Nem só de cinema vive o homem. O cineasta e professor da Academia Internacional de Cinema (AIC) Cristiano Burlan, diretor do documentário “Mataram Meu Irmão” – vencedor de diversos prêmios, entre eles o Festival É Tudo Verdade, volta à direção teatral após 14 anos afastado. A peça “A Vida dos Homens Infames”, da Cia dos Infames, criada a partir de dois livros do filósofo francês Michel Foucault, entra em cartaz em São Paulo no dia 04 de julho, no Teatro Pequeno Ato e depois segue para Belo Horizonte.
A peça é inspirada nos textos “Eu, Pierre Rivière, que Degolei Minha Mãe, minha Irmã e Meu Irmão” e “Herculine Barbin, Diário de uma Hermafrodita”, o espetáculo faz parte do projeto FOUCAULT 30 ANOS: Um Infame Encontra o Teatro, que homenageia o filósofo francês no ano em que se completam 30 anos de sua morte.
Em matéria para a Folha de S.Paulo, Burlan diz que “Foucault aplica o termo ‘infame’ muito bem: são pessoas que lutam contra o poder, mas não querem assumir seu lugar. Ele também era um infame…”, diz Burlan.
A peça foi escrita pelo também professor da AIC, Henrique Zanoni, em parceria com Marcela Vieira, e pela primeira vez, as obras são adaptadas e recebem montagem para o teatro. Além de escrever, Henrique também atua ao lado da atriz Adriana Guerra. O professor Rafael Nobre também participou fazendo o vídeo da peça.
Além da peça, fará parte das homenagens ao filósofo, um ciclo de debates, também no Pequeno Ato, com importantes estudiosos
Henrique Zanoni interpretando o jovem camponês Pierre Rivière e Adriana Guerra que vive a hermafrodita Herculine Barbin.
como: Samir Yazbek, Roberto Alvim, o filósofo Luiz Fuganti, Salma Tannus, o crítico Ruy Filho, entre outros. A Cia ainda também pretende publicar o resultado dos ciclos em um livro chamado “Foucault e o Teatro”, que mostrará a relação de Foucault com as artes.
Confira a programação completa dos debates, que acontece aos sábados, das 17h às 19h, no Teatro Pequeno Ato:
19 de julho | Foucault, Filosofia e Teatro – Convidados: Daniel Pereira e Ruy Filho.
26 de julho | Dramaturgia e Escrita Infame – Convidados: Fábio Zanoni e Samir Yazbek.
02 de agosto | A Experiência do Teatro – Convidados: Pedro França e Maria Eugênia de Menezes.
09 de agosto | Subjetividade e Técnicas Psi no Teatro – Convidados: Luiz Fuganti e Roberto Alvim.
16 de agosto | O que é um ator? – Convidados: Salma Tannus e Cia dos Infames.
SERVIÇO
Vida dos Homens Infames Datas e horários: de 04 de julho a 17 de agosto – sextas e sábados, às 21h30 e domingo, às 19h30. Duração: 70 minutos. Local: Teatro Pequeno Ato – Rua Doutor Teodoro Baima, 78 – República – Centro – São Paulo. Ingressos: R$ 40 inteira e R$ 20 meia-entrada. Lotação: 50 lugares
O curta “Encantado” (Charming), do ex-aluno Guilherme Tensol, que cursou o FILMWORKS – Curso Técnico de Direção Cinematográfica da Academia Internacional de Cinema (AIC), acaba de entrar em mais um Festival americano, o Cinema at the Edge – Independent Film Festival, que acontece anualmente em Los Angeles, EUA.
O filme, que também já passou San Diego International Kids Film Festival, Worldkids International Film Festival, Reel Health na Austrália e 18º Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM), é uma história de amor inocente sobre um casal de crianças que, cheias de imaginação, ganham coragem de adultos para escolher por um futuro menos doloroso.
“A nossa ideia era contar a história sob um ponto de vista completamente infantil, mas sem associar infantil com bobinho. Ao invés de vozinhas e jeitinhos de criança buscamos a pureza e a inocência da infância, a poesia e o silêncio – deixando as imagens, ações e sons contarem a história”, conta Guilherme.
Além de Guilherme, o curta também conta com a participação de outro ex-aluno da AIC, Mário Di Poi, que fez a produção executiva do filme.
Leia outra matéria que fizemos sobre o filme e conheça mais sobre Guilherme e a produção do curta, clique aqui.
Depois de ganhar o prêmio Machado de Assis, a escritora e coordenadora do curso de Criação Literária da Academia Internacional de Cinema (AIC) – Veronica Stigger, acaba de ser selecionada, entre outros 64 escritores, ao prêmio Portugal Telecom, na categoria de Melhor Romance.
O livro “Opisanie świata” (Cosac Naify) é o romance de estreia da professora (após três livros de contos, um livro mix de gêneros, e um livro infantil) e uma espécie de relato de viagens ambientado nos anos 30. A história central é a de Opalka, um polonês de cerca de sessenta anos que, em sua terra natal, recebe uma carta por meio da qual descobre que tem um filho no Brasil – mais especificamente, na Amazônia −, internado num hospital em estado grave. O pai decide viajar ao encontro do filho; no início do percurso, conhece Bopp, um turista brasileiro que, ao tomar conhecimento das razões da viagem de Opalka, resolve abandonar seu giro pela Europa para acompanhá-lo ao Brasil.
O Portugal Telecom é um dos principais prêmios literários do país e após a primeira lista em que 20 romances foram selecionados, acontecerá outra triagem em setembro, que ficarão 12 escritores.
“Um dos filmes políticos mais inteligentes do cinema recente”, é assim que o jornalista argentino Roger Koza descreve “Avanti Popolo”, dirigido e roteirizado por Michael Wahrmann – professor da Academia Internacional de Cinema (AIC), que estreia nos cinemas na próxima quinta (12). Sim! Junto com a abertura da Copa e o Dia dos Namorados.
Distribuído pela Vitrine Filmes, a data foi escolhida a dedo, já que poucos filmes estreiam em datas que concorrem com algum grande evento. “É um momento muito interessante, porque o cinema brasileiro vive um momento estranho. Por um lado são feitos inúmeros filmes. Mas naturalmente, com tantos filmes, ninguém consegue assistir a todos eles. Então temos muitos mais filmes que antes, mas muito menos espectadores por filme. Nesse sentido, o trabalho da Vitrine Filmes é incrível. Eles estão fazendo todo o possível para que o filme alcance seu maior potencial de público. Assim, decidimos lançar o filme dia 12 de junho, junto com a abertura da Copa. Quase um suicídio, né? Mas ao mesmo tempo, ninguém lança nada na copa. Então foi a forma de tentar driblar o número massivo de lançamentos nacionais”, conta Michael.
O Filme
O longa passou por alguns dos festivais de cinema mais importantes do mundo, entre eles: Rotterdam International Film Festival (Holanda 2013), BACIFI (Argentina 2013), Hamburg Filmfest (Alemanha 2013), Edinburgh International Film Festival (Reino Unido 2013), entre outros. Também ganhou diversos prêmios, entre eles: Melhor Filme no Rome International Film Festival (Itália 2012), Melhor Direção no FICUNAM (México 2013) e os prêmios de Crítica, Melhor Direção e Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Cinema de Brasília (2013). Para conhecer a lista completa de prêmios e festivais clique aqui.
Em “Avanti Popolo”, o cineasta Carlos Reichenbach, morto em 2012, vive um pai solitário que espera há 30 anos o retorno de seu filho desaparecido durante a ditadura militar.
“Eu conheci o Carlão no Festival de Cinema de Amiens na França, onde ele foi homenageado e eu ganhei o prêmio de melhor curta com
O diretor de Avanti Popolo, Michael Warhmann, que também é profesor de direção na AIC.
meu primeiro trabalho “Avós”. Lá conversamos e comecei a perceber sua semelhança com André Gatti, ator que vive nosso personagem principal (e também professor da AIC). No último dia do festival perguntei se ele gostaria de ser nosso ator junto com Gatti, fazendo o papel do pai. A princípio foi pela imagem e serenidade que ele passava e, claro, sua semelhança física com André. Claro que aí começam a aparecer novas camadas de leitura (…) Trabalhar com Carlão foi ótimo, pois mais que um grande cineasta, era um homem incrível. Modesto, humilde e muito do bem. Antes das gravações temia pelo olhar de um cineasta tão experiente no set: será que ele vai interferir, opinar etc? Mas ele se concentrou apenas em atuar e entendeu rapidamente seu papel. Acho que como cineasta sua relação com o que estávamos fazendo era muito clara e coerente, pois ele sabia o processo e o conhecia como poucos. Foi realmente lindo ter sua presença no set”, conta Misha, como é carinhosamente chamado pelos alunos da AIC.
Uni-vos nos cinemas! COMUNISTAS entram de graça
É isso mesmo! Uma promoção que garante a entrada de comunistas (todas as vertentes) nas salas de cinema comerciais que estiverem exibindo o filme a partir de ingressos promocionais. Qualquer filiado de partidos comunistas/socialistas, sindicatos de empregados e membros de organizações de esquerda apartidários podem conseguir seu ingresso de graça para o filme.
A promoção, que nasceu meio na brincadeira, é verdadeira. “O filme trata da ditadura e das ideologias e utopias e de alguma forma, achei que seria interessante assumir uma posição em tempo onde as posições estão cada vez mais em cima dos muros. Por outro lado, essa estratégia de marketing é tão insólita que é uma parodia sobre outras estratégias de marketing. Tipo, quem define seu público alvo como comunistas? É meio nonsense, assim como essas empresas de marketing cultural que definem seus públicos alvos.”, conta Misha.
Para participar, só conferir o regulamento no site do filme: www.avantipopolofilme.com/comunistas
Para conhecer os horários e salas de exibição é só ficar de olho na página do filme no Facebook: https://www.facebook.com/avantipopolofilm#
Será possível contar uma história apenas com palavras e imagens achadas na rua? Sim. Segundo a ex-aluna Juliana Bartorilla, que fez o curso de Documentário da Academia Internacional de Cinema (AIC), “a rua nos conta histórias todos os dias, mas, a gente nunca tem tempo e olhos atentos para ouvi-las”. Foi a partir dessa ideia original que surgiu o conceito do projeto “Contos da Rua”.
Tudo começou quando Juliana, o marido Adriano Matos e o amigo Murilo Melo, resolveram “caçar” palavras pelas ruas e, em 5 meses, juntaram mais de 700 palavras escritas na rua e centenas de imagens, a partir daí, viram que sim, era possível criar um roteiro e contar uma história. Com isso, fizeram um filme piloto e apresentaram para aFIAT, que tem como slogan “quem mais entende de rua”. “A ideia deu tão certo que eles se dispuseram a pagar um incentivo de custo para viabilizar mais filmes. Conseguimos convidar outros diretores para codirigir os curtas e dessa forma, criamos a série”, conta Juliana.
Trilha Sonora de Antônio Pinto
Se já não bastasse a ideia genial e o patrocínio de uma grande marca, eles ainda conseguiram a parceria de Antônio Pinto para compor
O curta “As Irmãs” conta a história das irmãs Augusta e Angélica, cheia de desencontros e conflitos.
algumas das trilhas da série. Antônio Pinto é compositor de trilhas sonoras de grandes filmes nacionais, como “Cidade de Deus” (2002), “Cidade dos Homens” (2007), “Lula, o Filho do Brasil” (2010) e “Vips” (2010). Filho do cartunista Ziraldo, também tem importantes trabalhos internacionais no currículo, como a música do longa “Colateral”, do diretor Michael Mann, protagonizado por Tom Cruise. (Assista a entrevista de Antônio Pinto no Programa do Jô aqui.) “Quando apresentamos o projeto ele amou a ideia e topou na hora”, conta Juliana.
As Histórias e A Entrevista
Por enquanto são quatro histórias com linguagens e pontos de vista diferentes, que podem ser assistidos no canal do You Tube da FIAT. Os roteiros são de Juliana, em parceria com Murilo e Adriano, e os diretores foram convidados. “A liberdade criativa de cada um fez cada história ganhar um corpo e uma linguagem única”, conta. Em entrevista para a comunicação da AIC, a ex-aluna Juliana Bartorilla, que tem 28 anos e é publicitária de formação, conta que sempre gostou muito de cinema e fala mais sobre o projeto e como tudo aconteceu. Confira as curiosidades, a sinopse de cada um dos filmes e não deixe de assistir aos episódios.
AIC – Como surgiu a ideia do projeto? Juliana Bartorilla: Meu marido, um amigo e eu criamos um grupo para fazer um filme. A princípio batizamos de JAM (Juliana, Adriano e Murilo). Tudo começou quando nos perguntamos se era possível contar uma história usando apenas coisas da rua. A sinopse da história a gente já tinha e a partir disso começamos a viver um “safari”. Deu muito trabalho, muito mesmo. Cada canto da rua tinha alguma coisa muito interessante que a gente não podia perder e no processo encontramos vários elementos da narrativa que não havíamos concebido previamente. E assim, percebemos que a rua também estava sendo a roteirista do projeto. Foi assim que “Contos da Rua” nasceu.
Ao todo foram 5 meses captando palavras pelas ruas de São Paulo, o que resultou em um banco com mais de 700 imagens.
AIC – Conte um pouquinho sobre cada um dos quatro filmes. J.B.: “O Amor desvia a Alma” é baseado num fato real. Construímos o enredo de um homem que se apaixona por uma mulher e não sabe que ela é uma prostituta. A rua deu aos personagens uma profissão, idade e um lugar para se encontrar pela primeira vez. As falas também apareciam conforme a gente construía o conflito entre os dois.
“Aqui se faz, aqui se paga” partiu da frase “por que o senhor atirou em mim?” Foi assim que idealizamos um assaltante que aborda uma pessoa na rua e paga por seu crime. Nesse conto, os efeitos sonoros e as imagens deram corpo para a história, ganhando outro significado quando colocadas em diferentes contextos.
“Balthazar” é o conto mais leve de todos. Ele foi inspirado num passeio que fizemos no parque. Ouvimos uma mulher gritando “Balthazar!” e achamos que esse nome era o máximo. Pensamos que poderíamos falar da idealização de um cachorrinho de raça sobre a liberdade de um cão de rua.
“As irmãs” foi idealizado com uma linguagem incrivelmente delicada e bruta ao mesmo tempo. O mundo de Angélica e Augusta é cheio de desencontros e conflitos que constroem uma realidade muito dura.
AIC – Quanto tempo demoraram para “juntar” todo o banco de palavras? J.B.: Levamos uns 5 meses para ter um banco de mais de 700 palavras e imagens.
Balthazar!” é um dos curtas que fala sobre a idealização de um cachorrinho de raça sobre a liberdade de um cão de rua.
AIC – Como chegaram na FIAT? Como foi apresentar o projeto pra eles? J.B.: Quando terminamos o primeiro filme, procuramos a FIAT porque Adriano e Murilo trabalham na Leo Burnett, agência de publicidade que tem a FIAT como cliente. O posicionamento da FIAT é “a marca que mais entende de rua” e por isso, fomos atrás deles para vender a ideia do projeto. A resposta da FIAT foi incrível, viram muito potencial no “Contos da Rua” e conseguiram enxergar aquilo além da publicidade. Eles gostaram tanto da ideia que pediram mais. A FIAT acreditou no nosso olhar e entrou como patrocinadora de uma série de curtas. Os filmes foram exibidos em cinemas e hoje também podem ser assistidos no canal do YouTube da FIAT.
AIC – Quem são os diretores que codirigiram os outros curtas? J.B.: Achei que o resultado ficou muito interessante quando fomos atrás dos outros diretores, pois cada um trouxe uma visão e um tratamento diferente para cada história.Os filmes apresentam linguagens e sentimentos distintos. Sem a direção do Butchers, Fabrício Brambatti e Marcelo Presotto não haveria série. Foi uma escola para todos, pois não havia um processo determinado pra esse tipo de formato. Tinha que ser muito sensível para observar cada detalhe, mas ao mesmo tempo muito perseverante porque era um trabalho danado embaixo do sol. Eu, Murilo e Adriano compartilhávamos com cada diretor o roteiro e um rafe com imagens que pegamos na rua.
AIC – Quem assina a trilha é Antônio Pinto. Como chegaram nele? J.B.: Adriano já havia trabalhado com Antônio e procuramos por ele para mostrar a ideia do projeto e entender se ele toparia vir conosco. Ele pirou e ficamos muito mais empolgados. Foi uma honra ir no estúdio, estudar e construir a identidade sonora com ele, Antônio foi extremamente espontâneo e criativo. Além de Antônio e sua equipe também pudemos contar com o trabalho maravilhoso de galera da Satélite e do Paulo Akio.
AIC – Conte um pouco sobre o curso de Documentário que fez na AIC. J.B.: Acho que o projeto que fiz no curso me fez aceitar que um filme nunca sai do jeito que traçamos. É ótimo ter esse pensamento estabelecido, pois você se apega nas coisas certas e deixa o resto fluir. Quando fizemos o “Educandário”, tínhamos três personagens confirmados. Dias antes da gravação todos ligaram cancelando e acabamos mudando tudo de última hora, inclusive o roteiro. Foi a melhor coisa que aconteceu pro filme, porque os novos personagens foram surpreendentes. Eles estavam inteiros ali conosco, foi muito visceral contar a história deles. O imprevisível sempre traz coisas boas.
Imagina entrar em um elevador e alguém desatar a falar palavrão entre uma frase e outra. Esse é o mote do curta-metragem “Papo de
Gravação do curta Papo de Elevador, feito no Intensivo de Férias de Cinema, em julho de 2013.
Elevador”, dirigido pelo amazonense Emerson Medina, de 41 anos, que veio para a Academia Internacional de Cinema (AIC) em julho do ano passado para cursar o Intensivo de Férias de Cinema.
Pouca gente conhece, mas existe um distúrbio neuropsiquiátrico chamado de Síndrome de Taurette, caracterizado por tiques múltiplos, motores ou vocais. É quando uma pessoa tem tiques compulsivos recorrentes como piscar, tossir, retorcer-se e até mesmo xingar.
A ideia surgiu do também aluno Marcelo Reis, que conhecia a síndrome e queria fazer uma história de humor, mas o exercício, sugerido pela professor de roteiro Thiago Fogaça, exigia uma estrutura de narrativa clássica e a ideia original precisou de algumas adaptações, conta Emerson.
A história deu tão certo que o curta foi selecionado para o Amazonas Film Festival e fez sucesso na Mostra de Curtas.
Estudar X Conhecer Gente
Todo ano, nos meses de férias, é assim. Quem entra no casarão de janelas vermelhas, da Academia Internacional de Cinema (AIC), escuta os mais diversos sotaques e vê pessoas do norte e nordeste cheias de blusa, sentindo muito frio e, os sulistas, praticamente sem roupa, por que acham que aqui faz calor. É uma mistura cultural tão interessante que só por isso já vale o curso, conta Emerson, que conheceu a AIC pela internet. “Gostei da proposta do curso e fiz a inscrição. A experiência é muito proveitosa, em especial, as aulas de roteiro e produção, pois eu já tinha experiência em outros cursos de direção. Além das aulas, o relacionamento com os colegas e a troca de culturas é outro enriquecimento. Ainda hoje conversamos com alguns colegas que voltaram para seus Estados e acompanhamos o que cada um está fazendo na área”, conta.
Atores e equipe de produção do curta – quatro horas gravando “dentro” do elevador – gente de todo canto do país.
“Papo de Elevador” foi um dos seis trabalhos finais do Intensivo no ano passado e foi produzido dentro de um exercício chamado de “3,2,1”, que consiste em criar o projeto de um curta de no máximo 3 minutos, com no máximo 2 atores e em 1 única locação. “Como o curso é intensivo e a duração é de um mês, não dá para fazer uma megaprodução, a ideia é produzir um filme de 3 minutos com baixo orçamento e muita criatividade”, conta o Coordenador Cláudio Gonçalves.
“Ainda durante as aulas de roteiro fomos divididos em equipe e tivemos que defender três ideias para que curta fosse filmado. O ‘Papo de Elevador’ foi ideia da equipe de roteiristas que eu fazia parte e acabou sendo votada pela assembleia (todos os alunos do curso) junto com os outros seis projetos. Depois disso foram escolhidos os diretores – sem que se soubesse qual roteiro cada um dirigiria. Por eleição, acabei sendo escolhido para dirigir um dos filmes e ‘Papo de Elevador’ acabou ficando com a minha equipe, que tinha gente do Brasil todo: o roteiro é de Marcelo Reis (SP), Kleberson Cespede (MS) e Ariel Goldenberg (Sim! O ator do longa “Colegas”, de Marcelo Galvão, ganhador do Kikito de ouro em Gramado, também passou pela AIC); Vinícius Bulgarelli (MS) ficou na produção; Eduardo Ávila (RJ) fez a direção de fotografia; Andréa Cohim (PE) a direção de som e montagem original; Giba Vieira (SP) a direção de arte e produção de casting. Os atores são de São Paulo: Márcia Pandeló e Leandro Destácio”, conta Emerson.
O Filme
Emerson conta que a história é sobre um rapaz com Síndrome de Tourette. “Na versão mais popularizada que escolhemos, a pessoa fala palavrões involuntariamente. O nosso protagonista – Leandro está no elevador quando entra a Márcia Pandeló e o elevador sofre uma pane. Márcia, que já estava nervosa, começa a reclamar e xingar sem parar e Leandro só quer sair de lá sem transparecer que tem a síndrome de Tourette”.
A Produção
Um monte de gente de fora da cidade precisando encontrar um elevador para gravar um curta. Parar o elevador de um prédio não é
Emerson Medina, que veio de Manaus para cursar o Intensivo de Férias de Cinema da AIC.
algo fácil de se conseguir, ainda mais em São Paulo. “O mais complicado foi encontrar a locação – o elevador – já que optamos pela abordagem realista. Quando conseguimos, faltava três dias para o início das filmagens. Foi graças ao diretor de fotografia, Eduardo Ávila, que tinha contatos com uma produtora e negociou a liberação do elevador no prédio dessa produtora. As gravações foram muito tranquilas e agradáveis e gastamos apenas quatro horas das doze que tínhamos disponível”, conta Emerson.
O Diretor
Emerson é jornalista, formado pela Federal do Amazonas e além da pós em Artes Visuais, tem diversos cursos de cinema no currículo,
além de um roteiro premiado. Edita duas revistas em Manaus, mas a grande paixão é o cinema e todas as horas vagas são destinadas para produção de seus curtas. Atualmente está montando seu próximo curta “Nascer, Crescer e Negar”.