de arte acaba precisando se adaptar às circunstâncias, trabalhando de maneira criativa com as condições e materiais disponíveis. Sem um planejamento conceitual muito claro, o filme fica à mercê dessas dificuldades, correndo o risco de perder sua essência.

Dificuldades e Desafios

Um dos maiores desafios, no início da carreira de um diretor de arte, pode ser sua ingenuidade na avaliação dos projetos. Pela falta de experiência, muitas vezes o profissional não é capaz de medir ou analisar o grau de dificuldade que terá em determinado filme, já que não possui parâmetros de comparação. Muitas vezes, negocia-se uma equipe reduzida ou acaba-se cedendo às pressões, o que gera problemas no decorrer do processo.

Aos poucos, é possível adquirir uma certa “malícia” com relação aos “perrengues” da profissão. O profissional aprende a avaliar a quantidade de trabalho de cada projeto, evitando sobrecarregar a equipe de arte. Também é preciso lutar por uma verba adequada e no mínimo realista para realizar o que o diretor tem em mente. Algumas produções apresentam estimativas orçamentárias muito diferentes para a arte e para a fotografia, dando preferência ao aluguel de equipamentos do que à criação de cenários e figurinos. Essa escolha pode ser equivocada e prejudicar o conceito visual.

Outro problema frequente é que algumas pessoas enxergam apenas seus próprios departamentos no set – muitas sequer entendem exatamente do que trata a direção de arte. Às vezes, o próprio diretor se preocupa somente com a câmera e esquece de tudo o que precisa estar em frente a ela. Esse desconhecimento do “desenho de produção” faz com que muitos pedidos de outras

áreas cheguem ao diretor de arte em cima da hora, o que demonstra a falta de um entendimento global sobre como as coisas funcionam. Por exemplo, se uma cena terá uma luz diegética (cuja fonte aparecerá em quadro, como um abajur em um quarto), o diretor de arte e o iluminador precisarão trabalhar nisso juntos, de maneira colaborativa.

Em uma obra audiovisual, existe um “tripé”, que envolve o diretor, o fotógrafo e o diretor de arte. Esses profissionais precisam desenvolver uma relação muito próxima para “contar a mesma história”, transformando o texto em imagens. Enquanto o diretor de arte constrói isso concretamente, por meio da cenografia, figurinos e objetos, o fotógrafo é responsável por captar e o diretor por comandar, explicando como quer que aquilo seja captado. A sintonia entre esses três departamentos é fundamental, porque se traduz na tela.

As limitações financeiras também acabam impondo dificuldades. É comum que as pretensões do diretor não caibam dentro do orçamento, tornando inviáveis várias cenas imaginadas. Por isso, o diretor de arte precisa criar estratégias para realizar o máximo possível dentro dos recursos disponíveis – o que exige muito jogo de cintura, mas pode gerar ideias incríveis e soluções criativas.

Justamente por isso, é essencial que o diretor de arte possa entrar o quanto antes no desenvolvimento do filme. Ele precisa conhecer a fundo os lugares, vislumbrar os problemas, pensar e repensar as situações, estudar e pesquisar as melhores formas de executar seu plano visual. Muitos elementos acabam surgindo da própria relação do profissional com os ambientes e as pessoas, assim como diversos fatores precisam ser mudados ou adaptados na última hora. O fator humano, dentro da arte, é essencial, mas também desafiador. Esses desafios serão sempre novos, mas a equipe precisa estar preparada para eles.

Como é o dia a dia de um diretor de arte

Não existe rotina nesse trabalho, embora também seja preciso encarar jornadas de dez a doze horas por dia, dentro de um estúdio ou em uma floresta cheia de insetos. Ou seja, o dia a dia da profissão envolve um trabalho tanto intelectual e criativo quanto braçal (prático, mão na massa mesmo). Isso quer dizer que não existe monotonia na vida desse profissional, pois cada projeto traz demandas artísticas diferentes, locações e horários variados, equipes desconhecidas… É como se cada filme fosse uma nova aventura!

O diretor de arte atua em todas as fases do processo de realização de um filme. Geralmente, é um dos primeiros a começar a trabalhar, ainda no período de preparação (em geral uma semana antes da pré-produção). Depois da leitura do roteiro, ele conversa com a direção e a produção, esboçando o conceito visual dentro do orçamento previsto. Começa então a pesquisa de parâmetros para o projeto de arte, os estudos de referências e de personagens. Em alguns casos, visita-se as locações para levantar os prós e contras. Principalmente em projetos com poucos recursos, a fase de preparação é indispensável, já que permite avaliar (e, se necessário, descartar) possibilidades.

Na pré-produção, que normalmente dura quatro semanas, o ideal é ter pelo menos as locações principais fechadas. Nesse momento, começam a entrar os demais membros da equipe de arte: assistente, cenógrafo, produtor de objetos, etc. Esse é o período em que o “grosso” da execução será realizado, de modo que tudo fique pronto para a fase de filmagem. A pesquisa por referências continua, tanto de forma virtual quanto física (visitando os locais de filmagem, conhecendo a região e os costumes locais, acompanhando a construção daquilo dos cenários). Também são realizadas reuniões com equipe, para troca e compartilhamento de informações sobre o projeto. É um trabalho intenso.

No set, o diretor de arte e sua equipe continuam atuando ativamente, cuidando para que tudo esteja conforme combinado esteticamente durante a pesquisa conceitual. Ele atua na preparação do set e da mise en scène (expressão francesa que se relaciona à composição do quadro dentro de uma cena). Também é importante estar presente nessa fase para resolver questões de última hora, aproveitando ao máximo o que o ambiente pode oferecer e não permitindo que a arte seja prejudicada por imprevistos de produção. Finalmente, a “desprodução” é a tarefa de devolver a locação às suas condições originais, retornando também os objetos aos seus respectivos donos (em caso de empréstimo).

Na fase de pós-produção, o diretor de arte participa um pouco menos, geralmente em filmes nos quais é necessário inserir efeitos ou quando o fotógrafo necessita de auxílio na correção de cor. Muitos orçamentos não incluem direção de arte na pós, no entanto é interessante ter o olhar desse profissional para acompanhar os acabamentos do filme.

A intensidade da jornada de trabalho varia muito de acordo com cada filme e com a fase em que o projeto se encontra. Como o diretor de arte é uma espécie de “maestro visual”, ele é responsável por uma quantidade enorme de coisas, tanto criativamente quanto na prática. São muitos aspectos a lidar: montagem da equipe, orçamento, questões técnicas, eventualidades… É comum também que um profissional atue em vários projetos ao mesmo tempo, em diferentes processos de execução. No fundo, a arte tem um pouco de semelhança com a produção: quase nunca para.

Quanto tempo demora cada projeto?

Já vimos que o diretor de arte trabalha em um ritmo pesado e, por isso mesmo, precisa ser apaixonado pelo que fez. Mas quanto tempo dura um projeto de longa-metragem, exatamente? Tudo depende do tamanho do filme.

Produções de baixo orçamento, comuns no Brasil, geralmente ficam na média de quatro semanas para a pré-produção e mais quatro para a filmagem – com uma semana de preparação, antes de tudo, se for possível. O tempo pode aumentar para projetos maiores, sendo algo entre seis e oito semanas para cada fase.

No caso de televisão, publicidade ou curtas, o tempo é outro. Naturalmente, tudo varia conforme o orçamento e o cronograma determinado pelo produtor, mas sempre tenta-se fazer tudo o mais rápido possível. Essa necessidade de correr contra o tempo é uma das maiores inimigas da equipe de direção de arte.

Para qualquer trabalho de criação, o tempo é fundamental na maturação das ideias. Especialmente em histórias de época, é muito difícil executar um trabalho de qualidade em apenas um mês. O ideal seriam seis meses de trabalho para um filme de longa-metragem, mas a realidade acaba sendo outra. Nesse sentido, o trabalho em seriados pode ser interessante para quem tem vontade de se aprofundar na arte, já que permite desenvolver os conceitos de maneira um pouco mais refinada, com melhores condições e, principalmente, mais tempo.

Outro problema enfrentado pelos diretores de arte brasileiros é que nosso país não possui muitos locais preservados, por isso a cenografia de filmes históricos acaba trabalhando em dobro. Até porque o universo criado pela direção de arte não engloba apenas o que está no roteiro: ele precisa existir como se tudo já estivesse ali muito antes de a história começar, dando uma sensação de verossimilhança e transportando o espectador ao passado. Não é tarefa das mais fáceis.

 

Quanto ganha um diretor de arte?

Novamente, os valores variam muito de um trabalho para o outro, dependendo também do nível de experiência e do reconhecimento do profissional no mercado.

Pela tabela do Sindcine, o piso para a função, em longas-metragens, é de aproximadamente R$ 2500 por semana – para uma carga horária de 6 horas por dia (o que corresponde à metade do que normalmente se trabalha). Por isso, na prática, essa base pode aumentar para algo entre R$ 4 mil e R$ 8 mil por semana, de acordo com a verba do projeto.

Quando está formando sua equipe, o diretor de arte deve ter em mente quais serão suas dificuldades e que profissionais precisarão ser contratados, conforme o roteiro e as demandas do filme. Quem fecha o valor é o produtor, porém o profissional de arte precisa ser realista em sua planilha e não subestimar os desafios da parte executiva.

Esses valores também podem mudar dependendo do local onde o diretor de arte trabalha. Até entre São Paulo e Rio de Janeiro existe uma diferença entre os salários praticados. O fato é que jobs de publicidade costumam ser mais rápidos e melhor remunerados, enquanto que filmes ou séries se estendem por períodos mais longos, porém pagam menos.

O importante, segundo os diretores de arte já estabelecidos, é ir se estruturando aos poucos no mercado, para ganhar destaque e poder negociar melhor os cachês. Esse é um departamento cujo trabalho acaba sendo visto de maneira um pouco mais subjetiva e menos técnica, mas a capacidade de avaliar os desafios é algo que o profissional precisa adquirir. Outra dica é saber se organizar como autônomo e ir atrás das oportunidades, pois elas aparecem a todo momento.

Como se tornar um diretor de arte?

Essa é uma profissão que requer muito conhecimento e bagagem cultural. É preciso ter uma formação intelectual ampla, estar sempre estudando, alimentando o olhar. Também ajuda muito se você já souber desenhar e trabalhar em programas gráficos de desenho (como Illustrator ou Photoshop), além de ter boas noções de dimensão e perspectiva, cor e espaço, diferentes materiais e suas possíveis aplicações. Conhecer muito bem a linguagem cinematográfica e alguns de seus aspectos técnicos também pode levar o iniciante um passo à frente na carreira. O diretor de arte deve ser artista e executivo ao mesmo tempo.

Quanto mais informação e experiência, mais o profissional terá para oferecer. A sugestão dos mais experientes, nesse sentido, é começar fazendo cursos ou estagiando em um set. Trabalhar como assistente de figurino ou de objetos pode abrir caminhos, até mesmo mostrar qual é a sua vocação. Não desanime: começar em uma área diferente daquela que você procura também pode ser um ótimo aprendizado. Sabendo onde quer chegar, você acaba vencendo os obstáculos durante o percurso.

Acima de tudo, é indispensável gostar de trabalhar em equipe e lidar com diversos saberes, numa proposta multidisciplinar. O jogo de cintura para se adaptar às mais variadas circunstâncias é essencial. Por fim, é preciso saber se impor, já que o diretor de arte é um chefe de equipe, responsável pela criação da unidade visual do projeto.

Nem sempre o trabalho será em produtoras, com o conforto de uma equipe completa ou de internet rápida. É bastante comum que as locações sejam distantes de grandes centros, o que requer uma certa imersão nos mais diversos ambientes. Além disso, os profissionais com quem você poderá lidar (com exceção da equipe mais próxima) são pessoas que nem sempre trabalharam com produção – por exemplo, marceneiros, serralheiros, pedreiros ou pintores. No entanto, essas podem ser as pessoas que mais irão lhe ensinar em sua trajetória.

Muitos desses aprendizados acabam acontecendo na própria rotina da profissão. Contudo, fazer cursos práticos, nos quais você pode atuar de verdade em um set de filmagem, são excelentes oportunidades para vivenciar o fazer cinematográfico. Além da visão do filme como um “todo” e do contato com futuros colegas de trabalho, a escola ajuda a instrumentalizar o profissional e oferece a oportunidade de conhecer pessoas dos mais diversos perfis, o que sempre enriquece o repertório.

Referências e conselhos

Existem inúmeros filmes que podem ser citados como boas referências para quem gosta de direção de arte. “Moça com Brinco de Pérola”, por exemplo, é um longa de época, dirigido por Peter Webber, cuja arte foi totalmente inspirada nas obras do pintor Johannes Vermeer.

Diretores contemporâneos com estilos marcantes, como Wes Anderson, Michel Gondry, Jean-Pierre Jeunet, Tim Burton e Pedro Almodóvar também costumam caprichar na direção de arte.

Pensando em produções brasileiras dignas de nota, filmes como “Casa de Alice” (dirigido por Chico Teixeira), “Sonhos de Peixe” (uma coprodução Brasil-EUA, com direção de Kirill Mikhanovsky) e “Os Famosos e os Duendes da Morte” (de Esmir Filho) apresentam trabalhos de direção de arte extremamente sofisticados e de sutileza admirável.

O livro nacional “Arte em cena: a direção de arte no cinema brasileiro”, de Vera Hamburger, é uma verdadeira Bíblia para quem pretende abraçar essa profissão. Outra recomendação é “A Linguagem Secreta do Cinema”, de Jean-Claude Carrière, que não trata apenas da arte, mas oferece uma visão abrangente do vocabulário cinematográfico.

A principal sugestão, para quem curte essa área e quer ingressar nela, é estar sempre estudando, aprendendo novas técnicas e programas que possam ser úteis. Crie repertório vendo filmes (se possível, na tela grande do cinema), peças de teatro, obras de arte em museus. Ler muito e desenvolver seu filtro crítico também é interessante.

Muitos profissionais em início de carreira não se dão conta de que o diretor de arte precisa ter uma relação com o mundo, um contato direto com essa realidade que ele terá que reproduzir (ou modificar). Por isso, viajar e trocar ideias com pessoas de culturas e experiências diferentes das suas é sempre uma boa maneira de estimular sua criatividade.

Sobretudo, observe. Seja curioso, não pare de se maravilhar com as coisas! O “alimento” de um profissional do cinema não está apenas nos filmes, mas na própria vida. Cada detalhe do seu dia pode trazer novas surpresas e inspirações. Os olhos são os melhores instrumentos de trabalho de um diretor de arte. Busque essa visão livre e ampla, verdadeiramente criativa. Afinal, você é um dos artistas nessa tal de sétima arte, não é mesmo?

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* Parte do texto desse artigo, contendo entrevista com Monica Palazzo, foi publicado originalmente no site da Academia Internacional de Cinema em 02/09/13. 

** Outras fontes consultadas para esse artigo, professores da Academia Internacional de Cinema: Cris de Lamare e Bia Junqueira.

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