51° Festival de Cinema de Gramado abre inscrições

Realizadores do Brasil poderão inscrever seus filmes para as Mostras Competitivas do 51° Festival de Cinema de Gramado até o dia 16 de abril. O evento, que ocorre entre os dias 11 e 19 de agosto, abre inscrições para longa-metragem brasileiro (LMB), documentários brasileiros e curta-metragem brasileiro (CMB).

Inovação está na história do Festival de Cinema de Gramado. Nos últimos 50 anos, o mais longínquo festival de cinema do país apresentou diversas mudanças em sua realização. Após abrir as portas para o cinema feito na América Ibérica, para a televisão, streaming e para novas plataformas de redes sociais, o evento busca abranger diferentes possibilidades audiovisuais em caráter mundial.

Inaugurando uma nova década em sua história, Gramado reposiciona seu conteúdo estrangeiro com a criação de um Panorama Internacional. A mostra, que será exibida no Palácio dos Festivais de maneira hors concours, busca ampliar as possibilidades de formatos exibidos no evento.

“Estamos buscando novas maneiras de trazer a Gramado o melhor do audiovisual. Novos formatos, novas janelas de exibição, novos encontros. Agora, sentimos que o evento está maduro para dar esse passo. Estamos abrindo nossas portas para o mundo. Teremos uma programação robusta, com nossas mostras brasileiras, gaúchas e documentais e uma ampliação da exibição de filmes hors concours. É a oportunidade de abrirmos nosso horizonte para o cinema feito nos quatro cantos do globo”, afirma Rosa Helena Volk, presidente da Gramadotur, autarquia municipal responsável pelos eventos da cidade, e secretária de turismo do município.

As fichas de inscrição e regulamento estão disponíveis aqui.

 

51° Festival de Cinema de Gramado abre inscrições Read More »

Cristiano Burlan fala sobre a presença do trágico em sua filmografia

Cristiano Burlan foi o terceiro convidado da 17ª Semana de Orientação da Academia Internacional de Cinema (AIC). O diretor, que foi aluno da primeira turma da AIC, ainda em Curitiba, falou sobre sua relação com a morte e a transposição dessas experiências para o cinema.

A noite, que começou com a exibição do longa-metragem Ensaio sobre o fracasso (2020), foi marcada pelo diálogo sobre o incômodo de lidar com o trágico. Ao longo do encontro, o diretor da Trilogia do Luto – Construção (2006), Mataram Meu Irmão (2013) e Elegia de um Crime (2018) – série de filmes sobre as mortes do pai, do irmão e da mãe de Burlan, falou sobre como sua produção cinematográfica aborda a consciência da finitude das coisas.

Uma filmografia que, de acordo com Burlan, busca gerar debates e não diz respeito apenas a sua história, são pontos de partida para falar de histórias do mundo. “O filme do meu irmão não é sobre o meu irmão, mas sobre os muitos irmãos que são assassinados nas periferias brasileiras. O filme do meu do meu pai, não é sobre, mas sobre trabalhadores invisíveis. O filme da minha mãe, não é sobre a minha mãe, mas sobre feminicídio“, ponderou o diretor, lembrando que a cada seis horas uma mulher é assassinada no Brasil.

Burlan, que parte de histórias reais para criação de seus filmes, afirmou que ao fazer a Trilogia do Luto, passou dez anos fazendo filmes que ninguém gostaria de assistir. Ainda assim, não se ressente disso, pois acredita que a crueldade retratada em seus filmes está dada no dia a dia. “A vida nem cabe em um filme, é muito mais assustadora”, analisa.

Ao ser questionado se seus filmes são tratados por ele como um tipo de terapia, o diretor afirmou veementemente que não, “Eu não gosto de gente curada, gente curada é chata. Eu não quero me curar.”  Burlan, prefere tratar seus trabalhos como a forma que encontrou para deixar viva as memórias dessas pessoas. “A gente nasce sabendo que vai morrer, mas não pensa nisso. Quando ela vem, vem o luto, e cada ser humano reage de uma forma. Só que o corpo é muito inteligente e, para seguirmos vivendo, aos poucos nossa memória vai desvanecendo. Os filmes são a minha defesa em relação à morte.”, relata.

Mesmo assim, Burlan reconhece a delicadeza de abordar esses assuntos no cinema. Ao responder uma pergunta sobre como retratar uma tragédia sem parecer que se está explorando comercialmente esses eventos, o diretor responde: “acho que há uma linha muito tênue. Essa relação ética e moral é sempre uma questão no documentário. No meu caso, eu estou falando sobre a minha família, se não puder eu falar da minha família, não sei o que posso dizer”, finaliza.

Texto Estefania Lima
Foto Fernanda Muller

Cristiano Burlan fala sobre a presença do trágico em sua filmografia Read More »

Moara Passoni fala sobre seu filme “Êxtase” e a parceria com a diretora Petra Costa

Nesta quarta-feira (08), dia internacional da mulher, a Semana de Orientação da Academia Internacional de Cinema (AIC) recebeu a diretora, roteirista e produtora Moara Passoni. A data não passou despercebida e foi lembrada pela diretora, que iniciou sua fala citando um artigo publicado pela produtora Maria Farinha Filmes na Revista Tela Viva, no qual foram apontadas desigualdades históricas de representação das mulheres no audiovisual brasileiro. Entre elas, o fato dos filmes lançados no Brasil entre 2017 e 2019 terem tido apenas 25% de diretoras e somente 19% de roteiristas mulheres.

Exibição de Êxtase

Moara chamou atenção também para a relevância da exibição de seu filme “Êxtase” (2020) na data. Para a diretora, o longa – que foi exibido no começo da noite aos alunos – dialoga com a vivência das mulheres em uma sociedade patriarcal e o impacto dessas vivências nestes corpos. “Muita gente considera a anorexia a histeria contemporânea, eu acho que a anorexia fala sobre onde o poder toca os nossos corpos.”, afirmou.

A história, baseada na experiência de Moara com o transtorno alimentar, retrata a vida de Clara, uma jovem com anorexia. Uma doença cuja causa raramente é uma só, mas sim composta por uma teia de fatores pessoais e sociais. O que, segundo a diretora, foi uma das razões pelas quais ela optou por não fazer um filme em uma narrativa linear, que pudesse beirar ao moralismo. “Para sair da anorexia eu tive que entender que não estava procurando a dor, mas a cura para uma dor ainda maior, o que tinha a ver com questões pessoais minhas, mas também com uma série de elementos coletivos.”, conta.

O filme marca um ponto alto da carreira da diretora, que desde muito nova quis trilhar o caminho do cinema. Embora tenha feito faculdade de Ciências Sociais, seguiu uma trajetória de dedicação e estudos na área, que considera terem sido fundamentais para sua formação estética e parcerias de trabalho.  A diretora é mestre em teoria do documentário pela Unicamp, roteiro e direção pela Universidade de Columbia, e estudou Filosofia-Estética na Paris 8, Comunicação e artes do corpo na PUC-SP e roteiro e documentário na EICTV-Cuba. “As instituições pelas quais eu passei foram fundamentais, tanto pelo o que elas me ensinaram, quanto pelas conexões que fiz”, afirma.

Parceria com Petra Costa

Uma dessas conexões se deu com Petra Costa, com quem a diretora tem uma parceria de longa data. Moara foi co-roteirista e produtora associada do filme nomeado ao Oscar de melhor documentário Democracia em Vertigem (2019) (Sundance/Netflix Originals), colaboradora de roteiro em Olmo e a Gaivota (2015) e produtora associada de Elena (2012), todos dirigidos por Petra.

Experiências que moldaram a relação de Moara com a formação de platéia. “Uma coisa que eu aprendi com a Petra é que a distribuição é tão importante quanto fazer o filme”, contou a diretora, lembrando que nos Estados Unidos os orçamentos de produção e lançamento/distribuição recebem praticamente o mesmo valor.Especificamente sobre o Democracia em Vertigem, Moara lembrou que na primeira exibição do filme, no Festival de Sundance, nos EUA, a audiência estava dispersa. No entanto, um ano depois, já na campanha do Oscar, a recepção foi outra, com uma plateia atenta e conectada. “Aquilo para mim foi uma aula de cinema, porque houve um processo de construção de público. Durante a campanha, tentamos mostrar para eles, que o que estava acontecendo da democracia brasileira, poderia acontecer também nos Estados Unidos.”, recorda.

Por fim, ao ser questionada sobre o limite entre experiências pessoais e coletivas no filme dirigido por Petra, Moara afirmou que fazer um documentário é uma questão de ponto de vista, e justificou a escolha da diretora por contar a história a partir da sua própria experiência. “No caso de Democracia em Vertigem, eu acho que seria até desonesto da parte da Petra não contar a história da perspectiva dela. Seria um filme impossível. Inclusive, a ideia da grande verdade é uma coisa que o documentário já desconstruiu.”, finalizou.

 

Texto Estefania Lima
Foto Rafael Peixoto

Moara Passoni fala sobre seu filme “Êxtase” e a parceria com a diretora Petra Costa Read More »

Naruna Costa fala sobre sua trajetória e seu papel político no audiovisual

Texto Estefania Lima
Foto: Rafael Peixoto

A atriz Naruna Costa abriu, nesta segunda-feira (06), a 17º edição da Semana de Orientação da Academia Internacional de Cinema (AIC). O evento, que não ocorria de forma presencial desde de 2020, em decorrência da Covid-19, recebeu a protagonista da série Irmandade (Netflix) para um bate-papo sobre sua trajetória no audiovisual.

A noite começou com a exibição do primeiro episódio de Irmandade e logo depois Vanessa Prieto, coordenadora acadêmica da AIC, conduziu um bate-papo entre Naruna e os alunos. A atriz iniciou sua fala exaltando a diversidade do público presente e chamou atenção para a ausência de pessoas pretas e periféricas nas escolas e conteúdos de formação em sua geração, nos anos 2000.

De Taboão da Serra, periferia de São Paulo, Naruna estudou na Escola de Artes Dramáticas da USP (EAD) e contou como a experiência na instituição a forjou como artista. Na época, sua turma, com cinco alunos negros, foi o auge da diversidade da escola, que já tinha 56 anos de existência. A experiência marcou sua trajetória pelo acesso a formação artística, mas também pela estranheza de se sentir não pertencente, “eu não me via ali, não me reconhecia, e isso fez com que automaticamente todas as minhas produções se tornassem políticas.”, afirmou.

Ainda sobre seu papel nas artes, Naruna falou sobre como corpos negros nas telas são sempre políticos e têm o poder de questionar e bagunçar o imaginário construído pelo próprio audiovisual que, na maioria das vezes, não representa a população brasileira, nem mesmo numericamente.

Ao ser questionada sobre sua personagem Lila na novela Todas as Flores (Globoplay) que tem muitas cenas eróticas, a atriz afirmou que apesar de ser muito difícil dizer não, já que o audiovisual é seu lugar de sustento, sempre rejeitou papéis que reforçassem estereótipos de hiperssexualização. Ainda assim, aceitou o papel de Lila, porque ele foge do padrão estabelecido. “Ela é rica, uma madame preta, é raro você ver uma madame preta em uma novela.”

Em um segundo momento, questionada sobre a diferença de interpretação para o cinema, séries e TV, a protagonista de Irmandade, comentou que para cada linguagem do audiovisual é necessário um tipo diferente de abordagem e preparação. No entanto, revelou que sua relação com todos os seus personagens foram estabelecidas em primeiro lugar pelo texto. “Há várias estratégias possíveis, depende dos roteiristas, da direção, mas eu procuro respeitar as palavras, o que está contido no roteiro.”, revelou.

Apreço pelo texto que Naruna herdou de sua carreira no teatro, a atriz começou no UTT (União Teatral Taboão), fundou o Espaço Clariô de Teatro, de Taboão da Serra (SP), e destacou-se interpretando Elza Soares no musical Garrincha, dirigido pelo diretor americano Bob Wilson. Sobre a experiência, Naruna diz ter sido uma honra, mas bastante específica, já que a proposta do diretor para a peça foi de uma linguagem quase cinematográfica, e um pouco técnica demais para uma pessoa “quente” como a cantora.

Diretora de teatro, ao ser questionada sobre seu interesse em dirigir produções audiovisuais, Naruna, que tem uma farta bagagem na frente das câmeras, respondeu que, apesar de sentir falta de mulheres negras nessa posição, acredita que ainda não é o momento. “Tenho sido muito convocada ao lugar da direção, mas acho que há uma diferença absurda nas linguagens, ainda preciso estudar.”, afirmou. Ao que, prontamente, Vanessa Prieto respondeu: “Vem estudar na AIC”, arrancando risada de todos os presentes.

Naruna Costa fala sobre sua trajetória e seu papel político no audiovisual Read More »

Belas Artes À La Carte e AIC

A Academia Internacional de Cinema fechou uma parceria com o Belas Artes À LA CARTE, um streaming de filmes pensado para quem ama cinema de verdade. Alunos e alunas da escola vão ter um mês gratuito para acessar mais de 500 títulos.

O catálogo do Belas Artes inclui filmes de todos os cantos do mundo e de todas as épocas: contemporâneos, clássicos, cults, obras de grandes diretores, super premiados e principalmente aqueles que merecem ser revistos e que tocam o coração dos cinéfilos. Outros diferenciais são as séries da BBC Studio e as mostras de cinema internacionais. Recentemente o À LA CARTE trouxe especiais dedicados à cinematografia francesa, italiana, coreana, espanhola e suíça.

Para resgatar a sua assinatura de um mês gratuito, entre no site do À LA CARTE, clique em assinar, cadastre-se, selecione a opção “plano mensal”, utilize o cupom de promoção, insira seus dados. O cupom é válido apenas uma vez para cada usuário. Obs.: A assinatura é recorrente caso não haja cancelamento.

Para receber o cupom, exclusivo para alunos e alunas matriculados na AIC, envie e-mail para comunica@aicinema.com.br

Belas Artes À La Carte e AIC Read More »

Aula aberta com Kiko Goifman

No dia 11/03, das 9h30 às 13h, na sede da AIC SP, tem aula aberta com o documentarista Kiko Goifman, ele promete contar sobre seus processos de criação:. de 33 a Bixa Travesti, a Direção de documentários segundo o diretor.

Diretor e roteirista, formou-se em arte e antropologia pela Universidade Federal de Minas Gerais e tem mestrado em multimeios pela Universidade de Campinas. Dirigiu vários curtas e médias-metragens, até realizar o primeiro longa-metragem, o documentário 33 (2003), selecionado para os festivais de Locarno (Suíça), Marseille (França), Roterdã (Holanda) e São Paulo. Em 2008, lançou seu primeiro longa-metragem de ficção, Filmefobia, grande vencedor do 41º. Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Logo depois passa a investir em filmes híbridos entre ficção e documentário, como Bixa travesty (2018), premiado no Festival de Brasília e no Festival de Berlim.

AIC SP
Rua Doutor Gabriel dos Santos, 142.
Dia 11/03 das 9h30 às 13h (presencial).

Faça sua inscrição no formulário abaixo e participe:

Aula aberta com Kiko Goifman Read More »

Join Waitlist We will inform you when the product arrives in stock. Please leave your valid email address below.
Academia Internacional de Cinema (AIC)
Privacy Overview

Utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar este site, você aceita nossa Política de Privacidade e Política de Cookies.