Deivison Fiuza, ex aluno da AIC, lança o longa “Abraço – a única saída é lutar”

No próximo dia 29 de outubro o filme Abraço – a única saída é lutar, do ex-aluno da Academia Internacional de Cinema (AIC) Deivison Fiuza, chega nas plataformas de streaming. O longa, baseado em fatos reais e que conta a luta de professores no Estado de Sergipe, estreou no último dia 15 em drive-ins e cinemas digitais.

Vencedor de três prêmios no Festival de Cinema de Pernambuco em 2019, de Melhor Filme (júri popular), Melhor Atriz e Melhor Trilha Sonora Original, o longa conta a história de professores que travam uma luta jurídica com o governo sergipano para evitar a perda de direitos já conquistados. Mais de 30 mil professores deixam suas escolas e partem em jornada a Aracaju. Uma das líderes, a professora Ana Rosa, vive o desafio de ser mãe, mulher e dirigente sindical.

Abraço contou com a participação de mais de 500 figurantes reais e outros 80 atores locais, de Sergipe, desconhecidos do grande público. O filme foi produzido pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica do Estado de Sergipe (Sintese) e contou com a parceria da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Fiuza bateu um papo com a equipe da AIC e contou como foi essa experiência de roteirizar e dirigir Abraço.

Entrevista

 

AIC – O filme foi pensado para ser um documentário, né? O que fez você mudar de ideia?

AF – Em 2017, o sindicato dos professores de Sergipe completou 40 anos. Neste mesmo ano, eles me convidaram para produzir um documentário para contar a história do sindicato. Mas eu percebi que ali estava uma excelente oportunidade para fazer um filme que de algum modo dialogasse com a atual realidade de retirada de direito da classe trabalhadora, de destruição da cultura, de engessamento da ANCINE, do total descaso e ataques à educação, aos estudantes universitários, a professores, a movimentos sindicais e sociais. Então, ao invés de fazer um documentário sobre a história do sindicato, conversei com a direção do sindicato e eles aceitaram financiar a produção de um filme de ficção baseado em um episódio da história do sindicato, de preferência um episódio que eu pudesse dialogar com o Brasil atual. Assim nasceu o o filme.

AIC – Gostaria que você falasse sobre a importância do Sintese, com parceria CNTE e da CUT, de produzir um filme de ficção, baseado em fatos reais, neste momento tão conturbado para o audiovisual.

AF – O sindicato dos professores com o apoio da CUT e da CNTE iriam financiar apenas a produção e pós-produção do filme. A distribuição seria via edital da ANCINE. Inscrevemos o filme e ganhamos o edital. Mas aí, Bolsonaro foi eleito presidente e iniciou seu processo de ataque à cultura, à ciência, à educação etc. Ganhamos o edital, mas a ANCINE parou, e com isso centenas de projetos aprovados foram parar em alguma gaveta qualquer e fim de conversa.

Trabalhamos muito e demos muito sangue para produzir Abraço e não podíamos morrer na praia por causa de um governo que não gosta de arte, que odeia tudo. Foi assim que mais uma vez reunimos os sindicatos e conseguimos lançar o filme no dia 15 de outubro, dia dos professores.

O governo não só deixou de pagar o edital, como também nos causou um prejuízo. Para concorrer ao edital tivemos que colocar a marca da ANCINE na abertura do filme e depois pagar para retira-la, para evitar qualquer tipo de perseguição ou processo.

Então, por um lado é muito bom que organizações como sindicatos produzam cultura, mas por outro, não podemos permitir que o governo deixe de cumprir o seu papel constitucional de incentivo e apoio às artes, e além disso, a cultura é uma indústria que gera emprego e renda para milhares de profissionais, é um setor econômico importante para o desenvolvimento do país. Atacar a cultura não é só perseguir artistas, é também retirar o emprego e o alimentos de milhares de famílias.

AIC – Alguma dica para quem está cursando cinema?

AF – Encontre o seu discurso. Primeiro, existe o impulso, a vontade incontrolável de dizer alguma coisa, de falar, de expressar. Depois, vem a ferramenta, o meio através do qual materializamos o discurso. Saber para onde apontar a câmera é mais importante do que a própria câmera. Dominar a linguagem cinematográfica é fundamental para um cineasta, mas ter o que dizer, ter consciência do discurso que está construindo é mais importante. Pelos menos é assim que eu penso.

AIC – Que lembrança você guarda da época em que estudou cinema na AIC?

AF – A paixão com que meus professores falavam sobre cinema. Isso foi o que mais me marcou. Vê-los falar com tanta força, com tanta fé dessa arte espetacular que é o cinema era pra mim a maior lição. Tenho saudades.

Abraço – A Única Saída é Lutar está disponível  nas plataformas Apple Tv, Google Play, NOW, Looke, Vivo Play e Youtube Filmes.

 

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Letícia Leão, aluna do Filmworks, produz vídeo para a ONG Health In Harmony

Durante o isolamento social, a aluna do Filmworks Letícia Leão foi convidada, através da Academia Internacional de Cinema, para dirigir, produzir e editar um vídeo da ONG Health In Harmony em parceria como Instituto Socioambiental, as comunidades ribeirinhas do Xingu e a Universidade Federal do Pará. Letícia, que sempre enxergou o audiovisual como uma ferramenta de transformação social, topou trabalhar como voluntária.

“Eu aceitei, porque sabia que seria uma oportunidade de me aprimorar profissionalmente e trabalhar com narrativas que me tocam de alguma forma”, afirmou Letícia.

O Trabalho da ONG

Logo no início, Trina Noonan, Diretora da ONG, explicou que a Health In Harmony é uma organização sem fins lucrativos, que trabalha com comunidades próximas de florestas para a regeneração de ecossistemas e melhoria do bem-estar humano. Eles procuram entender as causas básicas da degradação florestal e como as famílias podem viver em harmonia com o meio ambiente. Na Indonésia, por exemplo, o projeto já levou a uma redução de 68% da mortalidade infantil e uma melhoria na segurança econômica para várias famílias.

A Health In Harmony precisava de um vídeo para apresentar o novo local de atuação da ONG, o Brasil, mais especificamente a Bacia do Xingu. Lugar que vem enfrentando inúmeras dificuldades devido a pecuária, queimadas, garimpos ilegais, e agora a COVID-19.

O Filme

O projeto durou quase dois meses. Foram muitas conversas de brainstorming, e-mails de referência, calls e ideias de roteiro. Letícia sugeriu que a trilha sonora fosse brasileira e o filme narrado em português por um ribeirinho do Xingu. A equipe envolvida, mesmo sabendo que isso poderia aumentar o tempo de execução, confiou e abraçou a ideia.

“Além de romper o imaginário existente de que na Amazônia só moram índios, traria uma potência de representatividade ao vídeo e uma afirmação da nossa língua ao público internacional. A valorização da cultura brasileira tem que vir cada vez mais das nossas afirmações de identidade”, afirmou Letícia.

A partir daí foram inúmeros desafios: achar um narrador local, fazer a produção de equipamentos a distância e dirigir o ribeirinho por vídeo chamada. Isso tudo com um fuso horário diferente. Mas a maior dificuldade foi encontrar imagens e uma música que pudessem transmitir a mensagem do filme. Apesar do acesso ao banco de imagens do Instituto Socioambiental, elas não mostravam os problemas atuais. Letícia precisou achar outros parceiros e filmmakers que tivessem imagens confiáveis de degradação ambiental.

No fim deu tudo certo. O filme ficou lindo!

– Aprendi muito e só posso agradecer pela confiança da equipe e troca de conhecimento, principalmente com a Emma Sutton, Devon Schmidt, Kristen Grauer, Trina Noonan, Isabel Harari, Marcelo Salazar, o ribeirinho Higor Matheus e o Kiko Horta, que disponibilizou seu “Forró Transcendental”.

Assista o vídeo.

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Roteiristas famosos: Ava Duvernay

5 roteiristas famosos que vão inspirar a sua carreira

Cinema é um exercício de coletividade. Muitas pessoas descrevem a produção de um filme dessa forma, e não é para menos. A produção audiovisual é complexa e exige o trabalho em conjunto de diversos profissionais, que precisam estar alinhados em suas tarefas para economizar tempo e dinheiro.

E como conseguimos organizar o trabalho dessa equipe em um mesmo projeto artístico? É aí que entra um dos profissionais mais importantes do cinema, o roteirista. É ele o responsável por criar a ferramenta básica para ser utilizada na produção do filme, o roteiro.

De forma geral, o roteiro é justamente um guia para ilustrar, em palavras, o que será filmado e exibido na tela. Ele deve misturar uma leitura cativante com aspectos técnicos e formatações específicas para servir como documento que guiará a equipe toda. Para ser bom nesse ramo, a sua escrita precisa ficar entre o literário e o técnico.

O roteirista geralmente trabalha no início da produção de um filme mas a sua criação permanecerá durante as outras etapas. Por isso, um diferencial para o profissional é saber como funciona toda a cadeia de produção. Para que você saiba mais sobre como entrar nesse mercado, veja abaixo alguns dos roteiristas famosos e seus trabalhos mais conhecidos.

Roteiristas famosos para te inspirar

Antes de começar, é importante lembrar que cada roteirista desenvolve um estilo único e esse é justamente a melhor forma de se destacar. Existem múltiplos gêneros cinematográficos e cada um desses nomes se destacou em um desses formatos.

1. Petra Costa

A diretora e roteirista brasileira se destacou no formato documental, incluindo uma indicação ao Oscar de Melhor Documentário em 2020 com “Democracia em Vertigem”. Seu trabalho de estreia, “Elena” ganhou enorme destaque por borrar os limites ultrapassados entre documentário e ficção e por contar a história de sua própria irmã com tom poético e lúdico. Petra Costa costuma partir de indagações e vivências íntimas para abordar temas que se identificam com todos nós, uma excelente forma de roteiro que cria empatia com o público e potencializa o filme.

2. Michael Ardnt

O currículo de Michael Ardnt fala por si só. Assinou blockbusters que qualquer pessoa guarda em um lugar especial do coração. “Jogos Vorazes – Em Chamas”, “Pequena Miss Sunshine”, “Star Wars – O Despertar da Força” e nada mais nada menos que “Toy Story 3”; esses são alguns filmes que constam em seu currículo. Sua capacidade de criar roteiros universais e eternos é algo a se espelhar.

3. Charlie Kaufman

Famoso pelo roteiro de “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, Charlie Kaufman é um dos roteiristas mais conceituados de Hollywood. Kaufman aborda em seus trabalhos questionamentos sobre a expansão da consciência humana e outros temas “cabeça”. É um dos expoentes do roteiro “de autor”, em que fica claro uma assinatura criativa do escritor, com temas e linguagens em comum. Outros trabalhos conhecidos incluem “Quero Ser John Malkovich”, “Adaptação” (um ótimo filme sobre roteiristas inclusive) e “Sinédoque, Nova York”.

4. Guillermo del Toro

Ganhador do Oscar por “A Forma da Água”, o diretor e roteirista mexicano Guillermo del Toro se destacou na indústria por sua paixão pelo fantástico e bizarro. Suas histórias chegam perto do cinema de terror mas brincam com esse conceito para contar histórias de amor, infantis e super heróis improváveis. Despontou com “O Labirinto do Fauno”, mas também trabalhou em “Hellboy” e “O Hobbit: Uma Jornada Inesperada”.

5. Ava Duvernay

Ava Duvernay fez história como a primeira diretora negra a ser indicada para o Globo de Ouro e Oscar com o filme “Selma”. Também trabalhou como roteirista do premiado longa metragem sobre a luta pelos Direitos Civis nos EUA. Seus trabalhos não podem ser compreendidos separados de um engajamento pelo fim da desigualdade racial nos Estados Unidos. Recentemente, a onda de protestos por lá reavivou o interesse em um dos seus melhores trabalhos, o documentário “A 13a Emenda” que trata sobre o encarceramento em massa.

Como aprender com os grandes mestres?

Uma das melhores formas de aprender a escrever seus próprios roteiros é ler os que serviram de base para filmes elogiados por público e crítica. Os roteiristas citados aqui e seus filmes são alguns exemplos. Entretanto, você pode e deve buscar dentro das suas preferências outros modelos.

Como cada filme é um projeto diferente, é interessante que você colete ensinamentos diferentes de roteiristas famosos que seguiram gêneros distintos para criar uma livraria de estilos. Mas, se você já tem uma paixão pelo documentário ou pelo cinema de terror e quer seguir esse caminho, vale a pena se aprofundar nos roteiristas dessa área específica também.

Conhecer os grandes mestres e seus trabalhos é uma ótima forma de dar seus próprios passos. Se você quer entender ainda mais sobre essa carreira, clique aqui para saber mais.

*Texto e Pesquisa: Otavio Domingues. Foto Divulgação. 

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Trilha sonora: como o cinema pode ajudar a viver de música

Se você estudou música, certamente já conhece as diversas possibilidades de carreira que essa profissão oferece. Mas talvez não tenha considerado uma delas, que é trabalhar com trilha sonora no cinema ou audiovisual. Esse trabalho não abrange apenas a parte musical, mas todo o conteúdo sonoro que tem função narrativa, ou seja, que ajuda a contar uma história.

Então quer dizer que é possível viver de música, mas fazendo filmes? Sim, porque a área de som no audiovisual é uma das que mais demanda por profissionais especializados, especialmente no Brasil. Esse é um dos motivos pelos quais a Academia Internacional de Cinema desenvolveu o curso de trilha sonora.

Não é obrigatório ser músico para trabalhar com trilha sonora, mas a sensibilidade para sons pode ser um primeiro passo para ingressar nessa área tão interessante da produção cinematográfica. Continue lendo para entender um pouco melhor que funções no set estão envolvidas no trabalho com som e quais os conhecimentos necessários para exercer essa profissão.

 

O curso de trilha sonora

Imagine a experiência de conhecer um novo e fascinante universo da linguagem audiovisual, fazendo exercícios que desenvolvam a narrativa sonora de um filme. Essa é a proposta do curso de trilha sonora da AIC. A cada aula, os alunos trabalham em um projeto que ajuda a ampliar seu repertório, para que eles compreendam como a trilha sonora contribui em termos dramatúrgicos dentro de uma cena. “Em uma das aulas, por exemplo, o projeto é criar toda a história que acontece fora do quadro e que naquela cena é mais importante do que o que vemos. Algo acontece, mas vemos apenas a reação do personagem. Os alunos constroem essa narrativa”, conta o coordenador pedagógico Martin Eikmeier.

O programa do curso tem ainda um projeto final, que contempla o acabamento sonoro de uma cena. Esse projeto é trabalhado pelos alunos e pelo professor durante várias aulas, até chegar em sua versão definitiva. “Os alunos recebem um feedback e podem refazer seus projetos a partir dessa devolutiva. A repetição é algo muito importante, em qualquer área criativa. Você somente aprimora sua habilidade em relação a algo se pode repetir o que fez”, ressalta Martin.

 

O que exatamente faz um profissional de trilha sonora?

“A trilha sonora abrange muito mais do que apenas a música do filme. Ela é toda a banda sonora”, explica o coordenador pedagógico da AIC. “Do ponto de vista concreto, material, estamos falando das palavras do filme, as falas dos personagens (que também têm um trabalho de edição), a música propriamente dita e também todos os efeitos sonoros, ou seja, os sons que não são nem musicais, nem verbais.”

De acordo com Martin, o principal elemento do curso é pensar som e música do ponto de vista da dramaturgia. Ou seja, entender como eles contribuem para contar uma história e como podem até mesmo ser protagonistas no discurso. “Há momentos em que toda a cena está vindo da música. Por exemplo, no filme Tubarão (1975), de Steven Spielberg, há cenas em que pouca informação vem da imagem, da palavra ou da direção de arte. É a música que está anunciando tudo: a presença e o caráter do personagem (no caso, o tubarão), sua ação de se deslocar, por meio da aceleração do ritmo melódico na música. É o som que dá a entender que ele está se aproximando da sua vítima, já que a imagem está parada. A ação está toda na trilha musical e na imaginação do espectador”, observa Martin.

Outro exemplo citado pelo coordenador é o longa-metragem A Bruxa (2016), dirigido por Robert Eggers. “No filme, a voz do personagem é trabalhada para criar uma ideia sobre ele, de uma masculinidade exacerbada. O que aparece na cena não é a voz realista do ator. Ela é editada para soar daquele jeito, para que o público configure o caráter daquele personagem. Parte desse caráter é veiculado por suas ações, sua visão de mundo, como ele se comporta, mas a voz tem uma contribuição enorme em como o personagem é ‘lido’ pelo espectador”, destaca.

Além de inúmeros profissionais estrangeiros de renome que atuam nessa área, muitos deles que migraram da música para o cinema, Martin também cita referências brasileiras de excelentes trabalhos com trilha sonora, como os cineastas Marco Dutra e Juliana Rojas. “Eles dão muita atenção ao trabalho com som em seus filmes, de forma narrativa. Não significa que você vai ouvir um monte de explosões, mas a trilha sonora é bem pensada. Há muitas cenas em que o desenho de som tem protagonismo no que o espectador recebe em termos de história.”

 

Mais do que atmosfera

Segundo Martin, é muito comum, no cinema, que música e som “desenhem” histórias que estão fora do enquadramento, que a imagem não mostra. “O quadro é sempre limitado, ele restringe a visão e emoldura uma imagem. A música e o som criam discursos que transcendem a moldura do plano”, ressalta. O curso de trilha sonora mostra justamente como fazer isso: pensar muito além de conceitos como atmosfera e clima.

Na verdade, esses elementos sonoros muitas vezes geram conteúdos extremamente concretos, objetivos, como a construção de um personagem na cena. “Música e som me mostram como devo pensar esse personagem. É um raciocínio cujo vocabulário vem mais da dramaturgia do que da música”, afirma o coordenador. O desafio está justamente em traduzir esse raciocínio e esse vocabulário, que são típicos da linguagem audiovisual e dramatúrgica, para desenvolver o processo criativo por meio da música e do som. “A ideia é que o seu ponto de partida não seja nem a música, nem o som, mas a história que está sendo contada.”

 

Aprendendo a ouvir

Nesse sentido, ter um background musical pode não apenas ajudar nos exercícios, como se tornar um diferencial no mercado de trabalho, já que a sensibilidade sonora é uma habilidade que fornece ferramentas para o trabalho com trilha sonora audiovisual – seja para o cinema, a TV ou a internet. Ela torna um profissional de música ainda mais completo. Além disso, caso a pessoa tenha o sonho de trabalhar na composição de trilha musical para filmes, esse também é um ótimo caminho pelo qual começar. O curso abre novas possibilidades de carreira a músicos que gostam de cinema, já que expande seu leque de atuação. O conteúdo aborda não somente o aspecto da criação sonora, do design sonoro, como o sentido de pensar o conjunto.

Contudo, não é preciso necessariamente possuir conhecimentos musicais para ingressar no estudo do tema. O mais importante é ter interesse pela área, principalmente para aqueles que buscam uma alternativa de carreira. “Muitos de meus alunos não são músicos. No cinema, existe a função do diretor musical, um profissional que não compõe nada, mas que escolhe as músicas que irão funcionar em determinada cena, para traduzir os elementos da dramaturgia dentro daquele contexto”, comenta Martin.

O curso é válido também para diretores que desejem se aprofundar no universo da trilha sonora, o que pode ajudá-los a pensar em seus projetos de forma mais aberta a uma linguagem na qual a música e o som tenham algum protagonismo. “Um compositor se beneficia disso porque já trabalha diretamente com a área. Mas um diretor vai poder organizar sua cena e conversar com os músicos ou os técnicos de som de sua equipe. Ele vai ter mais vocabulário para fazer esse movimento”, salienta o coordenador. “Também tenho muitos alunos roteiristas, que querem entender como pensar a trilha sonora nas cenas. O público é muito diversificado.”

 

Áreas de atuação

O profissional de trilha sonora pode trabalhar em inúmeras áreas do processo de produção audiovisual. “Podemos citar o trabalho de um editor de diálogo, de um compositor, de um artista de foley (que faz todas as dublagens de ruídos) e do mixador (que junta tudo isso na mixagem de som)”, detalha Martin.

No caso do artista de foley, em geral ele é responsável por refazer, em estúdio, os ruídos que compõem uma cena. “Existe uma lógica para isso, que nem sempre contempla uma expectativa realista que a cena naturalmente traria; muitas vezes, é o contrário. O som deve trabalhar mais a favor da narrativa do que de um realismo objetivo e neutro”, explica o coordenador pedagógico. “O cinema quase nunca é objetivo no que diz respeito ao som. No filme THX 1138 (1971), de George Lucas, as pessoas vivem em uma condição de isolamento, em um mundo distópico. Então, no som ambiente, as vozes humanas, a presença de vida, está sempre longe do personagem, nunca é ouvida de perto. Passamos a ler esse personagem como uma pessoa isolada de vida. É um som ambiente que tem uma função não apenas descritiva, como narrativa”, exemplifica.

Já para aqueles que têm o objetivo profissional de compor trilha musical para filmes, o curso pode ajudar a entender por onde começar. “Que música devo colocar em cada cena, e por quê? Do que a cena precisa? Que história ela está contando? Esses são questionamentos válidos, porque talvez a maior dificuldade, para um músico, não seja necessariamente a composição em si, mas decidir qual música deve compor”, descreve Martin. Afinal, o processo criativo para esse tipo de criação musical começa pela história, com questões como: quem é o personagem? Qual o gênero do filme? Qual é seu arco narrativo? O que está acontecendo? Onde a música entra e em que momento ela volta? “Todas essas decisões são anteriores à composição musical. Elas têm a ver com a compreensão dos elementos que compõem a narrativa de um filme.”

 

Cinema 360

Além de abrir uma nova possibilidade de carreira, o curso de trilha sonora da Academia Internacional de Cinema oferece a chance, para os moradores da região Sul e dos estados de Minas Gerias e Espírito Santo, de que o aluno possa aprender de maneira totalmente gratuita – graças ao projeto Cinema 360. Trata-se de uma parceria entre a AIC e a Ancine, que está selecionando estudantes para bolsas de estudos em cursos de cinema online, por tempo limitado.

Serão 360 vagas gratuitas, ao longo de 360 dias. O projeto abrange sete cursos em diferentes áreas do cinema, de modo que o conhecimento seja levado às pessoas que realmente precisam dele. Os 360 graus representam algo abrangente, um verdadeiro giro pelo território brasileiro, disseminando o saber audiovisual por todo o país.

A participação no projeto é limitada a pessoas com idade acima de 17 anos e que tenham renda abaixo de cinco salários mínimos. O processo seletivo é baseado em uma carta de intenção. O projeto Cinema 360 foi dividido em uma etapa por região, para torná-lo dinâmico e dar a mesma oportunidade a todas as regiões. As inscrições e também o curso são realizados online.

Inscreva-se

Texto e pesquisa: Katia Kreutz

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Projeto Cinema 360 – Etapa Nordeste

360 dias, 360 bolsas, 7 cursos, 24 estados brasileiros

Nesta página você encontra todas as informações sobre a Etapa Nordeste do Projeto Cinema 360.

A Etapa Nordeste foi dividida nas fases A e B, que resultaram em 2025 inscritos.

Confira a lista de selecionados da Etapa A.

Confira a lista de selecionados da Etapa B.

Atenção ao cronograma de inscrições informado no regulamento.

 


Confira o Regulamento da Etapa

 


Cursos contemplados no projeto- Região Nordeste

  • Etapa Nordeste – Fase B – Inscrições encerradas
    • Curso de Trilha Sonora para Cinema e TV Online
    • Curso de Roteiro Online
  • Etapa Nordeste – Fase A – Inscrições de 06/08 a 27/09/2020 – Inscrições encerradas
    • Curso de Produção Audiovisual Online
    • Curso de Direção Cinematográfica Online
    • Curso de Produção Executiva Online
    • Curso de Edição Online
    • Curso de Assistência de Direção Online

 

Sobre o programa

Promover o acesso à educação audiovisual no Brasil – esse é o objetivo do Projeto AIC ONLINE – Formação Audiovisual para Todo o Brasil, selecionado no edital SAV/MINC/FSA Nº 13/2018 e apoiado pela ANCINE – Agência Nacional do Cinema, FSA – Fundo Setorial Audiovisual, BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, Ministério do Turismo e CTAV/SAV– Centro Técnico Audiovisual.

Ao longo de 360 dias serão distribuídas 360 bolsas de estudo integrais em 7 cursos online, para residentes de 24 estados Brasileiros, mais Distrito Federal.

 

Critérios de participação

  • Residir em uma das regiões priorizadas neste projeto
  • Ter renda máxima declarada até 5 salários mínimos
  • Ter acesso a internet e computador para as aulas
  • Ter, no mínimo, 17 anos e ter concluído ou estar cursando o último ano do ensino médio.
  • Pessoas com deficiência – 10 % das vagas





 

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A Fita Branca de Michael Haneke no cineclube desta semana

Semana passada (15/10) tivemos problemas de conexão e o cineclube não aconteceu, o mesmo filme será analisado essa semana, dia 22/10. Esperamos vocês!

Chegamos à vigésima nona edição do nosso cineclube semanal #Ficaemcasa!! Nesta semana vamos discutir A fita branca, um filme do diretor austríaco Michael Haneke. Com uma lista longa de premiações, dentre elas a Palma de Ouro em Cannes, o longa é um recorte de um momento histórico na Alemanha pré Primeira Guerra. O filme nos revela uma comunidade com indícios da origem de um sistema autoritário nazi-fascista.

A trama se desenrola em um vilarejo protestante no norte da Alemanha em 1913. Os moradores dessa comunidade são marcados por um ciclo de violência física e emocional: é a punição sendo vista como disciplina. Crianças absorvem e reproduzem um modelo social violento. Haneke faz alusão ao fascismo que veio a surgir décadas depois. O título é elucidado logo nos primeiros minutos de filme: a fita branca amarrada no cabelo das meninas e nas mãos dos meninos, servia de lembrete e punição na busca pela pureza e inocência.  Toda a trama parece ocorrer num passado mais distante do que de fato é.

Todo esse modelo de violência e intolerância trazido no filme, também nos leva aos questionamentos: Como surge o fascismo? Como se forma a intolerância na sociedade? Qual o papel da educação desde a infância para dar autonomia e instrução em suas escolhas? Como evitar que a população seja transformada em massa de manobra e alcance emancipação própria?

A nossa discussão acontecerá nesta quinta-feira (15/10) às 18h30. Os professores Martin Eikmeier e Filippo Pitanga comandam o debate em nosso canal do YouTube. Os convidados especiais serão os críticos Luiz Baez e o pesquisador de Haneke, o jornalista Bruno Ghetti.

O filme está disponível na Petra Belas Artes À la Carte.

 

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