Cinema e Sustentabilidade: como transformar o audiovisual em ferramenta de mudança climática

Cinema e Sustentabilidade: como transformar o audiovisual em ferramenta de mudança climática

Editado em: 06/08/2025

Na terça-feira, 5 de agosto, dia do aniversário de 21 anos da escola e segundo dia da 13ª Semana de Cinema e Mercado, a Academia Internacional de Cinema (AIC) recebeu a produtora e consultora socioambiental Ariene Ferreira para uma conversa sobre os desafios e possibilidades da sustentabilidade no audiovisual. Com mais de 30 anos de trajetória no setor e uma atuação pioneira na implementação de práticas sustentáveis em produções brasileiras, Ariene compartilhou experiências, dados impactantes e provocou reflexões sobre o papel do cinema na crise climática. 

A profissional contou como, em 2008, após visitar centros de triagem de resíduos em São Paulo, percebeu que poderia unir suas três paixões — meio ambiente, audiovisual e facilitação de processos — em um novo campo de atuação. Assim nasceu a Cinema Verde e a ideia de criar protocolos de sustentabilidade para produções audiovisuais. Desde então, ela atua com consultoria ambiental em sets de filmagem, desenvolvendo ações como redução de consumo, a eliminação de descartáveis plásticos, a gestão de resíduos, ações específicas por departamento e o cálculo da emissão de carbono das produções. 

“É urgente mudar nossa cultura de consumo. Um set de filmagem médio consome até 250 mil itens descartáveis em poucas semanas, o que pode representar mais de 700 mil litros de água gastos apenas na produção desses objetos”, alertou Ariene. Segundo ela, a sustentabilidade precisa deixar de ser uma ação isolada para se tornar parte integrante do processo criativo — desde o roteiro até a distribuição do filme. 

Ariene destacou ainda a importância de estimular roteiristas e diretores a incluírem temas ambientais em suas narrativas, mesmo que de forma sutil. “Podemos plantar sementes no público com diálogos ou personagens que tragam questões como mudança climática, preservação ou justiça ambiental. Isso não limita a criatividade — amplia.” 

Entre os entraves para a adoção em larga escala dessas práticas, Ariene aponta a falta de políticas públicas consistentes no Brasil e a resistência dentro do próprio mercado. “Já é difícil convencer quem está dentro da produção, imagina fora dela. Mas a mudança começa com pequenos passos.” 

 A conversa também abordou a urgência de sensibilizar o público geral. “O audiovisual tem um poder gigantesco de formar imaginários. Precisamos pensar em formatos e linguagens que saiam da bolha e se comuniquem com mais gente — do TikTok ao cinema de ficção.” 

A noite terminou com a recomendação de filmes como o documentário Trashed (Candida Brady) e Animal (Cyril Dion), ambos exibidos em diferentes edições da Mostra Ecofalante, e com um apelo direto à plateia: “A gente não está mais no tempo de discutir se vai mudar. A gente precisa mudar agora. E o audiovisual pode — e deve — ser um agente dessa transformação.” 

Foto: Raissà Nashla

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Academia Internacional de Cinema (AIC)
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