
‘Julie, Agosto e Setembro’ e a força do cinema Goiano




Nesta semana, na sexta, 07/12, às 20h, o Julie, Agosto e Setembro será exibido no 7º FAIA - Festival de Atibaia Internacional do Audiovisual, que acontece entre os dias 5 e 8 de dezembro. É o 42º festival do filme! E claro que nós da AIC estaremos torcendo para mais uma boa campanha!
Confira abaixo a entrevista exclusiva com o diretor Jarleo Barbosa e o trailer de Julie, Agosto e Setembro.
AIC - Como surgiu a ideia do filme?
Jarleo Barbosa - Surgiu de um teste de câmera. Meu amigo, o Emerson Maia, que também é diretor de fotografia do filme, tinha acabado de comprar uma câmera nova. E aí ele sugeriu que eu escrevesse um roteiro pra gente testar a câmera. Isso era uma terça. Na segunda seguinte a gente tava rodando o filme. Então não teve uma produção muito elaborada. A gente chamou uns amigos e rodamos. Eu não tinha ideia que o filme ia virar o que virou. Foi um filme independente mesmo, no sentido mais puro do termo. Tão puro que a gente nem usava esse termo 'independente'. A gente queria fazer um filme, juntamos as forças e fizemos. Toda a equipe é de Goiás, de gente que mora ou morava lá.
AIC - Apesar de morar há dois anos em S. Paulo você é goiano da cidade de Anápolis. Foi lá em Goiás que nasceu essa identificação com o audiovisual? Como aconteceu?
Jarleo Barbosa - Apesar de na minha infância meus pais terem sidos donos de uma video-locadora, nunca pensei em fazer cinema. Foi totalmente por acaso que eu entrei na área. Eu queria ser psicólogo. Estudei pra isso no vestibular e cheguei a começar o curso. Mas quando abriu o curso de Rádio e TV na UEG (Universidade Estadual de Goiás), eu me interessei, prestei o vestibular e passei. Só que ao fazer a matrícula descobri que o curso tinha passado por uma mudança na grade e não seria mais Radio e TV e sim Audiovisual. Com isso o cinema entrou mais forte na ementa. Então isso me aproximou do cinema. Eu comecei a trabalhar com cinema ainda na faculdade, em 2008, na área de som. Fiz muitos filmes nesse departamento. Só com o Julie que passei pra direção e roteiro.
AIC - Logo depois, em 2010, você já fundou a sua produtora, a Panaceia Filmes, né? Como é viver de cinema fora do eixo Rio-São Paulo, onde estão os maiores investimentos na área?
Jarleo Barbosa - Sim. A Panaceia surgiu antes de eu entrar na AIC, em 2011. A produtora surgiu em 2010. Ela é formada por 4 sócios que são egressos do primeiro curso de audiovisual da UEG, todos da primeira turma formada em audiovisual no estado. Atualmente nós estamos nesse desafio de viver de cinema em Goiás. Como qualquer outra área de trabalho, pra se viver de cinema é preciso diversificar os negócios. Então nós vivemos de cinema, mas em vários níveis. Além dos filmes que fazemos, seis até agora, temos uma revista de cinema: a Janela; realizamos também uma mostra nas ruas de Goiânia chamada Cinema na Calçada; e estamos desenvolvendo um guia de distribuição de filmes, além de outros projetos. Tudo através de edital público com parceria com a iniciativa privada.
AIC - Como é o mercado de cinema em Goiás?
Jarleo Barbosa - O cinema em Goiás é incipiente, mas está em franco crescimento. Ainda que questionáveis, temos editais de fomento tanto em nível estadual quanto municipal. Existem festivais de cinema, como o FICA (Festival Internacional de Cinema Ambiental) o FESTCINE Goiânia e o Goiânia Mostra Curtas. Além disso, temos curso de graduação e pós-graduação na área. Ou seja, estamos criando uma cultura de cinema lá. Existe uma nova safra de críticos, o que é super importante pra refletir nossa própria produção. Nossos filmes estão cada vez mais percorrendo os festivais e o mercado tem se profissionalizado. Mas ainda é aquela penúria de se fazer cinema fora do eixo Rio/SP. Coisa que só que quem tá fora do eixo entende.
AIC - Quais teus futuros projetos para o Julie e para tua carreira cinematográfica?
Jarleo Barbosa - Existe um projeto para o filme virar uma espécie de série pra TV. Talvez aconteça, mas minha vontade é de contar outras histórias, fazer outras coisas. Fora isso, estou finalizando meu novo filme que se chama 'Atrás da história (ou No coração do filme)' - veja abaixo o making of, com a equipe da Panaceia Filmes em ação. O lançamento está previsto pro início de 2013. Vai ser o primeiro filme da produtora finalizado em 35mm. Eu também continuo como diretor da revista JANELA e trabalhando nos outros projetos e filmes da Panaceia Filmes, em diversas funções.






AIC - Como o curso que você fez na AIC contribuiu para sua profissão de diretor de cinema?
Jarleo Barbosa - Pra mim foi importante fazer o curso de Oficina Crítica da AIC, com o professor Franthiesco Ballerini porque tive acesso a uma reflexão que antes não fazia parte do meu repertório. Então foi um abrir de portas mesmo. Foi importante porque eu me interesso por arte e crítica de uma maneira geral. E o cinema é uma arte sincrética, que mistura várias outras manifestações artísticas. Então ter um curso de crítica de arte foi importante pra entender melhor o cinema nesse seu caráter híbrido.