Academia Internacional de Cinema (AIC)

Papo de Elevador, Síndrome de Tourette e o Exercício 3,2,1

Imagina entrar em um elevador e alguém desatar a falar palavrão entre uma frase e outra. Esse é o mote do curta-metragem “Papo de

Gravação do curta Papo de Elevador, feito no Intensivo de Férias de Cinema, em julho de 2013.

Elevador”, dirigido pelo amazonense Emerson Medina, de 41 anos, que veio para a Academia Internacional de Cinema (AIC) em julho do ano passado para cursar o Intensivo de Férias de Cinema.

Pouca gente conhece, mas existe um distúrbio neuropsiquiátrico chamado de Síndrome de Taurette, caracterizado por tiques múltiplos, motores ou vocais. É quando uma pessoa tem tiques compulsivos recorrentes como piscar, tossir, retorcer-se e até mesmo xingar.

A ideia surgiu do também aluno Marcelo Reis, que conhecia a síndrome e queria fazer uma história de humor, mas o exercício, sugerido pela professor de roteiro Thiago Fogaça, exigia uma estrutura de narrativa clássica e a ideia original precisou de algumas adaptações, conta Emerson.

A história deu tão certo que o curta foi selecionado para o Amazonas Film Festival e fez sucesso na Mostra de Curtas.

Estudar X Conhecer Gente

Todo ano, nos meses de férias, é assim. Quem entra no casarão de janelas vermelhas, da Academia Internacional de Cinema (AIC), escuta os mais diversos sotaques e vê pessoas do norte e nordeste cheias de blusa, sentindo muito frio e, os sulistas, praticamente sem roupa, por que acham que aqui faz calor. É uma mistura cultural tão interessante que só por isso já vale o curso, conta Emerson, que conheceu a AIC pela internet. “Gostei da proposta do curso e fiz a inscrição. A experiência é muito proveitosa, em especial, as aulas de roteiro e produção, pois eu já tinha experiência em outros cursos de direção. Além das aulas, o relacionamento com os colegas e a troca de culturas é outro enriquecimento. Ainda hoje conversamos com alguns colegas que voltaram para seus Estados e acompanhamos o que cada um está fazendo na área”, conta.

Atores e equipe de produção do curta – quatro horas gravando “dentro” do elevador – gente de todo canto do país.

“Papo de Elevador” foi um dos seis trabalhos finais do Intensivo no ano passado e foi produzido dentro de um exercício chamado de “3,2,1”, que consiste em criar o projeto de um curta de no máximo 3 minutos, com no máximo 2 atores e em 1 única locação. “Como o curso é intensivo e a duração é de um mês, não dá para fazer uma megaprodução, a ideia é produzir um filme de 3 minutos com baixo orçamento e muita criatividade”, conta o Coordenador Cláudio Gonçalves.

“Ainda durante as aulas de roteiro fomos divididos em equipe e tivemos que defender três ideias para que curta fosse filmado. O ‘Papo de Elevador’ foi ideia da equipe de roteiristas que eu fazia parte e acabou sendo votada pela assembleia (todos os alunos do curso) junto com os outros seis projetos. Depois disso foram escolhidos os diretores – sem que se soubesse qual roteiro cada um dirigiria. Por eleição, acabei sendo escolhido para dirigir um dos filmes e ‘Papo de Elevador’ acabou ficando com a minha equipe, que tinha gente do Brasil todo: o roteiro é de Marcelo Reis (SP), Kleberson Cespede (MS) e Ariel Goldenberg (Sim! O ator do longa “Colegas”, de Marcelo Galvão, ganhador do Kikito de ouro em Gramado, também passou pela AIC); Vinícius Bulgarelli (MS) ficou na produção; Eduardo Ávila (RJ) fez a direção de fotografia; Andréa Cohim (PE) a direção de som e montagem original; Giba Vieira (SP) a direção de arte e produção de casting. Os atores são de São Paulo: Márcia Pandeló e Leandro Destácio”, conta Emerson.

O Filme

Emerson conta que a história é sobre um rapaz com Síndrome de Tourette. “Na versão mais popularizada que escolhemos, a pessoa fala palavrões involuntariamente. O nosso protagonista – Leandro está no elevador quando entra a Márcia Pandeló e o elevador sofre uma pane. Márcia, que já estava nervosa, começa a reclamar e xingar sem parar e Leandro só quer sair de lá sem transparecer que tem a síndrome de Tourette”.

A Produção

Um monte de gente de fora da cidade precisando encontrar um elevador para gravar um curta. Parar o elevador de um prédio não é

Emerson Medina, que veio de Manaus para cursar o Intensivo de Férias de Cinema da AIC.

algo fácil de se conseguir, ainda mais em São Paulo. “O mais complicado foi encontrar a locação – o elevador – já que optamos pela abordagem realista. Quando conseguimos, faltava três dias para o início das filmagens. Foi graças ao diretor de fotografia, Eduardo Ávila, que tinha contatos com uma produtora e negociou a liberação do elevador no prédio dessa produtora. As gravações foram muito tranquilas e agradáveis e gastamos apenas quatro horas das doze que tínhamos disponível”, conta Emerson.

O Diretor

Emerson é jornalista, formado pela Federal do Amazonas e além da pós em Artes Visuais, tem diversos cursos de cinema no currículo,

além de um roteiro premiado. Edita duas revistas em Manaus, mas a grande paixão é o cinema e todas as horas vagas são destinadas para produção de seus curtas. Atualmente está montando seu próximo curta “Nascer, Crescer e Negar”.

Ficou curioso? Assista Papo de Elevador:

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