Na abertura da Semana de Orientação 2016 da Academia Internacional de Cinema (AIC) em São Paulo, o cineasta Fernando Coimbra falou principalmente sobre o processo de criação do aclamado longa-metragem “O Lobo Atrás da Porta”, além da participação na série “Narcos” e seu próximo lançamento, a produção norte-americana “Sand Castle”, prevista para esse ano.
Coimbra começou falando sobre como entrou em contato com a história real da “Fera da Penha” ao ler uma edição dos anos 60 da extinta Revista Manchete em 1999. Intrigado por aquela história, ele viajou para o Rio de Janeiro e fez extensa pesquisa em jornais da Biblioteca Nacional. Depois, com acesso ao processo judicial, pode confrontar os diversos pontos de vista dos personagens que participaram daquele relato. Coimbra produziu um primeiro roteiro, o qual foi diversas vezes modificado ao longo dos anos em que se dedicou à realização de vários curtas-metragens, como “Trópico das Cabras”. A experiência acumulada nos mais variados curtas preparou-o para lançar-se no terreno do longa metragem.
Em 2009, o projeto venceu edital de produção de filmes de baixo orçamento. Com um novo roteiro mais enxuto, partiu para a realização. Quando perguntado sobre a diferença entre dirigir um longa e um curta, Coimbra valeu-se de uma associação: o curta equivale aos 100 metros rasos, enquanto que o longa compara-se a uma maratona. E sobre o título, ele revelou que se inspirou em uma música da banda Radiohead: “The Wolf at the Door”.
Finalizado em 2013, “O Lobo Atrás da Porta” fez bela carreira em festivais nacionais e internacionais, recebendo mais de 20 prêmios ao redor do mundo. No ano seguinte, foi lançado comercialmente pela Imagem Filmes. E em 2016, o filme continuou rendendo frutos. Coimbra foi indicado ao prêmio de melhor diretor estreante pelo Directors Guild of America.
Questionado sobre o trabalho com o elenco, Coimbra enfatizou sua própria experiência como ator no Teatro Oficina, onde permaneceu por dez anos. Explicou que as principais cenas do filme foram ensaiadas à exaustão, com um denso trabalho de mesa. No set, pôde explorar a espontaneidade das atuações em elaborados planos seqüência, registrados com sensibilidade pelo fotografo Lula Carvalho, parceiro de diversas produções.
Coimbra também respondeu perguntas sobre a transição de um longa autoral para a série “Narcos”, produção milionária do Netflix, na qual dirigiu dois episódios. Em relação ao “Lobo”, destacou o curto tempo de preparo para dirigir os episódios e o tempo ainda mais enxuto para entregar seu corte aos produtores – uma semana.
Finalmente, ele explicou como foi a ponte para o cinema internacional por meio dos agentes que conheceu no Festival de Toronto, na ocasião do lançamento do “Lobo”. Recebeu diversas propostas de Hollywood, sendo que uma vingou: o drama de guerra “Sand Castle”, em etapa de pós-produção.
*Texto: Paulo Marcelo do Vale Tavares *Fotos: Raissa Nosralla
Anita Rocha da Silveira, roteirista e diretora do premiado “Mate-me Por Favor”, abriu ontem a Semana de Orientação da Academia Internacional de Cinema (AIC) do Rio de Janeiro, evento já tradicional que conta com a exibição de filmes e bate-papo com cineastas nacionais e internacionais.
“Mate-me Por Favor”, que ainda percorre os festivais e só será lançado comercialmente pela Imovision em abril, foi exibido no estúdio da AIC para uma plateia que não se acanhou mesmo com o temporal do fim de tarde.
Depois da exibição Anita contou um pouco de tudo. Começou falando sobre a ideia de ser atriz, a típica pressão familiar sobre a escolha da profissão, a entrada na faculdade de comunicação ainda com 17 anos, onde conheceu Cecília, que se tornou uma amiga inseparável.
Foi com a amiga Cecília que Anita fez o primeiro curso na área do audiovisual, estudaram documentário com João Moreira Salles e ali começou o interesse pelo cinema como profissão.
Cecília se suicidou, aos 19 anos e foi tentando achar explicações para a perda que Anita começou a pesquisar sobre suicídio e aos poucos, misturando realidade e ficção, construir a ideia dos seus filmes.
Trocou a comunicação pelo cinema e em 2008 fez seu primeiro curta, “O Vampiro do Meio-Dia” que emplacou festivais e rendeu prêmios em dinheiro, que foram investidos no segundo curta. “Handebol” (2010), recebeu o Prêmio Especial do Júri no Curta Cinema e o Prêmio da Crítica Internacional (FIPRESCI) no Festival de Oberhausen de 2011. Em 2012 fez “Os Mortos Vivos”, todos os três curtas trazem referências, de alguma forma, da amiga morta.
“Todos os meus filmes têm questões pessoais, trazem memorias afetivas. A violência, o desejo/medo da morte, a dinâmica da amizade feminina, a temática adolescente, o Rio de Janeiro. Nesse momento da carreira é importante para mim trabalhar com coisas que eu conheço, que estão próximas”, conta.
Depois de falar sobre os curtas, Anita contou sobre o processo de “Mate-me Por Favor”, o primeiro longa, que segundo ela é um reflexo sobre de sua geração e que também traz características da amiga na personagem principal, Bia, que flerta com a morte o tempo todo.
Anita contou sobre o difícil processo de escolha das atrizes que iniciou com 500 currículos enviados por e-mail e terminou com uma série de testes entre meninas que tinham a mesma idade das personagens. Falou sobre a busca de financiamento, sobre o primeiro edital ganho de coprodução com a Argentina, sobre orçamento e sobre rodar em 5 semanas ainda sem algumas locações definidas.
“O primeiro argumento, totalmente diferente do filme que assistiram hoje, começou a ser escrito em 2011, o primeiro roteiro ficou pronto em junho de 2012, depois disso o roteiro passou por um laboratório em Cannes e por uma consultoria, mudei muita coisa. Rodamos em fevereiro de 2014 e começamos a montar somente em setembro”, conta a diretora.
Anita respondeu às perguntas do público e contou curiosidades. Falou sobre sua paixão por David Lynch, sobre algumas referências como a diretora francesa Claire Denis e o fotógrafo Philip Lorca.
Também falou sobre a escolha de não trabalhar com personagens adultos – “queria construir um universo sem a figura do mentor”-, e sobre como ficou abalada com a morte da atriz Daniela Perez e como esse fato real se mistura na trama do filme.
Por fim, o tema machismo veio à tona e Anita mostrou que os conselhos dos professores da faculdade não a abalaram: “Escutei que mulheres deveriam trabalhar com montagem, já que era algo parecido com costura”, conta. Mas, para a nossa sorte, o brilho e o talento da menina-cineasta não puderam ser escondidos atrás de nenhuma moviola e estão por aí, ganhando prêmio e percorrendo festivais. Que seja o primeiro de muitos longas inspiradores.
Entre os dias 16 e 18 de fevereiro a Academia Internacional de Cinema (AIC) realiza mais uma edição da Semana de Orientação com exibição de filmes premiados e bate-papo com cineastas brasileiros. O evento é aberto e gratuito e acontece nas duas unidades: São Paulo e Rio de Janeiro. Conheça os convidados e faça já sua pré-inscrição.
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Entre os dias 16 e 18 de fevereiro a Academia Internacional de Cinema (AIC) realiza mais uma edição da Semana de Orientação com exibição de filmes premiados e bate-papo com cineastas brasileiros. O evento é aberto e gratuito e acontece nas duas unidades: São Paulo e Rio de Janeiro. Conheça os convidados e faça já sua pré-inscrição.
Agenda São Paulo
Fernando Coimbra
Diretor de “O Lobo Atrás da Porta” e alguns episódios de “Narcos” Terça, 16 de fevereiro de 2016 17h30: Exibição do filme “O Lobo Atrás da Porta”
19h30: Bate-Papo com Fernando Coimbra sobre o filme
Gabriel Mascaro
Artista Visual, diretor de “Domésticas” e “Boi Neon” Quarta, 17 de fevereiro de 2016 17h30: Exibição do filme “Boi Neon”
19h30: Bate-Papo com Gabriel Mascaro sobre o filme
Evaldo Mocarzel
Documentarista, “Mensageiras da Luz – Parteiras da Amazônia” e “Do Luto à Luta” Quita, 18 de fevereiro de 2016
17h30: Exibição de “Eté o Próximo Domingo” (filme inédito em processo de finalização)
19h30: Bate-Papo com Evaldo Mocarzel sobre o filme
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AIC – Academia Internacional de Cinema – São Paulo
Rua Dr. Gabriel dos Santos, 142, Santa Cecília, São Paulo, SP
Tel. 11 3826-7883 – Próximo ao metrô Marechal Deodoro
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Entre os dias 16 e 18 de fevereiro a Academia Internacional de Cinema (AIC) realiza mais uma edição da Semana de Orientação com exibição de filmes premiados e bate-papo com cineastas brasileiros. O evento é aberto e gratuito e acontece nas duas unidades: São Paulo e Rio de Janeiro. Conheça os convidados e faça já sua pré-inscrição.
Agenda Rio de Janeiro
Anita Rocha da Silveira
Diretora de “Mate-me Por favor”, prêmio de Melhor Direção no Festival do Rio 2015 Terça, 16 de fevereiro de 2016 17h30: Exibição do filme “Mate-me Por Favor”
19h30: Bate-Papo com Anita Rocha da Silveira sobre o filme
George Moura
Roteirista de “Getúlio” e de “Gonzaga, de Pai para Filho”, tem seis indicações ao Emmy International Awards Quarta, 17 de fevereiro de 2016 17h30: Exibição de “Getúlio”
19h30: Bate-Papo com George Moura sobre o filme
José Henrique Fonseca
Diretor de “Heleno” e “O Homem do Ano” Quinta, 18 de fevereiro de 2016
17h30: Exibição de “Heleno”
19h30: Bate-Papo com José Henrique Fonseca sobre o filme
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AIC – Academia Internacional de Cinema – Rio de Janeiro
Rua Martins Ferreira, 77, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ
Tel. 21 3958-8775
George Moura, roteirista de “Cidade dos Homens”, “Gonzaga, de Pai para Filho”, entre outros, estará no dia 17/2 na Semana de Orientação da Academia Internacional de Cinema (AIC) do Rio de Janeiro. A programação conta com a exibição do filme “Getúlio” às 17h30 e bate-papo com o roteirista às 19h30. O evento é gratuito e aberto ao público, para se inscrever clique aqui.
“Getúlio”, dirigido por João Jardim e roteirizado por George Moura, ganhou os prêmios de melhor ator, melhor direção de arte e melhor maquiagem no Grande Prêmio de Cinema Brasileiro. O filme conta a intimidade de Getúlio Vargas (Tony Ramos), ex-presidente do Brasil, em seus 19 últimos dias de vida. Pressionado por uma crise política sem precedentes, em decorrência das acusações de que teria ordenado o atentado contra o jornalista Carlos Lacerda (Alexandre Borges), ele avalia os riscos existentes até tomar a decisão de se suicidar.
George Moura é roteirista formado em Jornalismo pela PUC-Campinas e com mestrado em artes cênicas pela ECA/USP. George Moura começou a carreira em 2002 quando roteirizou seu primeiro longa-metragem, o documentário “Moro no Brasil”, de Mika Kaurismäki. Em 2008, trabalhou ao lado de Daniela Thomas no roteiro de “Linha de passe”, dirigido em conjunto por Daniela e Walter Salles, indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes. Tem longa experiência na televisão, onde trabalhou inicialmente como editor de texto, na TV Globo Recife e no programa Fantástico, e depois como roteirista de séries como “Carga Pesada” e “Cidade dos Homens” e no programa “Linha Direta”. Entre 2007 e 2011, roteirizou também diversos episódios da série “Por Toda a Minha Vida”, também exibida na Globo, pela qual recebeu seis indicações consecutivas ao Emmy International Awards, um recorde de indicações da TV brasileira. Também escreveu os roteiros para TV das minisséries “O Canto da Sereia”, “Amores Roubados” e a novela “O Rebu”. É dele também os roteiros para cinema: “O Grande Circo Místico” de Cacá de Diegues, “Redemoinho” de José Luiz Villamarim e “O Nome da Morte” de Henrique Goldman, todos ainda sem estreia prevista.
Em sua 11ª edição, a Semana de Orientação tradicionalmente inaugura o ano letivo do FILMWORKS – Curso Técnico em Direção Cinematográfica e movimenta os debates sobre criação cinematográfica no Brasil. Este ano o evento acontece em São Paulo e no Rio de Janeiro entre os dias 16 e 18 de fevereiro e além de George Moura conta com a com exibição de filmes e palestras de outros cineastas convidados, confira a programação completa aqui.
O documentarista Evaldo Mocarzel estará no dia 18/2 na Semana de Orientação da Academia Internacional de Cinema (AIC) de São Paulo. A programação conta com a exibição do filme inédito (ainda em processo de finalização) “Até o Próximo Domingo” às 17h30 e bate-papo com Mocarzel às 19h30. O evento é gratuito e aberto ao público, para se inscrever clique aqui.
Evaldo Mocarzel nasceu em 1960 em Niterói, Rio de Janeiro. Formou-se em Cinema na Universidade Federal Fluminense. Trabalhou como jornalista e foi editor do Caderno 2, do jornal O Estado de São Paulo, durante oito anos. Cursou Cinema na New York Film Academy e fez parte durante quatro anos do Círculo de Dramaturgia do diretor Antunes Filho, no CPT, em São Paulo.
Realizou os curtas “Pictures in the Park” (1999) e “À Margem da Imagem” (2001). Retomou o tema deste último, a vida de moradores de rua em São Paulo, transformando-o num longa, também chamado “À Margem da Imagem” (2003). Depois realizou os filmes: “Mensageiras da Luz – Parteiras da Amazônia” (curta e longa 2004); “Primeiros Passos” (2005); “Do Luto à Luta” (2005); “À Margem do Concreto” (2006); “Jardim Ângela” (2007); “O Cinema dos Meus Olhos” (2007); “Brigada Pára-quedista” (2007), “Sentidos à Flor da Pele” (2008), “À Margem do Lixo” (2008), “BR-3″ (a peça) e “BR-3″ (o documentário) (2009), “Quebradeiras” (2009), Cinema de Guerrilha (2010), São Paulo Companhia de Dança (2010), Cuba Libre (2011), Hysteria (2012), A Última Palavra é a Penúltima (2012), “Antártica” (2013), “Dizer e Não Pedir Segredo” (2013) e o curta “A Cicatriz é a Flor” (2014).
Como dramaturgo escreveu as peças: “É o Bicho – A Ordem Natural das Coisas” (infantil com direção de Rosi Campos e Cláudia Borioni em 2003), “RG” (encenada por José Renato em 2004), “A Caçada” (ainda inédita), “Tragicomédia de um Homem Misógino” (encenada por André Guerreiro Lopes em 2009), “Kastelo” (livre adaptação da obra de Kafka, com encenação do Teatro da Vertigem em 2010), “A Conquista da Peste” (também ainda inédita), “Satyricon” (livre adaptação da obra de Petrônio com encenação do grupo Os Satyros em 2012), “Fome de Notícia” (encenada no Centro Cultural São Paulo em 2013 com direção de Maurício Perussi) e “Um Pai – Puzzle” (com Ana Beatriz Nogueira e direção de Vera Holtz e Guilherme Leme, que estreou em março de 2015 no Centro Cultural Banco do Brasil.
Em sua 11ª edição, a Semana de Orientação tradicionalmente inaugura o ano letivo do FILMWORKS – Curso Técnico em Direção Cinematográfica e movimenta os debates sobre criação cinematográfica no Brasil. Este ano o evento acontece em São Paulo e no Rio de Janeiro entre os dias 16 e 18 de fevereiro e além de Evaldo Mocarzel conta com a com exibição de filmes e palestras de outros cineastas convidados, confira a programação completa aqui.
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Semana de Orientação 2016 – George Moura
Roteirista de “Getúlio” e de “Gonzaga, de Pai para Filho”, tem seis indicações ao Emmy International Awards
Quarta, 17 de fevereiro de 2016
17h30: Exibição de “Getúlio”
19h30: Bate-Papo com George Moura sobre o filme
AIC – Academia Internacional de Cinema – Rio de Janeiro
AIC – Academia Internacional de Cinema – Rio de Janeiro
Rua Martins Ferreira, 77, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ. Tel. 21 3958-8775