No próximo dia 19, a cineasta e professora da Academia Internacional de Cinema – Lina Chamie, estará na AIC para palestra de abertura do novo Curso de História do Cinema Mundial. A aula, que acontecerá às 20h, é aberta ao público e gratuita. Para se inscrever basta preencher a ficha de inscrição no final do post.
Lina Chamie promete usar da sua experiência prática para falar da construção da gramática cinematográfica e da organização de imagem e som sob o ponto de vista histórico. “Como a aula abre o curso de História do Cinema, a ideia é aliar os conhecimentos históricos da diretora para mostrar como eles podem ser aplicados em filmes contemporâneos. É importante ter referências, ter um olhar embasado antes de partir para a prática, como ressaltaram os críticos franceses da Nouvelle Vague, que depois se tornaram os pilares do movimento”, conta Franthiesco Ballerini, coordenador e professor do curso.
Lina Chamie
Cineasta paulista, nascida em 1962, começou a carreira no cinema com o curta-metragem “Eu Sei que Você Sabe” (1995). Estreou na direção de longa-metragem com “Tônica dominante” (2001), filme que traz a música como tema central. Seu segundo e premiado trabalho foi o longa “Via Láctea” (2007), exibido na Semana Internacional da Crítica do Festival de Cannes e vencedor do Prêmio Casa de América no Cine en construcción San Sebastián 2006. Lina estudou música e filosofia na Universidade de Nova York (NYU) e fez mestrado na Manhattan School of Music.
O Curso de História do Cinema Mundial
O curso abrange linguagem, estética e história do cinema, trazendo um panorama aprofundado sobre os grandes acontecimentos da história do cinema nos principais países do mundo. Além da história, o curso tem como objetivo treinar o olhar do aluno para entender os códigos e técnicas do cinema-arte, por meio da contextualização histórica do cinema, suas principais correntes, aliado a trechos de filmes e estudo dos grandes diretores. Para saber mais sobre o curso clique aqui.
Aula aberta e gratuita do Curso de História do Cinema Mundial
Dia 19 de agosto de 2013 às 20h. Na AIC – Rua Dr. Gabriel dos Santos, 142.
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Assista a entrevista com Lina Chamie no programa Sala de Cinema da SESC TV:
No próximo dia 10, Cristiano Burlan, diretor do documentário vencedor da última edição do maior festival de cinema documental da América Latina, o É Tudo Verdade, estará na AIC para aula – aberta e gratuita – do Curso de Documentário. A aula acontecerá às 15h e contará com a exibição do documentário “Mataram Meu Irmão” – vencedor do prêmio, seguida de bate papo com o diretor. (Para participar, basta fazer sua inscrição no final da página).
O Documentário
“Mataram meu Irmão” reconstrói, por meio de relatos de parentes e amigos, o assassinato de Rafael Burlan, irmão de Cristiano, morto com sete tiros, em 2001. Além de uma jornada pessoal, o filme retrata a violência de bairros da periferia paulista, como o Capão Redondo, onde ele morava com a família.
Todo semestre, a coordenadora do curso de Documentário da AIC, Ilana Feldman, escolhe um documentário para ser exibido na abertura do curso. “O filme me deixou imensamente tocada. É um filme necessário, que precisa ser visto”, comenta Ilana ao falar sobre a escolha do documentário para esta edição.
Cristiano Burlan, gaúcho de Porto Alegre, fez o curso FILMWORKS na Academia Internacional de Cinema é Diretor de Cinema e Teatro. Em Barcelona dirigiu o Grupo de Cinema Experimental Super-8 e o Grupo de Teatro A Fúria. Entre os seus trabalhos estão os curtas-metragens “A Espera”, “Opus Hamlet Machine” — que participou do Festival Cine Esquema Novo, “Os Solitários”, “4:48 am”— que participou do Festival Internacional de Curtas de São Paulo e “Lucrecia”, presente na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Também dirigiu os documentários “Construção” que esteve em competição no É Tudo Verdade, e participou do Festival de Cinema de Havana. Dirigiu o média-metragem “Dissonante” e seu primeiro longa-metragem “Corações Desertos” esteve na Seleção Oficial da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Aula aberta e gratuita do Curso de Documentário
Exibição do documentário “Mataram Meu Irmão” e bate papo com diretor Cristiano Burlan.
Dia 10 de agosto de 2013 às 15h.
Na AIC – Rua Dr. Gabriel dos Santos, 142.
O novo curso de stop motion da AIC vai de 30 de setembro a 11 de outubro de 2013, de segunda a sexta, das 19h30 às 22h30.
Já pensou em dar vida para seres inanimados?
No mundo do audiovisual, existe uma técnica básica que dá movimento às imagens estáticas. E o nome dela é stop motion.
A partir do final de setembro, a AIC vai promover um rápido curso noturno para ensinar esta linguagem (clique no link curso para acessar a página com mais informações), mostrando como ela acontece na teoria e na prática!
As aulas serão dadas pela cineasta e artista plástica Natália Machiaveli (clique no nome para ver o perfil da professora).
SOBRE O STOP MOTION
A ideia parte do princípio de que ao colocar na montagem quadro a quadro, fotografias em sequência, ganha-se o poder de dar vida a objetos inanimados. O efeito acontece graças ao chamado fenômeno da persistência retiniana, que nos dá a ilusão de a imagem produzir um movimento contínuo durante a história.
Cena do curta “A Viagem à Lua”, de Geoge Meliés.
As origens do stop motion remontam ao mágico francês George Meliés, que adaptou seu trabalho de ilusionismo para o cinema, tornando-se responsável pelas primeira animação usada num filme, o clássico e pioneiro curta “Viagem à Lua”, de 1902 (clique aqui para assistir).
A partir de então, a linguagem que nasceu de forma simples e rudimentar, ganhou cada vez mais espaço no mundo audiovisual.
Com o passar do tempo e o desenvolvimento tecnológico, as produções de animação ganharam muitos recursos, graças à incorporação de novas técnicas trazidas pela realidade digital. O uso maciço da computação gráfica na produção de filmes, nos últimos 25 anos, criou um mercado para além do cinema, invadindo áreas como a publicidade, videoclipes etc. Por outro lado, mais recentemente com a popularização das câmeras digitais e o crescente acesso à web, as formas de produção e veiculação deste formato estão acessíveis a qualquer um.
Pensando no interesse cada vez maior sobre o mundo da animação, a partir de sua técnica mais básica, surgiu o novo curso de stop motion da AIC: uma excelente maneira de aprender, na prática, todas as etapas de produção de um filme – da criação do roteiro à escolha dos personagens, cenários, fotografia, montagem e finalização de uma história audiovisual. Não esquecendo, é claro, da utilização da mecânica usada em diferentes tipos de animação.
“A gente percebe esse boom do mercado nos últimos anos e tem uma demanda boa para o aprendizado nessa área de stop motion”, diz Frantiesco Balerinni, coordenador de cursos da AIC. A ideia do novo curso, segundo ele, é trabalhar de forma prática os conceitos audiovisuais para criar pequenos filmes de até dois minutos. “Se tudo der certo, este será o nosso primeiro passo para, quem sabe, iniciar com cursos mais focados e desenvolvidos especificamente para o universo da animação”, completa.
Responsável pelo curso de stop motion da AIC, a cineasta e artista plástica Natália Machiaveli é graduada pela conceituada academia holandesa “Gerrit Rietveld Academy”. Na entrevista abaixo, ela explica um pouco mais sobre as aulas, a experiência dela e passa algumas referências de vídeos em stop motion.
A ENTREVISTA
AIC – Como será o conteúdo do novo curso? Para quem ele foi pensado?
Natália Machiaveli: O conteúdo do curso começa pela técnica básica da mecânica de movimento de animação (que é a mesma teoria para todos os tipos de animação). Depois da teoria, pretendo passar o conteúdo de forma prática. Vamos criar um filme de 1 a 2 minutos (lembrando que cada segundo de filme exige ao menos 12 fotos), para isso vamos discutir as ideias, fabricar os objetos a serem manipulados, produzir o set de gravação e animar! Durante o processo é que surgem as dificuldades técnicas e vamos pontuando as questões a medida que elas aparecem. Em princípio, pensamos num público formado por jovens acima dos 14 anos e adultos de todas as idades, que sejam pessoas interessadas em cinema e arte, com ideias, questões e vontade de produzir.
AIC – É preciso ter experiência anterior ou mesmo equipamento próprio?
N.M.: Alguns alunos já vêm com experiência em fotografia, ou em iluminação, em direção, em roteiro, todas essas são partes importantes ao produzir um filme e irão somar certamente. Mas não é um requisito que o aluno tenha experiência, mesmo porque acredito que esta oficina seja uma ótima porta de entrada ao cinema assim como à animação. Quanto ao equipamento, é preciso ter uma câmera fotográfica e de preferência um tripé.
AIC – Fale um pouco sobre o seu processo de trabalho e como o stop motion se encaixa no seu perfil, que inclui formação em música e artes plásticas.
N.M.: Sempre fui muito interessada em diferentes mídias da arte. Desde menina estudei música, artes plásticas, poesia, atuação, e mais tarde, na academia de arte, o audiovisual. Nunca deixei de praticar nenhuma delas e o stop motion apareceu naturalmente da mistura de todas estas técnicas. Era uma maneira de pensar em grandes produções, mas que podiam ser executadas em pequena escala. Uma técnica na qual podia usar minhas habilidades plásticas manuais, pensando na fotografia para vídeo.
Dar vida a objetos que eu fabrico é uma delícia! Muitas vezes componho as trilhas sonoras dos filmes antes de começar a animação. A música sempre me inspira. Quando criei a oficina foi também pensando nas possibilidades que decorrem de aprender uma técnica de animação mais manual. É um fazer da animação mais próximo ao cinema, por ser físico. É preciso pensar na câmera, posicioná-la e calcular seu movimento, pensar em iluminação, cenário, manipular os objetos.
Gosto muito de fazer animação, mas tenho curtido também passar a técnica pra frente e observar como as diferentes mentes criativas que participam do meu curso a desenvolvem.
AIC – A aplicação da linguagem do stop motion pode ser usada em muitas mídias diferentes hoje em dia, né?
N.M.: Sem dúvida. A web é uma plataforma incrível, nela se pode ver e divulgar muita coisa. Há muitos festivais de animação inclusive acontecendo virtualmente. Alguns deles sequer existem fora da internet. Há também muitos vídeos publicitários circulando na web e na TV que fazem uso de animação stop motion. Muitos vídeo clips também. Na TV, animações atuais ,como Pingu entre outras, são gravadas inteiramente em stop motion.
AIC – Qual sua principal referência, o que te inspira no mundo da animação? N.M. – Para mim os mestres russos da animação foram sempre uma grande fonte de inspiração. Tem quatro DVDs que têm animações produzidas entre 1960 e 1990. A técnica mais antiga também é bastante ousada. No quisito estético, minha linha é bastante diferente, inspirada em diversas outras referências, mas gosto da maneira como eles utilizavam os materiais para falar algo sobre o conteúdo da animação. Vão aí alguns exemplos, mas é muito difícil encontrá-los online, assim, passo apenas os três que encontrei. São eles:
Dream, de Nina Shorina (1988)
AIC – Você poderia passar algumas outras referências, mais de mercado, de stop motion que considera bacanas?
N.M.: Claro! Na questão do uso do stop motion em publicidade, este vídeo é um bom exemplo:
Há também os clássicos de TV, como “Wallace & Gromit”, que resistem ao tempo por sua qualidade artística.
No âmbito do cinema, acredito que o filme “Fuga das Galinhas” tenha tido um importante papel em trazer de volta o stop motion para as telonas.
Uma modalidade bem interessante de stop motion é aquele que interage com o espaço, como esta pintada nas paredes da cidade, do artista Blu.
Não se esqueça, as inscrições já estão abertas!
O curso de stop motion da AIC começa no dia 30 de setembro.
Saiba mais aqui.
Créditos: Reportagem e edição: Paulo Castilho. Fotos e vídeos: AIC, aquivo pessoal e internet.
Ex-aluna, Carol tornou-se bem-sucedida empresária no mercado de animação.
Em 2005, a ex-aluna Carol Frattini e a AIC (Academia Internacional de Cinema) começaram praticamente juntos! Ela, com apenas 18 anos de idade e recém-saída do colégio, iniciava os estudos na área audiovisual como aluna da segunda turma do curso Filmworks, da AIC. Na época, a escola recém-fundada ainda funcionava na capital paranaense, Curitiba. No ano seguinte, ambos vieram para São Paulo.
“Naquele tempo, eu ainda nem trabalhava! Fui fazer AIC porque queria estudar cinema, mas nunca tinha chegado perto de uma câmera. O meu pai viu uma propaganda da AIC em um jornal, daí decidimos que eu mudaria para Curitiba no ano seguinte para fazer o curso. Não conhecia filmes importantes e não fazia ideia do que era a linguagem cinematográfica. Aprendi na AIC desde o bê-a-bá.”, relembra Carol.
Em pouco tempo, a produtora conquistou o mercado nos EUA.
Buscando ir além do que havia aprendido nas aulas do Filmworks, Carol decidiu incrementar o currículo e buscou especialização num curso superior em Animação. E foi assim que, numa rápida trajetória profissional, ela conseguiu o primeiro emprego na área e acabou se tornando dona do próprio negócio, na produtora 44 Toons.
“Os dois cursos foram complementares para minha formação. Comecei a pegar gosto pelo mundo da animação nessa função de produzir, captar e tudo mais. Foi então que um professor meu, Ale McHaddo, dono da produtora, me chamou para ser assistente dele. Dois anos depois, ele e sua esposa, a Melina Manasseh, que também é produtora executiva da 44, me ofereceram parte da sociedade.”
Na época, a 44 Toons já era uma produtora de animação reconhecida, com várias premiações recebidas em festivais brasileiros e internacionais. Entre essas produções destacam-se: “A Lasanha Assassina” (2002), curta premiado pela ABC (Academia Brasileira de Cinema); e “Osmar, a Primeira Fatia do Pão de Forma” (2008), que ganhou o prêmio “Kid’s Jury” de melhor piloto para 11-14 anos na MIPCom 2009 (Cannes, França) e mais tarde virou o piloto de uma série que será lançada em breve.
Com foco no público infantil/família, a 44 Toons fez as apostas certas para conquistar espaço no mercado de animação, tanto aqui quanto no exterior. Mesmo sem receber nenhuma lei de incentivo, decidiram produzir o primeiro seriado de TV, “Nilba e os Desastronautas”, numa coprodução com a Fundação Padre Anchieta, que estreou em 2010 na TV Rá-Tim-Bum.
Na história, um menino de 9 anos comanda uma nave perdida na Lua Ervilha e tenta voltar à Terra. A aposta deu tão certo que, atualmente, acaba de expandir as fronteiras para fora do Brasil!
“’Nilba’ é a primeira série 100% brasileira a ser exibida nos EUA! Hoje, além da TV Rá-Tim_Bum, também está na grade da TV Cultura, do canal Gloob e da TV Brasil. Agora no canal a cabo Starz, o terceiro maior canal a cabo norte-americano, atingirá mais cerca de 30 milhões de pessoas.”, diz Carol, orgulhosa dos frutos já colhidos.
A trajetória bem-sucedida das empreitadas em animação ainda promete novas colheitas em breve para nossa ex-aluna!
Para este ano, a 44 Toons se prepara para novos lançamentos! Em outubro, deve lançar a série Osmar, a Primeira Fatia do Pão de Forma. A coprodução com a Globosat deve ser veiculada tanto na tv a cabo (Gloob) como em emissora aberta (TV Cultura). Destaque para as vozes dos protagonistas (Osmar e seu melhor amigo Steevie), dublados respectivamente pelos atores Marcius Melhem e Leandro Hassum, facilmente identificáveis como a dupla do seriado da TV Globo “Os Caras de Pau”.
Já em 2014, os planos são ainda mais ambiciosos e incluem projetos além da telinha: “Ganhamos editais para produzir as séries “Tordesilhas” (que terá o piloto produzido ainda este ano) e “Bobolândia Monstrolândia”, que começa a ser produzida no ano que vem.”, conta Carol.
Nas telonas, ela diz que pretende lançar o primeiro longa da produtora para o cinema: “BugiGangue no Espaço”, uma ficção científica produzida em 3D, com referências ao universo ‘nerd’. Em 2010, a 44 Tons foi a pioneira nacional da animação em terceira dimensão ao lançar a versão curta-metragem da história (veja o cartaz ao lado).
A obra é inspirada em Gustavinho, um dos personagens mais antigos da produtora, protagonista de um dos jogos nacionais mais vendidos de todos os tempos, e que hoje já está presente em multiplataformas – dos desenhos e HQs, aos games para celular e tablet, passando pela internet e televisão.
“Ah, e teremos também para o ano que vem o longa do Osmar, na versão 3D, em fase de pré-produção.”, completa a ex-aluna da AIC.
Aos colegas que gostam de animação e hoje estudam cinema, Carol deixa algumas dicas para ingressar o mercado, relembrando sua recente trajetória, desde tempo em que ainda era uma estudante (veja nas fotos a seguir):
Em frente à antiga sede da AIC, em Curitiba (PR).
“Eu não sabia nem como funcionava um set de filmagem, que profissionais existiam e muito menos o que eu queria fazer. Só tinha certeza que eu queria fazer filmes, de um jeito ou de outro! Com o tempo, fui experimentando as diversas funções – e nisso a AIC foi exemplar – e fui descobrindo o que eu realmente gostava.
Pra quem quer engrenar no mercado de animação, a coisa mais importante é saber o que se quer fazer: você quer desenhar e animar? Quer escrever projetos em editais e direcionar equipes para realizá-los? Quer escrever roteiros?
Em aula: Carol na ponta direita, de blusa listrada.
É muito importante discernir isso antes de abrir o próprio negócio ou buscar uma vaga formal de trabalho. O dia-a-dia da administração de uma produtora não é nada atrativo para quem quer apenas sentar e animar. E quem procura colocação como animador, tanto 2D como 3D, é importante montar um bom portfólio e conhecer pessoas, seja em festivais ou em cursos da área.
O mercado está aquecido!”, alerta Carol.
Confira abaixo alguns vídeos, referentes às produções da 44 Tons, de Carol Frattini.
“Nilba e os Desastronautas”
“Osmar, a primeira fatia do pão de forma”
Gustavinho, de “Bugigangue”, em:
“Enigma da Esfinge”
Créditos: Reportagem, produção e edição: Paulo Castilho. Fotos: Internet, divulgação e arquivo pessoal.
O diretor e professor da Academia Internacional de Cinema, Cristiano Burlan, acaba de fechar acordo com a Lume Filmes, empresa Maranhense que distribui filmes autorais para mais de 60 salas em 14 estados brasileiros, além de distribuir títulos no mercado de TVs fechadas e abertas, Itunes, Netmovies e outras janelas de exibição. A Lume será responsável pela distribuição do documentário “Mataram Meu Irmão”, vencedor da última edição do É Tudo Verdade.
Frederico Machado, presidente da Lume, disse para o jornalista Edu Fernandes, do site Saraíva Conteúdo, ter visto o filme e gostado muito. E completa, “acredito em suas qualidades e em um potencial de fazer um belo público”. A princípio, o filme será lançado comercialmente em dezembro.
“Mataram meu Irmão” reconstrói, por meio de relatos de parentes e amigos, o assassinato de Rafael Burlan, irmão de Cristiano, morto com sete tiros, em 2001. Além de uma jornada pessoal, o filme retrata a violência de bairros da periferia paulista, como o Capão Redondo, onde ele morava com a família.
Mais Festivais…
O documentário também aumentou a lista de festivais. Ele estava em competição no Festival curitibano Olhar de Cinema e no Cinesul – XX Festival Ibero-Americano de Cinema e Vídeo, que estava acontecendo no Rio de Janeiro. Neste último, ganhou uma menção honrosa de melhor documentário.
Um movimento cinematográfico dos mais ricos já ocorridos no mundo, capaz de abarcar numa mesma corrente diretores tão distintos quando François Truffaut e Alain Resnais. Grandes filmes do movimento, como “Tempo de Guerra”, de Jean Luc Godard, “Muriel”, de Alain Resnais, e “A Carreira de Suzane”, de Eric Rhomer, completam meio século neste ano, celebrando um momento na história do cinema que deixou um legado fundamental para o mundo.
Os efeitos da Nouvelle Vague podem ser sentidos até hoje no cinema-arte do mundo. Iniciado em 1959 com filmes como “Os Incompreendidos”, de François Truffaut, “Hiroshima, Meu Amor”, de Alain Resnais e “Os Primos”, de Claude Chabrol, o movimento atingiu seu ápice há cinquenta anos e perdurou por todos os anos 1960. Sob a tutela do teórico e pesquisador André Bazin, jovens pensadores se tornaram críticos de cinema e migraram suas ideias de um novo cinema para a França na recém-criada revista Cahiers du Cinéma, até hoje a revista de cinema mais importante do mundo. É lá que explicitaram o que chamam hoje de Política dos Autores, uma série de pensamentos que orientariam o cinema francês para um viés mais voltado para a arte, e não apenas entretenimento desapegado da cultura do país. “Pouco mais de uma década antes da Nouvelle Vague, o Neorrealismo Italiano havia sacudido o cinema do mundo inteiro propondo uma nova era para o pensamento audiovisual, propondo filmes cujos sentidos se completariam com a interpretação dos espectadores. Mas foi a Nouvelle Vague que realmente deixou um grande legado, pois seus filmes não falavam apenas de questões sociais, políticas. Cada diretor abarcava temas extremamente pessoais, de uma história simples de um menino desajustado na sociedade até uma homenagem experimental sobre as bombas de Hiroshima e Nagazaki”, comenta o coordenador da Academia Internacional de Cinema, Franthiesco Ballerini, professor do novo curso de História do Cinema Mundial, que será oferecido pelas manhãs na Academia Internacional de Cinema – AIC no próximo semestre, focando um panorama profundo da história do cinema, sem esquecer da análise da estética, técnicas e linguagem dos grandes diretores que concretizaram os principais pensamentos cinematográficos em todos os continentes.
No novo curso de história do cinema, Ballerini e outros professores e palestrantes explicarão, entre outras coisas, como diretores contemporâneos como Walter Salles, Tim Burton, Terrence Malick e Michael Haneke, todos ganhadores de grandes prêmios no mundo inteiro e autores de obras inesquecíveis, devem seu sucesso às experimentações de linguagem de diretores da Nouvelle Vague. “Não se formam grandes diretores de cinema hoje sem que eles tenham referências bem fundamentadas do passado, e isso inclui a Nouvelle Vague. Curiosamente, eram os diretores do movimento francês que pregavam o fim da escada artesanal de formar diretores, ou seja, de que um grande diretor necessariamente deveria começar por níveis hierárquicos mais baixos na cadeia cinematográfica antes. Ao contrário, Truffaut, por exemplo, dizia que a técnica se aprendia em algumas horas, mas as referências artísticas e cinematográficas podem levar anos, por isso mesmo ele começou como grande estudioso de cinema, devorando livros e consumindo grandes filmes, passou a ser crítico e então cineasta. Curiosamente, todos os grandes diretores hoje têm um repertório de referências incrível. Ou seja, a Nouvelle Vague mostrou ao mundo que cinema autoral, antes de saber sobre foco, operação de câmera, luz, precisa saber o que exatamente se quer contar e como contar. O resto é consequência”, completa Ballerini.
*Matéria publicada na Revista ZOOM – ed. 158. Fotos: capa da edição francesa do filme “Os Incompreendidos” de François Truffaut e foto do filme “Hiroshima, Meu Amor”, de Alain Resnais.