Flávia Rocha, poeta, editora da Revista americana Rattapallax e fundadora da AIC, é destaque na Revista literária portuguesa Sítio. Flávia é autora dos livros “Quartos Habitáveis” (Confraria dos Ventos, 2011) e do livro de poemas bilíngue “A Casa Azul ao Meio-dia/ The Blue House Around Noon” (Travessa dos Editores, 2005). A entrevista na revista portuguesa, mostra além da autora, fala de seus trabalhos e também do Curso de Criação Literária da AIC, criado por ela em 2007.
Em um trecho da entrevista, Flávia fala do curso que criou: “introduzi o curso de Criação Literária da Academia Internacional de Cinema em 2007, tentando reproduzir a oportunidade incrível que eu tive no meu mestrado na Columbia University. Eu queria que outras pessoas, no meu país, pudessem experimentar esse tipo de processo criativo orientado. O domínio da escrita de poesia é uma habilidade que a gente desenvolve, como é com tudo em arte. Talento espontâneo precisa ser cultivado. O autodidatismo é um caminho possível, mas o papel do professor, do mentor, do editor é e sempre foi essencial na história da literatura. O programa da AIC já passou por diversas transformações e teve diversos escritores como coordenadores, que trouxeram suas próprias ideias e métodos. Hoje o curso é coordenado pela escritora Verônica Stigger, excelente romancista da nova geração, e outros quatro ótimos escritores integram o curso (Bruno Zeni, Fabrício Corsaletti, Ricardo Lísias e Tiago Novaes), além de escritores convidados para palestras e aulas especiais. O curso tem sido uma experiência rica para todos os envolvidos, alunos e professores, e tem ajudado— juntamente com o boom de workshops no Brasil— a organizar e a fomentar uma nova geração de escritores. Sei que sou mais que suspeita para dizer, mas o legal do curso da AIC é que é mais do que um workshop, é um curso abrangente, com um programa integrado, que põe o aluno em contato com diversos escritores e gêneros. Tem esse efeito de mergulho num universo mais amplo”, conta.
Para ler a entrevista completa acesse o site da Revista Sítio.
A próxima turma do curso de Criação Literária começa dia 04 de março.
“Uma mulher, de aproximadamente 45 anos, fuma e analisa um papel, uma multa de trânsito, ao pé da escada de sua casa. A mulher esbraveja, se revolta com a multa. Em frente a ela, um homem, também de 45 anos, está escorado no batente da porta e segura um buquê de flores (…)”.
Essa é a primeira cena do curta-metragem criado pelos alunos da última turma do curso de Direção de Fotografia Avançada. Todo o roteiro do filme foi pensado para que os alunos pudessem vivenciar e explorar diferentes ambientes e tipos de iluminação. Algumas cenas acontecem dentro de casa, outras são externas, com luz natural, além de cenas rodadas a noite.
Além das questões dos ambientes e da iluminação, outro diferencial do filme é que parte dele foi gravado em HD e parte em película. “Além de afetar diretamente a linguagem do filme, o uso das duas tecnologias, faz com que o aluno entenda as diferenças de cada uma, faz parte da dinâmica das aulas do curso trazer a teoria para a prática”, conta Lúcio Kodato, professor e coordenador do curso.
O curso de Direção de Fotografia Avançado dá continuidade ao curso de Direção de Fotografia e, além de aprofundar o olhar para o universo visual do cinema, o aluno tem contato com experientes Diretores de Fotografia atuantes no mercado, podendo assim aprender as técnicas e conceitos mais novos usados no cinema brasileiro e internacional. O curso é dividido em três módulos – Pré-Produção, Captação e Finalização – e conta com diversas aulas práticas dentro e fora da escola, como visitas a sets, estúdios, locadoras de equipamentos e empresas de finalização.
Confira a entrevista com Lúcio Kodato, Diretor de Fotografia e coordenador do curso da AIC e conheça um pouco mais sobre ele e a dinâmica do curso…
Quem é Lúcio
AIC – Quais veículos já trabalhou como fotógrafo?
L.K.: Grupo Estado: O Estado de S.Paulo, Jornal da Tarde, Jornal de Esportes; Bondinho.
AIC – O que te levou para o mundo do cinema?
L.K.: Convite para ser o “still” do filme “Cordélia Brasil”.
AIC – Cite 3 projetos que participou.
L.K.: Xingu/Terra, Canta Maria, Maré Nossa História de Amor
AIC – Prêmio que se orgulha de ter ganhado?
L.K.: Melhor fotografia no Festival de Brasília com o doc Xingu/Terra
Curso de Direção de Fotografia Avançado
AIC – Para fazer o curso de Direção de Fotografia Avançado o aluno precisa ter uma base de fotografia, certo? Quais conhecimentos ele precisa para ingressar na turma avançada?
L.K.: Sim, o conhecimento teórico e prático da base fotográfica é fundamental para um melhor aproveitamento do Curso Avançado. Ter noções das ótica (lentes), luz (iluminação) e básico de vídeo.
AIC – Muitas das aulas do curso são fora da AIC, em produtoras parceiras. Como é a dinâmica dessas aulas? E quais são os lugares que serão visitados neste semestre?
L.K.: As parceiras no nosso projeto são locadoras de equipamentos, laboratórios cinematográficos e digitais (casas de pós-produções). Algumas das empresas de equipamentos são: Barcelona Filmes (movimentos de câmeras), Locall e Cinecidade. (iluminação e maquinarias), Cinecolor Digital e DOT (laboratórios) e as parcerias com a Sony e Panasonic (câmeras).
AIC – O curso é dividido em três módulos: pré-produção, captação e finalização, como no processo de produção de um filme. Resumidamente, quais são as principais funções do diretor de fotografia em cada uma dessas etapas de um filme?
L.K.: As responsabilidades do Diretor de Fotografia nessas etapas da produção são fundamentais para um bom encaminhamento na adaptação da linguagem escrita (roteiro) em qualquer projeto audiovisual.
AIC – Nos filmes, além do Diretor de Fotografia, quais outros profissionais estão envolvidos diretamente na fotografia do filme?
L.K.: A Direção de Arte é um departamento importantíssimo no processo. O assistente de câmera, operador de câmera, logger, DIT (técnico em imagem digital), eletricistas, maquinistas, editores, coloristas e finalizadores são hoje a equipe de profissionais envolvidos na fotografia.
AIC – Ao terminar o curso, o aluno estará apto para trabalhar em quais tipos de produção?
L.K.: Acredito que ao término do Curso os alunos sentirão confiança em enfrentar os desafios dessa fascinante profissão e que com o acúmulo das experiências adquiridas nas vivencias os levarão à satisfações do ofício.
A próxima turma do curso começa dia 09 de março. Para saber mais, clique aqui.
* Fotos de Alessandra Haro: aulas de Direção de Fotografia Avançado
A terceira e mais esperada noite da Semana de Orientação, contou com a presença da escritora, diretora e roteirista argentina Lucía Puenzo. Com o seu espanhol ligeiro, a palestrante cativou os convidados falando sobre literatura e cinema argentino. “A literatura e o cinema são áreas muito distintas. As pessoas acham que são semelhantes, mas não, são processos criativos muito diferentes. Quando escrevo literatura, não sigo um planejamento, escrevo em torno de uma página por dia, mas não sei onde aquilo vai parar, não tem um final pronto. A literatura pra mim é como trabalhar com música, tem um ritmo é um processo de digressão. Já o cinema, em geral, você sabe onde termina, tem várias versões do roteiro, existe toda uma estruturação, muito mais gente trabalhando em volta daquela nova ideia. Quando eu vejo uma nova ideia, eu já sei exatamente se aquilo é literário ou cinematográfico”.
Lucía confessou gostar mais de escrever roteiros e literatura do que de dirigir filmes. “O roteiro é extremamente importante, especialmente quando os filmes não são protagônicos, guiados por um protagonista. Eu gosto muito do cinema de Lucrecia Martel, pois seus filmes parecem um romance, ela trabalha obsessivamente no roteiro, seus roteiros têm 45 versões. Ela consegue trabalhar com aromas, com tons e sons e todas essas questões já estão no roteiro e são muito trabalhadas com toda a equipe”.
Além de roteiro e literatura, Lucía destacou questões sobre preparação de atores, adaptação de literatura para cinema e principalmente sobre como é roteirizar e dirigir seus próprios filmes. Mas, o que mais chamou atenção de todos, foi o polêmico e delicado filme de Lucía, “XXY”, exibido no estúdio da AIC, horas antes da palestra. Quem não conhecia o trabalho da diretora virou fã e quem já conhecia, não via a hora de conversar ao vivo com ela.
O longa-metragem “XXY” mostra a difícil relação de Alex, uma adolescente hermafrodita de 15 anos, que vive com os pais numa casa isolada nas dunas do litoral uruguaio. Um dia a família recebe a visita de um casal de amigos e seu filho Álvaro, de 16 anos. O visitante, que é cirurgião plástico, tem interesse em “ajudar” Alex, porém, ninguém conta com a inesperada atração que acontece entre os dois jovens.
Lucía revelou que o maior trabalho do filme foi encontrar e escolher atores com mais de 18 anos que aparentassem serem adolescentes e que o processo de casting demorou mais de 8 meses. “Depois de encontrar os atores, tivemos um grande trabalho para prepará-los, porque mesmo com o rosto e o corpo de adolescentes, eles tinham 24 anos e pensavam como jovens de 24 anos. Ou seja, foi preciso fazer eles voltarem no tempo”.
A palestra, que mais pareceu um agradável bate papo, acabou com a roteirista contando sobre dados mais técnicos da produção de “XXY” que ganhou mais de 20 prêmios, entre eles o Grand Prix da Crítica no Festival de Cannes 2007. Contou, por exemplo, que o filme custou 800 mil dólares, o tempo de produção do roteiro foi de 6 meses, de filmagem foram 5 semanas e o projeto todo demorou cerca de dois anos para ficar pronto.
O último dia da Semana de Orientação começou com a exibição dos filmes “Professor Godoy”, “Hattari” e “O Homem na Neblina” e seguiu com um bate papo descontraído entre convidados e os diretores dos filmes, os ex-alunos Gui Aschar e André Neves.
Gui e André, que hoje trabalham juntos na Locomotiva Filmes, ressaltaram as vantagens de fazer filmes quando se está no meio acadêmico. Falaram também da importância de investir nos curtas feitos como projeto final “esses filmes são nosso cartão de visita, são eles que abrem muitas portas”, conta Gui Ashcar. E, finalizaram contando sobre suas inspirações, referências, os detalhes das produções, os prêmios que já conquistaram e do tanto que trabalharam para atingir os melhores resultados. “É um pouco de luxo achar que você vai conseguir tudo o que quer para gravar uma cena. Você trabalha com o que você tem. Filma na estrada que conseguiu e dentro da realidade tenta achar os melhores ângulos, tenta tirar o melhor daquela estrada”, finaliza.
A segunda parte do evento contou com a palestra do pesquisador argentino Roque González, que foi consultor no INCAA (Aincine da Argentina) e na Fundación del Nuevo Cine Latinoamericano e hoje é consultor da Unesco.
González falou sobre indústria cultural, mercado de cinema, dificuldades de exibição nas grandes salas e altos custos das produções. Forneceu um panorama supercompleto sobre a evolução da produção de filmes por país da América Latina, mostrando o crescente número de filmes produzidos. Revelou, por exemplo, que Brasil e Argentina juntos lançam cerca de 100 filmes todo ano e que o México conta com 5 mil salas de cinema, contra 2,5 mil no Brasil e 900 salas na Argentina.
Roque também questionou os convidados: “se a produção vem crescendo, a quantidade de investimentos e financiamentos também, porque se vê sempre tão poucos filmes e sempre a mesma coisa”? Ele mesmo responde, pedindo que todos reflitam sobre a importância de reservar parte do orçamento das produções para a distribuição do filme.
O diretor curitibano Fernando Severo foi o convidado da segunda noite da Semana de Orientação. Severo, que começou a fazer cinema ainda na década de 1980, contou um pouco sobre sua experiência em edição, direção e roteirização de curtas e longas-metragens e sobre as dificuldades de fazer filmes antes mesmo de existir o videocassete. “Também sou professor e vejo os alunos, principalmente da Universidade Pública em que leciono, reclamar da estrutura, dos equipamentos, da falta de recurso, disso, daquilo. Eu enxergo de uma outra perspectiva e acho que os alunos de cinema de hoje são privilegiados. Eu comecei a fazer cinema em Super8, época em que ninguém patrocinava sequer uma revelação de película e que todo o processo técnico era muito caro. Além disso, tudo era centrado em São Paulo, tinha que deslocar equipamento, equipe… A perda do rigor do cinema, que vocês vivenciam hoje, é uma das maiores vantagem da geração de vocês”, defendeu Severo.
Fernando Severo foi mais longe e agitou o estúdio da AIC, deixando os puristas de plantão de “cabelo em pé”, ressaltando as vantagens da revolução digital, das novas tecnologias, da internet e das redes sociais. “Hoje existe câmeras como a 5D, por exemplo, que permitem filmar com profundidade de campo e com uma excelente qualidade. A queda das fronteiras audiovisuais, do que é cinema, do que é videoarte, precisa ser visto com um pouco mais de otimismo. Deve ser um ponto positivo, não negativo. O público não está focado na qualidade técnica absoluta, não exige 35mm… Além disso, você pode mostrar seu trabalho mundialmente, a internet tá aí pra isso”, afirmou o diretor.
Da mesma forma que Thais Fuji, no primeiro dia do evento, Severo também aconselhou o público a “saber vender” seus filmes, e “voltar ao passado para produzir o futuro”, ou seja, conhecer tudo o que já foi feito de bom, ter referências, assistir aos clássicos e sempre pesquisar e estudar muito. Ele também defendeu o meio acadêmico como um ambiente propício às ideias produtivas. “É muito bom estar em um meio pensante, onde você encontra pessoas que podem fazer parte da sua equipe”. Ele arrancou risos da plateia ao falar, por exemplo, que a cantina é um dos lugares mais importantes de uma escola, pois lá é onde se debate o assunto da aula, onde existe discussão, troca de ideias, de pensamentos.
Para terminar, o diretor dá duas dicas. A primeira: “Se você produziu algo bom de verdade, não seja modesto. Não pense que alguém irá te ajudar. O mundo é muito competitivo e o universo do cinema é gigantesco. Não pense que o filme irá se vender sozinho ou que alguém irá descobrir você”. A segunda dica, que talvez seja mais uma questão para reflexão pessoal de cada um: “O que você quer dizer? Que tipo de carreira você busca? A meu ver, a coisa mais difícil do cinema hoje é ter o que dizer. É a fragilidade dos conceitos, a dificuldade de falar sobre o mundo, de focar, de falar sobre um assunto. Por isso você precisa saber muito bem o que quer dizer e que tipo de carreira quer trilhar”.
Diversos curtas-metragens produzidos por alunos do FILMWORKS – o curso técnico em direção cinematográfica da AIC-, irão ao ar no Canal Universitário nos próximos dias, no programa Curtas e Mais Curtas. Os filmes passarão em três edições do programa, confira a programação:
Curtas e Mais Curtas # 07 irá ao ar pela primeira vez no dia 02/02 às 15h30 com os filmes: “Professor Black”, “Fechadura # 09”, “Meio Sarará” e “Monasterii”. Para quem perder os filmes no dia 02, ainda poderá ver a reprise do programa nos dias 06/02 às 04h00, nos dias 09/02 às 15h30 e 11/02 às 09h00.
Curtas e Mais Curtas # 08 será exibido primeiramente no dia 03/02 às 04h00 com os filmes “Ponto Cruz”, “O Estado da Prioridade” e “Dois Goles de Conhaque e um Perfume Qualquer”. As reprises acontecerão nos dias 06/02 às 20h00, 07/02 às 08h30, 10/02 às 04h00, 13/02 às 04h00 e 16/02 às 15h30 .
Curtas e mais Curtas # 09irá ao ar no dia 13/02 às 20h00 com os filmes: “Cineminha”, “Completo”, “Cidadão Classe A” e “Professor Godoy”. As reprises acontecerão nos dias 14/02 às 8h30 e 17/02 às 4h00.
“A parceria com o canal é uma entre tantas que a AIC preza e sempre corre atrás, é importante veicular os filmes na mídia, em canais abertos e fechados. Muitas vezes, pelo fato de serem filmes estudantis, não é dado o devido crédito a eles. Sem esse tipo de iniciativa bons filmes ficariam relegados a pequenas exibições e ao arquivo pessoal dos alunos”, conta David Corredato Takata, Coordenador do Departamento de Comunicação da AIC. Além dessa parceria com o Canal Universitário, outras parcerias já foram realizadas como os projetos de trainee com grandes produtoras, entre elas a O2 Filmes e a Conspiração. “Um novo departamento voltado exclusivamente para apoiar alunos em festivais de cinema nacionais e internacionais também foi criado”, revela David.
Há 15 anos no ar, o Canal Universitário é conhecido por oferecer programas educativos e culturais. Sua programação baseia-se em debates, entrevistas, documentários e revistas jornalísticas de interesse geral.
O Canal Universitário de São Paulo pode ser sintonizado por todos os assinantes de TV a cabo pelas operadoras: NET (Canal 11- digital e analógico), TVA (Canal 71), TVA Digital (canal 187) e pelo site http://www.cnu.org.br. Toda programação também pode ser conferida pelo site da TV UNIESP: www.uniesp.tv.br/cnu.asp.
*Foto dos Filmes: Ponto Cruz, Dois Goles de Conhaque e Um Perfume Qualquer e Meio Sarará