Quatro filmes de alunos e ex-alunos da Academia Internacional de Cinema – AIC foram selecionados para o FICBIC – Festival Internacional de Cinema da Bienal de Curitiba. Os filmes concorrem na Mostra Universitária Competitiva nas categorias de ficção e documentário.
Dos quatro filmes, três deles foram enviados pelo Programa AIC nos Festivais – um programa que apoia a participação dos alunos em festivais de cinema, incentivando e o guiando no processo que vai da finalização do filme até a inscrição no festival.
Conheça um pouco mais dos filmes selecionados:
AUSÊNCIA
O documentário autobiográfico, que já passou por mais de nove festivais, conta a história de Jardel Tambani (aluno do FILMWORKS), um filho que após 14 anos da morte do pai volta para a cidade natal, no interior de Santa Catarina, à procura da árvore onde o corpo do pai foi encontrado. “Fico muito feliz do ‘Ausência’ entrar para mais um festival, ampliando sua carreira e possibilitando mais visibilidade e novas discussões a respeito do curta, o que enriquece muito minha visão e experiência como diretor”, conta Jardel.
ANTES DE PALAVRAS
Fragmentos da aproximação entre dois garotos contemplam o ingênuo interesse de Célio por Dário, o pressupor de Sofia diante desta aproximação e o interesse prévio de Dário por Célio, essa é a história contada pelo ex-aluno Diego Carvalho Sá, em seu primeiro filme. “É a primeira vez que o filme será exibido ao público. A ideia do curta veio da percepção que um grupo de pessoas podem viver o mesmo evento, mas percebê-lo de formas diferentes”, conta Diego.
O MENSAGEIRO
O filme do ex-aluno Dácio Cardoso conta a história do mensageiro José Lima, da Segunda Guerra Mundial, que pisa em uma mina terrestre enquanto está indo entregar uma mensagem secreta. Este incidente o forçará a tomar decisões que colocarão em conflito sua humanidade e seu senso de honra.
COHAB
O documentário se passa na região do Capão Redondo, bairro de periferia localizado na zona sul da capital paulista, onde Lincoln Péricles, ex-aluno do FILMWORKS, mora desde que nasceu. “A ideia do curta é mostrar um olhar de dentro para fora, acompanhando um dia sóbrio num prédio da Cohab Adventista: as crianças, os amigos, os blocos do condomínio popular”, explica o diretor.
FICBIC – O Festival
O festival acontece em Curitiba entre os dias 24 a 29 de setembro e é um projeto comemorativo aos 20 anos da Bienal Internacional de Curitiba. O festival é composto por uma mostra universitária competitiva, mostra principal de longas-metragens internacionais e curtas nacionais e mostra de cinema infanto-juvenil nacional. A programação completa dos filmes ainda não está no ar, mas a organização promete lançar em breve. Acompanhe aqui.
Quem pensa em estudar em escolas ou faculdades de cinema quer normalmente trabalhar na produção de filmes, em profissões que estejam diretamente ligadas às diversas atividades que envolvem as etapas do fazer cinematográfico. Mas há muito mais campo para explorar: de alguns anos para cá, com a revolução digital, o mercado audiovisual explodiu a demanda para novas atividades, onde os profissionais podem encontrar grandes oportunidades de colocar os talentos para funcionar. Selecionamos alguns casos bem sucedidos em áreas como games, produção de eventos de cinema e de criação de conteúdos educativos, apresentando novas possibilidades que vão além do mundo das salas de cinema.
GAMES
Ex-aluna da AIC, do curso Filmworks, Carol Frattini hoje é sócia da “44 Toons”, produtora de animação que se originou como uma divisão de uma outra produtora mais antiga, chamada “44 Bico Largo”. Nas duas produtoras, animação e games andam juntos.
Carol Frattini – ex-aluna e sócia da 44Toons
“O Ale McHaddo fundou a 44 Bico Largo, em 1996, como produtora de games. Na época, ele lançou “O Enigma da Esfinge”, até hoje um dos jogos nacionais para PC mais vendidos no Brasil (e recentemente relançado para iPad, na Apple Store). Só em 2006, ele fundou a 44 Toons, dedicada a produção de séries e filmes.”, explica.
Quase 20 anos depois da fundação, a “44 Bico Largo” já tem quatro jogos disponíveis na Apple Store e mais um na loja virtual Google Play.
Segundo Carol, as artes produzidas — tanto para os aplicativos, quanto para os games — são feitas pela mesma equipe que produz a arte para as séries. “Um animador pode tanto trabalhar em uma produtora de audiovisual como uma produtora de games. No fundo, tanto cinema/TV quanto game é sobre uma coisa: contar uma história. A diferença é que no game você interage ativamente, enquanto no cinema e na TV, apenas imerge na história que é proposta na sua frente.”
De fato, se pararmos para reparar, os mercados de games e de cinema e audiovisual em geral andam muito próximos de uns tempos para cá. É o que os especialistas em comunicação têm chamado de “pensar a relação transmídia”, ou seja, criar diferentes tipos de aplicação de conteúdo para um mesmo produto principal. Assim, quando se pensa num filme ou num seriado, logo também surgem produtos paralelos oriundos dele, como os games, por exemplo. Ou vice-versa dos games para um filme ou seriado.
“Hoje existe uma necessidade de se tirar o produto audiovisual de sua matriz primária para migrá-lo para outras plataformas. Se você gosta de uma série, vai procurar um aplicativo daquela marca para baixar no smartphone, ou um game para jogar no Facebook ou no site. Da mesma forma, se você tem aplicativo que vira febre, trata logo de fazer uma série para TV, como aconteceu com o ‘Angry Birds’.”, diz a ex-aluna da AIC.
Segundo Carol Frattini, atualmente o mercado de produtos multiplataformas está em franco crescimento, principalmente para o universo infantil, onde há uma necessidade cada vez maior de se colocar a mesma marca em diversos meios. “O foco neste assunto é tão grande que até em editais de captação para longa-metragens se pergunta qual é o potencial multiplataforma do produto.”, alerta Carol aos interessados em garantir recursos para a produção de seus próprios filmes.
PRODUÇÃO DE EVENTOS DE CINEMA
André Albregard – ex-aluno e produtor da Mostra Mundo Árabe de Cinema
Aluno do quarto semestre do Filmworks, da AIC, atualmente, André Albregard entrou no curso com o sonho de formar sua própria equipe de filmagem. Os caminhos profissionais, entretanto, o levaram a atuar profissionalmente na produção de mostras de cinema.
“A produção executiva de mostra de cinema foi um meio que encontrei de estudar cinema e conhecer filmes e pessoas que estejam interessadas nessa arte”, conta André. No ano passado, ele teve sua primeira experiência nesta área dentro da própria AIC, como curador do “Tela em Movimento”, um evento promovido pela escola, que traz cineastas e seus filmes para realizar discussões de temas selecionados com os estudantes.
Atualmente, ele trabalha com a produção da “8ª Mostra Mundo Árabe de Cinema”, que acontece nos meses de agosto e setembro, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
O evento é dedicado à difusão de acervo audiovisual de um conteúdo que raramente chega ao circuito comercial brasileiro e traz filmes que retratam a realidade política, social e cultural dos países árabes, além de abordar a presença da cultura árabe na sociedade brasileira e latino-americana.
“Na produção executiva, fico responsável por coordenar o orçamento do projeto, atender às demandas dos patrocinadores, distribuidores dos filmes selecionados, exibidores, do Ministério da Cultura e dos demais parceiros.”, explica André.
De acordo com ele, o mercado de produção de festivais, hoje em dia, oferece amplas possibilidades para quem tem paixão com o trabalho que envolve o cinema além da produção de filmes. André avisa ainda que é necessário ter comprometimento, capacidade de trabalho em horários alternativos, boa redação e organização para redigir projetos e controlar orçamentos.
“No campo de cinema e produção cultural não existem entrevistas e dinâmicas de grupo. O que há de fato são encontros e reencontros que podem render grandes parcerias profissionais. Por isso, é importante muita disposição para ir aos festivais, sessões de cinema, debates em mostras, shows, peças de teatro, etc. Para fazer filmes ou lidar com qualquer manifestação artística – como produzir filmes, mostras e festivais -, é necessário ir onde existem pessoas discutindo e produzindo esses conteúdos”, conclui André.
PRODUÇÃO DE CONTEÚDO EDUCATIVO
Jornalista por formação, a ex-aluna Cátia Reis sempre gostou muito de escrever e contar histórias. Foi isso que a levou, em 2005, a buscar o curso de roteiro da AIC. Entusiasmada, no ano seguinte, ela também se inscreveu no Filmworks.
Cátia Reis – ex-aluna e sócia da Tujalê
“Queria dominar a arte de escrever em linguagem audiovisual. O que aprendi no contato diário com colegas e professores ampliou muito meu olhar sobre toda a cadeia produtiva do cinema, o que hoje entendo ser fundamental para quem quer ser roteirista: conhecer melhor e de forma completa todo o processo de produção de um filme.”, conta Cátia.
Depois da AIC, Cátia tornou-se uma pesquisadora acadêmica e estuda hoje o uso do vídeo em da sala de aula. Ela também se aproximou do universo educativo e fundou a “Tujalê”: uma produtora com a proposta de transformar conteúdos didáticos em mídias digitais.
“De um ano e meio pra cá, em parceria com o Everton Sebben (também ex-aluno AIC), passamos a focar nossos esforços na produção de objetos educacionais. A maior parte da nossa produção atual são vídeos, mas também desenvolvemos jogos e infográficos.”, completa Cátia.
A ex-aluna da AIC vê boas perspectivas e um futuro promissor na área educacional para pessoas que têm boa formação na área audiovisual. “Recentemente, o Ministério da Educação instituiu uma lei em que todas as editoras brasileiras que fornecem materiais didáticos pro Governo, precisam, a partir de 2014, entregar junto com o livro impresso uma certa quantidade de materiais digitais. E a produção desses objetos se configura como um novo desafio para o mercado.”, diz otimista.
Bem-sucedidos fora das telonas, em comum para nossos entrevistados fica o reconhecimento do aprendizado que receberam e um aviso para aqueles colegas que ainda estudam audiovisual e querem conquistar um lugar no mercado: “Aproveitem, que dá saudades!”.
*Matéria feita por Paulo Castilho para a Revista ZOOM – fotos arquivo pessoal alunos. Foto em destaque animação produzida pela empresa 44Toons.
Verônica Stigger, coordenadora do curso de Criação Literária da AIC, lança pela Cosac Naify o romance Opisanie świata (que significa “descrição do mundo” e é como se traduz Il Milione, o livro de viagens de Marco Polo, para o polonês.) Este é seu primeiro romance, após três livros de contos, um livro mix de gêneros, e um livro infantil.
Opisanie świata é uma espécie de relato de viagens ambientado nos anos 30. A história central é a de Opalka, um polonês de cerca de sessenta anos que, em sua terra natal, recebe uma carta por meio da qual descobre que tem um filho no Brasil – mais especificamente, na Amazônia −, internado num hospital em estado grave. O pai decide viajar ao encontro do filho; no início do percurso, conhece Bopp, um turista brasileiro que, ao tomar conhecimento das razões da viagem de Opalka, resolve abandonar seu giro pela Europa para acompanhá-lo ao Brasil.
LANÇAMENTO Opisanie świata
De Verônica Stigger
Quinta, 12/09, a partir das 19h.
Na Livraria da Vila Fradique (Rua Fradique Coutinho, 915, Pinheiros, São Paulo).
Bate-papo seguido de sessão de autógrafos. Entrada Franca.
A ex-aluna e diretora Fabiana Servilha – a primeira mulher brasileira a misturar ficção científica e terror nas telonas.
Após publicação desta matéria, o filme ganhou o prêmio de Melhor Som no Fantasnor – Festival de Cinema Fantástico do Nordeste. Quem recebeu o prêmio foi o ex-aluno J.e. Sanchez Llorach Velludo.
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Por trás da blusa rosa, do sorriso meigo e do rostinho angelical de quem passaria tranquilamente pela sessão do romance mais meloso, alguém que tem Stephen King quase como divindade, como figura de adoração. Fabiana Servilha, ex-aluna do FILMWORKS, não vê graça no que a maioria das “meninas” vê. “Na escola eu era aquela que sempre carregava livros estranhos sobre dinossauros, inquisição ou fantasmas”, conta.
Durante o curso, ao invés de filmes com temáticas mais softs, Fabiana optou pelo horror, pelo terror, pela ficção científica e pelo cinema fantástico. Os dois primeiros filmes – “Aqueles Olhos” e “Vontade” – ganharam prêmios. O último, “Estrela Radiante”, seu filme de conclusão de curso, está dando o que falar e, além dos festivais nacionais, acaba de emplacar o 6º Festival Internacional.
No Brasil o filme teve sua pré-estreia no Itaú Cinema, ganhou prêmio de Melhor Ator pela atuação de André Ceccato no Festival ArtDeco 2013, entrou no Festival de Cinema Fantástico do Rio de Janeiro – RIOFAN, no Guarú Fantástico e no Espantomania. No México, entrou em três festivais: Festival Macabro, Festival Internacional de Cine Del Cientro Histórico de Toluca – FICCHT e Proyecto Noctambulante. Na Grécia, no Ionian International Digital Festival, na Colômbia, no Cine Toro e na Índia no Mumbai Women’s International Film Festival.
O curta-metragem de 25 minutos é um misto de ficção científica e terror. Conta à história de Antônio, um homem do campo que tem sua vida transformada após ver uma estrela cair do céu. Para tentar desvendar o mistério que deixou toda a cidadezinha em polvorosa, ele pede a ajuda de um amigo.
André Ceccato maquiado – filme Estrela Radiante
“Tenho paixão pelo cinema fantástico e queria experimentar a Ficção Científica que é pouco explorada aqui no Brasil. ‘Estrela Radiante’ foi a realização do desejo de fazer um filme que me desse a nostalgia dos queridos filmes dos anos 80, que marcaram minha infância, com um pouco da inocência do ‘Creepshow –The Lonesome Death of Jordy Verrill’, de uma forma abrasileirada… Quase que uma homenagem, e eu nem diria de prontidão, a ‘Lovecraft – The Color out of Space’, mas sim a Stephen King e suas diversificações de temas, suas misturas, pelas suas cenas de conversas de varandas nas cidadezinhas de interior, como em ‘I Walked With a Zombie’ com o inesquecível personagem Carrefour.”, conta Fabiana.
O filme já tem 5 legendas, inclusive em Japonês, e o DVD oficial será lançado com uma História em Quadrinho do filme, baseado em gibis brasileiros de sci fi dos anos 80. Fabiana também irá para um dos festivais no México, em outubro, para o dia dos mortos, onde irá representar o Brasil e mostrar seu trabalho.
Além dos filmes, Fabiana criou um grupo chamado “Cinema do Medo”, aberto para qualquer estudante ou cineasta que queira estudar e produzir filmes fantásticos. “Começou pequeno, reunindo pessoas que gostam do gênero e hoje somos muitos. Criamos a produtora independente de cinema fantástico, a Hells Bells Filmes”, conta.
O ator André Ceccato ganhou prêmio de melhor ator pela sua atuação.
Conheça um pouco mais sobre a “horripilante-diretora”, suas paixões, esquisitices, influências e de quebra, entenda um pouco mais sobre cinema fantástico. Com a palavra, Fabiana Servilha.
A ENTREVISTA
AIC – Para quem não entende nada: qual a diferença entre SciFi, ficção científica, terror, horror e cinema fantástico? Fabiana Servilha: Como diria Willian Shakespeare, existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia! Cinema de gênero, ou o conhecido “cinema fantástico” categoriza filmes que tenham elementos que fogem de compromisso com a realidade, podem ser personagens fantásticos, situações ou ainda uma realidade cujo o fantástico é o normal. Exemplificando: um carro real é feito para locomover pessoas. Até onde sabemos carros não voam. Certo? Este mesmo carro pode começar a flutuar e criar asas douradas de pássaro, caindo para o lado da fantasia ou até do surrealismo, pode ser uma máquina do tempo como em “Back to the future”, caindo para a ficção científica, ou até virar um “Herbie” e ser para toda a família! Mas, se este mesmo carro dirigir sozinho, matando pessoas como em “Christine” ele cai para terror ou horror. Digamos que Terror é uma ameaça mais física mais exposta como “The Texas Chainsaw Massacre”. Loucura existe. Pessoas loucas e serial killers perambulam pelo mundo. Já o horror, digamos, é uma ameaça mais psicológica como em “The Shining”, “Dont look Now”, pegando mais essa linha do sobrenatural. Mas em geral essas categorias se misturam muito entre gêneros e subgêneros…
Fabiana, “despida” de sua blusa rosa
AIC –Você nunca gostou de romance? Que filmes você assistia com os namoradinhos na adolescência? F.S.: Pra começar eu nunca tive namoradinhos na adolescência. Sempre andei desajeitada, atrasada, carregando uns “trocentos” livros na mão, que sempre caiam no chão. E, praticamente todos estes livros não eram de assuntos referentes as matérias que caiam na escola… Eram sobre dinossauros, Egito, cinema, inquisição, Hitler, fantasmas. Risos. Também comecei a trabalhar cedo. Não tinha muito tempo de pensar em namoro. Fazia cursos de astrofísica no planetário, sempre escondida, para meu pai não achar que eu era louca. E ele sempre confundia minhas sumidas com “namoros”. Mas, meu único namoro era com as estrelas. Risos.
Filmes de romance para mim eram “O Morro dos Ventos Uivantes”, “Ghost do outro Lado da Vida”, “A Volta dos Mortos Vivos 3”, com a bela cena que os dois personagens entravam juntos no crematório, para se tostarem. Ah! tinha que ter morte para ser bonito! Risos. Até tem uns romances perdidos como “Namorada de Aluguel”. Ainda espero por alguém que vá me levar para dar uma volta em um cortador de grama, como no filme. Risos (e suspiros)!
AIC – Como foi a produção do curta? F.S.: Tivemos diversas dificuldades em produzir e eu diria, com muito humor negro, que “nada caiu do céu”. Foram quase 2 anos de trabalho. Dia 26 de abril de 2011 fomos para a cidade Ibiúna, no interior, gravar. E finalizamos somente agora, em 2013. Ouvi muito: “Isso é loucura! Não dá! Sem dinheiro, sem tempo, filme complicado de produzir, muito arriscado, impossível”. Não dei ouvidos e fui fazer o filme mesmo assim e, graças a isso, hoje vou dar oficinas (em breve) sobre “De Valor a sua Produção Independente!”.
Depois de percorrer alguns dos mais importantes Festivais Internacionais e ganhar importantes prêmios na Itália e no México, o longa “Avanti Popolo”, do professor Misha – como é carinhosamente chamado na Academia Internacional de Cinema, terá sua estreia nacional no 46º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
O Festival de Brasília, junto com o festival de Gramado e o do Rio são considerados os festivais mais importante dentro das janelas de exibição do cinema nacional. “O Festival de Brasília tem uma tradição de mais de 45 anos, e talvez mais que os outros dois, tenha seu foco no cinema autoral e independente”, conta Michael. O Festival também é conhecido pelas suas apostas mais ousadas e pelo grande prêmio em dinheiro, totalizando 700 mil Reais.
“Para nós, naturalmente, é muito instigante apresentar o filme em Brasília e ter nossa estreia nacional em tal janela, após o circuito internacional que o filme vem percorrendo. Além da importância do festival, existe um significado maior, que é o do Carlos Reichenbach. Carlão, como era conhecido, foi um dos maiores diretores do cinema brasileiro e faleceu no ano passado. Ele também é um dos dois atores principais do filme, realizando assim sua última aparição no cinema. Carlão tem uma tradição no Festival de Brasília, apresentando seus filmes e recebendo vários prêmios ao longo dos anos. Então, acredito que nossa estreia lá, junto com Carlão, vai ser muito emocionante”, conta Misha.
O longa está concorrendo na Mostra Competitiva de Longa-Metragem Ficção junto com outros grandes filmes: “Amor, Plástico e
O cineasta Carlos Reichenbach, em sua última aparição no cinema.
Barulho”, de Renata Pinheiro; “Riocorrente”, de Paulo Sacramento; “Exilados do Vulcão”, de Paula Gaitán; “Os Pobres Diabos”, de Rosemberg Cariry e; “Depois da Chuva”, de Cláudio Marques e Marília Hughes. Além de “Avanti Popolo”, Micha participou de outros dois filmes. “Passei uma semana trabalhando e discutindo com os diretores a montagem do lindo filme baiano ‘Depois da Chuva’. ‘Amor Plástico e Barulho’, de Renata Pinheiro, do Recife, também fiz um trabalho semelhante de uma semana, mexendo no corte”, conta.
“Avanti Popolo” faz parte de uma linha de filmes autobiográficos que o diretor Michael Wahrmann vem realizando. A diferença dos dois anteriores, “Avós” e “OMA”, é que estes são curtas. Em comum, os três retratam o difícil período politico do regime militar vivido por Michael na adolescência, em sua terra natal, o Uruguai. Em “Avanti Popolo” o enredo gira em torno de André, um homem que resgata imagens em Super-8 captadas na ditadura dos anos 1970 para tentar reavivar a memória do seu pai.
Confira as datas e locais de exibição:
Dia 20,às 21h, no Cine Brasília, Teatro Sesc Newton Rossi (Ceilândia), Espaço Cultural Paulo Autran (Sesc Taguatinga), Teatro do Sesc Gama, Teatro de Sobradinho e Teatro do Guará.
Dia 21, às 16h, na Sala Martins Pena do Teatro Nacional Claudio Santoro.
Lançado recentemente pela editora Alfaguara, “Divórcio” é o último livro do professor de Criação Literária da Academia Internacional de Cinema, Ricardo Lísias.
O livro conta a história do escritor que se separa quatro meses depois de casar, quando encontra acidentalmente o diário da esposa em que, entre outras coisas, ela escreve: “O Ricardo é patético, qualquer criança teria vergonha de ter um pai desse. Casei com um homem que não viveu.”. Ele decide tornar a história pública, elaborando-a ficcionalmente.
“Depois de quatro dias sem dormir, achei que tivesse morrido”, o narrador, Ricardo Lísias, desabafa. A partir de então, descreve o que chama de “seu desmoronamento” e a tentativa de compreender o que o levou ao ponto crítico. A literatura, e treinos de corrida cada vez mais intensos, servem para que alguma lucidez retorne a sua vida.
Adriano Schwartz, em crítica escrita para a Folha de S.Paulo, escreve: “Para dar conta do ímpeto não cínico de tentar dizer tudo, de escancarar o problema e se autoescancarar no processo, o narrador Ricardo Lísias utiliza uma estratégia de repetição com alterações que segue paralela ao seu esforço de aprender a correr para lidar com a dor, esforço que culmina em uma participação na corrida de São Silvestre. A cada dia de treino, o fôlego e a distância percorrida aumentam um pouco, se torna possível fazer um pouco mais em menos tempo. O mesmo acontece com o texto, a cada repetição de um trecho do diário com pequenos acréscimos, a cada conversa ou troca de mensagens que reaparece com modificações, o drama inicial vai sendo consumido, triturado, reconstruído.”.
O livro, que já está nas livrarias tem 240 páginas e custa (em média) R$ 39,90.
Para conhecer um pouco mais, leia o conto publicado na Revista Piauí, que antecipou a publicação do livro.
O Curso de Criação Literária
A próxima edição do curso está com as inscrições abertas, inicia na próxima segunda-feira (2). e conta com grandes escritores como professores. Além de Ricardo, o time é comporto por: Veronica Stigger (coordenadora do curso), Bruno Zeni, Marcia Tiburi, Tiago Novaes e autores convidados. Para saber mais, clique aqui.