Professor da AIC assina direção de arte de Virtuosas, filme brasileiro premiado no Goes to Cannes 2025
O cinema brasileiro brilhou no Marché du Film 2025 — e a Academia Internacional de Cinema (AIC) tem um motivo extra para comemorar. Virtuosas, longa dirigido por Cíntia Domit Bittar, que tem direção de arte assinada pelo professor Dicezar Leandro, foi o grande vencedor do prêmio Goes to Cannes deste ano. Parceiro de longa data da diretora, Dicezar — que leciona há mais de 15 anos na AIC — contribuiu diretamente para a construção da atmosfera visual que sustenta essa obra inquietante e provocadora.
A vitória não poderia ser mais simbólica. Em um ano em que o Brasil foi homenageado como País de Honra no Marché du Film, Virtuosas leva para casa, além do reconhecimento internacional, um aporte de € 10 mil oferecido pela distribuidora espanhola Sideral Cinema, especializada na venda e promoção de filmes independentes.
Misturando drama e terror psicológico, o filme acompanha um grupo de mulheres cristãs reunidas em um retiro espiritual de luxo. Aos poucos, o que parecia ser fé e autocuidado se transforma em um pesadelo. Uma antiga lenda sobre uma bruxa local ganha vida e expõe um clima de repressão e controle — costurado, claro, por uma estética cuidadosamente pensada, que potencializa e aprofunda a obstinação em alcançar um juízo de perfeição idealizada como um pilar moral.
No elenco, destaca-se a atuação poderosa de Bruna Linzmeyer, que entrega uma performance densa e inquietante, além de Juliana Lourenção, que esteve presente nas atividades do Goes To Cannes. “Estar aqui, no ano em que o Brasil é o país de honra, com um filme feito por mulheres tão talentosas, é mais do que eu poderia sonhar”, declarou a atriz.
A diretora Cíntia Domit Bittar, que também assina a produção ao lado de Ana Paula Mendes, celebrou emocionada pela conquista e destacou a relevância do tema no cenário atual. “Receber esse prêmio no Goes to Cannes é uma enorme honra. Virtuosas traz uma reflexão sobre o ultraconservadorismo, a partir da perspectiva de mulheres antifeministas — um movimento que, infelizmente, cresce tanto no Brasil quanto no mundo. Ver o filme ganhar projeção internacional mostra que essa discussão ultrapassa fronteiras. E trabalhar esse tema dentro do gênero do horror, com doses de ironia e absurdo, torna essa conexão ainda mais potente”, afirmou.
O Goes to Cannes é uma vitrine global que conecta projetos em finalização a agentes de venda, distribuidores e curadores de festivais de todo o mundo. Para Virtuosas, e para o cinema brasileiro, a conquista não é apenas um prêmio: é um selo de relevância e potência criativa.
O filme segue em pós-produção, com previsão de lançamento para o final de 2025.
*Frame do filme: Novelo Filmes.