Curso de Cinema Online

Lançamento de Cursos de Cinema Online

Inscrições abertas para as turmas promocionais dos Cursos de Cinema Online:

Cursos Online de Cinema –  2018
Curso  Datas Investimento
Som para Cinema Online Turma Promocional – Início em 15/10 R$1.269  leia mais
Produção Online Turma Promocional – Início em 16/10 R$1.269 leia mais
Edição Online Turma Promocional – Início em 22/11 R$1.269 leia mais
Roteiro Online Turma de Setembro – início em 27/09 R$1.690 leia mais
Produção Executiva Online Turma de Outubro – Início em 17/10 R$2.969 leia mais
Som para Cinema Online Turma Promocional – Início em 26/11 R$1.690  leia mais
Produção Online Turma Promocional – Início em 27/11 R$1.690 leia mais
Roteiro Online Turma de Outubro – início em 22/10 R$1.690 leia mais
Roteiro Online Turma de Novembro – Início em 22/11 R$1.690 leia mais
Produção Executiva Online Turma de Dezembro – Início em 04/12 R$2.969  leia mais
Roteiro Online Turma de Janeiro – início em 10/01 R$1.890 leia mais

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semana cinema mercado 2018

Semana de Cinema e Mercado 2018

Entre os dias 07 e 09 de agosto, com o tema “TV e Canais On Demand: criação e produção de séries e filmes” a Academia Internacional de Cinema traz Breno Silveira, Sergio Goldenberg, Krishna Mahon, Tiago Mello, entre outros convidados para ciclo de palestras e bate-papo.

O evento é gratuito e aberto à toda a comunidade. As palestras ocorrem nas duas unidades da escola, São Paulo e Rio de Janeiro, sempre às 19h30. Confira abaixo a agenda de cada cidade, faça sua pré-inscrição através do formulário e compareça com antecedência para garantir seu lugar. A participação é sujeita à lotação.

 


 

Agenda: Rio de Janeiro

(Inscrições encerradas)

Sergio Goldenberg

Autor roteirista da TV Globo, escreveu as séries “Onde Nascem os Fortes” (em parceria com George Moura), “O Canto da Sereia” (2013) e “Amores Roubados” (2014). Destaque também para os filmes que dirigiu, o documentário “Domésticas” (1993) e o longa de ficção “Bendito Fruto” (2004).

Terça-feira, 7 de agosto de 2018 às 19h30.

Breno Silveira

Sócio da Conspiração, diretor de cinema e de publicidade, dirigiu “2 filhos de Francisco” (2005), “Gonzaga – de Pai pra Filho”(2012), entre outros. Em 2016 dirigiu sua primeira série para a TV: “Um Contra Todos” (FOX) e “Entre Irmãs” (Globo e Globo Filmes).

Quarta-feira, 8 de agosto de 2018 às 19h30.

João Daniel Tikhomiroff

Sócio fundador da Mixer, ganhou 41 Leões no Cannes Lions International Advertising Festival. Produziu dezenas de séries para os principais canais de TV, entre elas “Mothern” (GNT). No cinema produziu “Corações Sujos”, “Mato Sem Cachorro”, entre outros.

Quinta-feira, 9 de agosto de 2018 às 19h30. 


AIC – Academia Internacional de Cinema – Rio de Janeiro

Rua Martins Ferreira, 77, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ
Tel. 21 3958-8775


Agenda: São Paulo

(Inscrições encerradas)

Carolina Alckmin e Erez Milgrom

Carol Alckmin é Produtora Executiva na O2 Filmes, tendo passado pelos cargos de Development Producer BBC, Produtora de Conteúdo Original para os canais da Globosat e Executiva de Negócios na O2 Filmes.

Erez Milgrom é Roteirista e Analista de Projetos no departamento de Cinema e TV da O2 Filmes. Participou do desenvolvimento de séries como “Lili, a Ex” (GNT), “Felizes para Sempre?” (Globo), e dos longas ainda inéditos “Mulheres Alteradas” (Dir. Luis Pinheiro) e “Marighella” (Dir. Wagner Moura). Também é um dos roteiristas de “Carrossel, o Filme”.

Terça-feira, 7 de agosto de 2018 às 19h30.

Tiago Mello e Eduardo Piagge

Tiago Mello é Produtor-executivo da série “3%”, primeira série original da Netflix no Brasil. Cocriador e produtor executivo de diversas séries, entre elas “Zoo da Zu” (Discovery Kids) e “Fada Manu” (Gloob). Também assina a produção executiva de “Gigantes do Brasil” (History Channel), esteve à frente da série de animação “Sitio do Pica-Pau Amarelo” e “Julie e os Fantasmas” (Band/ Nickelodeon).

Eduardo Piagge é diretor de fotografia da série “3%”. Começou a carreira no cinema documental fotografando “Tropicália”, de Marcelo Machado. Na televisão fez séries de documentários do Dr. Drauzio Varella, para Rede Globo. Desde então, trabalha em projetos para os principais canais da TV.

Quarta-feira, 8 de agosto de 2018 às 19h30.

Krishna Mahon

Produtora executiva na Discovery Networks nos Estados Unidos por quase 7 anos é criadora do canal do Youtube “Imprensa Mahon”, com dicas sobre o mercado de cinema e TV, entrevistas com players, produtores e roteiristas. Também foi diretora de conteúdo original do History, A&E, Lifetime e H2 entre outros projetos.

Quinta-feira, 9 de agosto de 2018 às 19h30.

 


AIC – Academia Internacional de Cinema – São Paulo

Rua Dr. Gabriel dos Santos, 142, Santa Cecília, São Paulo, SP
Tel. 11 3660-7883 – Próximo ao metrô Marechal Deodoro


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Cineasta alemã Evelyn Schmidt na Academia Internacional de Cinema

A Academia Internacional de Cinema (AIC) do Rio de Janeiro receberá a cineasta, roteirista, cofundadora do Deutsche Film-Aktiengesellschaft Foundation (DEFA) e professora Evelyn Schmidt, no dia 3 de agosto, às 10h. Convidada do Curso Técnico de Atuação para Cinema e TV, Schimidt, conhecida pelo filmes “Infidelidade” (1979) e “A Bicicleta” (1981), na palestra vai abordar a diferença entre atuação no teatro e no cinema, e sobre a formação dos atores na Alemanha Oriental.

Evelyn Schmidt veio ao Brasil para participar da mostra Imagens para o Futuro: A Alemanha Oriental no Cinema, uma retrospectiva da produção cinematográfica dos estúdios DEFA, da Alemanha Oriental. Com uma produção que se inicia em 1946, e que durou até 1990, os estúdios DEFA foram responsáveis pela produção de mais de 800 filmes, incluindo longas-metragens de ficção, documentários, curtas-metragens e animações. A mostra, que tem o apoio do Goethe-Institut, acontece na Caixa Cultural Rio de Janeiro, de 31 de julho até 19 de agosto, e apresenta uma seleção de 25 obras, dando um panorama da produção desse complexo cultural.

Palestra com Evelyn Schmidt

Dia 03/08/2018 – às 10h
Academia Internacional de Cinema – AIC RJ
Rua Martins Ferreira, 77 – Botafogo.
Fone: (21) 2537-8183

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Nota de esclarecimento

A Academia Internacional de Cinema (AIC) informa que atualmente o Sr. Rodrigo Fonseca não é professor da instituição. Embora tal professor já tenha ministrado aulas anteriormente, no presente momento não há contrato ativo.

A AIC está à disposição das autoridades competentes para colaborar com quaisquer informações que possam ser úteis ao esclarecimento dos fatos e a busca da verdade, reforçando o seu compromisso de oferecer um serviço de qualidade ao seu corpo discente.

A AIC condena atos de violência, abuso sexual e discriminação de qualquer tipo, tendo como valores o respeito e a solidariedade na manutenção de um ambiente educacional ético e seguro.

Administração Academia Internacional de Cinema.

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documentários brasileiros

Documentários brasileiros

Você curte documentários? Mais especificamente, conhece a história do cinema documental no Brasil?

 

Nesse artigo, vamos traçar um panorama sobre os documentários brasileiros, contextualizando a sua história, as fases mais significativas, e seu fortalecimento enquanto gênero.

Ao final, você terá uma lista comentada de alguns documentários brasileiros essenciais para quem quer se aprofundar no assunto.

 


Como foram as primeiras produções de filmes brasileiros

Afonso Segreto com seu equipamento
Afonso Segreto com seu equipamento

O cinema chegou no Brasil em 1896, inicialmente com exibições em salas de teatro do Rio de Janeiro, e depois em São Paulo, mas as primeiras imagens do cinema nacional foram produzidas no início do século 20, por fotógrafos e cineastas estrangeiros em sua maioria, como os irmãos Afonso e Paschoal Segreto (filmando a Baía de Guanabara a bordo do navio Brésil, que chegava de Paris), Silvino dos Santos, major Luís Tomás Reis, entre outros.

Eram imagens fotográficas em movimento, que registravam em tomadas documentais cenas de expedições, acontecimentos históricos, atos oficiais, cerimônias públicas e privadas da elite, fazendas e fábricas. Esses foram  os primeiros cinejornais e filmes institucionais brasileiros.

Os antropólogos também começaram a incorporar as câmeras de cinema em suas viagens para documentar populações indígenas. Os filmes etnográficos levavam ao Brasil urbano e aos estrangeiros imagens exóticas de um país imenso, desconhecido e selvagem.

Até o fim da segunda guerra, as produções eram financiadas pelo estado, por empresários e coronéis fazendeiros, e durante décadas sustentaram a produção e comercialização de filmes brasileiros. Com a criação do Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE) em 1936, centenas de filmes foram realizados sob a direção do cineasta mineiro Humberto Mauro.

Numa primeira fase, que coincidiu com o Estado Novo, os filmes possuíam caráter científico e técnico, enaltecendo as descobertas dos cientistas brasileiros, e as espécies de nossa flora e fauna como extraordinárias. Na segunda fase, com o fim do Estado Novo, os filmes buscam o resgate de um Brasil rural, figurado no campo, e Mauro passou a registrar um país ordinário.

Aos realizadores e críticos brasileiros que surgiram a partir dos anos de 1950, Mauro deixou a preocupação de filmar o país sem modelos pré-estabelecidos, fazendo da câmera o único instrumento.

 

O Cinema Novo e suas principais influências

Em 1962, o documentarista sueco Arne Sucksdorff veio ao Rio de Janeiro para um seminário de cinema, a convite da Unesco e do Itamaraty. Os jovens cineastas Eduardo Escorel, Arnaldo Jabor, Luiz Carlos Saldanha, Antonio Carlos Fontoura, Alberto Salvá, Vladmir Herzog, Did Lufti, entre outros, participaram de um curso de 4 meses com ele. Entre filmes e debates, tiveram o primeiro contato com equipamento completo de câmera 35mm, gravador Nagra e mesa de montagem, parafernália portátil até então inexistente por aqui.

Essas inovações tecnológicas permitiram maior mobilidade no set de filmagem e a gravação de som direto. A situação política, econômica e social em que vivia o Brasil, e a efervescência cultural que culminaria em movimentos de ruptura como a Tropicália, foram fatores que juntos desencadearam o desenvolvimento pleno do Cinema Novo.

Naquele momento, o Cinema Novo ou Cinema Verdade precisava refletir todas essas influências do cinema estrangeiro, para que a ânsia de inovar em estilo e técnica fosse focada num objetivo maior de buscar uma identidade para o cinema nacional, sem deixar de ser um instrumento de crítica do sistema vigente.

Alguns desses filmes nasceram dentro das próprias universidades, vinculados ao movimento estudantil da UNE, que vivia épocas de liderança nos movimentos populares. Destaque para o longa-metragem Cinco vezes favela (1962), dirigido por Marcos Farias, Miguel Borges, Carlos Diegues, Leon Hirszman e Joaquim Pedro de Andrade, que retratou os contrastes sociais através do cotidiano nas favelas.

As entrevistas passaram a ser utilizadas exaustivamente, e a fala do entrevistado passou a ser denominada a voz da experiência. A câmera na mão acompanhava o caminhar do fotógrafo; a luz era natural, na maioria das vezes deficiente. Vários filmes fizeram da falta de condições e de estrutura um elemento de sua estética. Documentários como Garrincha, alegria do povo (1963), de Joaquim Pedro de Andrade; Maioria Absoluta (1964-66), de Leon Hirszman, Viramundo (1965) e Viva Cariri (1969), de Geraldo Sarno; Opinião Pública (1966), de Arnaldo Jabour; Liberdade de Imprensa (1967), de João Batista de Andrade, foram alguns que viraram objeto de estudo de pesquisadores, e de alguma forma marcaram a história do cinema documentário.

A manipulação das imagens, somada à exploração de todas as possibilidades expressivas da montagem e dos recursos sonoros, foram fatores que contribuíram para uma vertente do documentário que iria adentrar os anos 70 e radicalizar os processos de desconstrução da linguagem fílmica, como pode ser percebido nos filmes Congo (1972), Triste Trópico (1974) e O ano de 1978 (1975), de Arthur Omar; Iracema, uma Transa Amazônica (1974), de Senna e Bodanzky, e Di (1977), de Glauber Rocha.

A repressão pós-68 da ditadura militar atrapalhou o desenvolvimento do documentário brasileiro, mas não conseguiu impedir que temas vedados fossem abordados de maneiras radicalmente originais. A abertura política, iniciada no final da década de 1970, trouxe um novo fôlego para os filmes, que se aprofundaram ainda mais na história política do país. A exemplo da revisão histórica da ditadura em Jango (1984), de Sílvio Tendler; os desafios da transição política em Céu Aberto (1985), de João Batista de Andrade; os novos problemas advindos do inchaço urbano em Uma avenida chamada Brasil (1988), de Octávio Bezerra; o movimento sindical operário em A Greve (1979), de João Batista de Andrade, em ABC da Greve (1980), de Leon Hirszman (1980), e em Linha de Montagem (1982), de Renato Tapajós; o movimento comunitário rural em Terra para Rose (1987), de Tetê Moraes e Cabra marcado para morrer (1984), de Eduardo Coutinho, que, enfim, pode concluir seu projeto. E na produção televisiva Walter Salles iniciou sua carreira, realizando os documentários Japão, uma Viagem no Tempo, 1986.

No início dos anos 80, o Brasil passava por uma reorganização política da sociedade, momento em que surgem diversos movimentos populares, entre eles a Associação Brasileira de Vídeo Popular, conhecida como ABVP, tendo entre seus fundadores Luiz Fernando Santoro. Outro exemplo disso foi o Centro de Trabalho Indigenista (CTI), com o projeto Vídeo nas Aldeias, resultado de longos anos de contato com algumas etnias do Norte do Brasil pela antropóloga belga Dominique Gallois e o diretor Vincent Carelli.

 

Novas tecnologias e o cinema atual

Edifício Master (Eduardo Coutinho, 2002)
Edifício Master (Eduardo Coutinho, 2002)

Com as medidas do governo Collor, no começo da década de 1990, o cinema nacional viveu um verdadeiro marasmo e a produção de documentários só sobreviveu graças às evoluções tecnológicas e à exibição em canais educativos.

Mas o fim da dualidade mundial entre capitalismo e socialismo e a globalização marcaram a década e influenciaram a linguagem cinematográfica documental dos dias de hoje. A miniaturização das câmeras, a substituição do sistema analógico pelo digital na captação da imagem e do som e as mais modernas tecnologias de pós-produção transformam o documentário.

É a “era do hibridismo das imagens”, em que vários formatos de vídeo e película se fundem em materiais finalizados, com qualidade suficiente para emissões televisivas e projeções em salas comerciais. As bilheterias do documentário se tornaram mais expressivas, contando com mais cópias no circuito comercial, algumas ultrapassando as de filmes de ficção nacional, e consagrando cineastas como Eduardo Coutinho, Evaldo Mocarzel e João Moreira Salles.

Nessa época também, a TV a cabo se fortaleceu e surgiu como parceira em co-produções e exibições. João Moreira Salles dirige, em parceria com Kátia Lund, o filme Notícias de uma Guerra Particular, 1999. Nelson Pereira dos Santos realiza o Casa Grande e Senzala, 2000, série de 4 episódios com uma abordagem didática sobre a obra de Gilberto Freire. Isa Grispum Ferraz realiza uma série de dez episódios documentais sobre o pensamento de Darcy Ribeiro e a formação da nação brasileira em 2000, e outra série de onze programas sobre intelectuais brasileiros, intitulada Intérpretes do Brasil, 2001.

No final dos anos 90, Coutinho volta ao longa-metragem, trabalhando em vídeo digital, posteriormente ampliado para 35mm, suporte adequado a seu método documental devoto do cinema-verdade, realizando filmes como Santo Forte, 1999, e Edifício Máster, 2002 e se tornando um dos maiores documentaristas brasileiros.

A diminuição no tamanho dos equipamentos digitais, a facilidade no transporte e a consequente diminuição das equipes fez surgir obras construídas em primeira pessoa, onde a relação do realizador com a realidade vai muito além de questões sobre a representação do real, ampliando os limites do gênero, caso do filme Um Passaporte Húngaro, 2003, de Sandra Kogut; e 33, de Kiko Goiffman, realizado em 2003.

Em 2004, Paulo Sacramento relata a vida dos detentos do presídio Carandiru em O Prisioneiro da Grade de Ferro, com trechos filmados pelos próprios detentos. No mesmo ano, Ônibus 174, de José Padilha, se utiliza de imagens de arquivo para analisar o famoso sequestro de um ônibus ocorrido no Rio de Janeiro, evento marcado pela onipresença da mídia e ação desastrosa da polícia. Do Outro Lado do Rio, 2004, de Lucas Bambozzi e A Alma do Osso, 2004, de Cao Guimarães, indicam novos caminhos ao documentário buscando uma relação mais sensorial com a realidade.

O programa de fomento à produção e teledifusão do documentário brasileiro, intitulado DOCTV, surgiu em 2003 e funciona até os dias de hoje. Com diversas oficinas, foi peça fundamental na formação de recursos humanos para a produção documental, especialmente nos estados das regiões mais afastadas dos grandes centros, como os estados do Norte e Nordeste do país, que geralmente não contavam com produção estabelecida de conteúdo audiovisual autoral.

Podemos dizer que o documentário foi se impondo enquanto gênero ao longo de sua história e tradição, mas ainda assim permanece em debate constante entre os teóricos, críticos e realizadores. Se a realidade pulsa no interior do filme documental, é devido a elementos estéticos tradicionais do gênero, pois trazem em si a memória dessa história de usos e sentidos, dão às obras valor documental e atestam sua aparente unidade enquanto realidade.

 

 

Brasil – uma das maiores escolas documentais do mundo

Bixa Travesti (Claudia Priscilla & Kiko Goifman, 2019)
Bixa Travesti (Claudia Priscilla & Kiko Goifman, 2019)

Tanto no Brasil como no mundo, o cinema documental de certa forma sempre esteve à margem da história geral do cinema, mas a partir do século XXI, essa condição vem se modificando. Há uma maior quantidade de títulos documentais, de plateias alcançadas, uma crescente participação em festivais de cinema, inclusive concorrendo em categorias de melhor filme.

O documentarista e antropólogo Kiko Goifman, diretor do premiado Bixa Travesti (melhor documentário com temática LGBTI no 68º Festival Internacional de Cinema de Berlim) e professor convidado do Curso de Documentário da Academia Internacional de Cinema (AIC), vê com bons olhos o momento do documentário brasileiro, e declara que essa afirmação é verdadeira, o Brasil é uma das maiores escolas documentais do mundo.

“Durante muitos anos o Brasil era visto como um lugar exótico e interessante para se filmar documentários. Muitos estrangeiros vinham ao Brasil e faziam filmes com os múltiplos grupos étnicos, as incríveis paisagens naturais e urbanas. Atualmente temos muitos documentaristas brasileiros filmando aqui, o que leva a uma produção consistente e, mais importante, diversificada. Temas não faltam, porém, o mais rico é a pluralidade dos olhares, dos métodos de trabalho. Documentários criativos aparecem com força. Alguns mais autorais, vários feitos na primeira pessoa do singular, outros mais poéticos, alguns mais políticos”, conta.

Kiko afirma que basta olharmos para os principais festivais de cinema europeus, especializados ou não em documentários, para perceber como a presença do Brasil é marcante. “Muitos já fizeram retrospectivas de documentários brasileiros, incluindo aí o IDFA, em Amsterdam, considerado o maior Festival de Documentários do mundo. Em 2018, como exemplo, na Mostra Panorama do Festival de Berlim, tive a honra de estar com um documentário ao lado de vários outros diretores brasileiros como Maria Augusta Ramos, Luiz Bolognesi e Karim Aïnouz. E este processo já tem mais de uma década.”

Já o cineasta e historiador Zeca Ferreira, professor orientador do curso na unidade carioca da AIC, concorda que as produções nacionais estão cada vez mais interessantes. “Não sei se podemos falar em uma escola brasileira de documentário, tal a diversidade de estilos e propostas presentes no documentário brasileiro, sobretudo contemporâneo. Mas não tenho dúvida que nessas últimas décadas o Brasil tem uma das mais instigantes produções documentais no mundo.”

 

Os maiores documentaristas nacionais

Petra Costa nas gravações de Democracia em Vertigem (2019)
Petra Costa nas gravações de Democracia em Vertigem (2019)

Se o Brasil é uma grande escola, é consensual entre a maioria dos cineastas que o grande mestre é Eduardo Coutinho, referência fundamental para o gênero documental. Para Zeca, ele foi “não apenas um dos maiores documentaristas do Brasil, mas um dos maiores documentaristas, ponto.” Kiko Goifman complementa que Coutinho sempre foi muito ousado e nunca se acomodou. “Vários documentaristas repetem suas fórmulas bem-sucedidas, coisa que Eduardo Coutinho jamais fez”.

Outros nomes vêm ganhando destaque na produção contemporânea de documentários. “Em um estilo mais próximo do cinema direto, assistimos hoje à consolidação da Maria Augusta Ramos também como um nome fundamental Num cenário mais recente, de experimentação de linguagens e dispositivos, citaria ainda os pernambucanos Gabriel Mascaro e Marcelo Pedroso”- conclui Zeca.

Kiko destaca o grande parceiro de Coutinho, João Moreira Salles. “A qualidade de sua produção prática e teórica é imensa. Destaco ainda amigos como Cao Guimarães e Cristiano Burlan. São muitos cineastas e, felizmente, temos várias mulheres que fazem documentários maravilhosos como a própria Maria Augusta Ramos, Sandra Kogut, Maria Clara Escobar. Além, claro, de minha parceira de trabalho e de vida, Claudia Priscilla”, afirma Kiko.

Vale destacar, principalmente nos últimos anos e em um cenário político conturbado, a ascensão do trabalho de Petra Costa. Depois de despontar com um estilo muito autoral em seu longa de estreia Elena (2012), a diretora utilizou os mesmos recursos, dessa vez refletindo sobre sua própria família e correlação com o Brasil contemporâneo, em Democracia em Vertigem (2019).  O filme, lançado pela Netflix, teve uma boa repercussão e figurou entre os mais assistidos na plataforma no período de lançamento e chegou a ser indicado ao Oscar. Hoje, Petra figura entre os principais nomes brasileiros do formato.

No entanto, é preciso pensar em meios alternativos de difusão do gênero, para que os filmes possam ser assistidos por plateias maiores, pela grande maioria dos brasileiros que não têm acesso ao cinema, à TV a cabo e à Internet.

 

True crime à brasileira

Doutor Castro (Marco Antônio Araújo, 2021)
Doutor Castro (Marco Antônio Araújo, 2021)

Seguindo uma tendência que tomou conta do audiovisual internacional, as obras de “true crime” (“crime real” em tradução) tem aumentado muito no documentário brasileiro. O gênero consiste basicamente em contar as histórias das pessoas, acontecimentos e investigações por trás dos crimes que dominaram o consciente coletivo do público.

Embora o gênero tenha exemplos bem fortes na filmografia nacional muito antes de explodir como um fenômeno, tendo em vista o próprio Ônibus 174 de José Padilha e VIPs – Histórias Reais de Um Mentiroso de Mariana Callabiano, recentemente as produções deslancharam em vários exemplares. Enquanto Doutor Castor, João de Deus: Cura e Crime e Bandidos na TV exploram criminosos em suas muitas infrações, Elize Matsunaga: Era Uma Vez no Crime, Marielle, O Documentário e Caso Evandro voltam os olhares para acontecimentos específicos e tão marcantes quanto.

Interessante observar que, com o crescimento dos streamings, o true crime se aproximou cada vez mais do formato seriado, usualmente produzido como minissérie ou em formato antológico. Inclusive, tem se expandido para diversas outras mídias, sendo ainda mais popular em podcasts e vídeos documentais no YouTube que conseguem explorar uma gama muito grande de casos.

 

Documentários Brasileiros que o estudante de cinema precisa assistir

Cabra Marcado Para Morrer (Eduardo Coutinho, 1984)
Cabra Marcado Para Morrer (Eduardo Coutinho, 1984)

Kiko Goifman sugere alguns filmes obrigatórios para o estudante de cinema:

“É inevitável que uma lista de documentários brasileiros comece com o genial Cabra Marcado para Morrer de Eduardo Coutinho. A questão do tempo, as dimensões políticas de momentos distintos, a sensibilidade de Coutinho e a percepção e potência do imprevisto como matéria fílmica, são fundamentais. Outro filme do mesmo diretor que deve ser destacado é Jogo de Cena. Aqui não existe espaço para a velha discussão de oposição entre ficção e documentário. Filme brilhante, uma aula de ousadia e inteligência. É tudo muito simples.

Santiago é uma obra prima de João Moreira Salles. Em um conjunto de imagens a princípio abandonadas e depois resgatadas, está um filme emocionante e inteligente demais. O jogo entre o eu e o outro. Muito está ali e deve ser visto.

Por fim, estudantes de cinema com interesses em documentário devem assistir muitos filmes brasileiros, entre os quais: Serras da Desordem (Andrea Tonacci), Aruanda (Linduarte Noronha), Prisioneiro da Grade de Ferro (Paulo Sacramento), O País de São Saruê (Vladimir Carvalho), Corumbiara, Mataram meu irmão (Cristiano Burlan) e muitos, muitos outros. ”

Zeca Ferreira complementa a lista, sugerindo além dos dois já citados de Coutinho: Edifício Máster; Martírio, de Vincent Carelli, que traz uma análise da violência sofrida pela etnia indígena Guarani Kaiowá; Doméstica, de Gabriel Mascaro, com imagens filmadas por sete adolescentes; Pacific, de Marcelo Pedroso; três filmes da brasiliense Maria Augusta Ramos, O processo, Juízo e Justiça; e conclui sugerindo A cidade é uma só, de Adirley Queiroz.

*Texto e pesquisa: Katia Kreutz

 

Gostou e quer aprender mais sobre o documentário nacional? Então baixe nosso ebook e explore!

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Fontes:

“Panorama do Documentário no Brasil” (dezembro/2006), de Gustavo Soranz Gonçalves, para o Centro Universitário do Norte (Uninorte / Amazonas). “Uma breve história sobre o cinema documentário brasileiro” (2010), de Flávia Lima Rodrigues, para o CES Revista, volume  24. Professores Kiko Goifman e Zeca Ferreira da Academia Internacional de Cinema.

 

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realidade virtual

Igor Sales, ex-aluno da AIC e diretor da Imersys – empresa de Realidade Virtual, fala sobre essa tecnologia que só cresce no Brasil

A Imersys, empresa de Realidade Virtual de Igor Sales, aluno da primeira turma do FILMWORKS – o curso técnico em Direção Cinematográfica da Academia Internacional de Cinema (AIC), começou no final de 2016 com um projeto para lá de bacana.

Nas últimas olimpíadas, Igor e os sócios Mauro Hanzen, Tiago Vignatti e Rafael Gregório desenvolveram uma atração para o Parque Olímpico, onde o visitante tinha a sensação de tocar nas cataratas de Foz do Iguaçu.  As imagens das cataratas eram projetadas em uma cortina de vapor d’água dentro de um ambiente cenográfico. O sucesso foi tão grande que o público encarou mais de 3 horas de filas querendo “tocar” nas famosas quedas.

A partir daí surgiram outros trabalhos, como a apresentação “real” da Usina Hidrelétrica de Itaipu, espécie de tour virtual que permite conhecer em detalhes a usina e seu funcionamento. Depois desses dois projetos, no começo de 2017, nascia oficialmente a Imersys.

“Nada me surpreendeu tanto como a primeira vez que experimentei um HMD (Head Mounted Display ou óculos de realidade virtual). Fiquei chocado diante da percepção do quanto o meu cérebro – que eu considerava treinado – estava sendo claramente enganado dentro de um ambiente virtual. As minhas pernas ficaram bambas e as mão trêmulas. Eu fiquei sem palavras e não queria voltar para a ‘realidade real’. Imediatamente percebi que o potencial desta ferramenta era infinitamente maior do que o da tela plana passiva, e que essa realidade poderia tanto destruir quanto transformar vidas. Foi ali, junto com Rafael Gregório, que decidimos: a partir de hoje é a isso que nós vamos nos dedicar”, conta Igor.

Igor, que esteve na última edição do Rio Content Market para falar do assunto, topou esclarecer para a gente, um pouco sobre o tema, que ainda gera muitas dúvidas. Afinal, o que é realidade virtual? Para que serve? Precisa de óculos? Qual a diferença entre Realidade Virtual e Realidade Aumentada? Confira as respostas e entenda mais sobre o assunto… 

AIC – O que é realidade virtual?

realidade virtualIgor Sales: Realidade Virtual (RV) é um termo cunhado por Jaron Lanier, nos anos 80, para se referir a uma interface de interação humano-máquina capaz de imergir múltiplos sentidos em um ambiente virtual. Hoje a forma mais popularizada de imergir na Realidade Virtual é através de um head-mounted display (HMD), conhecidos como “óculos de Realidade Virtual”, ligados a uma interface computacional. Mas o conceito é mais profundo, com um longo debate filosófico sobre os termos e origens envolvidas. Em resumo, podemos assumir que a Realidade Virtual é uma interface avançada entre usuário e sistema operacional, com o objetivo de recriar ao máximo a sensação de realidade, levando a pessoa a adotar essa interação como uma de suas realidades temporais.

AIC – Para que ela serve? Quais as aplicações mais comuns?

I.S: É impossível delinear as utilidades da Realidade Virtual, ainda mais com os avanços das tecnologias, indústria 4.0 e a era das Startups. O surgimento de novos acessórios e utilidades para a RV são cada vez mais amplos, todos os dias surgem acessórios capazes de aprofundar a imersão, de facilitar a produção e reprodução dos conteúdos gerados para essa plataforma de comunicação.

É possível enumerar grandes usos desta tecnologia e ainda separá-los por históricos e atuais, já que temos um grande salto de acessibilidade tecnológica nos últimos 5 anos.

Para começar, os usos mais antigos estão ligados ao entretenimento. Nos anos 50 o cineasta americano Morton Heilig criou o Sensorama, um equipamento que reproduzia filmes 3D com som espacial, respostas hápticas (relativo ao tato) e até cheiro! Por muitos é considerado o primeiro equipamento completamente imersivo para realidade virtual. Antes dele houveram simuladores militares, óculos estereoscópicos, mas nunca com tamanha complexidade tecnológica.  Nos anos 90 tivemos grandes aplicações para treinamento de astronautas na NASA, na indústria petroquímica, aeronáutica e até na medicina. A questão é que todos estes projetos sempre esbarraram nos altíssimos custos envolvidos tanto no equipamento quanto na produção de conteúdo.

Itaipu VR - realidade virtual
Apresentação “real” da Usina Hidrelétrica de Itaipu, feita pela Imersys, espécie de tour virtual que permite conhecer em detalhes a usina e seu funcionamento.

Em 2012 a empresa americana Oculus conseguiu, através de crowdfunding, aproveitar elementos de avanço da tecnologia mobile e criar a nova geração de RV como a que conhecemos hoje. Eles ampliaram o acesso à tecnologia e produção de conteúdo, que passa a ter seu principal mercado no entretenimento subdividido em jogos, filmes e parques temáticos.

Hoje há uma crescente utilização e procura pela tecnologia na área industrial para treinamento de operações e segurança, além da vasta aplicação na área da saúde e arquitetura. Essa indústria cresce exponencialmente e, se somada a Realidade Aumentada, tem previsão de alcançar um patamar de movimentação econômica que pode ultrapassar os 500 bilhões de dólares anuais em 2025.

AIC – Qual a diferença entre realidade virtual e realidade aumentada?

I.S.: A forma mais simplificada de diferenciar as tecnologias é entender que a realidade virtual permite que o usuário se sinta imerso em um ambiente virtual; já a realidade aumentada projeta objetos virtuais em um cenário real.

Hoje temos outros modelos de tecnologia que compõem o que chamamos de realidades expandidas que, além das duas já citadas, incluem a realidade mista ou misturada e a virtualidade aumentada. As diferenças tecnológicas transitam em uma linha tênue entre os debates conceituais que tentam definir as fronteiras entre estas soluções.

AIC – Para ter experiências com realidade virtual precisa de óculos?

Realidade Virtual
Outras frentes além do entretenimento: VR usada para treinamentos médicos.

I.S.: Os óculos de realidade virtual são apenas uma das formas de imergir em um ambiente virtual, hoje ele é a mais popular e também a mais econômica. Mas temos soluções com cabines, projeções e vários formatos de capacetes que executam função semelhante.

AIC – Como funcionam os óculos e quais os principais modelos do mercado?

I.S.: Um HDM basicamente reproduz imagens de alta definição que, através de uma lente especial, promove um campo de visão amplo ao usuário. Através de sensores, tem seus movimentos simulados em tempo real dentro do ambiente virtual, permitindo que seu ponto de vista no mundo virtual esteja em sincronia com seus movimentos no mundo real.

Existem dois tipos fundamentais de HDMs: o 3DoF (três graus de liberdade), que geralmente funciona com um celular, e o usuário pode olhar para qualquer direção rotacionando sua cabeça em três eixos. Este modelo, como concentra basicamente toda a tecnologia no celular, já possui centenas de fabricantes. O destaque aqui fica para o Google Cardboard como solução mais básica e o recém lançado Oculus Go, da fabricante Oculus, que pertence ao Facebook. Outro modelo existente é 6DoF (seis graus de liberdade), onde o usuário além de olhar para qualquer direção dos três eixos, também tem seus movimentos de locomoção corporal no mundo real capturados e reproduzidos em tempo real no mundo virtual. É a experiência máxima nesta tecnologia, e os modelos que se destacam são os Oculus Rift, HTC Vive e Playstaion VR.

Recentemente a Microsoft vem desenvolvendo a realidade mista, que tem em parte os mesmos recursos da realidade virtual, e entra com força nesta briga através de fabricantes de HDMs parceiros como HP, Samsung, Acer, Lenovo, entre outros.

AIC – Quem são os maiores clientes? Quem está encomendando projetos de realidade virtual?

I.S.: Atualmente o entretenimento é a maior indústria de realidade virtual, com grande destaque para os games, é claro. Mas treinamentos industriais, saúde e educação tem aberto muitas frentes dentro do setor.

AIC – Como será no futuro?

I.S.: A evolução da tecnologia está realmente acelerada, mas é difícil afirmar que em breve cada cidadão terá óculos de realidade virtual em sua casa, ou quantas horas por dia o usuário irá consumir desta mídia. Ainda assim, é possível prever o crescimento exponencial deste mercado, e onde estará o acesso à tecnologia nos próximos anos.

realidade virtualNa área do entretenimento, percebemos uma explosão de Arcades mundo afora. São casas especializadas que permitem que o usuário pague por horas de uso e tenha acesso a tecnologia de ponta, assim como ao conteúdo mais atual disponível, seja ele em jogos ou produções audiovisuais. E a tendência é que, nos próximos anos, essa seja a principal forma de acesso ao mundo virtual pela maioria dos usuários, assim como casas de jogos foram febre nos anos 80 e as lan houses nos anos 90. À medida que a tecnologia baratear, a disponibilidade de conteúdo aumentará e a ideia de colocar óculos em público será mais aceita; aí, certamente teremos um maior número de usuários frequentes.

Mas acredito que é na aplicação prática que teremos o maior mercado de realidade virtual no futuro. Imagine um aluno tendo aula sobre anatomia dentro de um corpo humano, de física no espaço, de história no passado; o estudante de engenharia poder fazer experimentos em casa com um acelerador de partículas; o arquiteto criar e compartilhar seus projetos em tempo real; um médico simular uma cirurgia complexa antes de executar; um operador de rede de alta tensão treinar uma manutenção de alto risco; ou o bombeiro treinar um resgate nas piores condições possíveis. No fundo, tudo isso já é possível. O que falta, no momento, são desenvolvedores para este tipo de projeto. É um mercado muito maior do que podemos imaginar e o maior funil hoje é, de fato, a mão de obra especializada.

AIC – Fale um pouco sobre esse mercado.

realidade virtual
Projeto para Itaipu

I.S.: Temos hoje um mercado ainda em formação. Um levantamento recente do XRBR (Hub Brasileiro de x-reality), um hub de desenvolvedores de conteúdo para realidades estendidas, criado em 2018, aponta no Brasil pouco mais de 80 grupos desenvolvendo este tipo de material. Levando em conta a amplitude de possibilidades que temos, é um número extremamente reduzido.

O que costumamos dizer é que hoje passamos por um momento de evangelização da tecnologia. Muitas vezes, nem o próprio desenvolvedor enxerga a quantidade de soluções possíveis utilizando a ferramenta, quem dirá o público final. A maioria das pessoas nunca teve um contato com uma experiência destas, e quando teve raramente foi algo além de uma montanha russa ou um jogo de tiro – o que acaba limitando muito a percepção de como utilizar essas novas realidades.

Estamos apenas iniciando nessa linguagem. O cinema, o rádio, a TV e até os games levaram décadas para encontrar o seu melhor formato. Hoje entendemos sua linguagem e podemos escolher por nos enquadrar nelas ou desconstrui-las. As realidades estendidas, por sua vez, são um campo muito mais amplo, com possibilidades que vão muito além de qualquer mídia passiva ou de tela plana. Mas, à medida que o tempo passar e mais desenvolvedores surgirem, teremos uma construção de linguagem e referências cada vez mais clara e popularizada, permitindo que o próprio mercado comece a ditar os caminhos e as possibilidades da tecnologia. 

AIC – Fale um pouco sobre a aplicabilidade da R.V no entretenimento e no cinema.

I.S.: Parte da essência do cinema e do entretenimento estão em fazer o espectador ou o usuário se sentirem imersos em uma realidade alternativa, utilizando técnicas que iludam os sentidos humanos, brincando com sua percepção cognitiva. Nenhuma outra tecnologia tem tamanha facilidade de fazer isso quanto a Realidade Virtual. Mas isso não torna esta missão mais fácil, pelo contrário, a imersão do usuário é tamanha que se a narrativa não for muito bem construída o resultado pode variar de náuseas ao tédio absoluto.

Não é à toa que os principais filmes e jogos em VR sejam de terror ou montanha russa. A prerrogativa de mal-estar faz com que as experiências pareçam bem executadas, mas na verdade elas funcionam mais para quem observa de fora do que de dentro. Sem contar que raramente alguém irá querer repetir uma experiência destas.

A verdade é que a narrativa de um material imersivo ainda está sendo descoberta, e sem dúvida ela é muito diferente do que conhecemos para a tela plana. Seu potencial de gerar empatia genuína, provocar emoções, compartilhar experiências e sentir-se parte de uma realidade temporal são absolutamente únicos. E os projetos feitos para Realidade Virtual precisam explorar muito bem este poder para aproveitar ao máximo o seu potencial de impacto.

No caso do cinema, não é possível simplesmente transportar um roteiro convencional feito para tela plana para um ambiente filmado em 360º. As métricas narrativas são completamente distintas. Não existe enquadramento, a iluminação, áudio e qualquer elemento são sempre incidentais (ou exigem muita pós-produção para serem retirados), o corte não tem o mesmo papel, o espectador está sempre dentro da cena e quase tudo que funciona para a tela plana perde dimensão quando filmado em 360º.

Realidade Virtual
Treinamento em realidade virtual para área de saúde

Mas quando o projeto é pensado dentro destas perspectivas, o impacto é sem precedentes. Estar em um ritual tribal, em um cenário de guerra, navegando no espaço sideral, no período jurássico ou dentro do corpo humano podem ser experiências incrivelmente realistas em VR, de uma maneira que a tela plana jamais irá alcançar.

A situação não é muito diferente no que diz respeito aos games, porém é fácil perceber quais jogos podem ou não funcionar em Realidade Virtual. Jogos em primeira pessoa, como os de tiro, parecem ter sido feitos para esta tecnologia, mas jogos de esporte ou de RPG ainda não encontraram uma fórmula para os HMDs.

O que é certo é que, como em toda nova tecnologia, com o passar do tempo novas descobertas de linguagem e gênero vão sendo desenvolvidas até que se crie um padrão para esse novo formato. Até lá temos um verdadeiro oceano para aventureiros explorarem e criarem tendências para um mercado que promete ser um gigante do entretenimento em alguns poucos anos.

*Imagens de projetos feitos pela Imersys

Igor Sales, ex-aluno da AIC e diretor da Imersys – empresa de Realidade Virtual, fala sobre essa tecnologia que só cresce no Brasil Read More »

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Academia Internacional de Cinema (AIC)
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