{"id":17227,"date":"2017-09-15T17:21:54","date_gmt":"2017-09-15T20:21:54","guid":{"rendered":"http:\/\/aicinema.site.brtloja.com.br\/?p=17227"},"modified":"2018-02-21T11:54:09","modified_gmt":"2018-02-21T14:54:09","slug":"peripatetico-filme-da-aluna-jessica-queiroz-estreia-amanha-no-festival-de-brasilia","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.aicinema.com.br\/peripatetico-filme-da-aluna-jessica-queiroz-estreia-amanha-no-festival-de-brasilia\/","title":{"rendered":"“Peripat\u00e9tico”, filme da aluna J\u00e9ssica Queiroz, estreia amanh\u00e3 no Festival de Bras\u00edlia"},"content":{"rendered":"

Por Katia Kreutz<\/em><\/p>\n

Curta-metragem fala sobre a invisibilidade dos jovens da periferia<\/em><\/h6>\n

\"cartaz<\/a>Quinze minutos n\u00e3o \u00e9 muito tempo para contar uma hist\u00f3ria, especialmente se ele for inspirada em acontecimentos reais. No entanto, a cineasta J\u00e9ssica Queiroz, ex-aluna da Academia Internacional de Cinema<\/a> (AIC), consegue levar o espectador para dentro da vida de tr\u00eas adolescentes da periferia em seu curta\u00a0Peripat\u00e9tico<\/em>, que estreia dia 16 de setembro na Mostra Competitiva do Festival de Bras\u00edlia<\/a> e segue para a Mostra Di\u00e1logo de Porto Alegre.<\/p>\n

Mulher, negra e perif\u00e9rica, a diretora sempre sentiu na pele as dificuldades da vida na “quebrada”, assim como a solidariedade entre os moradores. Enquanto o resto da cidade simplesmente se recusa a reconhecer essas pessoas, limitando suas oportunidades e vendo-as apenas em pap\u00e9is de servid\u00e3o, os jovens que nascem e crescem \u00e0 margem da sociedade tentam buscar alternativas e ir atr\u00e1s de seus sonhos. Contudo, nunca \u00e9 f\u00e1cil. “O curta fala sobre como \u00e9 pesado ser jovem negro na periferia, mas a gente sempre arruma um jeito de sobreviver e r(existir) de alguma forma”, explica J\u00e9ssica.<\/p>\n

Peripat\u00e9tico\u00a0<\/em>acompanha alguns dias na vida de\u00a0Simone, Thiana e Michel, moradores da periferia de S\u00e3o Paulo. Simone procura o primeiro emprego, Thiana tenta passar no vestibular de medicina e Michel ainda n\u00e3o sabe o que quer fazer de sua vida. A hist\u00f3ria se passa em maio de 2006, per\u00edodo no qual a capital paulista sofreu diversos\u00a0ataques da fac\u00e7\u00e3o criminosa PCC.\u00a0O filme se inspirou na luta do movimento M\u00e3es de Maio, uma rea\u00e7\u00e3o \u00e0 viol\u00eancia contra in\u00fameros jovens inocentes que foram assassinados durante o conflito.<\/p>\n

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\"j\u00e9ssica<\/a>
A diretora J\u00e9ssica Queiroz na \u00faltima Semana de Cinema e Mercado da AIC, no Painel de Mulheres Cineastas. Foto: Al\u00ea Borges<\/figcaption><\/figure>\n

O roteiro<\/a> \u00e9 de\u00a0Ananda Radhika, que estudou com J\u00e9ssica no Instituto Criar. Por v\u00e1rios anos, a hist\u00f3ria ficou na gaveta, por falta de recursos para ser produzida. Em 2015, a diretora inscreveu o curta no Programa VAI (Valoriza\u00e7\u00e3o de Iniciativas Culturais), um edital da Prefeitura de S\u00e3o Paulo, e recebeu verba para realiz\u00e1-lo. “Ainda assim, a grana foi pouca e tivemos muito aperto, mas a equipe era t\u00e3o apaixonada pelo roteiro quanto eu”, conta.\u00a0De acordo com a cineasta, mesmo tendo se passado mais de uma d\u00e9cada desde os acontecimentos da hist\u00f3ria, a tem\u00e1tica ainda \u00e9 urgente. “Precisamos falar sobre o que est\u00e1 acontecendo no lado de c\u00e1 da ponte. Muita coisa n\u00e3o mudou.”<\/p>\n

A ficha t\u00e9cnica ainda conta com o professor de Dire\u00e7\u00e3o de Arte<\/a> da AIC, Dicezar Leandro<\/a><\/span>,<\/span>\u00a0e os alunos Luiz Augusto Moura na Dire\u00e7\u00e3o de Fotografia e<\/span>\u00a0<\/span>Bianca Santos e Isadora Torres na Dire\u00e7\u00e3o de Som.<\/span><\/p>\n

A maior parte do filme foi rodada em Ermelino Matarazzo, zona leste de S\u00e3o Paulo. Para a diretora, gravar no “quintal de casa” acabou se mostrando uma experi\u00eancia maravilhosa. “Foi uma semana de filmagem corrida, com chuva, muita chuva! A maior parte das cenas s\u00e3o externas e praticamente ficamos ilhados”, lembra. O que fez a diferen\u00e7a foi a for\u00e7a dada pelos pais e pela irm\u00e3, especialmente no preparo das refei\u00e7\u00f5es para a equipe. “At\u00e9 tias e vizinhos vieram ajudar!”<\/p>\n

Como o curta possui anima\u00e7\u00f5es, o processo de p\u00f3s-produ\u00e7\u00e3o foi demorado e tamb\u00e9m muito trabalhoso. “Sem os parceiros, que apoiaram o projeto nessa etapa de finaliza\u00e7\u00e3o, n\u00e3o ter\u00edamos conseguido entregar o filme a tempo para o festival”, ressalta. Segundo J\u00e9ssica, a Produtora de Som Mugshot mixou e fez algumas trilhas e a Quanta Post foi respons\u00e1vel pelo DCP (arquivo final de v\u00eddeo e \u00e1udio para exibi\u00e7\u00e3o).<\/p>\n

\"peripat\u00e9tico\"<\/a>
Cena do filme Peripat\u00e9tico que estreia amanh\u00e3 no Festival de Bras\u00edlia. \u201cMeus filmes t\u00eam muito de mim e de onde venho. Acredito que negros e perif\u00e9ricos precisam ser bem representados na tela, de uma forma positiva, para fazer com que as pessoas saibam que a periferia \u00e9 um lugar poss\u00edvel”, diz J\u00e9ssica em entrevista para a AIC.<\/figcaption><\/figure>\n

Com uma equipe majoritariamente feminina, a diretora buscou, em todos os momentos da produ\u00e7\u00e3o, imprimir veracidade e autenticidade \u00e0 hist\u00f3ria. Na dire\u00e7\u00e3o de arte, o maior desafio foi escapar de cenografias muito caricatas, com “cara de novela”. J\u00e1 na dire\u00e7\u00e3o de fotografia, o conceito foi fugir da “est\u00e9tica da pobreza” e realizar um filme cheio de cor e vida.<\/p>\n

J\u00e9ssica iniciou sua carreira com teatro e literatura, em um grupo dentro de sua escola, chamado\u00a0Os Mesqueiteiros. Depois de participar de uma oficina de audiovisual ministrada por professores do Instituto Criar, ela se apaixonou pela s\u00e9tima arte e seguiu se aperfei\u00e7oando. “Fiz curso t\u00e9cnico em edi\u00e7\u00e3o no Instituto e comecei a trabalhar com edi\u00e7\u00e3o dentro de ag\u00eancias de publicidade. Passei pela Repense, Africa, e agora estou na Talent Marcel.”<\/p>\n

Cursando o FILMWORKS<\/a> \u2013 o curso t\u00e9cnico em dire\u00e7\u00e3o cinematogr\u00e1fica da AIC, J\u00e9ssica foi diretora do document\u00e1rio\u00a0Vidas de Carolina<\/em>. Como trabalho de conclus\u00e3o, dirigiu o curta\u00a0N\u00famero e S\u00e9rie<\/em>, exibido no\u00a0Pausa pro Caf\u00e9\u00a0<\/em>do Canal Brasil e selecionado para o Curta Cinema e o Festival Comunicurtas. \u201cMeus filmes t\u00eam muito de mim e de onde venho. Acredito que negros e perif\u00e9ricos precisam ser bem representados na tela, de uma forma positiva, para fazer com que as pessoas saibam que a periferia \u00e9 um lugar poss\u00edvel”, afirma a cineasta, cuja jornada em busca de representatividade est\u00e1 apenas come\u00e7ando.<\/p>\n

Veja Tamb\u00e9m:<\/h5>\n