{"id":15022,"date":"2017-02-17T14:28:43","date_gmt":"2017-02-17T16:28:43","guid":{"rendered":"http:\/\/www.aicinema.com.br\/?p=15022"},"modified":"2019-12-18T11:53:33","modified_gmt":"2019-12-18T13:53:33","slug":"a-documentarista-emilia-silveira-fala-sobre-ditadura-mecanica-de-producao-e-os-silencios-que-precisam-ser-aguentados","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.aicinema.com.br\/a-documentarista-emilia-silveira-fala-sobre-ditadura-mecanica-de-producao-e-os-silencios-que-precisam-ser-aguentados\/","title":{"rendered":"A documentarista Em\u00edlia Silveira fala sobre ditadura, mec\u00e2nica de produ\u00e7\u00e3o e os sil\u00eancios que precisam ser aguentados"},"content":{"rendered":"
\"emilia<\/a>
\u201cQuem quer ser documentarista precisa ter uma curiosidade inata, gostar de cavar, de ir al\u00e9m do que \u00e9 dito, ter prazer em enfrentar desafios. Esse acho que \u00e9 o primeiro requisito, falou Em\u00edlia Silveira durante o bate-papo<\/figcaption><\/figure>\n

Sabe aquelas pessoas que exalam humanidade? Seja pela forma como tratam o pr\u00f3ximo, seja pela forma de falar e defender seus ideais, ou ainda pela escolha dos temas que a pessoa trabalha? Essa \u00e9 a sensa\u00e7\u00e3o que temos ao ouvir a documentarista Em\u00edlia Silveira<\/a>, ela inspira \u00e9tica e humanidade. Em\u00edlia esteve no \u00faltimo dia 15 na Academia Internacional de Cinema<\/a> (AIC) para a 12\u00aa Semana de Orienta\u00e7\u00e3o<\/a>. Chegou sem atraso, mesmo com o tr\u00e2nsito enlouquecedor do Rio de Janeiro e trouxe a tiracolo sua assistente e roteirista, Patricia Silveira, a quem sempre recorria para se certificar de uma ou outra informa\u00e7\u00e3o que repassava.<\/p>\n

Antes da entrevista para a comunica\u00e7\u00e3o da escola, feita sempre com os palestrantes convidados, ela colocou o microfone de lapela com intimidade e cumprimentou cada integrante da equipe: c\u00e2mera, fot\u00f3grafo, rep\u00f3rter e produtora. Talvez por conta da carreira como jornalista, falou com tranquilidade e eloqu\u00eancia, quase sem precisar das perguntas que preparamos para ela.<\/p>\n

\u201cQuem quer ser documentarista precisa ter uma curiosidade inata, gostar de cavar, de ir al\u00e9m do que \u00e9 dito, ter prazer em enfrentar desafios. Esse acho que \u00e9 o primeiro requisito. Depois disso voc\u00ea precisa se preocupar com a mem\u00f3ria. N\u00e3o com a mem\u00f3ria nost\u00e1lgica, mas com a mem\u00f3ria que \u00e9 uma din\u00e2mica do tempo presente, a mem\u00f3ria que te d\u00e1 a possibilidade de viver melhor o presente. \u00c9 entendendo o passado que a gente entende melhor o presente\u201d, falou Em\u00edlia.<\/p>\n

DOCUMENT\u00c1RIOS E A DITADURA MILITAR<\/h5>\n

\"emilia<\/a><\/p>\n

Em \u201cGaleria F\u201d, filme ainda in\u00e9dito no circuito comercial, exibido no est\u00fadio da AIC, Em\u00edlia traz novamente a tem\u00e1tica da ditadura, algo que j\u00e1 havia feito no seu document\u00e1rio \u201cSetenta\u201d (2013). Ela conta a hist\u00f3ria de Theodomiro Romeiro dos Santos, preso pol\u00edtico que sobreviveu \u00e0 tortura e \u00e0 pris\u00e3o no regime militar. Em estilo road movie, o document\u00e1rio foi gravado em sua maioria no interior da Bahia e refaz a rota da fuga de Theo da pris\u00e3o, ao lado do filho Guga que, pela primeira vez, entra em contato com a verdadeira hist\u00f3ria do pai.<\/p>\n

Tamb\u00e9m ex-presa pol\u00edtica, a diretora conta que s\u00f3 trabalha com temas que entende e acredita. \u201cMinha inten\u00e7\u00e3o \u00e9 ir al\u00e9m dos estere\u00f3tipos, mostrar a pessoa que se esconde na figura do militante, por exemplo. Com o momento que passamos no pa\u00eds \u00e9 importante reviver tudo isso em filmes. N\u00e3o d\u00e1 para esquecer o que aconteceu no Brasil, o que \u00e9 um golpe, o que \u00e9 um regime autorit\u00e1rio, o que \u00e9 voc\u00ea ser privado de liberdade\u201d, conta.<\/p>\n

Em\u00edlia revelou muitas curiosidades sobre o filme, contou sobre quando conheceu o Theo e chegou a pensar que que n\u00e3o teria filme, pois ele era um personagem sisudo, que n\u00e3o queria muita exposi\u00e7\u00e3o. Falou sobre como aos poucos foi bolando estrat\u00e9gias para desarma-lo e para retratar parte da hist\u00f3ria dele. \u201cFoi a\u00ed que surgiu a ideia de fazer o caminho da fuga ao lado do filho, ele contando a hist\u00f3ria para o filho. Outra estrat\u00e9gia foi microfonar o Theo o tempo todo, grav\u00e1vamos tudo o que ele dizia, mas claro, a\u00ed entra uma preocupa\u00e7\u00e3o importante de quem faz document\u00e1rio, as quest\u00f5es \u00e9ticas ao selecionar o que voc\u00ea deve ou n\u00e3o usar no filme\u201d.<\/p>\n

MEC\u00c2NICA DE PRODU\u00c7\u00c3O<\/h5>\n

\"emilia<\/a>A documentarista tamb\u00e9m revelou como \u00e9 o seu processo de produ\u00e7\u00e3o, os par\u00e2metros que segue em cada projeto.<\/p>\n