Academia Internacional de Cinema (AIC)

“Estrela Radiante”, da aluna Fabiana Servilha, em 6 Festivais Internacionais

A ex-aluna e diretora Fabiana Servilha - a primeira mulher brasileira a misturar ficção científica e terror nas telonas.
A ex-aluna e diretora Fabiana Servilha – a primeira mulher brasileira a misturar ficção científica e terror nas telonas.

Após publicação desta matéria, o filme ganhou o prêmio de Melhor Som no Fantasnor – Festival de Cinema Fantástico do Nordeste. Quem recebeu o prêmio foi o ex-aluno J.e. Sanchez Llorach Velludo.  

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Por trás da blusa rosa, do sorriso meigo e do rostinho angelical de quem passaria tranquilamente pela sessão do romance mais meloso, alguém que tem Stephen King quase como divindade, como figura de adoração. Fabiana Servilha, ex-aluna do FILMWORKS, não vê graça no que a maioria das “meninas” vê. “Na escola eu era aquela que sempre carregava livros estranhos sobre dinossauros, inquisição ou fantasmas”, conta.

Durante o curso, ao invés de filmes com temáticas mais softs, Fabiana optou pelo horror, pelo terror, pela ficção científica e pelo cinema fantástico. Os dois primeiros filmes – “Aqueles Olhos” e “Vontade” – ganharam prêmios. O último, “Estrela Radiante”, seu filme de conclusão de curso, está dando o que falar e, além dos festivais nacionais, acaba de emplacar o 6º Festival Internacional.

No Brasil o filme teve sua pré-estreia no Itaú Cinema, ganhou prêmio de Melhor Ator pela atuação de André Ceccato no Festival ArtDeco 2013, entrou no Festival de Cinema Fantástico do Rio de Janeiro – RIOFAN, no Guarú Fantástico e no Espantomania. No México, entrou em três festivais: Festival Macabro, Festival Internacional de Cine Del Cientro Histórico de Toluca – FICCHT e Proyecto Noctambulante. Na Grécia, no Ionian International Digital Festival, na Colômbia, no Cine Toro e na Índia no Mumbai Women’s International Film Festival.

O curta-metragem de 25 minutos é um misto de ficção científica e terror. Conta à história de Antônio, um homem do campo que tem sua vida transformada após ver uma estrela cair do céu. Para tentar desvendar o mistério que deixou toda a cidadezinha em polvorosa, ele pede a ajuda de um amigo.

André Ceccato maquiado – filme Estrela Radiante

“Tenho paixão pelo cinema fantástico e queria experimentar a Ficção Científica que é pouco explorada aqui no Brasil. ‘Estrela Radiante’ foi a realização do desejo de fazer um filme que me desse a nostalgia dos queridos filmes dos anos 80, que marcaram minha infância, com um pouco da inocência do ‘Creepshow –The Lonesome Death of Jordy Verrill’, de uma forma abrasileirada… Quase que uma homenagem, e eu nem diria de prontidão, a ‘Lovecraft – The Color out of Space’, mas sim a Stephen King e suas diversificações de temas, suas misturas, pelas suas cenas de conversas de varandas nas cidadezinhas de interior, como em ‘I Walked With a Zombie’ com o inesquecível personagem Carrefour.”, conta Fabiana.

O filme já tem 5 legendas, inclusive em Japonês, e o DVD oficial será lançado com uma História em Quadrinho do filme, baseado em gibis brasileiros de sci fi dos anos 80. Fabiana também irá para um dos festivais no México, em outubro, para o dia dos mortos, onde irá representar o Brasil e mostrar seu trabalho.

Além dos filmes, Fabiana criou um grupo chamado “Cinema do Medo”, aberto para qualquer estudante ou cineasta que queira estudar e produzir filmes fantásticos. “Começou pequeno, reunindo pessoas que gostam do gênero e hoje somos muitos. Criamos a produtora independente de cinema fantástico, a Hells Bells Filmes”, conta.

O ator André Ceccato ganhou prêmio de melhor ator pela sua atuação.

Conheça um pouco mais sobre a “horripilante-diretora”, suas paixões, esquisitices, influências e de quebra, entenda um pouco mais sobre cinema fantástico. Com a palavra, Fabiana Servilha.

A ENTREVISTA

AIC – Para quem não entende nada: qual a diferença entre SciFi, ficção científica, terror, horror e cinema fantástico?
Fabiana Servilha: Como diria Willian Shakespeare, existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia! Cinema de gênero, ou o conhecido “cinema fantástico” categoriza filmes que tenham elementos que fogem de compromisso com a realidade, podem ser personagens fantásticos, situações ou ainda uma realidade cujo o fantástico é o normal. Exemplificando: um carro real é feito para locomover pessoas. Até onde sabemos carros não voam. Certo? Este mesmo carro pode começar a flutuar e criar asas douradas de pássaro, caindo para o lado da fantasia ou até do surrealismo, pode ser uma máquina do tempo como em “Back to the future”, caindo para a ficção científica, ou até virar um “Herbie” e ser para toda a família! Mas, se este mesmo carro dirigir sozinho, matando pessoas como em “Christine” ele cai para terror ou horror. Digamos que Terror é uma ameaça mais física mais exposta como “The Texas Chainsaw Massacre”. Loucura existe. Pessoas loucas e serial killers perambulam pelo mundo. Já o horror, digamos, é uma ameaça mais psicológica como em “The Shining”, “Dont look Now”, pegando mais essa linha do sobrenatural. Mas em geral essas categorias se misturam muito entre gêneros e subgêneros…

Fabiana, “despida” de sua blusa rosa

AIC – Você nunca gostou de romance? Que filmes você assistia com os namoradinhos na adolescência?
F.S.: Pra começar eu nunca tive namoradinhos na adolescência. Sempre andei desajeitada, atrasada, carregando uns “trocentos” livros na mão, que sempre caiam no chão. E, praticamente todos estes livros não eram de assuntos referentes as matérias que caiam na escola… Eram sobre dinossauros, Egito, cinema, inquisição, Hitler, fantasmas. Risos. Também comecei a trabalhar cedo. Não tinha muito tempo de pensar em namoro. Fazia cursos de astrofísica no planetário, sempre escondida, para meu pai não achar que eu era louca. E ele sempre confundia minhas sumidas com “namoros”. Mas, meu único namoro era com as estrelas. Risos.

Filmes de romance para mim eram “O Morro dos Ventos Uivantes”, “Ghost do outro Lado da Vida”, “A Volta dos Mortos Vivos 3”, com a bela cena que os dois personagens entravam juntos no crematório, para se tostarem. Ah! tinha que ter morte para ser bonito! Risos. Até tem uns romances perdidos como “Namorada de Aluguel”. Ainda espero por alguém que vá me levar para dar uma volta em um cortador de grama, como no filme. Risos (e suspiros)!

AIC – Como foi a produção do curta?
F.S.: Tivemos diversas dificuldades em produzir e eu diria, com muito humor negro, que “nada caiu do céu”. Foram quase 2 anos de trabalho. Dia 26 de abril de 2011 fomos para a cidade Ibiúna, no interior, gravar. E finalizamos somente agora, em 2013. Ouvi muito: “Isso é loucura! Não dá! Sem dinheiro, sem tempo, filme complicado de produzir, muito arriscado, impossível”. Não dei ouvidos e fui fazer o filme mesmo assim e, graças a isso, hoje vou dar oficinas (em breve) sobre “De Valor a sua Produção Independente!”.

Assista ao trailer do filme:

*Fotos Divulgação

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