Três ex-alunas do curso de Direção de Arte da Academia Internacional de Cinema (AIC) integram a equipe do filme Betânia selecionado para a mostra Panorama do Festival Internacional de Cinema de Berlim – Berlinale, que acontece entre os dias 15 e 25 de fevereiro. A estreia de Betânia será no dia 18.
Mariana Cristal Hui, assina a Direção de Arte do filme, enquanto Jessica Goes lidera a produção de arte e artes gráficas e Mel Carabolante, a caracterização e assistência de contrarregragem.
Mariana compartilhou os detalhes e desafios do processo artístico proporcionados pela filmagem em Betânia, um povoado isolado nos Lençóis Maranhenses e a colaboração da comunidade local para dar vida aos cenários.
“Filmar em um deserto de areia foi desafiador e mágico. A paisagem é surreal e, quase todos os dias, várias Toyotas com a equipe atravessaram as dunas de madrugada para alcançar Betânia, um povoado isolado dentro dos Lençóis Maranhenses, que também dá nome à protagonista do filme. A equipe de arte, dividida entre São Paulo e Maranhão, foi enxuta e produzimos praticamente tudo na região. Com o elenco composto de locais, tivemos que nos dedicar ao máximo para manter as características culturais no visual de todo o longa. O maior desafio certamente foi construir um telhado de palha na casa principal, para isso tivemos a ajuda de vários moradores do lugar”.
A diretora de arte explicou que foi adotado um conceito de incorporar estampas floridas no figurino e nos cenários, refletindo a ideia fundamental de que, mesmo durante a estação seca, quando as lagoas desaparecem, a beleza persiste nos jardins floridos que emergem em seu lugar. Apesar deste olhar otimista, ela destacou que o filme, que possuem trechos documentais, aborda os desafios enfrentados pela comunidade local. O enredo explora temas como a gestão do lixo, as correntes marítimas e as implicações das alterações nas dunas.
AIC
Mariana destacou a influência significativa de sua passagem pela AIC, e a troca entre professores e alunos.
“Ter passado pela AIC abriu muitas janelas do meu pensamento, em especial nos encontros filosofais com Dicezar e sua didática ao apresentar conceitos de poética e estética no cinema. A possibilidade de criar dentro do estúdio ou transformar a escola toda em um set também fez com que eu entendesse bem todos os processos na prática. Ter participado de curtas independentes com alunos e profissionais de outros departamentos do audiovisual também ampliou minhas relações, expandiu o conhecimento e me deu segurança na hora de assumir o papel de diretora de arte no mercado”.
Sinopse
O filme, do diretor Marcelo Botta e produzido pela Salvatore Filmes, acompanha Betânia, uma parteira de 65 anos, que após perder o marido, é persuadida pelas filhas a deixar a sua aldeia remota. Ela se aproxima das dunas dos Lençóis Maranhenses, no norte do Brasil, e aventura um novo começo.