André Albregard, atual aluno do quarto semestre do Filmworks, assina a produção executiva da 8ª Mostra Mundo Árabe de Cinema, que acontece em São Paulo e Rio entre 15 de agosto e 16 de setembro. A mostra apresenta cerca de 20 títulos que retratam a realidade social, cultural e política de países árabes e filmes brasileiros e de outros países latino-americanos com temática relacionada à cultura árabe. A curadoria é de Soraya Smaili, reitora da Universidade Federal de São Paulo, e de Geraldo Adriano Godoy de Campos, Diretor Cultural do Instituto da Cultura Árabe, que promove o evento.
Em entrevista à AIC, André Albregard, contou um pouquinho sobre seu interesse em trabalhar na produção de eventos de cinema: “A produção executiva de mostra de cinema foi um meio que encontrei de estudar cinema e conhecer filmes e pessoas que estejam interessadas nessa arte. Fico responsável por coordenar o orçamento do projeto, atender às demandas dos patrocinadores, distribuidores dos filmes selecionados, exibidores, do Ministério da Cultura e dos demais parceiros.”
No ano passado, André teve sua primeira experiência nesta área dentro da própria AIC, como curador do “Tela em Movimento”, um evento promovido pela escola, que traz cineastas e seus filmes para realizar discussões de temas selecionados com os estudantes.
Foto: Filme “5 Câmeras Quebradas”, de Emad Burnat and Guy Davidi
A última noite da Semana de Cinema e Mercado foi leve, descontraída. Sem as amarras e formalidades que sempre engessam os eventos sobre o assunto. Os convidados, Fabio Seixas, Diretor Executivo da Conspiração Filmes e, Lucas Soussumi, coordenador do projeto “Encontro com os Canais”, da Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão – ABPITV, conversaram com os convidados. Em meio ao bate papo mostraram seus trabalhos, contaram cases, falaram sobre mídia, publicidade, transmídia e trouxeram pontos sobre a Lei n. 12.485 e sobre as novidades do mercado.
O tema da noite era Novas Mídias, tendências e oportunidades. Fabio Seixas começou mostrando um pouco dos últimos trabalhos realizados pela Conspiração e foi categórico ao afirmar: “produto que é muito autoral e não conversa com marcas é complexo de vender. Hoje, as marcas são grandes produtoras de conteúdo, elas sabem que os clientes não aceitam marcas que não produzam conteúdo relevante. Por isso, elas precisam falar com o cliente de forma inteligente, caso contrário, perdem cliente”.
Fabio falou bastante das novas mídias, de como integrar e aplicar conceitos corretos e inovadores para cada tipo de mídia e principalmente sobre a importância dos patrocínios para os produtos audiovisuais. Para exemplificar contou como foi a criação da plataforma “Rio Eu Te Amo”. A ideia inicial era ter apenas o filme, mas, como o orçamento era muito alto, criou-se a plataforma, com a intenção de realizar ações e eventos para gerar recursos para o filme. Deu supercerto e as gravações do filme, que segue o formato de “Paris Je t’aime” e “New York I Love You”, começaram essa semana.
Lucas Soussumi contou um pouco sobre a Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão e seus objetivos. Falou sobre o Rio Content Market, um evento internacional de conteúdo multiplataforma e sobre o projeto que coordenada, chamado Encontro com os Canais. “A ideia do encontro é aproximar produtoras associadas e os principais players do mercado, como canais, distribuidores e investidores”. Também trouxe pontos importantes da Lei da TV Paga e falou da importância da capacitação do setor.
Assim terminou a segunda edição da Semana de Cinema e Mercado, com a casa cheia todos os dias, muita informação relevante sobre mercado e distribuição e com aquela vontade de que a próxima edição chegue logo.
O carioca João Worcman chegou cedo na Academia Internacional de Cinema – AIC. Além de participar da Semana de Cinema e Mercado, com o tema “Entrando na TV – como distribuir seu primeiro produto audiovisual”, sua vinda à capital paulista teve outro motivo, participar do Congresso ABTA 2013, o maior encontro do setor de TV por assinatura e banda larga da América Latina. Chegou na AIC entusiasmado, contando as novidades mais quentes do setor e deixando os convidados ligadíssimos em tudo que dizia. A plateia nem piscava.
João revelou tudo que um produtor de conteúdo audiovisual quer saber. Contou como explorar conteúdos independentes, revelou oportunidades e desafios do setor, mostrou planilhas de orçamento e esmiuçou a Lei n. 12.485.
“O modelo de TV linear está velho. Hoje, temos conteúdo em qualquer lugar, em qualquer horário. O espectador consome mais conteúdo e paga por ele. Temos NET Now, Netflix, Itunes, cinema. Olhem quantas oportunidades que vocês produtores têm: são os canais abertos, os canais de TV por assinatura, os serviços de vídeo sobre demanda (VOD), as exibições pública sem cobrança de ingresso (non-theatrical) etc”. Foi assim que João começou sua fala e em seguida mostrou as oportunidades da “nova” Lei da TV Paga. Detalhou as cotas de programação dos canais e das operadoras de TV, falou sobre os mecanismos e fundos de financiamento e sobre a liberação das empresas de Telecom para explorar a TV por assinatura linear.
Uma das dicas importantes da noite foram as questões contratuais com os canais de TV por assinatura, os itens que as produtoras devem ficar atentas na hora de assinar qualquer contrato de licenciamento, como: a questão de exclusividade, o número de exibição e plaudates, se o contrato inclui catch up ou FVOD, a vigência, os formatos dos materiais a serem entregues e o valor da licença. João também revelou alguns valores médios para conteúdos independentes finalizados. Uma hora de documentário, por exemplo, pode valer de 4 a 10 mil reais, para ser licenciado em um canal de TV por assinatura e de 6 a 12 mil na TV aberta. Animação e ficção tem um valor ainda melhor.
Ao falar sobre Fundo Setorial mostrou que o fundo pode financiar até 80% das produções e que os canais podem financiar 15%, se tiverem direito de exibição da obra. “As dificuldades existem. Você precisa conseguir o interesse do canal exibidor, ter uma boa pontuação na ANCINE, sem contar a burocracia da inscrição, da liberação do dinheiro e da prestação de contas”. Contou das dificuldades, mas trouxe dicas de solução. “Proponha sempre projetos relevantes para o canal e sua audiência. Pense bem no custo total do projeto, o FSA busca recuperar seu investimento, projetos de valor muito alto representam maior risco e podem afugentar o fundo. A capacidade de realização, comprovada pela execução de outros projetos, sempre será levada em conta”, finalizou.
O bate papo foi animado e o horário previsto para acabar o evento teve que ser estendido, mesmo assim, João respondeu todas as perguntas, com o mesmo entusiasmo do começo da palestra.
Último Dia
NOVAS MÍDIAS, TENDÊNCIAS E OPORTUNIDADES Com Fabio Seixas, diretor executivo do Núcleo de Produção Audiovisual para Internet e Novas Mídias da Conspiração Filmes, e coprodutor do Creative Mornings, curador do The Shoe Art Project e diretor da plataforma “RioEuTeAmo”; e Lucas Soussumi, coordenador do projeto “Encontro com os Canais”, da Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão (ABPITV), que reúne mais de 340 produtoras do país – a ABPTV é também responsável pelo RioContentMarket, evento internacional sobre produção de conteúdo multiplataforma aberto à indústria de televisão e mídias digitais.
Se você fez sua inscrição, chegue com antecedência para garantir o seu lugar.
Francisco César Filho e Silvia Cruz falam sobre distribuição, sala de cinema e festivais.
Nem os problemas do metrô nem o trânsito enlouquecido das sete horas da noite intimidaram as pessoas. Aos poucos, foram chegando alunos, convidados e curiosos até atingir lotação recorde no estúdio, 130 pessoas. Na varanda da casa antiga – sede da AIC, luzes e flashes, para uma breve entrevista antes do evento. Silvia Cruz e Chiquinho (como prefere ser chamado) chegaram e roubaram a cena e todas as atenções. Não apenas pelo fato de serem os convidados da noite, mas pelo carisma, pela simplicidade e pela eloquência com que falaram do tema proposto, como se estivessem em um café, entre amigos. Esse foi o clima da segunda noite da Semana de Cinema e Mercado. Casa cheia, gente querendo aprender e gente que entende, falando o que sabe.
O tema da noite era Distribuição de curtas, filmes independentes e carreira em festival. Mas o papo foi além. Começou com uma baita aula de história sobre as mudanças ocorridas nas salas de cinema entre os anos 70 e 80. “Até os anos 70 as pessoas consumiam filmes de maneira diferente. As salas eram enormes, ficavam nos grandes centros, lugares de grande circulação de pessoas. O ingresso era ridiculamente barato, era o lazer mais barato da época. Os filmes ficavam meses em cartaz, pois o que os vendia era a propaganda boca a boca. Dentro dessa realidade existia espaço para Truffaut, Bergman e Rossellini. O que muda no final dos anos 80? O centro das grandes cidades não é mais obrigatório, nem sequer agradável. As salas enormes deixam de fazer sentido. A classe média alta migra para os shoppings, lugar de consumo, de entretenimento, não de cultura. O preço do ingresso sobe. No espaço ocupado por apenas uma sala, constroem-se vinte. Com isso, podem-se ter sessões começando o tempo todo. As grandes produtoras começam a focar os filmes nesse público, de shopping, que consume entretenimento, espetáculo, e não arte”, conta Chiquinho.
Por isso os festivais se proliferaram na década de 1990. Pois já não existia espaço para filmes de arte nas salas comerciais, explica. “No começo dos anos 90 existiam em média 22 festivais no Brasil, hoje, são aproximadamente 250. Os festivais acabaram virando uma vitrine de exibição para o realizador e uma das poucas formas de se ver filmes fora do circuito comercial”.
Silvia trouxe todos os exemplos de Chiquinho para a atualidade, ressaltou ainda mais a importância de participar de festivais. “Além de enviar filmes, o realizador precisa ir, precisa estar nos festivais, principalmente se os filmes deles forem selecionados. A troca que existe nos festivais é essencial. Depois que o diretor conversa com o público, a visão das pessoas sobre o filme pode mudar, e isso pode fazer toda a diferença na hora da premiação”.
Silvia também contou sobre os cálculos da distribuição, como ocorrem as porcentagens de distribuição de lucro entre produtor, cinema e distribuidor e revelou curiosidades que todos queriam saber sobre seu último trabalho de grande sucesso “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça Filho.
Chiquinho contou detalhes sobre o Festival Latino-Americano de São Paulo, sobre como faz as seleções dos filmes. Também deu dicas sobre o envio de filmes e a escolha de festivais. “Imagina que um curador de Festival chega assistir 250 filmes em um mês. Você precisa prender atenção de quem está selecionando no primeiro minuto do filme”.
Os dois finalizaram respondendo perguntas sobre cineclubismo, exibição e lançamento de curtas na internet e sobre o trabalho de marketing feito pelos grandes estúdios americanos.
Ao final, a sensação de “quero mais”! Se pudéssemos, todos ficaríamos ali mais uma, duas horas…
Terceiro Dia
Hoje a noite o tema é ENTRANDO NA TV – COMO DISTRIBUIR SEU PRIMEIRO PRODUTO AUDIOVISUAL, com João Worcman, diretor geral da Synapse Produções, uma das principais distribuidoras de conteúdo brasileiro e estrangeiro no mercado doméstico, que atende mais de 200 fornecedores internacionais, entre eles canais como BBC Worldwide e Channel 4.
Se você fez sua inscrição, chegue com antecedência para garantir o seu lugar.
Ontem (05) o estúdio da Academia Internacional de Cinema – AIC lotou. Eram alunos, convidados, produtores e curiosos. Todos em busca de dicas, da “fórmula”, de aprender como e onde captar recursos para seus projetos audiovisuais. A primeira palestra da II Semana de Cinema e Mercado, foi com Gilberto Toscano, advogado especializado em direto audiovisual e do entretenimento, do Cesnik Quintino e Salinas Advogados, eleito o melhor escritório da America Latina em Entretenimento (eleito pelo Chambers and Partners – um dos principais guias da área de Direito no mundo).
Gilberto começou alertando a todos para não pensarem apenas em um projeto, um único filme. “A ideia é ter uma carteira de projetos. Se o primeiro der certo, ótimo, pode ajudar no 2º filme e assim por diante”. Falou da importância do planejamento estratégico, de pensar na distribuição como etapa de planejamento e de pesquisar o que as emissoras querem e precisam.
“O segundo passo é a consistência jurídica do projeto. Para comercializar qualquer produto audiovisual é preciso ter autorizações. Não importa se o ator do seu filme é o Wagner Moura ou seu irmão. Você precisa tratar todos como profissionais que são. Precisa de autorizações dos autores (roteirista, diretor e compositor de trilha sonora), de contratos com a equipe, precisa se preocupar com o direito autoral, direito de autor e direito de imagem e voz”, explicou.
Por último falou bastante sobre tipos de financiamento existentes no mercado, de doação à coprodução, passando por alguns tipos de fundos públicos, como o Fundo Setorial Audiovisual, e fundos privados, como o crowdfunding. Também falou de product placement, cotas mistas e incentivos fiscais.
Uma dica importante foi sobre como identificar possíveis patrocinadores. Gilberto explicou sobre como funcionam as questões de tributações federais, estaduais e municipais. “Tratando-se se incentivos fiscais você primeiro precisa identificar os possíveis investidores do seu filme, saber que tipo de imposto ele mais paga, entender qual o segmento de atividade econômico e qual o tipo de tributo incidente.”, explicou.
Segundo dia
O segundo dia de palestras da II Semana de Cinema e Mercado, acontece hoje e conta com a participação de Francisco César Filho e Silvia Cruz. O tema será Distribuição de curtas, filmes independentes e carreira em festivais. Se você fez sua inscrição, chegue com antecedência para garantir o seu lugar.
Dia 02 de setembro acontece a já tradicional Mostra de Documentário da Academia Internacional de Cinema – AIC, com a exibição das produções feitas pelos alunos do Curso de Documentário do primeiro semestre de 2013.
A Mostra, que acontece todo semestre ao final de cada edição do curso, será no Museu da Imagem e do Som – MIS, às 19h e contará com a presença de professores, alunos e convidados.
Foto documentário “Casa do Povo”
Ilana Feldman, coordenadora do curso, conta que o tema da mostra é o Espaço da Memória, “que engloba a memória individual e a coletiva, o personagem e o espaço, o privado e o político, o presente carregado de passado. Temos seis filmes que compõem a mostra, a partir dos temas e das abordagens as mais diversas. Assim como os filmes realizados, a memória se expressa de maneira sempre heterogênea”, conta.
Julia Feldens, aluna do curso e uma das autoras do documentário “Casa do Povo” – que conta a história da casa de arquitetura modernista construída nos anos 50, no bairro do Bom Retiro, comenta: “o grande mérito do curso é exercitar no aluno um olhar mais sensível, mais afinado, uma percepção diferente sobre o que vemos. Se buscamos sempre o real dentro da ficção, no documentário podemos subverter esse olhar e brincar de achar a ficção no real.” Julia revela ainda que ao fazer o filme descobriu que “sobre qualquer tema podemos achar o extraordinário. Ele está ali pronto para ser descoberto”.
Programação:
Cena de “Dois pra lá… Dois pra cá”
“Dois pra lá… dois pra cá”
Ex-frequentadora de tradicionais bailes de São Paulo relembra momentos marcantes de sua vida enquanto se prepara pra voltar após décadas de ausência. Sua visão romântica é confrontada com relatos de um dançarino que nunca se ausentou dos bailes.
Integrantes: Luiz Augusto Andreoli de Oliveira Dias, Ricardo Augusto Perrone Domingues, Cesar Medeiros e Wellington Rodrigues
“Mão Única”
O filme conta a história de Vera Helena, que desenvolveu um jeito particular de se comunicar com a mãe, vítima de Alzheimer. Quando a doença ainda estava em estágio inicial, dona Antônia ditava para a filha relatos sobre diversas passagens de sua vida. Hoje esses fragmentos de memória ajudam as duas a manter uma ligação muito especial.
Um filme sobre filhos de pessoas com hanseníase internadas em hospitais-colônias. Logo depois do parto, essas crianças eram levadas para abrigos, onde viviam até a adolescência. O documentário resgata as lembranças do isolamento e a busca por reparação.
Integrantes: Daniele Garcia, Juliana Bartorilla, Luisa Pascoareliz, L. C. Bragança de Pina
“Casa do Povo”
Construída nos anos 50 no bairro do Bom Retiro, em São Paulo, a Casa do Povo, de caráter progressista, ainda respira. O vazio revela os estilhaços da memória e projeta novos corpos.
Integrantes: Jean Carlos Corrêa, Julia Feldens, Marília Senlle, Sabrina Haick, Van Der
“Zará”
Uma saudação ao tempo, que passa a seu modo na Cidade Tiradentes, bairro com a maior concentração de conjuntos habitacionais populares da América Latina. Nesse labirinto de grandes muros, a sociabilidade emerge quando três amigos se juntam para falar de poesia e da própria convivência.
Cena de “Zará”
Integrantes: Amanda Kamanchek, Desirée Furoni, Patrick Nóbrega, Fernando Trevisan (Catatau), Rafael Beraldo, Lourival Sant’Anna
“Nuts”
Colecionismo é um tema anacrônico e que sempre desperta muita curiosidade e pontos de vista totalmente diferentes. Há os que acreditam piamente que se trata de uma doença. Outros que veem no colecionismo a porta de entrada para questões ainda mais fortes como o ‘acúmulo exagerado e descontrolado’. Há também aqueles que veem no Colecionismo apenas uma fuga, um escapismo para fugir da realidade. Existem ainda aqueles que vivem para o Colecionismo, existem aqueles que vivem do Colecionismo. DJ NUTS é um exemplo desses: colecionador de vinis que vive o distanciamento temporal e espacial dos discos que coleciona e, no entanto é quem dá a vida a algo que se perdeu no passado.
Integrantes: Ana Raquel Renovatto, Leandro Mantovani, Dimitri Caldeira