{"id":26296,"date":"2021-06-13T11:42:41","date_gmt":"2021-06-13T14:42:41","guid":{"rendered":"http:\/\/www.aicinema.com.br\/?p=26296"},"modified":"2024-04-11T17:52:20","modified_gmt":"2024-04-11T20:52:20","slug":"sistema-de-estudio-de-hollywood-studio-system","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.aicinema.com.br\/sistema-de-estudio-de-hollywood-studio-system\/","title":{"rendered":"Sistema de Est\u00fadio de Hollywood – Studio System"},"content":{"rendered":"

Escrito por Lula Mattos<\/strong> \u2013 aluna do curso de Hist\u00f3ria do Cinema: Hollywood Cl\u00e1ssica e Nova Hollywood<\/a> \u2013 Online<\/em><\/p>\n

O sistema de est\u00fadio (Studio System) que dominava Hollywood desde os anos 1930 at\u00e9 o final da d\u00e9cada de 1940, sempre esteve atrelado ao fato de que a produ\u00e7\u00e3o cinematogr\u00e1fica visava \u00fanica e exclusivamente o lucro, a compensa\u00e7\u00e3o financeira. Esse sistema funcionava como a ind\u00fastria de produ\u00e7\u00e3o automobil\u00edstica: produ\u00e7\u00e3o, dire\u00e7\u00e3o, roteiro<\/a>, distribui\u00e7\u00e3o e comercializa\u00e7\u00e3o eram pe\u00e7as independentes que se juntavam para entregar o produto final, como numa linha de montagem dos autom\u00f3veis. Toda essa engrenagem era operada sob as ordens e a supervis\u00e3o dos executivos dos grandes est\u00fadios.<\/p>\n

O sistema de est\u00fadio se estabeleceu como uma for\u00e7a propulsora de lucro, come\u00e7ou a sofrer o primeiro rev\u00e9s com o advento da televis\u00e3o, na d\u00e9cada de 1950, que mantinha grande parte dos espectadores em casa, longe dos cinemas, portanto sem pagarem ingresso.<\/p>\n

Ap\u00f3s a derrubada da lei que garantia esse sistema, Hollywood teve de se reinventar, produzindo filmes de grande or\u00e7amento, \u00e9picos e espetaculares, com inova\u00e7\u00f5es como a “widescreean”, exatamente para fazer frente \u00e0 “telinha” dos aparelhos de televis\u00e3o.<\/p>\n

A seguir, na d\u00e9cada de 1960, marcada pelos movimentos pelos direitos civis dos afroamericanos e protestos contra a guerra do Vietn\u00e3, Hollywood \u00e9 vista como algo que vai na contram\u00e3o da “contracultura”, que propagava a liberdade em todas as esferas da popula\u00e7\u00e3o civil.<\/p>\n

Aliado a todos esses movimentos, chegava aos Estados Unidos os ecos da “Nouvelle Vague<\/a>” (movimento do cinema<\/a> franc\u00eas que pregava o cinema “autoral”, onde o diretor deveria ter toda a liberdade para fazer o seu filme), que inspiraram diretores e produtores independentes.<\/p>\n

Apesar de perderem o completo dom\u00ednio sobre seus filmes, os executivos dos grandes est\u00fadios ainda exerciam o poder de interferir nas decis\u00f5es dos profissionais contratados para cada filme (n\u00e3o eram mais funcion\u00e1rios dos est\u00fadios), sobretudo sobre a escala\u00e7\u00e3o de elenco e dire\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Nesse contexto aparece o diretor Francis Ford Coppola, que de posse de um Oscar pelo roteiro de “Patton<\/a>“, filme de grande sucesso de p\u00fablico, foi convidado pela Paramount Pictures para dirigir a adapta\u00e7\u00e3o do livro “The Godfather<\/a>” de Mario Puzo, que ali\u00e1s j\u00e1 tinha feito a vers\u00e3o para o cinema.<\/p>\n

Vale ressaltar que Coppola n\u00e3o foi o primeiro nome cogitado pela Paramount, mas surgiu depois da recusa dos diretores Sergio Leone e Peter Bogdanovich (ambos j\u00e1 consagrados no circuito independente, \u00e0 margem de Hollywood). Ele n\u00e3o havia ainda obtido sucesso e se encontrava endividado na ocasi\u00e3o, da\u00ed aceitou a miss\u00e3o com reservas, pois sabia o que iria enfrentar: a interfer\u00eancia do est\u00fadio nas suas decis\u00f5es. S\u00f3 que isso n\u00e3o o impediu de bater de frente com o produtor sobre a contrata\u00e7\u00e3o do elenco – os nomes de Marlon Branco e Al Pacino n\u00e3o eram aceitos, sobre a \u00e9poca em que se passaria hist\u00f3ria – o est\u00fadio queria adaptar o livro para a ent\u00e3o d\u00e9cada de 1970, visando uma conten\u00e7\u00e3o no or\u00e7amento, e novamente Coppola manteve-se irredut\u00edvel em filmar como no livro original (a d\u00e9cada de 1940).<\/p>\n

Um detalhe importante dessa nova gera\u00e7\u00e3o de profissionais do cinema, \u00e9 que eles frequentaram universidades do cinema (Coppola veio da UCLA – Faculdade de Cinema da Universidade da Calif\u00f3rnia) chegando na “Nova Hollywood<\/a>” com ideias e posturas revolucion\u00e1rias que n\u00e3o cabiam mais naquele controle que Hollywood exercia at\u00e9 ent\u00e3o, anteriormente pelo “Studio System”, e depois pela press\u00e3o dos produtores a mando dos executivos dos grandes est\u00fadios.<\/p>\n

Assim, Francis Ford Coppola com sua postura irredut\u00edvel em dirigir “O Poderoso Chef\u00e3o” fielmente de acordo com as suas ideias, abriu caminho para que a ind\u00fastria Hollywoodiana entendesse que os filmes, apesar de “independentes”, poderiam gerar muito lucro (“O Poderoso Chef\u00e3o” teve um or\u00e7amento de U$8 milh\u00f5es, e arrecadou U$300 milh\u00f5es).<\/p>\n

Coppola tamb\u00e9m carimbou definitivamente a express\u00e3o “Cinema de Autor”, quando o diretor tem absoluta liberdade para filmar de acordo com as suas ideias e conceitos, sem a interfer\u00eancia de produtores e executivos da ind\u00fastria cinematogr\u00e1fica.<\/p>\n

Ap\u00f3s dois anos da estreia, Coppola filmou a continua\u00e7\u00e3o do “O Poderoso Chef\u00e3o” com toda a tranquilidade e liberdade dadas pela mesma Paramount Pictures.<\/p>\n

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