5º DIGO está com inscrições abertas

As inscrições para o Festival Internacional de Cinema da Diversidade Sexual e de Gênero de Goiás (DIGO) estão abertas até o dia 15 de abril. Serão aceitos curtas e longas metragens realizados a partir de 2018 com a temática LGBTI+ (Lésbicas, Gays, Bisexuais, Transgêneros, Intersexuais e mais representações de gênero). O evento, que conta com o apoio da Academia Internacional de Cinema, acontece entre os dias 18 e 24 de junho, no Cinema Lumière do Banana Shopping, em Goiânia.

Os filmes selecionados vão concorrer nas categorias: “Melhor Filme Internacional”, “Melhor Curta Internacional”, “Melhor Longa Nacional”, “Melhor Curta Nacional”, “Melhor Curta Goiano”, “Melhor Curta Escolhido pelo Público”, “Melhor roteiro”, “Melhor Atuação” e “Melhor Diretor”. Os vencedores do melhor Curta Nacional e goiano vão ganhar uma bolsa integral para o curso de produção online da AIC.

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site do festival.

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Como se tornar um editor de vídeo profissional no Brasil?

Com a internet, as produções audiovisuais se transformaram em uma poderosa ferramenta de marketing. Nesse sentido, algumas funções, como editor de vídeo profissional, passaram a ter seu mercado de atuação ampliado e uma crescente oferta de trabalho.

Depois da fase dos vídeos caseiros na internet, hoje as marcas sabem que, para cumprir seu papel, o audiovisual precisa ter qualidade. Só assim ele conseguirá atrair o público, promovendo a retenção desejada. O mesmo vale para áreas mais tradicionais, como a TV, o cinema ou a publicidade.

Sendo assim, o editor de vídeo profissional é uma peça fundamental nesse cenário, pois é ele quem dá o acabamento final ao produto. Quer saber mais sobre essa função? Então, siga a leitura do post e descubra como você pode se tornar um editor de vídeo também!

O que faz um editor de vídeo profissional?

O trabalho do editor de vídeo é, basicamente, cortar, selecionar e montar cenas de forma coerente. Porém, isso não é tão fácil quanto parece. A edição exige um olhar apurado do storytelling, isto é, o editor precisa decidir como aquela história vai ser narrada a partir das cenas que tem.

Além disso, esse profissional deve conhecer diferentes ferramentas de edição de vídeo e estar atento aos recursos que pode utilizar em produções audiovisuais promocionais, jornalísticas, artísticas ou publicitárias.

Esses recursos vão desde o uso de cores à inclusão de efeitos, tudo com o objetivo de garantir a qualidade visual do material trabalhado. Isso porque os consumidores hoje estão muito exigentes. Na internet, um bom conteúdo sem o acabamento necessário acaba não surtindo o efeito desejado. Dessa forma, o trabalho do editor de vídeo pode determinar o sucesso ou o fracasso do produto.

Um profissional qualificado nessa área pode atuar em diversas frentes. Confira.

Redes de televisão

Sem dúvida, um dos nichos mais visados, já que um canal de TV demanda edição em telejornais, novelas, programas de auditório etc.

Marketing digital

Esse segmento vem se destacando. O profissional que atua nessa área edita vídeos principalmente para sites e redes sociais, com o objetivo de que esse material gere o impacto que um texto escrito não consegue gerar.

Filmes e documentários

Filmes e documentários compõem uma área tradicional para o editor de vídeos. Nesse caso, o profissional trabalha em produções maiores e com uma equipe bem completa. O montador ou editor cinematográfico dá sentido narrativo às imagens captadas, garantindo a correta visão do projeto.

Canais do Youtube

Uma grande tendência de mercado, os canais do YouTube têm conquistado diversos públicos. Isso fez com que a qualidade dos vídeos ficasse cada vez melhor. Sendo assim, hoje os youtubers contam com editores de vídeo para garantir que suas produções sejam mais profissionais.

Produtoras de vídeo

O editor que trabalha em uma produtora pode atuar na execução de vinhetas, de filmes publicitários, de programas de TV etc. Há ainda aqueles profissionais que se dedicam exclusivamente à confecção de efeitos e acabamentos diversos, alguns, inclusive, como freelancer.

Como se preparar para ser editor de vídeo profissional?

A qualificação é fundamental nessa área. O mercado busca pessoas que sejam capacitadas nos principais softwares de edição e que, ao mesmo tempo, tenham um conhecimento mais amplo sobre o audiovisual. Só assim o profissional conseguirá entender o roteiro ou o trabalho dos câmeras, seguindo corretamente o fluxo da produção.

Como você pôde notar, o editor de vídeo profissional faz muito mais do que cortes nas imagens. Ele consegue imprimir ritmo à produção, garantindo linearidade às sequências a partir de uma narrativa estruturada. Por isso, para entrar nesse mercado que só cresce, é fundamental que você se qualifique e vá além da habilidade com um software.

Ficou interessado? Nossos cursos privilegiam o pensamento crítico para que, assim, sejam aplicadas as diferentes linguagens de montagem. Entre em contato conosco!

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5 séries brasileiras que você não pode deixar de assistir!

O cinema nacional, assim como as séries brasileiras, já foram vistos com preconceito por parte do público brasileiro. Sempre comparando nossas obras às hollywoodianas, alguns baseavam seus critérios em uma visão unidimensional de cinema.

As produções brasileiras sempre foram boas. A falta de investimento, no entanto, fazia com que o acesso a elas fosse inferior, o que gerava desconfiança. Hoje, nosso cinema cresceu a ponto, inclusive, de realizarmos séries vistas no mundo inteiro.

E é sobre elas que vamos falar neste artigo. Continue a leitura e veja as 5 recomendações da Academia Internacional de Cinema (AIC) para você assistir, que consideramos referência de qualidade, atuações, investimentos e recursos tecnológicos.

1. Pico da Neblina (2019)

Essa série, lançada pela HBO, aborda uma questão polêmica no Brasil: a legalização da maconha. Em uma realidade brasileira imaginária em que a maconha foi legalizada, Biriba (Luíz Navarro) precisa decidir se permanece no mundo do tráfego, oferecendo outras drogas ou mantém a venda da maconha, agora como empreendedor legalizado.

Embora tecnicamente a série seja impecável, ela se faz valer mesmo pela discussão que promove. Por sinal, roteiros inteligentes e boas atuações não faltam e vão se tornando característicos das produções brasileiras.

2. 3%

Muito bem aceita em um país com alta rejeição a séries estrangeiras, como é o caso dos Estados Unidos, 3% se justifica pela criatividade do seu enredo e atuações.

Ela se passa em um futuro pós-apocalíptico em que as desigualdades sociais se intensificaram no Brasil, gerando uma cisão entre a população do Mar Alto e todo o resto, que deve lutar para fazer parte dos 3% que vão chegar lá.

3. Coisa mais linda

Coisa mais linda é uma série de época, algo que costuma ser caro para os padrões brasileiros. Apesar de a história se situar nos anos 50, ela é marcada por questões do nosso tempo, como a opressão social à mulher e o feminismo.

4. Segunda Chamada

Lúcia (Déborah Bloch) é uma professora que volta a atuar depois de um afastamento. Ela assume a turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA) de uma escola estadual e aprende a lidar com os dramas pessoais deles.

5. Sob Pressão

O enredo de Sob Pressão (2016) aborda o drama profissional e pessoal do médico Evandro, que deve escolher entre três pacientes — um policial, um traficante e uma criança — e tem um único leito para atendimento.

Vale pelo retrato agudo da realidade social brasileira que pode, por vezes, parecer inverossímil (o que acontece com o filme, em certos momentos). Ela foi inspirada em fatos reais e na obra de Márcio Maranhão.

6. Irmandade

Centrada na história do surgimento de uma facção criminosa em Recife, Irmandade é estrelada por Seu Jorge, ator e músico que começa a adquirir ares de celebridade brasileira. Com trama muito bem amarrada e narrativa de tirar o fôlego, ela é uma das recomendações que melhor se adapta a diferentes tipos de gosto.

O crescimento do cinema brasileiro depende do talento de atores, roteiristas e diretores, mas também de investimento no mercado cinematográfico e atenções do público do país. E todos esses requisitos têm crescido ano após ano.

A AIC preparou um material completo sobre o cinema brasileiro para você. Baixe agora, gratuitamente e descubra quanta história já acumulam as produções nacionais nesses tantos anos de existência!

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Professora e alunos da AIC na premiação da Mostra Tiradentes

A professora de direção de fotografia da Academia Internacional de Cinema (AIC -RJ) Lílis Soares recebeu o prêmio Helena Ignez 2020, oferecido pelo Júri Oficial a um destaque feminino da 23ª Mostra Tiradentes. A premiação aconteceu no dia 1º de fevereiro, no Cine-Tenda, em Tiradentes.

Lílis Soares, que assinou três produções participantes da mostra: os curtas “Ilhas de calor”, na Mostra Jovem; “Minha história é outra”, na Mostra Foco; e o longa “Um dia com Jerusa”, na Mostra A Imaginação como Potência, afirmou que é necessário ampliar espaço para as mulheres e os negros no cinema nacional.

“O que ela tem feito, articulada em coletivos, como o Coletivo de Diretoras de Fotografia do Brasil, ao qual o júri estende sua homenagem, é um cinema que assume para si a responsabilidade de enfrentar não apenas uma disputa de narrativas, mas o agenciamento de uma sensibilidade preta”, destacou o texto do Júri Oficial.

Os curtas Egum, que teve como assistente de câmera o aluno da AIC Hugo Lima, e Perifericu, que teve a aluna Evelyn Santos como diretora de som, também foram premiados na Mostra Tiradentes.

Na Mostra Foco, o Júri escolheu “Egum” (RJ), “na proposta de abordar a questão racial em sua dimensão sensível, encontramos um filme que se posiciona no âmbito do cinema de gênero, em busca de formas para as sensações de terror e desespero que com frequência atravessam o cotidiano dos corpos negros no Brasil”.

O Prêmio Canal Brasil de Curtas, que oferece R$ 15 mil a um curta também da Foco, foi para “Perifericu”, que retrata o cotidiano de um grupo de amigas LGBT no Capão Redondo, bairro de periferia em São Paulo.

Fotografia: Leo Lara/Universo Produção

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Curiosidades sobre cinema brasileiro: listamos 4 para você!

Resultado Processo Seletivo Bolsas de Estudo Da Academia Internacional de Cinema

Anunciamos o resultado do Processo Seletivo de Bolsas de Estudo da Academia Internacional de Cinema (AIC). Ao todo, entre Rio de Janeiro e São Paulo, recebemos mais de 500 pedidos de bolsa e seria muito bom se conseguíssemos atender a todos. Conheça (abaixo) os selecionados para o primeiro semestre.

Para o Filmworks e Técnico em Atuação os selecionados precisarão se inscrever até o dia 07/02. Para os cursos livres, as inscrições precisam ser feitas até sexta-feira 14/02.

Se os selecionados não se inscreverem dentro do prazo, novas pessoas serão chamadas.

É importante lembrar que a seleção (para bolsa integral) foi feita através de um sistema de pontuação onde favorecemos as pessoas menos privilegiadas. Analisando questões étnico-raciais, socioeconômicas, ter estudado em escola pública etc. Além das respostas do questionário, a carta de intenção foi avaliada e por fim a documentação enviada para comprovação. Para os cursos livre e de formação não foram realizadas entrevistas. Apenas para os cursos técnicos.

Confira os nomes!

Cursos Técnicos

Filmworks – Rio de Janeiro

  • Clara Cardoso Ferraz – Bolsa parcial
  • Filipe Macedo Cordon – Bolsa Integral
  • Guilherme Baptista Gonçalves – Bolsa parcial
  • Julia Rapozo Pereira Fortes – Bolsa parcial
  • Martin Vaisman – Bolsa parcial
  • Renata Geraldo de Lima – Bolsa Integral

Filmworks – São Paulo

  • Anna Lyvia Akemi Brenneisen – Bolsa Parcial
  • Bárbara Beatriz Chela Federicci – Bolsa Parcial
  • Denisson Matheus Paim de Araújo Contardi Faria – Bolsa Parcial
  • Francisco Carlos Conceição de Lira – Bolsa Integral
  • Isadora Fernanda Sampaio Pereira – Bolsa Parcial
  • Julia Maria Arruda Bastos – Bolsa Parcial
  • Lucas da costa Guimarães – Bolsa Parcial
  • Miguel Atanes de Souza – Bolsa Parcial
  • Tamires Ferreira dos Santos – Bolsa Integral

Técnico em Atuação para Cinema e TV – São Paulo

  • Natália Duarte – Bolsa Integral

Cursos Livres e de Formação:

Formação Livre em Atuação

  • Ana Clara Barboza – Bolsa parcial Rio de Janeiro
  • Gabriella Cristina dos Santos – Bolsa integral Rio de Janeiro

Formação Livre em Roteiro

  • Daniel Ramos – Bolsa Integral Rio de Janeiro

Formação Livre em Direção de Fotografia

  • Victório Martins Fróes Abraham – Bolsa Integral Rio de Janeiro

Formação Livre em Fotografia Still

  • Leonardo Pierucci – Bolsa Integral Rio de Janeiro

Formação Livre em Edição

  • Pedro Silveira – Bolsa Parcial Rio de Janeiro
  • Jessyca Dara Silva Santos – Bolsa integral São Paulo

Som para Cinema e TV

  • Sabrina Teixeira Novaes – Bolsa Integral São Paulo
  • Vitor Gonçalves Procópio – Bolsa Integral Rio de Janeiro

Documentário

  • Rafael Rodrigues de Souza – Bolsa Integral São Paulo
  • Eduarda Schwantz dos Santos – Bolsa Parcial São Paulo
  • Leonne Gabriel Azevedo Santos – Bolsa Integral Rio de Janeiro
  • Guilherme Baptista Gonçalves – Bolsa Parcial Rio de Janeiro

Produção

  • Carolina Rodrigues de Siqueira Santos – Bolsa Integral São Paulo
  • Francine Julia Jesus Rodrigues – Bolsa Integral Rio de Janeiro

Direção de Arte

  • Vivian Moura de Souza – Bolsa Integral São Paulo
  • Matheus Castor Azevedo – Bolsa Integral Rio de Janeiro

Direção de Fotografia

  • Adriana Alves Nogueira Simongini – Bolsa Parcial São Paulo
  • Carolina de Areia Leão – Bolsa Integral São Paulo
  • Wellington Magalhães – Bolsa Integral Rio de Janeiro

Roteiro para Série de TV

  • Rayssa Katherine Ribeiro Lopes – Bolsa Integral São Paulo
  • Andala Iara de Azevedo Silva – Bolsa Integral Rio de Janeiro

Assistência de Direção

  • Hosaias Fernandes de Souza – Bolsa Integral São Paulo
  • Jamile Adriana Costa Silva – Bolsa Integral Rio de Janeiro

Roteiro

  • Rodrigo Nascimento Damasceno – Bolsa integral Rio de Janeiro

Roteiro Online

  • Bruna de Lima Silva

Produção Executiva

  • Janaina  Cristina Pinheiro – Bolsa Integral São Paulo

Para realizar sua matrícula entre em contato com Fabio Correia em São Paulo e Stael Barros no Rio de Janeiro.

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Narrativa transmídia: o que é e como funciona?

Se você acha que não sabe o que é narrativa transmídia, grandes são as chances de não saber só que ela tinha esse nome. Com certeza, algum filme ou série que você assistiu recentemente fez uso desse recurso em suas histórias, de uma forma ou outra.

O grande desafio desse tipo de narrativa é que ela pressupõe mudanças na forma e, muitas vezes, grandes adaptações no conteúdo ao contar uma história por meio de diferentes mídias. Essas mudanças, como veremos, podem assumir contornos radicais ou tentar manter, tanto quanto possível, a fidelidade à mídia original.

A escolha de como contar uma mesma história com elementos que se interligam perpassando diferentes meios requer muito talento do cineasta e, sobretudo, do roteirista. Em alguns casos, há um público específico e cativo que deve ser agradado, o que nunca é fácil, já que essas pessoas podem ter um conhecimento profundo da história original.

Abaixo, você confere a conceituação da narrativa transmídia, assim como dicas para sua aplicação em roteiros. Também vamos fazer uma breve análise da mecânica que existe por trás de uma adaptação como essa e dar exemplos de como aplicar. Leia até o fim!

Quais são as diferenças fundamentais entre as mídias?

A sutileza do raciocínio dos seres humanos atinge níveis em que é possível contar histórias apenas sugerindo acontecimentos. Em alguns casos, pode-se também optar por tramas mais densas, recheadas de detalhes e dados, coisa que os documentários fazem muito bem.

O Cinema é uma arte majoritariamente visual, embora contenha fortes elementos de narrativa na quase totalidade das vezes. No entanto, ele nunca vai ter o poder descritivo e detalhista da Literatura, por exemplo.

Esta, por sua vez, só pode sugerir ideias visuais de ambientes e paisagens, contando que a imaginação do leitor as preencha com suas próprias vivências pictóricas.

Então, cada meio tem suas características próprias, o que o torna mais facilmente adaptável a um certo tipo de história a ser contada. Os quadrinhos, por exemplo, são imagéticos, mas também dinâmicos. No storyboard (uma espécie de esboço da narrativa que o quadrinista realiza antes de começar a desenhar a obra propriamente dita) são decididos os recursos visuais de que se vai lançar mão para contar a história.

Então, a pintura, o desenho, o teatro, o cinema e os outros modelos de criação artística podem ser utilizados em maior ou menor grau, para a construção de narrativas. Mas, ainda que se trate de uma mesma história, é impossível que essa narrativa seja idêntica em todos eles.

 

 

O que é narrativa transmídia?

A narrativa transmídia consiste na utilização de diferentes modelos criativos para contar uma única história. Mas cuidado: não a confunda com a adaptação, que é a transposição de uma história presente em um meio para outro, com os ajustes que o novo método requer.

Seguindo a lógica da adaptação entre mídas, um livro pode ser transformado em filme, uma história em quadrinhos pode servir de inspiração para um ensaio fotográfico e assim por diante. O que importa é que haja uma narrativa e que, em essência, ela seja mantida quando for realizada a transposição entre as mídias.

A narrativa transmídia no cinema vai além da adaptação fílmica. Ela recorre a vários meios para contar uma mesma história, que pode começar em um filme, passar por uma série e terminar nos quadrinhos.

Se você precisa de um exemplo prático para compreender esse conceito, pense na saga Star Wars. Você pode ter contato com diversas partes de sua história nos filmes (como Uma Nova Esperança ou O Ataque dos Clones), aprofundar-se nessa história em animações (como A Guerra dos Clones) e entender melhor o universo em que a saga acontece nas séries de spin off (como é o caso da recém-lançada The Mandalorian).

Para que a narrativa transmídia serve?

Nas obras cinematográficas, há vários motivos para estender uma história a várias mídias. Por exemplo, é possível aprofundar as análises psicológicas de um ou mais personagens que poderiam parecer excessivamente planas em um longa-metragem de menos de duas horas de duração.

O cinema produzido nos dias atuais, mesmo aquele mais notadamente comercial, criou uma demanda no público. As pessoas se envolvem com seus protagonistas e antagonistas em níveis mais profundos que antigamente, muito em função do momento efusivo que vivem as séries produzidas por serviços de streaming, como a Netflix e a Amazon Prime Vídeo.

Assim, o expectador do século XXI é muito mais paciente com as narrativas que consome e o tempo de duração delas. Como decorrência disso, ele também passa muito mais horas assistindo ficção na televisão ou cinema do que acontecia em outras épocas.

No passado, filmes com mais de três horas de duração, como é o caso da trilogia O Poderoso Chefão, por exemplo, eram consideradas obras de fôlego. Hoje, boa parte das séries mais assistidas contam com cerca de 30 episódios de uma hora cada, em média.

E já que o objetivo é explorar à exaustão das personagens, suas histórias e pontos de vista, a narrativa transmídia vem muito a calhar. Ele oferece um “descanso” da mídia original em que a obra foi criada, aproveitando o carisma dos mesmos personagens, mas expondo-os a situações de tensão diversas, fazendo uso de meios narrativos diferentes.

Quais são suas principais aplicações?

Há uma série de situações em que vale a pena recorrer a uma narrativa transmídia. Em geral, ela não é algo fácil de se fazer, mas, se bem utilizada, essa técnica pode ser muito bem-sucedida em algumas situações:

  • quando é necessário desviar o foco narrativo;
  • nos momentos em que certos personagens precisam ser melhor caracterizados;
  • quando a descrição ou narração de certos eventos precisam ser melhor explicados, extrapolando o tempo reservado a ele em uma única obra;
  • para unir ou relacionar dois filmes de uma mesma saga cuja relação é tênue.

Há outras maneiras menos comerciais de aplicá-la, mas é bom ressaltar que a narrativa transmídia exige um pacto ficcional profundo. Afinal, ela costuma propor histórias longas e esmiuçar detalhes que as narrativas comuns deixam passar despercebidos.

Observada essa ressalva, não é exagero dizer que não há limites para a aplicação da narrativa transmídia. Ela depende apenas de um trabalho cuidadoso e criativo da equipe de roteiro, antes de mais nada.

Como ela funciona?

Para explicar como a narrativa transmídia funciona, ninguém melhor que o próprio criador do conceito, Henry Jenkins, que o cunhou em 2009, no seu livro Cultura da Convergência:

“Uma história transmídia desenrola-se por meio de múltiplas plataformas de mídia, com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo. Na forma ideal de narrativa transmídia, cada meio faz o que faz de melhor — a fim de que uma história possa ser introduzida num filme, expandida pela televisão, romances e quadrinhos; seu universo possa ser explorado em games ou experimentado como atração de um parque de diversões.”

Logo, para que ela funcione é necessário, antes de tudo, planejamento. O sucesso desse tipo de estratégia consiste em desdobrar uma história em várias partes e, com base na natureza de cada uma dessas partes, escolher a melhor mídia para representá-la.

Suas possibilidades práticas são muitas: ela pode subsidiar uma campanha publicitária que se desenvolve em textos, imagens e vídeo, por exemplo.

Como fazer uma narrativa transmídia?

Esse tipo de narrativa deve ser planejada, como dissemos acima. Isso porque ela envolve profissionais de diversas áreas, trabalhando em uma perspectiva multidisciplinar.

Então, o mais difícil não é pensar o que vai acontecer e em que meio artístico, mas certificar-se de que haja uma coerência estética entre as partes, coisa que só acontece com uma equipe muito integrada.

Isso pode ser conseguido quando o roteiro ou, pelo menos o brainstorming que dará origem a ele, for elaborado em grupo. Se não for possível juntar toda a equipe, experimente marcar reuniões setoriais com todos os roteiristas envolvidos, permitindo que eles discutam detalhes e conceituações importantes para a coerência da trama como um todo.

Outro ponto importante é uma revisão atenta para evitar furos no roteiro. Muitas narrativas transmídia envolvem lapsos temporais, como quando troca-se de mídia e volta-se no tempo para contar a história de algum personagem ou uma sequência de acontecimentos que levou a uma decisão importante de um deles.

Mesmo que grandes audiências sejam relativamente tolerantes com furos no enredo, a ausência deles quase sempre é o que diferencia um bom filme de uma obra memorável. Uma narrativa transmídia bem fechada prende a atenção das pessoas e as conquista como nenhum outro recurso técnico cinematográfico.

Os filmes da Marvel utilizam narrativas transmídia?

Também conhecida como “Casa das Ideias”, a Marvel Comics, que começou como uma editora independente de quadrinhos, passou por um grande processo de renovação econômica e de pensamento nos últimos 15 anos.

O início de suas atividades data da primeira metade do século 20, mais especificamente do ano de 1939. Ao que tudo indica, daqui a 19 anos, a Marvel deve comemorar seu centenário em grande estilo, como uma das maiores e mais revolucionárias produtoras de conteúdo de todos os tempos.

E a que se deve o estrondoso sucesso da adaptação fílmica que a editora fez dos seus quadrinhos para o cinema? Em parte, a uma utilização consciente e muito bem planejada do conceito de transmídia.

Quadrinhos, animações, séries e muitos longas-metragens transformaram a chamada Saga do Infinito ou Jornada do Infinito em um fenômeno da cultura pop. Ela atingiu cifras multibilionárias, deixando muito para trás os valores da HQ de 1990 escrita por Jim Starlin, que serviu de ponto de partida para as atrações cinematográficas recentes.

A narrativa transmídia na Saga do Infinito

Contando apenas os longas, foram lançados 32 filmes da saga. Há, ainda, séries, animações e quadrinhos que se relacionam direta ou indiretamente com os eventos descritos nos filmes e suas consequências, o que torna difícil dizer exatamente quantas publicações e outras obras secundárias estão incluídas.

Várias são as análises de críticos conceituados que afirmam que a narrativa transmídia foi o grande trunfo da Marvel e da Disney — empresa que adquiriu os direitos da Marvel Entertainment Group, braço da editora fora do mundo dos quadrinhos — para chegar a tantos fãs antigos e, ao mesmo tempo, fidelizar novos espectadores.

É curioso notar como apreciadores de quadrinhos muito exigentes com as histórias que leram na juventude e um público até certo ponto leigo coexistem muito facilmente nas salas de cinema da Marvel, sem que nenhum dos dois tipos se desinteresse pelos filmes.

A Saga do Infinito apostou em uma fórmula interessante para conseguir esse feito: a criação de obras que se completam mutuamente, mas que, separados, têm existência própria. Então, é possível compreender as histórias em uma perspectiva macro (o duelo dos heróis contra o vilão Thanos) ou micro (suas origens e dificuldades locais).

A importância das cenas pós-crédito

Pequenos trechos narrativos que aparecem depois da exibição dos créditos cinematográficos não foram invenção da Marvel. No entanto, foi na Casa das Ideias que elas começaram a ser utilizadas a favor da narrativa transmídia.

Passagens que poderiam causar confusão, se utilizadas no meio dos longas (afinal, nem todos os espectadores estavam familiarizados com a saga em sua extensão) passaram a ser exibidas depois de terminados os filmes.

Via de regra, a função dessas cenas era apresentar a próxima obra ou interligar a história que acabara de ser exibida à saga como um todo. A fórmula deu certo, e tornou-se hábito as pessoas esperarem pacientemente nas salas de cinema, ao final dos filmes, pelo momento de receber algum esclarecimento ou antecipação a respeito da trama.

 

 

Tomado em conjunto, o faturamento dos filmes da Casa das Ideias é algo sem precedentes na história do cinema ou na indústria do entretenimento em geral. Embora alguns filmes tenham sido questionados isoladamente, é incontestável o sucesso da ideia de narrativa transmídia aplicada à trama, naquela que foi a mais ousada aplicação do conceito já vista.

De conceito acadêmico da área linguística e literária a elemento reconhecido pelo grande público, a narrativa transmídia hoje é mais real e compreensível que nunca. Esperamos que este artigo tenha ajudado a deixar essa definição mais clara para você.

Se quiser promover uma discussão a respeito do tema, não deixe de compartilhar este conteúdo nas suas redes sociais. Ótimas opiniões podem surgir!

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