Academia Internacional de Cinema (AIC)

Filme “Pontos de Vista”, da aluna Isa Meneghini, selecionado para dois festivais internacionais

pontos de vista

Por Katia Kreutz

Curta-metragem ‘Pontos de Vista’ tem exibições na Colômbia e na Áustria

“Charlie possui o pescoço torto, mas pensa que é reto, então tenta desentortar o mundo ao seu redor.” A premissa do curta Pontos de Vista, de Isa Meneghini, é simples e, ao mesmo tempo, repleta de estranheza. O protagonista é um rapaz que não se sente parte do mundo onde vive, por conta de sua visão particular – e até mesmo distorcida – da realidade.

​Não foi fácil tirar essa história do papel, mas os resultados positivos do esforço ​da cineasta e de sua equipe já começam a aparecer. O filme foi exibido este mês no Festival de Cortometrajes Rodando en Bicicleta, em Amalfi, na Colômbia. O curta também foi selecionado para a Mostra de Cinema Brasileiro em Viena, na Áustria, que acontece em março de 2018.

“Sempre gostei de um humor tragicômico, um tanto nonsense, de personagens excêntricos em um universo próximo das fábulas”, conta a diretora e roteirista, ex-aluna do Filmworks na Academia Internacional de Cinema (AIC). ​Ela acrescenta que, n​o roteiro​, tentou abordar o bullying e a pressão social, principalmente nas escolas, além do distanciamento dos adultos com relação às crianças e adolescentes.

​A história trata de duas pessoas diferentes​, que​ se encontram uma na outra e acabam se sentindo menos sozinhas. “Pesquisei bastante sobre ansiedade, depressão… temas que rondam o ambiente familiar e escolar dos jovens”, explica Isa, que tentava ​filmar Pontos de Vista desde 2014. “Eu não conseguia encontrar pessoas que topassem arriscar e fazer algo completamente fora de uma linguagem naturalista.”

Foi em 2016, como trabalho de conclusão do curso na AIC, que a diretora conseguiu gravar o filme, tendo Chico Alencar no papel de Charlie. Como o curta é todo filmado ​de maneira subjetiva, ​do ponto de vista do protagonista, ele foi também o câmera. A direção de fotografia é de Paulo Fischer e a direção de arte fica a cargo de Ana Piller, que faz uma pontinha atuando. A própria Isa também trabalha como atriz, no papel de Julieta. ​​

​A produção fica por conta de Julia Hausner e Murilo Paiva (que também atuou como primeiro assistente de direção). Mateus Henrique e Raphael Cubakowic são responsáveis pela montagem. ​O​s demais membros da equipe, também alunos da AIC, são Julia Rantigueri (segundo assistente de direção), Rafaella Kaufman (som ​direto​), Felipe Soares e Guilherme Fiorentini​ (sound design)​. A trilha original é de Diogo Henrique, a colorização e masterização​ da Zumbi ​Post. No elenco, estão ainda ​José Roberto Rodriguez, Suelen Santana e Thiago Thalles.​​

De acordo com a cineasta, um dos fatores que levaram a equipe a confiar em sua “ideia maluca” foi um consistente caderno de produção, com 100 páginas. “Foi o curta mais desafiador que já fiz. Jamais teria conseguido executá-lo se não tivéssemos conseguido bater a meta do crowdfunding“, completa. Entre as dificuldades, a diretora cita a necessidade de criar um capacete específico para o ator principal e operador de câmera, ​para aguentar o equipamento 5D utilizado na gravação.

Isa Meneghini ​sempre ​esteve envolvida com teatro e cinema. “Desde criança, gostava de me reunir com amigos e gravar uns curtas de terror, uns videoclipes malucos”, lembra. Em 2011, começou a participar de um grupo de curtas com amigos ​de seu colégio​ que, assim como ela, também ​se identificavam com linguagens audiovisuais um pouco mais “bizarras”. Quando ​Isa começou a estudar cinema na AIC, passou também a conhecer melhor as funções cinematográficas. “Eu fazia tudo na hora, sem pensar muito. Fui começando a entender um pouco mais sobre um set profissional e isso também me fez crescer como atriz.”

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