{"id":20006,"date":"2023-11-28T08:40:53","date_gmt":"2023-11-28T11:40:53","guid":{"rendered":"http:\/\/aicinema.site.brtloja.com.br\/?p=20006"},"modified":"2023-11-28T17:42:03","modified_gmt":"2023-11-28T20:42:03","slug":"o-estilo-de-direcao-de-darren-aronofsky","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.aicinema.com.br\/o-estilo-de-direcao-de-darren-aronofsky\/","title":{"rendered":"O estilo de dire\u00e7\u00e3o de Darren Aronofsky"},"content":{"rendered":"
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\u201c\u00c9 uma linha muito dif\u00edcil, como cineasta, saber quando \u00e9 demais. E geralmente estou no lado errado dessa linha.\u201d Darren Aronofsky. Foto: Niko Tavernise<\/figcaption><\/figure>\n

Darren Aronofsky, conhecido por suas narrativas inc\u00f4modas, explora a complexidade humana em seus filmes, como evidenciado em seu \u00faltimo sucesso: “A Baleia”. Fiel \u00e0 sua est\u00e9tica, o diretor conduz o espectador por um espa\u00e7o claustrof\u00f3bico, explorando o cotidiano de Charlie, seu protagonista, para revelar as limita\u00e7\u00f5es e tristezas da obesidade m\u00f3rbida.<\/p>\n

A atua\u00e7\u00e3o marcante de Brendan Fraser<\/a>, lhe rendeu um Oscar. Mesmo soterrado sob pr\u00f3teses, ele humaniza o personagem, enquanto a trama busca reden\u00e7\u00e3o e conex\u00e3o familiar.<\/p>\n

Conhecido por seus filmes surreais, melodram\u00e1ticos e muitas vezes perturbadores, o diretor e roteirista Darren Aronofsky<\/a> descobriu seu lado art\u00edstico ainda muito jovem, em Nova York: na inf\u00e2ncia, era f\u00e3 dos filmes cl\u00e1ssicos; na adolesc\u00eancia, fez experimenta\u00e7\u00f5es com grafite. No entanto, ao contr\u00e1rio de outros cineastas de sua gera\u00e7\u00e3o, que aprenderam o of\u00edcio na pr\u00e1tica (como, por exemplo, Quentin Tarantino e Christopher Nolan), Aronofsky acabou se formando em cinema<\/a> na conceituada Universidade de Harvard.<\/p>\n

O in\u00edcio da Carreira<\/strong><\/h2>\n

Depois de ganhar alguns pr\u00eamios com seus filmes estudantis, o cineasta dirigiu daquele que seria seu primeiro longa-metragem, o enigm\u00e1tico \u201cPi\u201d<\/em> (1998), coescrito e estrelado por seu colega de universidade Sean Gullette.<\/p>\n

Com um or\u00e7amento extremamente reduzido e fotografia em preto e branco, Aronofsky criou um interessante exerc\u00edcio de estilo em uma hist\u00f3ria de suspense sobre um matem\u00e1tico paranoico, que lhe rendeu cr\u00edticas positivas e reconhecimento no Festival de Sundance e no Independent Spirit Award \u2013 importante premia\u00e7\u00e3o norte-americana para produ\u00e7\u00f5es independentes.<\/p>\n


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A parceria com Clint Mansell<\/strong><\/h2>\n

\u201cPi\u201d<\/em> marcou tamb\u00e9m o in\u00edcio da parceria do cineasta com o compositor Clint Mansell, que continuou trabalhando com Aronofsky por v\u00e1rias d\u00e9cadas, criando as trilhas de seus filmes. \u201cA m\u00fasica dele em \u201cR\u00e9quiem para um Sonho\u201d<\/em> (2000) \u00e9 uma das grandes composi\u00e7\u00f5es para cinema<\/a>, provavelmente dos \u00faltimos 30 anos. Ela consegue trazer melodia, prazer da escuta, ao mesmo tempo em que serve o filme, nesse caso um suspense com horror num libelo antidrogas. \u00c9 dif\u00edcil executar bem as duas fun\u00e7\u00f5es: encantar e denunciar como m\u00fasica dentro de um filme\u201d, afirma Leandro Afonso<\/a>, professor da Academia Internacional de Cinema (AIC), pesquisador e diretor de cinema.<\/p>\n

Embora Aronofsky tenha sentido a press\u00e3o de fazer filmes grandiosos depois do sucesso de seu primeiro longa, \u201cR\u00e9quiem para um Sonho\u201d<\/em> (cujo roteiro<\/a> se baseou no livro de Hubert Selby Jr.) teve uma boa recep\u00e7\u00e3o, a ponto de alavancar sua carreira de cineasta independente a uma grande promessa do cinema norte-americano. O impactante longa foi considerado controverso, pelas cenas gr\u00e1ficas de sexo e por retratar de maneira crua o uso de drogas, mas garantiu a Ellen Burstyn uma indica\u00e7\u00e3o ao Oscar de Melhor Atriz.<\/p>\n

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Requiem para um sonho-com Jared Leto e Jennifer Connelly<\/figcaption><\/figure>\n

Essa proje\u00e7\u00e3o resultou no filme seguinte de Aronofsky: \u201cFonte da Vida\u201d <\/em>(2006), um ambicioso longa-metragem de fantasia, com nomes de peso no elenco, como Hugh Jackman e Rachel Weisz. \u201cPara mim, assistir a um filme \u00e9 como ir a um parque de divers\u00f5es. Meu pior medo \u00e9 fazer um filme que as pessoas n\u00e3o considerem um \u2018bom passeio\u2019\u201d, chegou a afirmar o diretor, cujos temores se concretizaram: al\u00e9m de \u201cFonte da Vida<\/em>\u201d ser um fracasso de bilheterias, o filme n\u00e3o conquistou muito os cr\u00edticos.<\/p>\n

O retorno do diretor visceral<\/strong><\/h3>\n

A volta por cima de Darren Aronofsky aconteceu com \u201cO Lutador\u201d <\/em>(2008), uma obra simples e focada no trabalho dos atores. O filme recebeu dois Globos de Ouro e foi indicado a dois Oscars \u2013 Melhor Ator e Melhor Atriz Coadjuvante. \u201cPara mim, \u201cO Lutador\u201d<\/em> \u00e9 o filme em que Aronofsky mais se entrega, sem firulas e tremeliques, ao tamanho da atua\u00e7\u00e3o, \u00e0 for\u00e7a das dores e amores de um anti-her\u00f3i anacr\u00f4nico, que \u00e9 o personagem de Mickey Rourke. Vi duas vezes em dois dias, depois revi, e ele segue sendo um grande filme para mim\u201d, comenta Leandro Afonso, que exalta ainda as situa\u00e7\u00f5es triviais, mas ao mesmo tempo duras e dram\u00e1ticas, do longa.<\/p>\n

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O Lutador (2008), com Mickey Rourke, recebeu dois Globos de Ouro e foi indicado a dois Oscars \u2013 Melhor Ator e Melhor Atriz Coadjuvante.<\/figcaption><\/figure>\n

O sucesso de p\u00fablico e cr\u00edtica acompanhou Aronofsky em seu longa seguinte: o suspense psicol\u00f3gico \u201cCisne Negro\u201d<\/em> (2010). Para interpretar a bailarina obsessiva que protagoniza a hist\u00f3ria, Natalie Portman se submeteu a uma dura rotina de pr\u00e1tica de bal\u00e9 durante um ano e dispensou as dubl\u00eas em boa parte das cenas de dan\u00e7a. Ela recebeu o Oscar de Melhor Atriz por esse papel, assim como o Globo de Ouro. Darren Aronofsky tamb\u00e9m foi indicado ao Oscar por seu trabalho no filme, mas acabou perdendo para Tom Hooper (de \u201cO Discurso do Rei\u201d<\/em>).<\/p>\n

As superprodu\u00e7\u00f5es pol\u00eamicas<\/strong><\/h3>\n

Os pr\u00eamios recebidos por \u201cCisne Negro<\/em>\u201d foram o aval que Darren Aronofsky precisava para realizar outro projeto arriscado, com um or\u00e7amento multimilion\u00e1rio: o drama b\u00edblico \u201cNo\u00e9\u201d <\/em>(2014), com Russell Crowe no papel principal. \u201cEu tento viver minha vida de modo a n\u00e3o ter arrependimentos. Assim, procuro escolher o caminho pelo qual tenho mais paix\u00e3o, porque desse modo voc\u00ea nunca pode realmente se culpar por ter feito as escolhas erradas. Voc\u00ea sempre pode dizer que estava seguindo sua paix\u00e3o\u201d, disse o cineasta. Embora tenha faturado milh\u00f5es nas bilheterias do mundo inteiro, o longa foi banido em alguns pa\u00edses (como os Emirados \u00c1rabes, Qatar e Indon\u00e9sia), devido a quest\u00f5es religiosas.<\/p>\n

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Darren e Natalie Portman nas grava\u00e7\u00f5es de Cisne Negro. Para interpretar a bailarina obsessiva que protagoniza a hist\u00f3ria, a atriz se submeteu a uma dura rotina de pr\u00e1tica de bal\u00e9 durante um ano. Ela recebeu o Oscar de Melhor Atriz por esse papel, assim como o Globo de Ouro Cr\u00e9dito: Fox Searchlight<\/figcaption><\/figure>\n

\u201cM\u00e3e!\u201d <\/em>(2017) tamb\u00e9m dividiu a cr\u00edtica e o p\u00fablico. Protagonizado por Jennifer Lawrence, trata-se de outro terror psicol\u00f3gico com refer\u00eancias b\u00edblicas e toques de surrealismo, incluindo cenas chocantes de extrema viol\u00eancia. A hist\u00f3ria acompanha a vida de um casal em um espa\u00e7o de tempo indeterminado: ela, preocupada em reformar a casa; ele, um escritor sofrendo de bloqueio criativo. Posteriormente, ao perceber a confus\u00e3o do p\u00fablico sobre as met\u00e1foras do longa, o diretor explicou tratar-se de uma alegoria \u00e0 \u201cm\u00e3e Terra\u201d.<\/p>\n

O estilo de Darren Aronofsky<\/strong><\/h3>\n

\u201cAronofsky n\u00e3o tem exatamente um estilo pr\u00e9-definido, porque seus filmes s\u00e3o muito diferentes. Acho que muito do estilo dele vem do tamanho do or\u00e7amento, e por isso ele varia tanto \u2013 ou pelo menos \u00e9 minha impress\u00e3o sobre seus filmes\u201d, afirma Leandro Afonso. No entanto, algumas caracter\u00edsticas recorrentes podem ser apontadas nas obras do diretor:<\/p>\n