
Hollywood: da Era de Ouro aos Blockbusters
“Sabe quando Hollywood produz um grande blockbuster que realmente envolve você em um mundo e faz acreditar em coisas extraordinárias que te tocam de uma forma quase lírica? É quando eu mais me divirto no cinema.” Christopher Nolan
O que é?
Embora os irmãos franceses Auguste e Louis Lumière sejam considerados os “pais” do cinema moderno, por terem inventado o cinematógrafo nos anos 1890, foi o cinema norte-americano (ou hollywoodiano) que transformou a arte em indústria, tendo se tornado a força dominante nesse sentido, desde o início do século 20. A média de longas-metragens produzidos anualmente nos Estados Unidos é de 800 filmes, um número significativo – como comparação, o Brasil produziu em 2017 um recorde de 143 longas. O quartel general da indústria cinematográfica americana, desde o início do século passado, tem sido a região de Hollywood, na cidade de Los Angeles, estado da Califórnia. Seus grandes estúdios são responsáveis por alguns dos maiores sucessos comerciais do cinema mundial, entre eles:- O Nascimento de uma Nação / The Birth of a Nation (1915),
- E o Vento Levou / Gone with the Wind (1939),
- A Noviça Rebelde / The Sound of Music (1965),
- A trilogia O Poderoso Chefão / The Godfather (1972),
- Tubarão /Jaws (1975),
- A saga Star Wars (1977),
- E.T. O Extra-Terrestre / E.T. the Extra-Terrestrial (1982),
- Jurassic Park (1993),
- Titanic (1997),
- e Avatar (2009).
Um pouco de história
As origens do cinema norte-americano estão ligadas ao próprio nascimento da sétima arte. Antes dos irmãos Lumière, em 1872, Eadweard Muybridge fez um experimento fotográfico em Palo Alto, na Califórnia, para capturar uma série de imagens reproduzindo a cena de um cavalo correndo. A partir disso, diversos inventores tentaram criar dispositivos para gravar imagens em movimento. Nos Estados Unidos, um dos primeiros a ser bem-sucedido nessa empreitada foi Thomas Edison, que se baseou nas descobertas da época para desenvolver o chamado cinescópio ou cinetoscópio (kinetoscope), uma caixa com imagens filmadas em seu interior, em 1891.
A história da indústria cinematográfica dos Estados Unidos se iniciou na costa leste do país. Entre os anos 1910 e 1920, a cidade de Fort Lee, em Nova Jersey, era a mais importante em termos de produção. Foi Edison quem deu o pontapé inicial para a comercialização do cinema, com a empresa cinematográfica Black Maria. As cidades que se situavam às margens do Rio Hudson tinham muitas terras disponíveis e o custo de produção era mais barato do que em Nova York, o que resultou em um período de crescimento para aquela região.
O estado da Flórida também foi cotado para sediar estúdios, mas as condições climáticas (principalmente furacões) desmotivaram os investidores. Outros grandes centros de produção cinematográfica, na época, incluíam a cidade de Chicago e o estado do Texas – além, é claro, da Califórnia, onde a indústria já começava a se firmar.

“Na Europa, um ator é um artista. Em Hollywood, se ele não está trabalhando, é um mendigo”, afirmou o ator Anthony Quinn.Hollywood passou por um período menos glamoroso após os anos 1960, com o final de sua Era de Ouro. Durante as décadas de 1980 e 1990, passou pela explosão dos blockbusters. Desde 2000, o distrito tem passado por uma revitalização promovida por empresas privadas e o poder público. Em 2001, foi inaugurado o Dolby Theatre, local onde atualmente é realizada a cerimônia de entrega dos Oscars. Em 2002, alguns moradores iniciaram uma campanha para separar Hollywood de Los Angeles novamente, porém a sugestão foi desaprovada pela maioria dos votos da população.
Principais cineastas e filmes
Uma das primeiras produções norte-americanas a obter destaque foi O Grande Roubo do Trem / The Great Train Robbery (1903), também considerado o primeiro western já produzido. Entre os cineastas mais importantes, certamente um dos maiores pioneiros foi D. W. Griffith, que revolucionou o cinema nos Estados Unidos com o desenvolvimento de uma nova sintaxe cinematográfica. Seu controverso épico O Nascimento de uma Nação (1915), que usava técnicas de montagem extremamente inovadoras para a época, foi produzido com apenas 61 mil dólares e é considerado o filme mais lucrativo de todos os tempos, tendo obtido mais de 10 milhões de dólares. Em 1910, Griffith e sua trupe de atores (que incluía Blanche Sweet, Lillian Gish, Mary Pickford e Lionel Barrymore) passaram a utilizar um terreno baldio em Los Angeles para suas produções. Aventurando-se em busca de novas locações, a equipe acabou encontrando Hollywood, na época um pequeno vilarejo muito hospitaleiro a filmagens. Foi ali que o diretor filmou seu curta-metragem In Old California, antes de retornar a Nova York. Ainda no início do século 20, quando o cinema era uma novidade, muitos imigrantes judeus acabaram buscando empregos nessa indústria, vendo nela uma possibilidade lucrativa de negócio. Homens que, posteriormente, tornaram-se verdadeiros magnatas, como Samuel Goldwyn, William Fox, Carl Laemmle, Adolph Zukor, Louis B. Mayer e os irmãos Warner (Harry, Albert, Samuel e Jack), precursores da criação daqueles que seriam os maiores estúdios norte-americanos. Uma mulher também se destacou nos primórdios da indústria: a diretora, produtora e empresária Alice Guy-Blaché. Charles Spencer Chaplin, ou Charlie Chaplin, foi um dos expoentes do cinema silencioso norte-americano. Embora suas origens fossem britânicas, o cineasta e comediante filmou grande parte de sua produção na Califórnia (onde possuía um estúdio), incluindo clássicos como O Garoto / The Kid (1921), Em Busca do Ouro / The Gold Rush (1925), Luzes da Cidade / City Lights (1931) e Os Tempos Modernos / Modern Times (1936). Seu personagem mais icônico, o Vagabundo (The Tramp), marcou a história do cinema, em uma carreira que se estendeu por mais de 75 anos. O Cantor de Jazz / The Jazz Singer (1927), de Alan Crosland, foi o primeiro filme a usar vozes sincronizadas e também o primeiro do gênero musical, dando início à era dos talkies (filmes falados) nos Estados Unidos. A partir de então, diversas empresas de Hollywood passaram a utilizar a tecnologia Vitaphone em suas produções, fazendo com que diversos atores populares do cinema mudo perdessem seus empregos – já que, muitas vezes, eles não tinham boas vozes ou não eram capazes de memorizar suas falas. Os primeiros filmes norte-americanos falados acabaram enfrentando certa rejeição no mercado internacional, até mesmo em países cuja língua era o inglês. Também não era possível dublar os filmes em outros idiomas porque a tecnologia de sincronização ainda era muito primitiva. Uma das soluções foi regravar as mesmas histórias em versões paralelas, com atores estrangeiros e orçamentos mais reduzidos, para lançar em outros países; contudo, por sua má qualidade, essas produções não fizeram muito sucesso. Confira também a História e as Versões do Filme Nasce Uma Estrela:A Era Clássica (1917 a 1960), Studio System e Star System
A chamada Era Clássica ou Era de Ouro do cinema norte-americano abrangeu o período de 1917 a 1960. O Cantor de Jazz marcou seu início, com o aumento dos lucros provocado pela chegada dos longas-metragens sonoros. Nesse período, a maioria dos estúdios aderiu a fórmulas de sucesso: westerns, comédias pastelão, musicais, desenhos animados e filmes biográficos. Além disso, era comum que as equipes criativas por trás dos filmes trabalhassem frequentemente para os mesmos estúdios – por exemplo, o compositor Alfred Newman foi contratado pela 20th Century Fox durante vinte anos e o diretor Cecil B. De Mille produziu quase todos os seus filmes pela Paramount. O mesmo acontecia com os atores: a MGM se vangloriava por ter em sua folha de pagamento “mais estrelas do que havia no céu”. O chamado studio system (“sistema de estúdios”) foi a base da indústria cinematográfica durante quatro décadas. Os principais estúdios contavam com milhares de profissionais fixos – atores, diretores, produtores, roteiristas, técnicos e até mesmo dublês. As mesmas empresas também eram proprietárias de inúmeras salas de cinema, que exibiam seus próprios filmes e tinham uma demanda constante por novidades. Na época, os maiores estúdios, conhecidos como The Big Five, eram a 20th Century Fox, RKO Pictures, Paramount Pictures, Warner Bros. e Metro-Goldwyn-Mayer (ou MGM). The Little Three, ou “os três menores”, eram a Universal Studios, United Artists e Columbia Pictures. Ao longo dos anos 1930, a MGM dominou as telas de cinema, além de ser a contratante das maiores estrelas de Hollywood. O estúdio foi um dos principais responsáveis pela criação do chamado star system (“sistema de estrelas”). O método de produção da época foi marcado pela promoção quase forçada de atores hollywoodianos ao estrelato. Os estúdios selecionavam jovens com potencial para se tornarem estrelas e os “moldavam” para personificar o glamour de Hollywood, criando novas personalidades para eles, às vezes até inventando nomes e histórias de vida. Exemplos de atores que passaram por isso incluem Cary Grant (cujo verdadeiro nome era Archie Leach), Joan Crawford (Lucille Fay LeSueur) e Rock Hudson (Roy Harold Scherer, Jr.), além de Clark Gable, Lionel Barrymore, Jean Harlow, Norma Shearer, Greta Garbo, Jeanette MacDonald e seu marido Gene Raymond, Spencer Tracy, Judy Garland e Gene Kelly. O foco desse sistema estava na imagem dos atores, não na atuação – as mulheres deviam se portar como damas, nunca saindo de casa sem maquiagem ou malvestidas, e os homens precisavam ser vistos como cavalheiros. Uma das grandes estrelas dos anos 1940, Marilyn Monroe, chegou a observar que Hollywood era “um lugar onde se pagava mil dólares por um beijo e cinquenta centavos pela sua alma”. Outra inovação do cinema norte-americano dessa época foi a empresa de Walt Disney, pioneira na área de animações, com grandes sucessos que deram origem a um verdadeiro império abrangendo vários países. Em 1937, Disney criou o mais bem-sucedido desenho animado de todos os tempos, Branca de Neve e os Sete Anões / Snow White and the Seven Dwarfs, longa com tecnologias de animação impressionantes, que deu a largada para uma série de filmes de fantasia protagonizados por princesas, os quais moldaram a infância de inúmeras crianças no mundo todo. O ápice do studio system em Hollywood foi o ano de 1939, no qual foram lançados sucessos como O Mágico de Oz / The Wizard of Oz, E o Vento Levou / Gone with the Wind e No Tempo das Digilências / Stagecoach. No auge da popularidade dos filmes hollywoodianos, eram produzidos cerca de 400 longas por ano, com um público de 90 milhões de espectadores todas as semanas, somente nos Estados Unidos. Outros clássicos da Era de Ouro incluem a primeira versão para o cinema de:- King Kong (1933),
- Aconteceu Naquela Noite / It Happened One Night (1934),
- O Grande Motim / Mutiny on the Bounty (1935),
- O Picolino / Top Hat (1935),
- Casablanca (1942),
- A Felicidade Não Se Compra / It's a Wonderful Life (1946),
- A Dama de Shanghai / The Lady from Shanghai (1947),
- Rio Vermelho / Red River (1948),
- Janela Indiscreta / Rear Window (1954),
- Sindicato de Ladrões / On the Waterfront (1954),
- Juventude Transviada / Rebel Without a Cause (1955),
- Quanto Mais Quente Melhor / Some Like It Hot (1959)
- Sob o Domínio do Mal / The Manchurian Candidate (1962).
A Era pós-clássica (1960 a 1980)
A Nova Hollywood, que se iniciou nos anos 1960 e durou até os anos 1980, tem como principal nome Steven Spielberg, que se tornou um dos diretores e produtores mais populares da história do cinema mundial. Essa era “pós-clássica” trouxe mudanças na maneira de contar histórias, com novas abordagens para a construção narrativa e para a caracterização dos personagens – como cronologia não linear, ambiguidade moral entre o protagonista e o antagonista, além dos chamados “twist endings” (reviravoltas surpreendentes, em geral reveladas no final do filme, inspiradas no gênero film noir). [caption id="attachment_20109" align="aligncenter" width="600"]
- Uma Odisseia no Espaço / 2001: A Space Odyssey (1968), de Kubrick;
- Taxi Driver (1972), de Scorsese;
- O Poderoso Chefão / The Godfather (1972) e Apocalypse Now (1979), de Coppola;
- O Exorcista / The Exorcist (1973), de Friedkin;
- Loucuras de Verão / American Graffiti (1973) e Guerra nas Estrelas / Star Wars (1977), de Lucas;
- Chinatown (1974), de Polanski; e Tubarão / Jaws (1975), de Spielberg.
“Hollywood é um casino. Você tem que colocar suas fichas na mesa e esperar pelo melhor.” - Byron Allen
O mercado do Home Video, DVDs e Streaming (1980 até os dias de hoje)
Os anos 1980 e 1990 trouxeram o mercado do home video, ou seja, as pessoas passaram a alugar ou comprar filmes para assistir em casa. Ao mesmo tempo em que as vendas de ingressos para as salas de cinema sofreram um impacto, os estúdios vislumbraram a possibilidade de novos negócios. Outra característica desse período foi uma nova geração de cineastas, com acesso a fitas VHS e câmeras de vídeo, que passou a realizar filmes com pouquíssimo dinheiro. Os baixos custos de produção e as novas tecnologias provocaram uma explosão de longas independentes no cinema norte-americano, permitindo a ascensão de cineastas que não estavam sujeitos à aprovação de grandes estúdios para concretizarem suas ideias. [caption id="attachment_20111" align="aligncenter" width="605"]
- Os Caçadores da Arca Perdida / Raiders of the Lost Ark (1981),
- E.T. O Extra Terrestre / E.T. The Extra-Terrestrial (1982),
- Blade Runner: O Caçador de Androides / Blade Runner (1982), Scarface (1983),
- Os Caça-Fantasmas / Ghostbusters (1984),
- O Exterminador do Futuro / The Terminator (1984),
- Um Tira da Pesada / Beverly Hills Cop (1984),
- Os Goonies / The Goonies (1985),
- De Volta Para o Futuro / Back to the Future (1985),
- Top Gun: Ases Indomáveis / Top Gun (1986),
- Aliens: O Resgate / Aliens (1986),
- Máquina Mortífera / Lethal Weapon (1987),
- Atração Fatal / Fatal Attraction (1987),
- Wall Street: Poder e Cobiça / Wall Street (1987),
- Rain Man (1988),
- Duro de Matar / Die Hard (1988)
- e Conduzindo Miss Daisy / Driving Miss Daisy (1989).
- Dança com Lobos / Dances with Wolves (1990),
- Os Bons Companheiros / Goodfellas (1990),
- Thelma & Louise (1991),
- O Silêncio dos Inocentes / The Silence of the Lambs (1991),
- O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final / Terminator 2: Judgment Day (1991),
- Os Imperdoáveis / Unforgiven (1992),
- O Guarda-Costas / The Bodyguard (1992),
- O Fugitivo / The Fugitive (1993),
- O Parque dos Dinossauros / Jurassic Park (1993),
- A Lista de Schindler / Schindler's List (1993),
- Forrest Gump: O Contador de Histórias / Forrest Gump (1994),
- Pulp Fiction (1995),
- Seven: Os Sete Crimes Capitais / Se7en (1995),
- Coração Valente / Braveheart (1995),
- Titanic (1997),
- O Clube da Luta / Fight Club (1999),
- Matrix / The Matrix (1999),
- O Sexto Sentido / The Sixth Sense (1999)
- Beleza Americana / American Beauty (1999).
Principais características estéticas
O cinema hollywoodiano sempre se caracterizou por suas motivações mercadológicas e políticas. Desde os anos 1930, quando o presidente Roosevelt usou grandes astros de Hollywood para uma campanha do governo, os Estados Unidos utilizam sua maior ferramenta de comunicação e influência para disseminar seu modo de vida e de pensamento. O glamour hollywoodiano também foi muito usado para endossar produtos, que eram considerados objetos de desejo quando vistos nas mãos de atores famosos – a indústria do tabaco, por exemplo, muito se beneficiou desse tipo de visibilidade. Aos poucos, conforme os antigos magnatas de Hollywood foram sendo substituídos por uma geração mais jovem, as ideias liberais ganharam força no cinema norte-americano; substituindo o conservadorismo que, nos velhos tempos, era reforçado pela censura. Os filmes passaram a ser mais inclusivos e os profissionais têm se preocupado com questões de gênero e representatividade – na frente das câmeras e dentro do set. No entanto, a indústria ainda é muito criticada por continuar sendo essencialmente machista, racista, fixada em juventude e padrões de beleza, muito mais preocupada com dinheiro e poder do que com o aspecto criativo ou artístico do cinema. Esteticamente, a linguagem dos filmes norte-americanos sofreu diversas mudanças neste século de existência do cinema. No entanto, algumas particularidades dos filmes clássicos podem ser percebidas até os dias de hoje, como a preferência por narrativas tradicionais e diretas (que passam longe da experimentação) e com uma jornada do herói bem delineada, focando em personagens que possam gerar identificação com o público – principalmente masculino. As superproduções, carregadas de efeitos especiais e diversos cenários, privilegiando a ação e a aventura, também são características desse cinema. Com relação às temáticas, há uma preferência por fantasiar a realidade, com foco no individualismo e na manipulação das emoções. Esse padrão de referência hollywoodiano, por ser tão disseminado no mundo inteiro, acaba gerando certo desconforto no espectador quando ele se depara com outras estéticas, mais complexas, que apresentem narrativas lentas ou com maior subjetividade.
Legado para o cinema
O legado de Hollywood se torna evidente na forma como o cinema norte-americano se espalhou pelo mundo, estabelecendo um modo de produção industrial para a sétima arte. Independentemente de seus méritos ou falhas, esse cinema está presente de maneira massiva no repertório e na memória afetiva de boa parte dos cinéfilos, inclusive no Brasil. É quase impossível encontrar uma pessoa que não possa citar o nome de um filme ou ator norte-americano. Essa dominação mundial se iniciou em 1912, quando as empresas produtoras competiam pelo mercado doméstico, que se encontrava em expansão devido à popularidade do sistema nickelodeon (uma das primeiras formas de exibição de filmes, em que pequenos espaços, geralmente em lojas, eram disponibilizados como salas de cinema ao preço de cinco centavos – ou seja, um níquel – por pessoa). Os estúdios compreenderam que seria possível expandir ainda mais esse negócio, exportando filmes para suas próprias filiais distribuidoras na Europa. A distribuição de filmes norte-americanos no mercado estrangeiro permaneceu constante nas décadas que se seguiram. A Inglaterra foi um dos países que enfraqueceu sua própria produção nacional porque importava de maneira significativa os longas dos Estados Unidos. Nos primórdios de Hollywood, de 60% a 70% dos filmes que os ingleses assistiam eram americanos. Outros países que procuravam muito esse cinema eram a Alemanha, a Austrália e a Nova Zelândia. Com a crescente globalização, o governo norte-americano passou a intensificar sua política de exportação de filmes, vendo no cinema um produto para expandir sua hegemonia – tanto econômica quanto cultural. Os Estados Unidos possuem o maior mercado interno de espectadores de filmes do mundo, mas o que favorece seu sucesso é o apelo universal de seus produtos, que apelam para o entretenimento, além do fato de que o inglês é considerado uma língua muito aceita e conhecida nos mais diversos países. Com a ascensão da China na economia mundial, Hollywood buscou abarcar também esse nicho de consumidores. Para tanto, os estúdios que pretendiam distribuir seus filmes no país tiveram que ceder às pressões da censura e passaram a evitar temas como "fantasmas, violência, assassinatos, terror ou demônios”. Todos os longas exibidos no país precisam ser aprovados pelos censores e dublados em chinês. No Brasil, de acordo com o Anuário Estatístico do Cinema Brasileiro do ano passado (ANCINE, 2017), entre os vinte títulos de maior bilheteria, dezenove eram produções norte-americanas e apenas uma brasileira (Minha Mãe é uma Peça 2, que ficou em 9o lugar). Segundo a mesma pesquisa, em 2017 foram lançados 463 títulos no Brasil, sendo 160 brasileiros. Entre esses filmes, 34,6% eram brasileiros, 27,6% norte-americanos e 37,8% eram de outras nacionalidades. No entanto, vale ressaltar que o número de cópias das produções norte-americanas em geral é significativamente maior do que das nacionais, graças ao poder das seis principais distribuidoras internacionais no país – Fox, Disney, Warner, Paramount, Sony e Universal. Outro detalhe que diz muito sobre a influência hollywoodiana é o percentual de público dos filmes lançados: de um público de 181,2 milhões de espectadores, 85,1% optaram por produções dos Estados Unidos, 8% por filmes de outros países e apenas 6,9% por filmes brasileiros.Confira também nossos outros artigos sobre Movimentos Cinematográficos:
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*Texto e Pesquisa: Katia Kreutz. Fotos divulgação.