Um ano de AIC Rio de Janeiro

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A casa, sede da AIC Rio de Janeiro, tombada pelo estado, escriturada em 1938, com estilo eclético em lotes estreitos, típicos do bairro de Botafogo.

Ontem foi dia de assoprar a primeira vela de aniversário da Academia Internacional de Cinema (AIC) do Rio de Janeiro. No dia 02 de março de 2015 abrimos as portas da unidade carioca para alunos e convidados. O evento inaugural contou com um bate-papo com a premiada atriz argentina Inês Efron.

Nesse primeiro ano muita coisa aconteceu: abrimos 39 turmas dos mais diversos cursos, 810 alunos passaram pelo casarão em Botafogo e 28 curtas-metragens foram produzidos pelos alunos, com temas diversos e atuais, que vão de vampiros a documentário sobre Copacabana.

A pergunta estava sempre no ar: quando a AIC estará no Rio de Janeiro? Os fundadores acreditam que chegamos na hora certa, com novas políticas públicas e investimentos privados, um número crescente de produções e ampliação das redes de distribuição e dos mercados regionais em todo o Brasil. A AIC acompanhou esse movimento e foi muito bem recebida na Cidade Maravilhosa.

Os sócios da AIC, durante a inauguração da unidade carioca: Steven Richter, Flávia Rocha, Adriano Diniz e Julio Wainer
Os sócios da AIC, durante a inauguração da unidade carioca: Steven Richter, Flávia Rocha, Adriano Diniz e Julio Wainer

“Em um ano de AIC no Rio nossos alunos tiveram aulas com alguns dos maiores profissionais de cinema do país, produziram curtas e projetos em diversas áreas do cinema, e exibiram seus trabalhos para plateias engajadas. Nosso casarão histórico em Botafogo, como um set — e por extensão a cidade do Rio de Janeiro — se tornou um campo de imaginação, pensamento e intensa atividade criativa. A AIC agora faz parte da vida cinemática da cidade, contribuindo para a formação de profissionais capacitados, com muito amor pelo cinema, continuamente”, diz Flávia Rocha, fundadora e diretora de comunicação da AIC.

A experiência pode ser comprovada pelo ator e aluno do FILMWORKS, Kayo Perez, de 30 anos, que no momento está trabalhando em uma web série. Ele resolveu estudar cinema na AIC por acreditar que já sairia do curso com um bom networking. “A AIC fez uma diferença muito grande na minha vida profissional e pessoal, aqui adquiro conhecimento todos os dias. A gente pratica e faz cinema ao lado de professores que estão no mercado. Eu queria sair do curso trabalhando e já estou trabalhando antes do curso terminar”, conta.

Durante uma das produções feitas na AIC ao longo do ano.
Durante uma das produções feitas na AIC ao longo do ano.

Lia Gandelman, coordenadora de cursos da AIC Rio de Janeiro, diz que é muito gratificante contribuir com todo o processo de implantação da escola e trazer para dentro do ambiente acadêmico profissionais que trabalham no mercado audiovisual brasileiro. “Muito mais do que professores eles são fazedores e pensadores de cinema e vêm para a AIC para dividir conhecimento e experiência de trabalho. Quando os alunos escutam esses profissionais podem, com certeza, ter uma visão real do que é fazer e pensar cinema e TV no Brasil”.

A Academia Internacional de Cinema (AIC) abriu a nova unidade no Rio de Janeiro depois de quase 11 anos da inauguração da primeira unidade. Hoje, nas unidades do Rio de Janeiro e São Paulo são oferecidos mais de 30 cursos que abrangem toda a cadeia produtiva do audiovisual – da ideia à distribuição, entre eles: cursos de formação livre, intensivos de férias, oficinas especializadas e o curso de Formação Profissional em Cinema em 2 anos – o Filmworks. Ao todo passam pela AIC mais de 2000 alunos por ano, que desde a sua fundação produziram mais de 2320 filmes.

Que esse seja o primeiro de muitos aniversários!

*Fotos: em destaque – filme Clichê, feito pelos alunos do FILMWORKS; Fotos dos sócios e da fachada – Duda Tavares; e foto em PB – Gus Benke.

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Correndo no Mundo em 15 dias

Cartaz FacebookPara algumas pessoas, correr uma maratona já é um grande desafio e exige muito treino e superação. Agora imagina alguém correr uma maratona por dia durante 15 dias seguidos? Essa é a história do triatleta curitibano Victor Hugo que fez os 800 km do Caminho de Santigo de Compostela correndo. O resultado desse grande desafio virou o documentário “En Route”, que será exibido no próximo dia 4, às 20h, no estúdio da Academia Internacional de Cinema (AIC) do Rio de Janeiro.

Para acompanhar Victor mais dois ciclistas-peregrinos: a jornalista e ex-aluna da AIC Thaís Zago e o fotógrafo Raphael Dias, que além do apoio, ficaram encarregados de documentar e registrar o desafio.

Como Tudo Começou?

Thaís Zago, Victor Hugo e Rafael Dias, durante o desafio no Caminho de Santiago
Thaís Zago, Victor Hugo e Rafael Dias, durante o desafio no Caminho de Santiago

Thaís conta que tudo começou em 2013, com o convite do amigo Victor. “Nos reunimos algumas vezes para planejar a viagem e a partir desses encontros decidimos criar um projeto, chamado Correndo no Mundo, para viabilizar o feito, que envolvia além da logística da viagem propriamente dita, um cronograma de treinamento e preparação, tanto do atleta como nossa, a busca por patrocinadores, a confecção de uniformes, locação de bicicletas, a compra de equipamentos fotográficos, entre outros. Entre as contrapartidas oferecidas às empresas que se tornassem parceiras do projeto, estavam: exposições fotográficas, palestras e a produção de um documentário. Todo esse processo levou 10 meses, até sair a viagem. O projeto Correndo no Mundo foi ganhando corpo e popularidade nas redes sociais durante a realização do desafio, que ocorreu de 19 de julho de 2014 a 02 de agosto do mesmo ano”.

A ex-aluna da AIC e jornalista Thaís Zago, entre os girassóis, durante o percurso de 800 km, na Espanha.
A ex-aluna da AIC e jornalista Thaís Zago, entre os girassóis, durante o percurso de 800 km, na Espanha.

A escolha do Caminho de Santiago para o desafio foi por dois motivos. O primeiro foi por que Victor já havia feito o percurso antes, de bicicleta e, além de conhecer a rota, queria voltar por conta da energia do lugar. O segundo motivo foi a infraestrutura, já que o caminho conta com banheiros, água, restaurantes, locais para dormir etc.

En Route – O Documentário

O filme, de 48 minutos, conta o desafio, desde o surgimento da ideia até o final da viagem. Tudo isso sob a perspectiva de Victor, como atleta, do seu treinador Rogério Scheibe, do Raphael como fotógrafo, e da Thaís como jornalista e apoio. “O filme mostra também a experiência de cinco peregrinos que conhecemos lá e os motivos que os levaram a percorrer o Caminho de Santiago. E traz em paralelo uma reflexão coletiva de temas como superação, medo, determinação, buscas pessoais, experiências significativas e viagem como ferramenta de autoconhecimento, sob a perspectiva de um filósofo, uma psicóloga, um médico psiquiatra e dois atletas de elite”, conta Thaís.

Na sala do Cinemark, ao final da primeira exibição do documentário, sala lotada com mais de 400 pessoas.
Na sala do Cinemark, ao final da primeira exibição do documentário para mais de 400 pessoas.

A jornalista também diz que tiveram muitas dificuldades e limitações na captação e finalização do documentário. “Tentamos, quando o projeto ainda estava no papel, levar uma equipe de filmagem que estivesse com um carro de apoio levando os equipamentos e cuidando da captação, mas não conseguimos verba dentro do prazo que tínhamos para realizar a viagem. Então, as captações foram feitas por nós mesmos, enquanto pedalávamos e corríamos, com 3 câmeras Go Pro Hero e 1 Canon 6D, sem seguir um roteiro prévio de gravação e sem o uso de equipamentos como tripé, rebatedor, gravador e microfone. Quando voltamos, escrevemos um projeto no Catarse para financiamento coletivo e fizemos a parceria com uma produtora de audiovisual, que realizou a montagem do filme a partir do pós-roteiro que criamos, a gravação dos depoimentos aqui no Brasil e a finalização do filme. Também contamos com a parceria de um amigo colorista, que fez o tratamento final de cores, e de dois amigos que trabalham em produtora de áudio – um deles músico inclusive – que fizeram a trilha e edição das sonoras do filme. O processo todo de montagem durou 6 meses. O filme foi exibido pela primeira vez no Cinemark Curitiba, em sessão para mais de 400 pessoas”.

Curso de Documentário na AIC

Mesmo depois do documentário pronto, Thaís resolveu se inscrever no Curso de Documentário da AIC, para aprender um pouco mais para os próximos desafios. “A experiência foi muito enriquecedora, principalmente por romper a visão limitada que eu tinha do documentário sob a ótica do jornalismo. Aprendi muito com as referências que os professores apresentaram e com as trocas com os colegas. Com o curso, também pude perceber diversas ‘falhas’ do documentário ‘En Route’, decorrentes da nossa falta de conhecimento em linguagem de cinema, limitações técnicas, de equipamentos em si e da logística de se fazer uma viagem com o próprio corpo, sem carro de apoio”, conta.

Ficou Curioso? Assista ao trailer e venha prestigiar!

Trailer En Route from Correndo no Mundo on Vimeo. 

SERVIÇO

Exibição do Documentário En Route
04/03, às 20h, na Academia Internacional de Cinema
Rua Martins Ferreira, 77 – Rio de Janeiro (próximo à Cobal do Humaitá)

*Créditos Fotos: Raphael Dias, Bruno Santos e Divulgação

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Evaldo Mocarzel fala sobre seu novo filme “Até o Próximo Domingo”

DSC04414O último dia da Semana de Orientação da Academia Internacional de Cinema (AIC) de São Paulo contou com a presença do premiado documentarista Evaldo Mocarzel, que além do bate-papo com os alunos e convidados, exibiu seu último filme, ainda inédito e em processo de finalização.

“Até o Próximo Domingo” é um documentário baseado no livro “Luis Antonio – Grabriela”, do dramaturgo Nelson Baskerville que conta a história do irmão de Baskerville, o Luis Antonio do título, um homossexual que viveu com família conservadora até completar 30 anos, quando deixou a casa dos pais e desapareceu por 30 anos. A história narra em episódios a relação de Luís Antônio com a família, Baskerville e a irmã mais velha dos dois, Maria, desde acontecimentos da infância até o reencontro de Maria com Luís Antônio, que mudara de sexo e passara se chamar Gabriela, fazendo shows em boates na Espanha. Gabriela morreu em 2006, de Aids, sem que Baskerville nunca reatasse com sua irmã, o que o levou a escrever a peça.

DSC04454Mocarzel contou sobre a produção do documentário, sobre suas escolhas e sobre o trabalho com Baskerville.

Salientou principalmente os aspectos sonoros do documentário, “O som é uma potência linguística. Se bem utilizado dentro da linguagem cinematográfica, pode ser mais poderoso que a imagem. Para se construir experiências no cinema o som deve ser o principal elemento de linguagem. Bresson falou que o apito de uma locomotiva faz com que você imagine toda a estação de trem. Você acende a imagem na tela mental do espectador. O som sugere sem mostrar e para mim, a potência da arte é a sugestão”, defendeu.

Mocarzel também contou algumas curiosidades do processo de trabalho, como o da criação da paisagem sonora e da trilha do filme. “Os compositores foram parar dentro da ilha de edição. Eu tenho o habito de escrever cartas de montagem, quase que como um segundo roteiro, para contaminar o montador. Nesse filme, os músicos liam a carta de montagem e improvisavam. Foi o caminho que eles encontraram para materializar o que eu queria e, foi um processo de construção incrível”, contou.

DSC04418Também falou sobre o processo de leitura do livro por Baskerville. “A princípio não tínhamos a intenção de usar esses offs. Era apenas uma leitura guia. Mas a potência do material foi tanta que resolvemos usar. Quando uma emoção genuína rompe fica impossível reproduzir num estúdio. Acredito que quando a precariedade é orgânica com a dramaturgia que você constrói, se torna linguagem. O erro se torna um acerto”.

Outros assuntos também pontuaram o bate-papo, como as questões éticas do documentário, as diferenças entre linguagem ficcional e documental etc. Por fim, Mocarzel aconselhou os alunos: “em documentário, quando você não tem a solução, problematize. Nem sempre a ética vai chegar na expressão do seu filme. Mas a sua intenção tem que ser ética”.

*Fotos: Raissa Nosralla

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José Henrique Fonseca fala sobre o longa “Heleno”

IMG_7730José Henrique Fonseca fechou a Semana de Orientação da Academia Internacional de Cinema (AIC) do Rio de Janeiro. Além do bate-papo com o diretor e produtor, o público assistiu ao filme “Heleno”, dirigido por José Henrique. O longa conta a história do jogador de futebol Heleno de Freitas (Rodrigo Santoro), considerado um gênio explosivo nos campos de futebol e galã nos salões da sociedade carioca.

Sem romantismos, José Henrique falou sobre as dificuldades de se fazer filmes “sem mercado”. Contou sobre a produção, captação e filmagens do longa. “Rodrigo Santoro e eu não ganhamos nada pelo filme, não foi um filme para ganhar dinheiro, mas me orgulho muitíssimo dele. Com uma narrativa densa, em preto e branco e a história de um cara autodestrutivo, definitivamente não poderia ser um filme comercial”, contou rindo. “Tive que ser um pouco Heleno, apaixonado pelo projeto, lutando contra o mundo para o filme sair do papel”.

IMG_7742O diretor falou sobre o processo de pesquisa, a falta de depoimentos de contemporâneos do jogador – já que a maioria não estava mais vivo -, e sobre os caminhos que escolheu para não tornar o filme numa saga. “Nós não tínhamos imagem em movimento do Heleno, não sabíamos como ele falava, nosso esforço não era o de reconstruir e sim recriar. A maior parte da nossa pesquisa é baseada na biografia escrita pelo jornalista Marcos Eduardo Neves (Nunca houve um homem como Heleno), mas precisamos fazer um recorte, Heleno teve uma vida bem mais dura do que o filme mostra”, contou.

Falou um pouco sobre a parceria com o diretor de fotografia Walter Carvalho e de como ele comprou imediatamente a ideia de fazer o filme em preto e branco, “foi uma delícia filmar com o Walter, o set era quase familiar, tudo foi muito planejado e decupado e correu bem”. Também contou dos ensaios sistemáticos que duraram dois meses, de como fez um filme com locações como o Maracanã e o Copacabana Palace com apenas 8 milhões e do patrocínio do empresário Eike Batista.

IMG_7802José Henrique também falou sobre sua admiração e curiosidade sobre pessoas e personagens que são incompreendidos. “Os poucos filmes que fiz são sobre pessoas que estão, de certa forma, contra a parede. Gosto de personagens mais difíceis, que estão no limite. Quero sempre fazer filmes sobre pessoas que são mal interpretadas”.

Por fim, o bate-papo acabou com o diretor questionando os estudantes: “Quais os artifícios que você tem para contar uma história? Qual a intenção que você quer passar com determinada cena? O que te motiva, como diretor, a fazer um filme? Preciso confessar que o cinema me dá prazer, mas ao mesmo tempo um certo pânico, como a relação que temos com a montanha-russa, em um parque de diversões, por isso precisamos saber exatamente o caminho que estamos seguindo”.

*Fotos: Karol Salldanha

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Gabriel Mascaro fala sobre a produção de Boi Neon

DSC04329O segundo dia da Semana de Orientação da Academia Internacional de Cinema (AIC) de São Paulo contou com a presença de Gabriel Mascaro e a exibição do premiado “Boi Neon”, em cartaz nos cinemas do Brasil.

Da mesma forma que o filme mistura força e delicadeza, Mascaro trouxe esses sentimentos à plateia. Por um lado, defendeu suas ideias e contou sobre a produção do longa com força e convicção. Por outro, mostrou uma grande humanização dos processos de trabalho e no carinho e serenidade como tratou toda a construção fílmica.

Começou falando sobre seu processo de pesquisa que durou seis anos e sobre a feitura do roteiro, dos diálogos e da preparação do elenco.  “O roteiro pressupõe uma porosidade. É um filme poroso, com brechas, para que a vida transborde. Para que o filme carregue com ele as experiências dos personagens. A própria preparação do elenco foi muito rica. Tinham os bois, os cavalos e os animais também imprimiam uma forma de jogar os atores para fora de um lugar de controle. De repente um boi berrava, (risos) os personagens davam aquele respiro e a gente continuava. No cinema, geralmente, tiramos da cena tudo que é considerado perda de tempo. Minha ideia era fazer ao contrário, para mim essa ‘perda de tempo’ era a força corporal do filme. Boi Neon é um filme generoso com esses rituais orgânicos e banais do cotidiano”, contou para o público.

DSC04344Mascaro disse que para ele o filme trata sobre o corpo como lugar de transformação, sobre as novas referências de gênero e o momento de atualização de novas experiências do corpo. “Os personagens não necessariamente têm uma inversão, não queria um homem feminizado ou uma mulher masculinizada e nem que as pessoas pensassem sobre isso ao assistir ao filme. A ideia é que a gente vá naturalizando esse novo devir, esse escalonamento dos personagens.  Não necessariamente apenas com os corpos humanos. Também pensei em como olhar para esses animais de forma justa, honesta, com carinho possível para pensar eticamente o corpo animal. Como olhar também o imaginário da mulher grávida num lugar que historicamente está associado ao macho alfa, a santificação, que a mulher grávida passa por um processo sacro e puro? O filme tenta descontruir com tudo isso, normalizando os conflitos. Os grandes conflitos estão na gente, não no filme em si”.

DSC04354Entre uma pergunta e outra o diretor também falou sobre a preparação dos atores, sobre a equipe enxuta e contou curiosidades da gravação. Para a preparação do elenco, Mascaro contou com o trabalho de Fátima Toledo. Abriu mão de continuísta, contrarregras entre outras funções consideradas essenciais para a maioria dos diretores, em troca de mais diárias de gravação.

“O método de trabalho de boi neon começou com a convivência com os vaqueiros, queria construir e imprimir de fato essa relação de afeto. Além disso, o filme não tem cortes e pensamos muito em como lidar com essa estética de atuação, já que não contaríamos com as possíveis manipulações da montagem”, contou. Falou também sobre a questão da intimidade com os personagens já que não foram usados closes. “Quanto mais eu me afastava mais eu descobria esse lugar da intimidade. É um filme distante. Você quase não tem close, mostramos os atores no todo, é uma relação muito paradoxal o de perceber um lugar e de construir uma realidade de intimidade no distanciamento. A ideia era um pouco a recusa da emoção. O filme não aponta para a psicodramaturgia dos personagens. Ninguém se transforma”, contou.

Mascaro revelou que a tudo começou com a ideia de fazer um filme sobre fazendeiros e cavalos, sobre a aristocracia dos fazendeiros. Mas dentro desse tema não achou um lugar de afeto onde pudesse se encontrar. Até que, durante sua pesquisa, conheceu um vaqueiro que trabalhava também com costura. Foi com a energia desse personagem real, pensando nas contradições universais que habitam o mesmo lugar e as ambiguidades do próprio corpo, que nasceu toda a ideia do filme.

Por fim, o diretor aconselhou os estudantes: “O mais importante é você ser honesto consigo mesmo, com as suas ideias. Não se preocupar muito com essa lógica de carreira e deixar as coisas virem”.

*Fotos Raissa Nosrallaa

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George Moura compara roteiros a metamorfose das borboletas

IMG_7555O roteirista George Moura esteve ontem (17) na Semana de Orientação da Academia Internacional de Cinema (AIC), no Rio de Janeiro. O evento começou com a exibição do filme “Getúlio”, roteirizado por George Moura e dirigido por João Jardim e terminou com um bate-papo comandado por George. Além de falar sobre o filme o roteirista deu dicas valiosas para os roteiristas de plantão.

Moura começou brincando com a plateia: “Nós roteiristas vivemos em nossa caverna, escrevendo. Quando saímos ficamos até meio desengonçados”. Como todo bom contador de histórias e como se o seu discurso estivesse projetado para seguir uma boa curva dramática, ele ganhou o público, que parecia hipnotizado.

Contou sobre como começou a sua parceria com o diretor João Jardim no programa Por Toda a Minha Vida, da rede globo, e sobre todo o processo de roteirização do filme “Getúlio”. “Quando João me convidou para esse projeto, parecia impossível fazer um filme sobre a vida de Getúlio. Afinal, existem versões contraditórias da história e nós não queríamos retratar o já sabido. Queríamos lançar uma luz sobre a vida privada do político. Outra questão era: como não fazer um filme laudatório e parcial? Foram vários os pontos pensados… Acho que daria para fazer pelo menos mais dois filmes, um sob a perspectiva do Lacerda e outro do Gregório Fortunato”.

IMG_7546Ainda sobre as dificuldades do roteiro, revelou as dúvidas iniciais que surgiram com o projeto, já que o filme não contém nenhuma história de amor e o antagonista e o protagonista não se encontram em nenhuma cena.

Confessou ter ficado muito feliz com o resultado final, principalmente ao saber que o filme atingiu mais de 700 mil espectadores no cinema.

Processos como roteirista

Questionado sobre seus processos de trabalho, George Moura resolveu ler um trecho da obra do livro “A Linguagem do Cinema”, de Jean-Claude Carrière, que diz que quando as filmagens terminam, os roteiros acabam em cestas de lixo. O autor compara esse processo a transformação de uma lagarta em borboleta.

IMG_7664“O roteiro não é o último estágio de um percurso literário. É o primeiro estágio de um filme. (…) Um roteirista tem que ser muito mais cineasta do que romancista e precisa ter em mente o tempo todo que o que ele escreve está fadado a desaparecer, que uma metamorfose indispensável o espera. (…) Em algum momento do processo, o roteirista deve ser capaz de se distanciar da devoção pelo seu trabalho, transferindo todo o seu amor para o filme. Assim, quando ele sair do estúdio, no último dia de filmagem, será capaz de olhar para as cestas de lixo sem nenhum pingo de amargura”.

Por fim aconselhou os roteiristas a lerem todos os manuais de roteiro e depois esquece-los. Ver todos os filmes, mesmo os ruins, mas nunca os copiar. “O estilo é o teto onde o artista bate a cabeça”. E finalizou, “Trabalhem muito. Não posso deixar de citar a famosa frase de Picasso, quando um jornalista lhe questionou sobre ter mais sorte que talento. ‘Quando a sorte veio estar comigo me encontrou trabalhando’. Por isso, trabalhem, tenham obsessão por reescrever”.

*Fotos: Karol Salldanha

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