Quero Ser Ator de Cinema

Atuar é uma coisa mágica. Para quem vê de fora, basta mudar a caracterização e a atitude, que o ator se torna uma nova pessoa, não é mesmo?

Ele pode ser qualquer pessoa. No fundo, temos a impressão de que esse profissional é o mais envolvido na tarefa de contar uma história. Afinal, dentre toda a equipe de filmagem, os atores são os únicos que de fato aparecem na tela de cinema, quando o filme está pronto, e por isso os atores são também os que mais precisam conviver com a fama.

Mas, certamente, esse não pode ser o principal objetivo de quem busca essa profissão. Trata-se de um trabalho criativo e artístico, mas também muito difícil, que explora profundamente as complexidades da natureza humana.

Robert DeNiro certa vez resumiu um dos aspectos mais interessantes da interpretação: “Atuar permite viver a vida de outras pessoas sem ter que pagar o preço”. Para isso, no entanto, é preciso que o ator confie no diretor e se exponha, absorvendo a personalidade do personagem, ao mesmo tempo em que o enriquece com suas próprias vivências e experiências.

 

Neste artigo, vamos responder às principais dúvidas sobre a carreira de um Ator:

 

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O que faz um ator?

No cinema, o trabalho do ator é como a ponta de um iceberg: de toda a movimentação gigantesca que existe por trás de uma produção cinematográfica, ele é o elemento humano que será visto no final. É o ator quem imprime vida à história, a pessoa com quem o público se identifica.

A função do ator é se entregar, buscar uma conexão com o espectador, usando seu talento para ajudar a tirar a história do papel e dando sua contribuição para torná-la mais interessante. Não apenas falando as palavras e executando as ações que estão escritas no roteiro, mas seguindo as orientações do diretor para obter a melhor performance possível, acrescentando também suas ideias ao personagem.

Dentro do set, preservar e respeitar os atores é essencial para que eles alcancem a concentração necessária a essa entrega. Em geral, a cena não acontece sem o ator, por isso é preciso que seja criada a atmosfera certa para esse profissional, que é a ponte entre o público e a história.

Nesse contexto, o trabalho do ator também envolve manter a calma e a naturalidade em meio à correria do set, pois a responsabilidade que ele carrega é enorme. É como se ele fosse um jogador de futebol, com a bola no pé para fazer o gol, depois que todo o resto do time já fez sua parte para que essa única pessoa chegasse até ali.

Por conta disso, o ator precisa estar extremamente preparado muito antes de chegar a hora da gravação. Não apenas decorando plenamente seu texto, mas conversando de maneira profunda com o diretor e buscando referências para tornar seu personagem o mais real e verossímil possível.

Para interpretar uma outra pessoa, provavelmente alguém muito diferente dele mesmo, o ator precisa buscar em seu próprio passado memórias emotivas e sensoriais que o ajudem a caracterizar determinadas situações, experiências que provoquem alguma intimidade entre ele e o personagem que irá viver. É preciso entender profundamente o outro.

Com tudo isso em mente e tendo de certa forma “absorvido” as características de um determinado personagem, depois de muito ensaio e preparação, o ator deve chegar ao set simplesmente com os olhos e ouvidos abertos, conectado com o momento presente. Ali, seu trabalho é nada menos do que ser essa outra pessoa, viver essa outra vida, da maneira mais autêntica possível

 

Dificuldades e desafios

“Uma grande questão a perguntar quando se está atuando é: para onde você iria se a cena não tivesse interrompido as ações do personagem?” Esse conselho, dado por Jack Nicholson, é válido para qualquer um que queira se aventurar nessa profissão. Quando a palavra “corta!” interrompe o movimento do ator, ele de certa forma sai daquele universo no qual estava inserido. Então, se o ator puder ver a ação como algo contínuo, que faz parte de um contexto maior, sua interpretação se torna menos fragmentada e mais consistente. Aí estão os três Oscars de Nicholson para comprovar essa teoria.

Mas a perda de concentração e foco não é o único problema que um ator pode enfrentar no set de filmagem. O cansaço físico pode ser outro grande inimigo de uma boa atuação. Como normalmente a quantidade de cenas a serem gravadas é muito grande, e em todas elas o ator precisa estar sempre com a mesma energia, é importante que ele seja poupado ao máximo – fisicamente e também emocionalmente – durante a gravação.

Nessa corrida contra o tempo, muitas vezes com o orçamento apertado, naturalmente toda a equipe cinematográfica sofre pressão. O problema de o ator estar tenso é que isso pode arruinar a cena. Portanto, é essencial cuidar bem desse profissional, tentando evitar esse estado de sofrimento e estresse que os outros eventualmente acabam enfrentando. Afinal, o esforço emocional de mergulhar na pele de outra pessoa já é desgastante o suficiente, não é mesmo?

Contudo, mesmo nos sets em que os atores são poupados, nos quais eles encontram uma atmosfera relativamente tranquila para realizar seu trabalho, a filmagem é um período bastante intenso – para o qual os aspirantes a atores precisam estar preparados. Muitas vezes as folgas são raras, outras tantas o ator precisa se deslocar da cidade onde mora para onde está gravando e ficar ausente de sua vida pessoal. Ele precisa estar pronto para passar muito tempo fora de casa, de sua rotina, longe da família, literalmente abduzido de sua própria vida e imerso na realidade de outra pessoa – pelo menos por alguns meses – e precisa fazer tudo isso com naturalidade. Até para os mais experientes, esse é um dos grandes desafios da carreira de ator no cinema.

 

Quais as responsabilidades de um ator?

Basicamente, a maior responsabilidade do ator é executar, da melhor forma possível, o que foi ensaiado. No entanto, ele pode também fazer parte da construção do roteiro, nos casos em que a criação envolve improvisos, em especial nos diálogos.

Um diretor que aproveita bem seus atores na pré-produção pode, inclusive, utilizar os ensaios para polir o texto. Os atores são os primeiros espectadores e também os primeiros críticos de um filme, pois podem dar sua opinião e dizer o que funciona antes mesmo de ele ser gravado. Atores inteligentes questionam e contribuem, mas é papel do diretor saber escutar. No fim das contas, todos os profissionais da equipe têm o objetivo de contar uma história de forma coletiva, mas acrescentando suas próprias ideias durante o processo.

A maior qualidade de um bom ator é saber fazer boas escolhas, mantendo-se atento, maleável e aberto para entender o que cada personagem pede. Saber observar o comportamento das pessoas e ouvir os outros ajuda, e muito, pois a matéria de trabalho desse profissional é justamente o ser humano. Estar disposto a aprender e desenvolver novas habilidades, que porventura possam ser necessárias ao personagem, também é algo indispensável.

 

Como é o dia a dia de um ator?

A rotina de trabalho, que não tem nada de rotineira, depende muito do filme. Normalmente, o ator ensaia durante a pré-produção, com os outros atores e um preparador de elenco, ou com o próprio diretor. Depois, é hora de gravar.

Dentro da produção de um filme, se o ator é um dos protagonistas, a dedicação envolve não apenas uma pesquisa aprofundada do universo do personagem e habilidades específicas, busca por referências, caracterização e muitos ensaios, mas também uma enorme quantidade de diárias.

Na pós-produção, em geral os atores não estão muito envolvidos no processo, a não ser que seja necessário regravar ou mesmo dublar o som de alguma cena.

 

 

Quanto tempo demora cada projeto?

Em um filme de longa-metragem, no qual o profissional seja um dos atores principais, o tempo de duração é de no mínimo um mês. Em caso de produções maiores, o período entre ensaio e filmagem pode chegar a até três meses. Isso vale para filmes produzidos no Brasil, já que em blockbusters hollywoodianos muitas vezes o trabalho é bem mais intenso.

Em seriados e outros tipos de narrativas televisivas, tudo depende de quantos episódios serão gravados e da participação do ator na história. Já no caso de curtas-metragens, esse tipo de filme geralmente é gravado em poucos dias, mas pode haver um período maior de ensaio (uma ou duas semanas). Cada projeto é diferente e o cronograma varia de acordo com o tamanho da produção e a relevância do ator para a narrativa, quantas cenas ele tem e se elas são difíceis de filmar ou não.

 

Quanto ganha um ator?

Essa é a questão mais complicada de se responder. Muitos atores costumam comparar sua profissão à de um jogador de futebol: quanto se ganha tem a ver com o talento e a fama do profissional. Certamente, quem é mais famoso sempre consegue negociar melhores cachês. E esses cachês, na carreira de ator, são muito variáveis, podem ir de 700 reais a 700 mil.

A tabela do SATED (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões) estipula o valor de 1000 reais para a diária de um ator no cinema. Em geral, a quantia paga por dia para o elenco de apoio fica em torno de 800 reais. Em filmes de baixo orçamento, a média de salário, para o elenco principal, é de 10 mil reais para o projeto inteiro. Em curtas, pode variar de 2 a 5 mil por projeto, dependendo da participação do ator na história. Novamente, tudo varia de acordo com o papel, o reconhecimento do profissional, o orçamento e o tempo de duração de cada filme.

Mas e aí, dá pra viver como ator? Vários fatores precisam ser levados em consideração, que incluem não apenas esforço e talento. A perspectiva realista é de que os atores menos conhecidos acabam tendo que realizar outros trabalhos paralelos – muitos partem para produção cultural, teatro, publicidade, tornam-se apresentadores ou locutores. Hoje em dia, há uma série de mídias diferentes, com as mais variadas oportunidades. Mas é preciso correr atrás.

Como o cinema brasileiro ainda é um mercado em formação, já que não temos uma indústria cinematográfica como a norte-americana, às vezes é preciso buscar outras fontes de renda, fazer testes para novelas, seriados, publicidade, ou atuar no teatro. No entanto, com um pouco de perseverança é possível estabelecer uma carreira e formar parcerias com diretores. Sempre buscando se aperfeiçoar o máximo possível, claro, já que o sucesso também tem muito a ver com a dedicação.

 

Como se tornar um ator?

Muitas pessoas já começam a descobrir na infância a paixão pelas artes cênicas. Nesse ponto, aqueles que se envolvem desde cedo em atividades como teatro, dança e coral, acabam tendo uma pequena vantagem sobre quem se descobre mais tarde.

Independentemente de como você chegou à conclusão de que ser ator de cinema é o que deseja para sua vida, estudar é sempre um primeiro passo. A escola é um lugar para aprender técnicas, praticar sua arte e entender qual o melhor caminho a seguir dentro da profissão. É fazendo um curso que se tem contato com outros atores, professores e, principalmente, com diretores de cinema, por isso também é importante escolher boas escolas, que tenham profissionais atuantes no mercado. Participar em curtas-metragens de estudantes, ou filmes de baixo orçamento, é outra forma de ganhar experiência e aumentar seu portfólio.

Há quem decida fazer alguma faculdade mais “segura”, para ter outra formação caso a carreira de ator acabe não dando certo. Na área audiovisual, são inúmeras as possibilidades, desde optar por produção até roteiro. Esses cursos podem servir como um complemento para o ator se tornar ainda mais versátil, além de conhecer melhor o processo de fazer um filme. Atualmente, também são inúmeros os atores que fazem a transição para a cadeira de diretor (alguns exemplos incluem Jodie Foster, Mel Gibson, Angelina Jolie e George Clooney, e no Brasil Selton Melo, Carla Camurati, Denis Carvalho, Marcos Paulo, entre outros).

 

 

Referências e conselhos

Para quem busca referências, uma boa opção é “Cidade dos Sonhos/Mulholland Dr.”, de David Lynch. No filme, uma jovem tenta a vida como atriz em Hollywood e acaba se envolvendo com uma mulher que sofre de amnésia. Também de Lynch, “Império dos Sonhos/Inland Empire” é a história de uma atriz que começa a adotar as características de sua personagem em um filme, o que torna sua vida um pesadelo surreal.

“Um Lugar Qualquer/Somewhere”, de Sofia Coppola, fala sobre um desanimado ator hollywoodiano que analisa sua trajetória de vida durante uma estadia no famoso Chateau Marmont. “Encontros e Desencontros/Lost in Translation”, da mesma diretora, também tem como personagem um ator decadente, que acaba estabelecendo uma amizade inusitada com uma jovem em Tóquio.

A mesma premissa de um ator em decadência assola o personagem principal de “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)/Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance)”, de Alejandro González Iñárritu. Ao que parece, o conflito do ator entre sua arte e a popularidade, assim como as questões que surgem quando ele se pergunta o que fazer com seu talento, sempre podem dar uma boa história.

Atores interpretando atores, explorando esse universo tão fascinante de “ser outra pessoa”, é o que não falta no cinema. Em “Acima das Nuvens/Clouds of Sils Maria”, de Olivier Assayas, uma estrela de cinema acaba se deparando com uma desconfortável reflexão sobre si mesma ao participar de uma remontagem da peça de teatro que lançou sua carreira.

Já o clássico “Tootsie”, de Sydney Pollack, é um filme que fala um pouco sobre a realidade dos atores nos Estados Unidos, brincando com a questão de até onde você precisa ir para conseguir realizar sua arte. O filme mostra que muitas vezes se paga um preço alto para continuar na profissão, mas que é preciso persistir, não desistir, se esse é seu sonho.

Na contramão disso, a atriz brasileira Fernanda Montenegro certa vez aconselhou os jovens atores a desistirem, sim. E, depois, se não conseguissem viver sem atuar, que voltassem. A persistência, de fato, é uma das maiores características dessa profissão.

Grandes atores já brincaram com as definições e recomendações, dizendo que a carreira no cinema basicamente envolve decorar suas falas e tentar não tropeçar nos objetos de cena. Mas exige também, acima de tudo, colocar-se em uma posição vulnerável, ter curiosidade e interesse sobre as outras pessoas, querer entender como é ser o outro.

Nas palavras de Meryl Streep: “A verdade é que todos já fomos crianças de três anos, atuando no meio da sala, com todo mundo ao redor achando que éramos adoráveis. Somente alguns de nós crescem e acabam sendo pagos por isso”. Quem sabe pode ser você?

 

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*Por Katia Kreutz e equipe da Academia Internacional de Cinema

* Fontes consultadas para esse artigo, professores da Academia Internacional de Cinema: Vanessa Prieto e Isadora Ferrite
**Foto Yuri Pinheiro

 

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Cursos de Som

Quero Trabalhar com Som no Cinema

*Por Katia Kreutz e equipe da Academia Internacional de Cinema

O cinema começou mudo. Durante cerca de duas décadas, após a primeira exibição cinematográfica pelos irmãos Lumière, criadores recorreram a narrativas que dispensavam o uso de diálogos e efeitos sonoros, transmitindo informações apenas por meio de imagens, gestos e letreiros explicativos. Quando o som finalmente passou a ser introduzido nos filmes, nos anos 1920, os sistemas sonoros ainda eram muito rudimentares, com baixa qualidade na gravação e amplificação, sem contar a dificuldade para sincronizar sons e imagens de maneira adequada.

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No início, os filmes que incluíam diálogos sincronizados (chamados de talking pictures ou talkies, ou seja, filmes falados) eram exclusivamente curtas-metragens. Os longas que possuíam algum tipo de som gravado se limitavam a música e efeitos. Tanto que o primeiro longa-metragem considerado como talkie foi lançado apenas em 1927: “O Cantor de Jazz/The Jazz Singer”. Embora alguns cineastas e críticos tenham recebido os filmes falados com certa resistência, pois acreditava-se que eles “subvertiam a estética e a arte do cinema mudo”, foram essas inovações tecnológicas que garantiram o desenvolvimento de Hollywood como a meca da indústria cinematográfica.

Com a popularização dos longas-metragens sonorizados, passaram a ser necessários profissionais para fazer esse trabalho nas fases de filmagem e pós-produção. Então, quem são exatamente as pessoas que compõem uma equipe de som no cinema? É correto usar o termo sonoplasta?

Plástica do som

O primeiro aspecto que precisamos observar é o próprio termo “sonoplastia”, que trata da “plástica do som”. A palavra vem do latim sono (= som) com o grego plastós (= modelado). Exclusiva da língua portuguesa, surgiu na década de 1960, com o teatro radiofônico. Basicamente, referia-se à reconstituição artificial dos efeitos sonoros que acompanhavam a ação. Essa definição acabou se estendendo a outras plataformas de expressão artística, que também utilizavam narrativa acompanhada de som, como o teatro e a televisão.

Apesar de ainda ser utilizado em algumas mídias, o termo acaba se tornando um pouco simplista quando se trata de cinema. Isso porque, na sétima arte, não existe apenas um sonoplasta, mas uma série de diferentes profissionais com funções variadas. Sendo assim, que tal aprendermos um pouco mais sobre cada uma dessas funções e os processos de criação do som dentro de um longa-metragem?

Neste artigo, vamos responder às principais dúvidas sobre a carreira nesta área:

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O que faz um profissional de som?

A equipe de som é composta pelos seguintes profissionais: na filmagem, o responsável pela captação dos sons é o técnico de som direto ou diretor de som, junto com seus assistentes (quando necessário, ou se o orçamento permitir). Na pós-produção, temos o editor de som e seus assistentes (incluindo os artistas de foley) e os profissionais responsáveis pela mixagem do som. Todos eles são subordinados ao supervisor de edição de som, que acompanha ambos os processos (edição e mixagem). Mas vamos por partes, para entender melhor esses departamentos?

Na fase de produção/filmagem, o profissional responsável pelo som (técnico de som direto ou diretor de som) realiza a captação dos sons no set. É ele (ou ela) quem grava os diálogos, o ruído dos ambientes e efeitos diversos (como barulho de portas, carros, passos, etc). A ideia é que esses materiais possam ser utilizados na pós-produção, junto com as cenas sincronizadas. Essa função acaba pendendo mais para o lado técnico, já que o profissional não conceitua o som do filme, apenas segue a orientação do diretor sobre que tipo de sons terá que gravar no set.

Já na pós-produção, existem duas equipes: a de edição de som e a de mixagem (que são as etapas de finalização da parte sonora de um longa-metragem). Ambas as equipes podem ser bastante numerosas e são coordenadas pelo supervisor de edição de som. Aqui, sim, temos um trabalho muito mais criativo e conceitual, já que ambas as fases serão responsáveis por construir o “desenho de som” do filme.

Então, para a edição do som – que, hoje em dia, naturalmente é toda feita em programas de computador, com softwares como Pro Tools, Sound Forge ou Sonar – em geral o supervisor forma equipes de trabalho setorizadas. Por exemplo, uma pessoa mexe nos diálogos, outra ajusta os ambientes e efeitos, outra faz foley, e assim por diante.

Um parêntese: o foley é uma das atividades mais interessantes e curiosas da área de som. Os profissionais que executam essa função, chamados de artistas de foley ou técnicos de gravação de foley, normalmente recebem uma cena do filme, já montada, e precisam fazer a gravação de sons em sincronismo com essa imagem. É bem possível que você já tenha visto algum vídeo em que uma ou mais pessoas usam todo tipo de material e objeto para tentar reproduzir algum som específico (o ruído de uma faca em uma melancia pode simular um esfaqueamento, mãos batendo em uma tigela de água dão a impressão de água corrente, e por aí vai).

Para a edição de som, pode-se gravar em estúdio os sons de que se necessita (foley), ou também fazer uso das populares “bibliotecas de som” – bancos de arquivos, gratuitos ou pagos, com diversos tipos de sons previamente gravados e separados por categorias, para uso em produtos audiovisuais. Os sons escolhidos serão inseridos no filme, no momento e com a intensidade corretos para que a cena funcione.

Produções menores geralmente não possuem recursos para produzir foley em estúdio, por isso acabam recorrendo a esse tipo de biblioteca, além de valorizarem a captação do máximo possível de material bruto no set. O mesmo ocorre com documentários, que têm um compromisso um pouco maior com a realidade e por isso priorizam som ambiente; no entanto, para todos os casos, se o orçamento permitir, sempre é recomendado o trabalho de edição de som e, principalmente, de mixagem.

Chegamos, então, à fase de mixagem de som, um processo que envolve toda a parte de adequação sonora do filme. Feito digitalmente, esse trabalho é fundamental para que os sons do foley, que foram gravados dentro de um estúdio, soem como se estivessem de fato partindo de uma locação que o espectador está vendo no filme.

 

 

Quais as responsabilidades de um profissional de som?

No caso do técnico de som direto, sua responsabilidade no set é de escolher os microfones adequados e gravar o som da cena da melhor maneira possível, além de realizar a captação de ambientes e efeitos. Assim, ele pode tornar o trabalho dos profissionais de pós-produção um pouco mais fácil. Na verdade, os diálogos são a parte mais delicada dessa captação, pois se o técnico de som direto não realizar um bom trabalho, o filme acaba precisando de “dublagem”, ou seja, os atores terão que reproduzir em estúdio as falas da cena, para substituir a versão que não pode ser usada.

É na pós-produção que será criada, de fato, a linguagem sonora do filme. A equipe de edição de som recebe as cenas já montadas, então o som é sincronizado para atuar em conjunto com as imagens, potencializando ritmo e dando impacto à história. Todos os sons necessários para a narrativa, desde a maçaneta de uma porta até uma explosão, ou ainda o som da chuva, de cavalos, passos, roupas, tudo é criteriosamente estudado e, quando necessário, adicionado na edição. Utilizar ou não sons de bibliotecas já prontas ou de foley vai depender, basicamente, da qualidade do que foi captado no set e do tamanho da produção.

Por fim, a responsabilidade do profissional de mixagem é de fazer com que os sons do filme apareçam e se misturem de maneira orgânica, removendo imperfeições e adequando tudo aquilo que for necessário para tornar a experiência audiovisual mais completa e realista.

 

Dificuldades e Desafios

Para o técnico de som direto, naturalmente a maior dificuldade é lidar com imprevistos, tão comuns em um set de filmagem (uma construção próxima que acaba interferindo no som, o barulho do trânsito em determinada locação, um bebê chorando ou um cachorro latindo insistentemente nas imediações da filmagem, e assim por diante…)

Os profissionais de edição de som, apesar de atuarem efetivamente na fase de pós-produção, têm como maior desafio a necessidade de começarem a pensar e planejar o som do filme antes de sua execução – lendo o roteiro e conversando com o diretor sobre a linguagem conceitual que será aplicada.

Em alguns casos, é possível (e muito interessante, inclusive) que o editor de som participe do processo de filmagem, como mero espectador, sem nenhuma função além de ouvir e observar. Isso serve para que ele comece a entrar no universo daquela história e possa ter ideia do que o aguarda na pós-produção.

 

Como é o dia a dia de um profissional de som?

Pelo que vimos até agora, você já pode imaginar que, trabalhando com cinema, cada dia é diferente na vida dos profissionais de uma equipe. Os técnicos de som direto têm a oportunidade de estar nos mais variados sets de filmagem, com as condições sonoras mais diversas. Como se trata de um trabalho que exige habilidade e prática, quanto mais filmes esse profissional fizer, melhor.

Também para o editor de som, por ser uma função que envolve criatividade e, muitas vezes, improviso, o dia a dia nunca é igual. Cada projeto tem suas peculiaridades, mas a rotina de trabalho desse profissional envolve assistir ao filme já editado, conversar com o diretor sobre os conceitos da linguagem de som, planejar o que será feito e como isso será executado e, finalmente, colocar a “mão na massa”.

A rotina do profissional de mixagem de som não é muito diferente, exceto pelo fato de que seu trabalho acontece depois de todos os outros. Ele precisa fazer com que os sons gravados em estúdio pareçam ter sido captados em cena. Além disso, esse profissional é o responsável por criar os momentos de silêncio ou de impacto, fazendo com que a linguagem sonora realmente se torne parte da narrativa.

 

Quanto tempo demora cada projeto?

O tempo é relativo. Se pensarmos no captador de som direto, vai depender da quantidade de diárias necessárias no set de filmagem. Existem projetos que duram apenas um dia, já outros levam meses. Tudo varia conforme o processo de produção de cada filme. O que se pode afirmar com certeza é que o técnico de som direto geralmente se envolve nos projetos por um tempo um pouco menor do que os profissionais de edição e mixagem.

Para a edição e mixagem de som, num longa-metragem, demora-se em média dois a três meses, desde o início do trabalho, gravação de foley e demais adequações, até a entrega do som do filme pronto, mas isso também pode variar de acordo com o processo criativo de cada projeto e as demandas do diretor.

 

Quanto ganha um profissional de som?

Como em todas as áreas do audiovisual, essa pergunta é extremamente difícil de se responder. Tudo é muito relativo: depende do orçamento do projeto, de quanto o profissional vai trabalhar, se ele tem um estúdio ou não…

Na área de som direto, existe um valor de referência determinado pela tabela do Sindcine (aproximadamente 2500 reais por semana, para o técnico de som direto). Já na edição de som, não existe essa regulamentação ou base financeira, por isso o que acaba prevalecendo são as demandas de projetos e as negociações do próprio mercado.

Esses profissionais podem atuar basicamente de três formas: como funcionários de uma produtora/estúdio, como freelancers ou donos de seu próprio negócio. Em todos os casos, o salário depende muito da sua capacidade e experiência. Um editor de som experiente pode ganhar em torno de 4 mil reais por semana, ou mais.

Obviamente, uma pessoa que está ingressando agora no mercado não irá receber o mesmo que um profissional reconhecido. Por isso, é preciso realizar seu trabalho com qualidade, para se destacar dos demais. Mas, para quem se dedica, uma coisa a saber é que trabalhar com som no cinema não é uma profissão mal remunerada.

 

Como ingressar na área de som?

Infelizmente, não existe uma fórmula para o sucesso. O que existe é uma certa discussão entre os profissionais da área, pois alguns acreditam que trabalhar com som é um processo artístico, que não requer, necessariamente, muita técnica ou conhecimento prévio. Contudo, mesmo para quem já tem essa sensibilidade, será necessário conhecer os equipamentos e ferramentas utilizados na profissão (tipos de microfones, softwares de edição e mixagem, bibliotecas de sons).

Algumas pessoas passam de outras áreas do audiovisual para o som, uma transição que nem sempre é tranquila, mas certamente possível. A tradição autodidata começa a ganhar um respaldo educacional a partir de cursos especializados que vêm se integrando recentemente no mercado. Ingressar em um curso ou faculdade é uma excelente forma de criar oportunidades, já que, muitas vezes, os próprios professores são profissionais em atividade e acabam necessitando de novos talentos dentro de suas equipes. A partir disso, podem surgir convites e projetos. Ainda assim, também há pessoas que não passaram por nenhum curso, que são formadas em áreas sem relação com o cinema, mas que conseguiram “seu lugar ao sol”.

Com algum estudo e muita boa vontade, o ideal para quem está começando é tentar ingressar na área como estagiário ou aprendiz. Começar de baixo, como em qualquer outra carreira, permite aprender com os mais experientes e adquirir prática, além de ajudar a definir exatamente qual trabalho de som no cinema interessa mais a você.

A boa vontade é necessária, em qualquer estágio da profissão, porque é preciso muita paciência para conhecer e dominar esse ofício tão “artesanal”. Fazer um filme dá muito trabalho, um trabalho que normalmente precisa ser realizado em equipe, portanto humildade e perseverança são excelentes qualidades para quem deseja ingressar no mercado.

Muitos dos técnicos de som ou editores de som que trabalham no cinema também acabam atuando em filmes publicitários, já que o processo, as técnicas e os equipamentos utilizados para captação e edição de som são muito semelhantes. Também é comum, nesses profissionais, o gosto pela música. Ter um “bom ouvido” e sensibilidade para os mais diferentes ruídos, além de prestar atenção às trilhas e efeitos sonoros dos filmes que você assiste, são características que ajudam muito.

 

Trilha Sonora ou Trilha Musical?

Pessoas que não são da área de som no cinema costumam chamar a parte musical de um filme de “trilha sonora” – novamente emprestando o termo de outras mídias, como o teatro. No caso do fazer cinematográfico, muitos teóricos preferem definir como trilha sonora o conjunto geral dos elementos relativos ao som dentro de um filme, ou seja, não somente a música. Por isso, um termo mais apropriado seria “trilha musical”. Para se aprofundar nesse assunto, uma leitura recomendada é o livro “A Música do Filme”, de Tony Berchmans.

Em geral, o músico que faz composição para um filme é escolhido pelo diretor ou diretora e trabalha à parte da equipe de edição de som. Sozinho ou com seu próprio grupo de trabalho, o compositor é quem irá construir o conceito musical do filme, seguindo as orientações do diretor. Essa trilha, no entanto, nem sempre é formada apenas por composições originais e pode conter também músicas não originais, cujos direitos tenham sido cedidos ou comprados para uso na obra audiovisual.

Em se tratando de trilha musical original, ao longo da história do cinema, a função de compor essas músicas costumava ser desenvolvida por pessoas com alguma formação musical mais clássica, erudita. A partir dos anos 1980, a área se expandiu, abrangendo também outros músicos e integrantes de bandas pop. Atualmente, existe uma miscelânea de profissionais que compõem trilhas musicais para filmes.

O trabalho do compositor junto com o diretor é importante porque, conceitualmente, a música é um elemento bastante autoral dentro de um filme. A trilha musical “dá o tom” da história, por assim dizer, levando o espectador a sentir certas emoções em determinadas cenas, de maneira inconsciente. Casos clássicos de parcerias que duraram muitas décadas, entre músicos e diretores, são Bernard Herrmann com Alfred Hitchcock, Nino Rota com Federico Fellini e Danny Elfman com Tim Burton. Outro exemplo de sucesso é o compositor John Williams, criador de trilhas extremamente reconhecidas para filmes de diretores como Steven Spielberg e George Lucas (incluindo “Tubarão”, “Indiana Jones” e “Star Wars”).

Essas músicas, quando compostas exclusivamente para o filme, não obedecem apenas ao conceito musical, mas precisam seguir outro tipo de métrica, pois são apoiadas por imagens. Por esse motivo, o processo de composição acaba sendo um pouco diferente daquelas músicas que “já vêm prontas”. No entanto, se o diretor quiser utilizar uma peça já existente, ele precisa ter em mente que precisará pagar não só pelo direito de composição (que diz respeito ao artista, à criação), mas também pelo fonograma (referente ao estúdio onde a música foi gravada).

Nesse sentido, há outra questão importante a considerar: por exemplo, o diretor não tem dinheiro para comprar os direitos de uma música famosa, nem para contratar um músico que faça a trilha de seu filme, então opta por usar músicas antigas, que já caíram em domínio público (de compositores como Beethoven, Chopin, Bach, Mozart, etc). O problema é que, nesses casos, o direito de composição caiu, sim, em domínio público, porém o fonograma não. Ou seja, se alguém quiser usar uma música composta por Mozart, mas que foi executada recentemente pela Filarmônica de Berlim, terá que pagar o direito do fonograma sobre essa gravação.

Outra coisa a se considerar, no uso de música para o cinema, é a inserção de “trilha branca”. Trata-se de uma composição livre para uso, tanto no que diz respeito a direito autoral quanto do fonograma. Existem duas possibilidades para adquirir esse tipo de trilha: por meio de uma biblioteca de sons (assim como existem efeitos sonoros para venda, também há bibliotecas de trilha branca, com todo tipo de música para compor uma atmosfera) ou adquirindo essa trilha branca gratuitamente na internet. Alguns sites disponibilizam várias músicas de compositores que estão se lançando e que querem ganhar visibilidade. Esse material pode ser baixado e usado livremente, sem custo, apenas com a obrigação de inserir os créditos do autor.

 

Referências e conselhos

Uma ótima referência para quem gosta de som é o filme “Um Tiro no Escuro/Blow Out”, de Brian de Palma. O longa de ficção conta a história de um profissional de som que, sem querer, grava um acidente, que depois se revela um assassinato. A única pista do crime é a sequência sonora que ele gravou.

Além disso, existe uma enorme variedade de documentários disponíveis online, sobre o trabalho dos profissionais de som no cinema. É possível encontrar, em sites como o YouTube ou blogs especializados, desde vídeos tutoriais até entrevistas e curtas-metragens sobre o assunto, além de making of de filmes, que podem ser boas referências para entender a profissão e ter acesso a depoimentos de quem já trabalha na área.

Recentemente, foi lançada também uma sessão de entrevistas, falando sobre esses verdadeiros “artesãos do som”. A série “Operário Criador”, idealizada pela técnica de som direto Gabriela Cunha, aborda alguns aspectos do trabalho na área e traz uma reflexão sobre o mercado audiovisual brasileiro.

O principal conselho, para quem pretende iniciar agora, é ter disposição para aprender. Começar como assistente e observar os mais experientes, se possível sem fazer muitas perguntas. Lembre-se: falar durante o trabalho de som é uma interferência enorme! É a mesma coisa que ficar passando na frente do monitor de alguém que está editando um filme.

No set de filmagem, é importante tentar ser útil e não atrapalhar o serviço dos outros, ter paciência e demonstrar iniciativa. Outro conselho, mesmo para aqueles que já estão estabelecidos como profissionais de som, é se manter sempre atualizado sobre novas linguagens, técnicas e tecnologias.

Na verdade, algumas recomendações valem para qualquer área: toda pessoa que tem interesse em alguma coisa precisa se dedicar, conhecer o máximo sobre aquilo e mergulhar de cabeça. A carreira de som para cinema pode não ser uma das mais fáceis, mas em última instância o que conta é seu grau de dedicação e comprometimento com o trabalho.

É possível, sim, usar o som para trazer ideias novas e contribuir no enriquecimento de uma narrativa. Para isso, o essencial é ter a mente aberta e muito amor pela arte cinematográfica. O som de um filme é uma ilusão criada e orquestrada de maneira a levar o espectador a mergulhar em uma história. Seu papel, como profissional de som, será o de dar vida a esse mergulho.

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Leu tudo e se identificou? Confira os Cursos de Som para Cinema da AIC para iniciar ou se aprofundar na área.

* Fontes consultadas para esse artigo, professores da Academia Internacional de Cinema: Fernanda Nascimento e Pedro Lima

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Como escrever roteiros de humor? Existe Fórmula?

maria clara mattosA professora Maria Clara Mattos, atriz, roteirista de humor e professora do Curso de Roteiro de Humor da Academia Internacional de Cinema (AIC) conta um pouco, nessa entrevista curtinha, sobre as peculiaridades da escrita para séries cômicas, dá ótimos exemplos para quem quiser se inspirar e de quebra fala sobre como serão suas aulas na AIC.

Como criar uma boa premissa para uma série cômica?
M.C.: Boa pergunta haha. Não acredito que exista uma forma/fórmula para criar uma premissa de humor. Na verdade, o humor pede um talento muito específico, que não é exatamente saber fazer piada ou ser engraçado. Acho que o humor envolve ponto de vista. Um ponto de vista peculiar. Sim, a escrita sempre será uma questão de ponto de vista, mas num drama, num romance, você pode simplesmente abordar um tema, uma situação humana, apresentando versões alternativas de fatos e sentimentos. Você pode escrever uma história envolvendo drogas a partir do traficante, do dependente, do combatente, do familiar etc.  (Scarface, Trainspotting, Requiém Para Um Sonho, Traffic, Cidade de Deus, Christiane F., Blow…). Já em “O Barato de Grace” o humor está diretamente relacionado ao ponto de vista enviesado da personagem em relação às drogas: uma viúva inglesa, dona de casa em cidade pequena, precisando de dinheiro para pagar as dívidas deixadas pelo marido morto e para sobreviver, acaba plantando e vendendo maconha. Só isso já é engraçado. A imagem que a gente faz na cabeça meio que imediatamente já é um ponto de partida sensacional pro humor.

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Os diálogos de sitcom são diferentes das séries dramáticas? Como?
M.C.: Diálogos sempre serão diferentes em função do gênero. Mas não acredito em diálogo como uma entidade apartada dos personagens e suas relações. Não é propriamente o diálogo que tem graça, é o ser humano que carrega aquelas falas. Se o personagem não for um personagem de humor – ou seja, se não tiver um ponto de vista enviesado sobre o mundo, se não amar de um jeito enviesado, se não sofrer de um jeito enviesado (e por aí vai) – não abrirá a boca pra dizer nada engraçado. Lógico, ritmo é fundamental no humor, mas não é exatamente isso o que faz uma coisa ser engraçada ou não. Vide Curb Your Enhusiasm, que tem falas longas, improvisadas, aparentemente sem ritmo de comédia, e é engraçadíssimo. Porque o personagem Larry David é absolutamente enviesado.

Como você vai trabalhar em sala de aula?
M.C.: Vou apresentar as diversas possibilidades do humor e suas variáveis, a partir de trechos de séries e filmes. Analisando a estrutura das cenas e dos diálogos, minha ideia é demonstrar o quanto a graça está mais relacionada às relações/situações do que à graça propriamente dita. Pra aula seguinte vou pedir que os alunos trabalhem em cenas de projetos pessoais – ou a partir de uma situação proposta, vai depender da preferência. As cenas serão lidas em voz alta (uma das coisas mais importantes é ler cenas em voz alta, na minha opinião), analisadas e discutidas, para que todos tenham a oportunidade de testar (como escritores e espectadores) o conteúdo da aula teórica.

O Curso de Roteiro de Humor

Com o objetivo de desenvolver as capacidades criativas do aluno na redação de roteiros engraçados e originais, o curso alia teoria e prática de escrita, dividido em módulos dedicados a três veículos de narrativas cômicas no audiovisual: cinema, televisão e internet.

No primeiro módulo o curso apresenta as estruturas fundamentais do humor, usando exemplos do cinema e de mestres da comédia, de Chaplin e Billy Wilder a Woody Allen e Judd Apatow, analisando a mecânica da comédia e da dramaturgia de humor. No segundo, trata das formas como a televisão explora o humor em diferentes formatos, traçando um breve panorama de diferentes produções, como o esquete, o sitcom – a comédia de situação – e também o humor de personagem. No terceiro e último módulo o foco é o humor na internet.

Clara Meirelles, professora orientadora do curso, conta um pouco sobre o curso: “É um curso de roteiro que tem como foco a escrita para o humor, que é um mercado à parte e muito aquecido. Vamos estudar ferramentas usadas nesse tipo de narrativa, como punchline, timing, quebra de expectativa. Espero que seja divertido. Se não for, não devolvemos o dinheiro, mas distribuímos piadas grátis”, brinca.

 

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Faculdade de Cinema e o Fazer Cinema

Muita gente se pergunta se é melhor fazer uma faculdade de cinema ou cursos de prática audiovisual fora das universidades. Há muita ansiedade envolvida nessas escolhas, pois elas definem as estratégias que irão configurar o nosso futuro e por à prova os nossos sonhos. Quando escolhemos uma carreira em cinema, é difícil entender o processo que leva alguém de fato a trilhar a profissão. Afinal, muitos realizadores, criadores, diretores, produtores e técnicos vêm das mais diversas formações, que incluem ou não uma faculdade de audiovisual.

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A questão é: que tipo de curso escolher?

Depende de quanto tempo e recursos você quer e pode investir, e de uma análise mais profunda dos tipos de cursos disponíveis, para ver se correspondem aos objetivos que você quer alcançar. As modalidades de cursos e tempo aproximado são: bacharelado (4 anos); curso tecnológico (2 anos); curso técnico (2 anos), cursos livres (carga horária variável).

Bacharelado

Uma faculdade de cinema apresenta-se como um espaço de estudos acadêmicos e análise crítica com oportunidades de experimentação valiosas, que obedecem às regras de uma formação mais formal. O aprendizado no formato acadêmico tem algumas especificidades: processo seletivo para ingresso no curso, formato de avaliações com nota lançada em histórico escolar, estágios obrigatórios, aulas em áreas correlatas, ainda que não diretamente ligadas ao audiovisual, que enriquecem o currículo na área de humanas. Além de um contato a longo prazo com acadêmicos e profissionais da área, a faculdade abre caminho para uma carreira acadêmica como professor universitário, com a possibilidade de sequência através de mestrado e doutorado. Fator tempo e custo são mais altos.

Cursos tecnológicos e técnicos

Mais curtos do que os cursos de bacharelado, dão mais ênfase à prática e à capacitação profissional, com o objetivo de inserção de profissionais no mercado. Os programas desses cursos variam muito de curso para curso: desde os que se concentram em aspectos puramente técnicos e/ou especializados aos que combinam a técnica a estudos de linguagem. Nesse ambiente, é preciso avaliar a fundo a grade curricular de cada curso para ver se este reflete o que se quer estudar. Os cursos tecnológicos são regulados pelo MEC (formação superior) e costumam ter processo seletivo; os técnicos são regulados pelas Secretarias de Educação dos estados em que se localizam (formação técnica), e não exigem vestibular. Menos custosos, os cursos tecnológicos e técnicos compreendem um período significativamente menor do que os cursos de bacharelado. A AIC oferece o Filmworks – Curso Técnico em Direção Cinematográfica nas unidades Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).

Cursos Livres

Os cursos hands-on oferecidos por escolas de cinema normalmente dão ênfase à prática, à técnica e à linguagem audiovisual, em diversos formatos. Num tempo menor e a um custo menor, concentram-se na capacitação e na especialização. Com regras menos rígidas quanto ao histórico acadêmico de seus professores, as escolas que oferecem cursos livres tendem a trazer rotativamente profissionais atuantes no mercado, oferecendo oportunidades de networking. Estágios acontecem de forma mais orgânica. Em geral não há processo seletivo, e é comum vermos pessoas formadas em outras áreas procurando cursos de extensão e especialização nas mais diversas áreas do cinema, e ingressando no mercado dessa forma, muitas vezes trazendo para o cinema experiências vindas de áreas estudadas anteriormente. Como esses cursos não são regulados pelo MEC ou por Secretarias de Educação, é importante fazer uma pesquisa comparativa e avaliar os currículos, o quadro de professores, o histórico e a reputação das escolas e dos cursos em questão. A AIC oferece inúmeros cursos livres de cinema abrangendo todas as etapas da produção audiovisual nas unidades Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).

Em todos os casos, um bom curso audiovisual é aquele que mescla conhecimentos de linguagem com o estudo da técnica e exercícios práticos, criando uma simbiose entre teoria e prática que é expressa no trabalho produzido pelos alunos e futuros profissionais. É aquele que de fato prepara o profissional para o mercado de trabalho, e ao mesmo tempo o imbui de um embasamento teórico, necessário ao seu crescimento.

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Segundo o recente artigo “Mercado Audiovisual e Formação Profissional: O Perfil dos Cursos Superiores em Cinema e Audiovisual no Brasil” (Pesquisa UFSCAR/Forcine 2016), o mercado cresce de forma consolidada, mas o ensino superior do audiovisual encontra desafios:

“De acordo com o SIAESP [Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo], o mercado audiovisual possui a menor taxa de mortalidade do setor, o que significa que as empresas têm conseguido se manter no mercado de forma consistente – contam com mais de 15 anos de atuação em sua maioria. Se as empresas têm sucesso no mercado, também o têm os profissionais que delas fazem parte.

Curiosamente, esses  profissionais, na maior parte dos casos, não possuem formação em audiovisual, eles vêm de outras áreas com maior afinidade com setores produtivos e adquiriram conhecimentos específicos no audiovisual através da experiência prática. É nesse alicerce que se instaura a primeira crítica à formação dos profissionais em audiovisual.

Nas falas realizadas durante o I Seminário Paulista de Ensino e Mercado, indicou-se que a dificuldade fundamental que envolve a formação dos profissionais é a falta de experiência prática, o que faz com que os profissionais saiam do ensino superior sem uma noção real do modo de produzir do audiovisual e de quais áreas mais os interessam para uma especialização.”

Rodando com a BlackMagic Cinema
Produção de curta-metragem no curso livre de Direção de Fotografia da Academia Internacional de Cinema

Cada vez mais cientes dessa realidade, várias universidades vêm ao longo dos anos adaptando seus currículos para refletir as demandas práticas inerentes da profissão, mas esse é um processo lento e burocrático, que precisa ser realizado dentro dos moldes estabelecidos pelo MEC. Só o fato desse tipo de estudo existir já demonstra um avanço sobre o tema.

Além da formação prática, há também a questão da especialização. O cinema é por natureza uma atividade realizada por especialistas: roteiro, direção, arte, produção, fotografia, edição, música, pós-produção, distribuição etc. Cada uma dessas categorias tem uma série de sub-especializações envolvidas. Além disso, há uma série de novas funções afiliadas ao audiovisual por conta do uso de novas tecnologias.

De acordo com artigo publicado pela Forcine, que cita discussões do I Seminário Paulista de Ensino e Mercado, “outra questão levantada remete diretamente ao perfil de formação oferecido pelas instituições. De acordo com os diversos profissionais que participaram do evento, o segundo problema principal para a inserção no mercado é o excesso de profissionais com formações generalistas, sem uma especialização. Conforme expõem alguns produtores, os alunos recém-formados chegam ao mercado sem experiência e sem foco em uma área específica de trabalho, o que gera grande demanda por profissionais especializados.”

Nesse sentido, cursos de capacitação, como cursos tecnológicos, cursos técnicos e cursos livres, acabam ocupando essa lacuna e tendo um efeito positivo sobre o mercado. Ainda não se fez um estudo formal sobre o papel de cursos de capacitação no desenvolvimento do setor audiovisual, mas é sem dúvida o próximo passo na tentativa de compreender melhor o panorama profissional.

*Fotos Yuri Pinheiro 

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grande piano

Arte e Resistência: Piano Forte no Arizona International Film Festival

Piano Forte“Mede-se a grandeza de uma ideia pela resistência que ela provoca. ”, já dizia o filósofo pré-socrático Anáxagoras. A arte, quando usada como ferramenta de resistência, parece despertar ainda mais comoção e, em tempos de crise política, exerce um papel importante, é um instrumento que auxilia nas transformações.

Em “Piano Forte”, a resistência transpira, seja pela história em que o músico amador e autodidata Maurício Maia sai do subúrbio da baixada fluminense, em uma longa viagem até o centro do Rio de Janeiro, em busca de pianos abertos ao público, para que possa tocar. Seja pela linguagem e narrativa, que convidam à reflexão sobre o acesso à cultura, as desigualdades de oportunidade e o esforço individual de quem sonha em viver de arte.

“‘Piano Forte’ tenta de alguma forma abafar as vozes do preconceito e convida a olhar para ‘o outro’. Propõe o deslocamento do olhar para a periferia, onde muitos cidadãos comuns resistem a diversos tipos de violência, incluindo a que a própria sociedade tem instituída.  Maurício, jovem negro da periferia, quer ser feliz, compor música, direcionar o seu trabalho para a dança. Ele busca isso, procura pianos que o ajudem a aprimorar a sua técnica. Ele é um resistente”, diz Anabela Roque, aluna do FILMWORKS – curso técnico em direção cinematográfica da Academia Internacional de Cinema –  e diretora do documentário.

Anabela conta que a proposta era representar o confronto do indivíduo na sua missão – perseguindo suas aspirações – e o espaço urbano representativo da sociedade com as suas normas, desordens e paradigmas. “Os momentos que expressam a sua busca nos conduzem pelo espaço urbano e pelas suas desigualdades numa cidade que continua ‘partida’. Procuramos assim mostrar, de modo transversal, as conexões possíveis – ou a ausência delas – entre diferentes mundos, trazendo à discussão a realidade social brasileira”.

Estreia Nacional e Internacional

O filme terá sua estreia internacional no 26º Arizona International Film Festival, um dos festivais de filmes independentes mais importantes dos Estados Unidos, que esse ano exibe 70 curtas-metragens de 19 países. A exibição de “Piano Forte” será no dia 27 de abril, às 18h, na cidade de Tucson.

A estreia nacional foi no Iguacine – 5º Festival de Cinema da Cidade de Nova Iguaçu onde recebeu a Menção Honrosa do júri que parabenizou a equipe pela “originalidade com que aborda a questão do trânsito entre territórios, valorizando uma figura emblemática para cena cultural da Baixada Fluminense, o músico Maurício Maia”.

piano forte, Mauricio Maia
O músico amador e autodidata Maurício Maia, protagonista do documentário Piano Forte, em sua viagem até o centro do Rio de Janeiro, em busca de pianos abertos ao público, para que possa tocar.

Cinema – Uma arte Coletiva

Anabela ressalta que nada disso seria possível sem o engajamento de toda a equipe, composta pelos (também) alunos da AIC: Ana Clara Nini Cartaxo (direção de fotografia e montagem), Eduardo Kozlowski (direção de fotografia), Silvana Didonet (produção e som direto), Camila Macário (assistente de produção e assistente de som), Nicolas Bastos (2˚Assistente de Produção) e César Augusto Moura (2˚ Assistente de Som).

Além dos companheiros de filmagem, fez questão de ressaltar os professores Bebeto Abrantes, Vinícius Reis, Waldir Xavier, Rodrigo Sacic, Fabian Boal, Livia Arbex, Gisela Câmara e Isaac Pipano, que orientaram todo o processo.

Tudo começou com a ideia de pesquisar as relações que se estabelecem à volta de um piano que qualquer um pode tocar, num espaço público e a ideia inicial era falar sobre um piano que se encontrava aberto na Caixa Cultural, no Centro do Rio de Janeiro. “A intenção era falar do piano como elemento aglutinador de ‘personagens’, impulsionador de laços afetivos e troca de vivências através da música. Queria sobretudo, mostrar um exemplo de acessibilidade à cultura num momento em que, politicamente, se restringem oportunidades”, conta Anabela. Mas, como tratando-se de documentário nada é efetivo, o piano foi desativado na época das pesquisas e assim, o projeto tomou um novo rumo: fazer um filme sobre os usuários dos pianos e entre essas pessoas estava o Maurício Maia e sua impressionante história.

A Produção: resistir e construir

Piano ForteComo todo filme estudantil o fazer cinematográfico foi um grande desafio. A diretora conta que foi essencial sair da área de conforto e se expor. “Gravamos em lugares onde não tínhamos autorização para gravar, onde nos aconselharam a não ir porque não era seguro, onde o nosso acesso foi vetado sem mais explicações. Assumimos um deslocamento dessa nossa área de conforto de estudantes, de alguma forma privilegiados, para entrar no trajeto proposto pelo filme, que é o do Maurício em sua busca, um percurso que cruza vários territórios.

Durante a entrevista Anabela cita o realizador português Pedro Costa: “Uma das pedras fundamentais do fazer cinematográfico é a resistência, resistir a tudo. Resistir ao medo” – Ao acompanharmos o trajeto de Maurício – que é um resistente – na sua busca, a equipe também resistiu com ele. Foi uma experiência muito rica”.

Sobre a fotografia Anabela conta que usaram planos abertos para explorar os espaços, e, dentro deles, o deslocamento do Maurício, respeitando seus posicionamentos e que, além disso, buscaram retratar o confronto do indivíduo com o espaço urbano. “Houve também um aproveitamento da luz natural para trabalhar os contrastes, silhuetas e sombras, o que permitiu uma linguagem visual particular que, de alguma forma, entra num universo mais poético”.

Portuguesa Carioca

Anabela é portuguesa de nascimento, mas viveu anos na Espanha, onde cursou jornalismo, especializou-se em produção audiovisual e trabalhou com produção musical. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 2013 e hoje estuda direção cinematográfica na AIC. Já produziu o curta “Nisiano” do aluno Daniel Caó e fiz assistência de direção no filme “Último Ato”, de César Augusto Moura.

Acredita num cinema que ajuda a compreender o entorno e que represente alguma forma de resistência e gosta particularmente do gênero documental. “Gosto de filmes que resistem por si só, sobretudo quando o fazem fora do circuito comercial. Partilho a opinião de Pedro Costa que diz que um filme é para nos fazer pensar, e ter ideias diferentes sobre as coisas”, conta.

A torcida, aqui na AIC, é para que “Piano Forte” resista e espelhe sua arte em uma longa carreira nos festivais afora.

Ficha Técnica Completa

Direção, argumento original e pesquisa: Anabela Roque
Direção de fotografia: Ana Clara “Nini” Cartaxo e Eduardo Kozlowski
Montagem: Ana Clara “Nini” Cartaxo
Produção: Silvana Didonet e Anabela Roque
Assistente de produção: Camila Macário
2˚Assistente de Produção: Nicolas Bastos
Som direto: Silvana Didonet
Assistente de som: Camila Macário
2˚ Assistente de Som: César Augusto Moura
Participantes: Maurício Maia, Lucas Alexandre e Flávia Safadi Ubaldo
Bailarinas: Laís Castro e Bella Mac

*Fotos Still do Filme

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trilha sonora, podcast

Humor na web e Podcasts – Curso de Roteiro de Humor da AIC

vinicius antunesO roteirista de humor Vinicius Antunes é professor no curso de ROTEIRO DE HUMOR da Academia Internacional de Cinema (AIC) do Rio de Janeiro. Também trabalha no novo Zorra, é pai do Borges, o gato (Gênesis­PUC) e host e criador do podcast de humor Minuto de Silêncio. Já escreveu para o Sensacionalista (internet e Multishow) e trabalhou como parecerista de humor (sim, essa profissão existe!) e com adequação à classificação indicativa de programas como “A Grande Família”, “Pé na Cova”, “Sai de Baixo” e “Zorra Total”.

Nessa entrevista curtinha, só para você ficar com vontade de saber mais sobre o assunto, ele fala sobre humor para web e podcasts.

Como você vê o crescimento dos canais de humor? 

Vinicius Antunes: Vivemos uma nova fase dos canais de humor. Antes, sites como o Não Salvo precisavam lançar vídeos de humor para que explodissem na internet e tínhamos produtores de conteúdo como o Porta dos Fundos e o Parafernalha arrebentando em audiência. Agora, qualquer um pode ter seu vídeo de humor com milhares de visualizações (eu mesmo já tive o meu), basta cair nas graças do público do Facebook, sequer precisa do Youtube para ter um vídeo de sucesso. Eu acredito que os canais de humor não estão mais no mesmo ritmo de crescimento, o que está em crescimento são os vídeos de humor, sem, necessariamente, estarem concentrados em um único canal.

O podcast de humor é um nicho de mercado? 

V.A.: Sim. O grande modelo de podcast é o conhecido Nerdcast. Ele é um dos produtos principais do site Jovem Nerd. Através do Nerdcast os produtores de conteúdo do site fidelizam o público e mantém um contato semanal com eles. Porém, o Nerdcast ainda é uma exceção. Os podcasts, hoje, estão muito longe das cifras dos vídeos. O meu podcast Minuto de Silêncio, por exemplo, tem um patrocinador que nos ajuda a pagar os gastos. Isso é o começo de um movimento. Cada vez mais os patrocinadores estão chegando ao podcast e ele é visto como uma das melhores mídias da internet para manutenção de público e criação de portfólio, tanto que humoristas como Leo Lins, Murilo Couto, Rominho Braga, Patrick Maia, Murilo Gun possuem podcasts.

Você acha que o a internet é uma porta de entrada para a TV ou já é um mercado consolidado?

V.A.: Ambos. Tem gente que veio da TV para a internet, fez o movimento inverso do esperado. Justamente em busca de produzir com mais liberdade e criar conteúdo autoral. Tem gente que não tem a menor vontade de ir para a TV, pois tem seu público consolidado na internet, trabalha com nicho e não teria vantagem alguma em ter seu programa televisivo. Há também aqueles que sonham em começar no Youtube e ir para a TV, porém muitos desses quando vão para a TV percebem que a forma de produzir conteúdo é bem diferente. Tanto que a manutenção de sucessos da internet na televisão é quase inexistente.

O Curso de Roteiro de Humor

Com o objetivo de desenvolver as capacidades criativas do aluno na redação de roteiros engraçados e originais, o curso alia teoria e prática de escrita, dividido em módulos dedicados a três veículos de narrativas cômicas no audiovisual: cinema, televisão e internet.

No primeiro módulo o curso apresenta as estruturas fundamentais do humor, usando exemplos do cinema e de mestres da comédia, de Chaplin e Billy Wilder a Woody Allen e Judd Apatow, analisando a mecânica da comédia e da dramaturgia de humor. No segundo, trata das formas como a televisão explora o humor em diferentes formatos, traçando um breve panorama de diferentes produções, como o esquete, o sitcom – a comédia de situação – e também o humor de personagem. No terceiro e último módulo o foco é o humor na internet.

Clara Meirelles, professora orientadora do curso, conta um pouco sobre o curso: “É um curso de roteiro que tem como foco a escrita para o humor, que é um mercado à parte e muito aquecido. Vamos estudar ferramentas usadas nesse tipo de narrativa, como punchline, timing, quebra de expectativa. Espero que seja divertido. Se não for, não devolvemos o dinheiro, mas distribuímos piadas grátis”, brinca.

A nova turma do curso começa dia 29/04. Com aulas aos sábados, das 14h às 17h.

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