Academia Internacional de Cinema (AIC)

Entrevista com aluno Thalles Cabral, criador da websérie “Cápsula”

O ator Thalles Cabral, que estreou no último dia 24 na nova novela da Globo – “Amor à Vida” como o adolescente rebelde Jonathan, cursou o Curso Filmworks em 2012 e também mostrou seu talento como diretor. Thalles produziu a websérie “Cápsula”, que bombou na internet. Leia entrevista com de Thalles para a AIC e confira a temporada completa de “Cápsula”.

Ainda quando cursava o primeiro semestre do curso Filmworks, da Academia Internacional de Cinema (AIC), no ano passado, o aluno Thalles Cabral resolveu por a mão na massa para fazer, paralelamente ao curso, a sua primeira produção audiovisual independente: a websérie “Cápsula”. Além de atuar como protagonista, ele também assina roteiro e direção.

Para realizar a empreitada, o estudante de 18 anos reuniu colegas do meio audiovisual e buscou parcerias com empresas como a Escola de Atores Wolf Maia, que cedeu alunos e ex-alunos para o elenco de apoio, e a própria AIC, que fez o empréstimo de equipamentos.

Leia abaixo a entrevista que fizemos com Thalles Cabral, onde ele fala de sua relação com o audiovisual,  o processo de produção, das parcerias de produção e o curso Filmworks da AIC. Ao final do post, veja o link para assistir aos episódios da primeira temporada de “Cápsula”, bem como ao making of da websérie.

 

AIC – Como surgiu a ideia da websérie Cápsula?
Thalles Cabral –  No final de 2011, eu e Larissa Ribeiro, amiga e atriz, decidimos que iríamos criar uma websérie. Começamos a fazer reuniões, brainstorms e, a cada encontro, íamos definindo algo sobre o projeto. O gênero ficção científica/suspense foi escolhido justamente por ser algo que nos agrada como espectadores. “Cápsula” aborda o universo da indústria farmacêutica e coloca em dúvida a veracidade de sua atuação no mercado. Este sempre foi um assunto que me interessou: “O que prova que já não existe a cura para o câncer e/ou outras doenças?”, “E se as indústrias farmacêuticas ocultassem informação?”. Foi através dessas perguntas que nasceu o tema principal da websérie. No início de 2012 já tínhamos o argumento e o roteiro pronto do episódio piloto que eu havia escrito (que inclusive estava enorme). Então, nós entramos em contato com produtoras para ver se tinham interesse em produzir a websérie, porém depois de um tempo decidimos, por uma questão de liberdade criativa, produzir de forma independente. O roteiro sofreu mudanças e passou por diversos filtros, foi então que o episódio piloto deu origem aos 6 episódios da temporada.

AIC – E em vez de fazer um longa ou um curta, optou-se por produzir uma série de internet, de ficção científica/suspense. Por quê?
Thalles Cabral – Ficção científica e suspense são gêneros que sempre me chamaram atenção. E o que mais me interessa é que ambos são pouco explorados no Brasil, e não por falta de público! É absurda a quantidade de brasileiros que acompanham séries americanas que tratam desses gêneros, a internet está cheia de sites e fóruns com milhares desses fãs e telespectadores. Acredito que o Brasil deva apenas buscar a sua forma e identidade de produzir esses gêneros. Não é falta de público, e sim de produto.

AIC – Quais foram as tuas referências pra produzir este projeto neste formato?
Thalles Cabral – Uma das séries que mais me marcou foi “Lost”, de J.J Abrams. A série fez um enorme sucesso no mundo inteiro, justamente pela sua inovação em contar uma história de suspense. Cada episódio terminava de uma forma extremamente surpreendente, fórmula que deu muito certo. Tenho certeza que “Lost” vai virar, se é que já não virou, uma referência nesse gênero. Gosto da atmosfera que foi criada, o enredo, a mitologia, a forma que cada personagem é retratado e, principalmente, a montagem. A série tinha uma história pra contar, e foi isso que motivou o espectador a assisti-la, ele era fisgado por perguntas e mais perguntas. Quando respondia uma, outras centenas surgiam, e acho que foi aí que os roteiristas acertaram. Além de lançarem perguntas o tempo todo, eles as respondiam. E quando não o faziam, deixavam para que o espectador imaginasse e criasse sua própria resposta, sua própria verdade. Foi isso que me inspirou e que tentei aplicar de forma singela em proporções menores, é claro, em “Cápsula”.

AIC – Além de idealizar, dirigir e roteirizar você também atua como protagonista. Há mais interesse seu por estar na frente ou por trás das câmeras?
Thalles Cabral – Atuar sempre foi minha primeira opção e o que eu busco no cinema é tentar aproveitar e aplicar esse conhecimento. Acredito que isso seja muito vantajoso no processo para me tornar um diretor, pois este precisa entender o modo de pensar do ator, como ele se comporta, seus métodos e seus pontos fracos na hora de dirigi-lo. Creio que por ser ator há mais tempo eu sinto um conforto maior, mas dirigir é algo muito prazeroso.

AIC – Quanto tempo leva pra produzir cada episódio, contando todo o processo de roteiro, ensaio, produção, gravação, edição?
Thalles Cabral – Nós iniciamos a pré-produção da 1ª temporada no final de outubro, realizamos reuniões, ensaios e leituras com os atores. Fizemos o que acabamos por chamar de “Maratona-Cápsula” e filmamos todos os episódios em apenas uma semana. A cada quinta-feira um episódio inédito era lançado, a edição de cada um durava, em média, entre dois e três dias. Foi um ritmo realmente intenso e cansativo.

AIC – Numa série de suspense e ficção científica é preciso segurar o interesse do expectador. Qual o segredo pra produzir um tipo de história onde se precisa prender a atenção?
Thalles Cabral – É a junção de tudo: roteiro, edição, sonorização. Todos esses elementos são necessários para montar um bom suspense e prender a atenção do espectador. O roteiro já tinha sido escrito com esse propósito, desde os diálogos, a forma como cada personagem era introduzido, até à forma como cada resposta era entregue. A trilha sonora foi fundamental para criar uma atmosfera e os ritmos necessários que cada cena exigia. A edição é o fator principal para unir tudo isso. Na questão de enquadramento e planos, seguimos uma técnica que nos propusemos a seguir desde o início. Mas o roteiro foi muito mais no feeling. Acredito que por assistir a muitos filmes e séries de suspense, isso tenha se tornado algo inconsciente, foi tudo muito natural.

AIC  – E o gosto para trabalhar com audiovisual, é algo que você sempre teve?
Thalles Cabral
– Sou ator desde pequeno, comecei a fazer teatro com 7 anos de idade. Sempre tive interesse por essa área artística. Quando eu era mais jovem eu criava meus próprios curtas-metragem, chamava uns amigos e dirigia, atuava e editava. Sempre gostei disso. E como ator já participei em curtas e institucionais, por isso quando terminei o ensino médio eu já tinha certeza que queria estudar cinema. Fiz um semestre em uma faculdade de cinema, mas por discordar do método e forma como o mesmo era aplicado, decidi trancar. Foi aí que encontrei a AIC.  O curso foi de extrema importância para mim e creio que veio numa época certa. O fato do Filmworks ser de teor prático, quase que absoluto, foi o que mais me motivou. As aulas práticas são totalmente necessárias, principalmente para nós que escolhemos trabalhar com o cinema. Não que o teórico deva ser descartado ou seja de menos importância, mas não acredito em uma faculdade que tenha cursos audiovisuais, no qual o prático só apareça para os alunos no último ano de curso. Praticar é importante. Não adianta saber de toda a história do cinema, nomes de todos os diretores de A a Z, vestir camisetas com estampas de filmes clássicos, se não souber colocar na tela aquilo que você quer. Cinema é criar. E acho que o curso faz isso bem, consegue dosar entre o teórico e prático, nos incita através de projetos e exercícios e, além disso tudo, nos conecta com profissionais atuantes no mercado, o que é excelente.

AICAliás, a AIC acabou tendo um grande envolvimento no projeto da websérie, né?
Thalles Cabral – Sim. Tem a Marie Cabianca (assist. de direção, som direto e produção) com quem estudei junto no Filmworks. Foi através do curso que conheci também o Sandro Giordano, colega de turma, e que mais tarde se envolveu no projeto como produtor executivo, o que resultou na parceria com a produtora Inluzzio. E uma pessoa que foi de extrema importância para a realização do projeto foi a Alessandra Haro, coordenadora de produção do Filmworks (foto), grande profissional e que foi muito atenciosa, nos ajudou bastante. A AIC entrou como parceira do projeto no quesito empréstimo de equipamentos, a websérie foi filmada com uma Canon 5D, o que resultou num salto de qualidade (essa diferença pode ser, inclusive, notada do episódio piloto para os demais). Além deles, gostaria de citar aqui  outras pessoas da nossa equipe – formada por, e somente por, amigos que estudam cinema – mas que não são da AIC: Miguel Labastida (direção de fotografia) e Ana Beatriz Castro (direção de arte, som direto e produção).

AIC – Em dois meses, os episódios da primeira temporada tiveram quase 4100 visualizações. Contando com o piloto, trailer e making of, chega a mais de 11.600 views. Como você avalia o resultado e o futuro da empreitada?
Thalles Cabral – Muitas pessoas que assistiram ao episódio piloto não sabem que a série continuou e ganhou uma temporada completa. O nosso objetivo agora com a temporada finalizada é fortalecer ainda mais a divulgação. Por outro lado, durante a temporada nós conseguimos fãs que acompanhavam cada episódio, comentavam, divulgavam, e ainda teorizavam sobre o futuro dos personagens, e isso sim é muito gratificante. “Cápsula” foi um enorme aprendizado, e acho que é uma experiência muito necessária para qualquer estudante de cinema, pois em um set de filmagem tudo pode acontecer, imprevistos acontecem, e é preciso saber lidar com isso, além de saber se comportar com todos os integrantes da equipe. Quanto a uma segunda temporada, quem sabe?!

Assista aqui aos episódios da primeira temporada e ao making of das gravações de “Cápsula”.


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